terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Obras de Fayga Ostrower ganham versão digital

Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, Fayga Ostrower  foi uma incansável pesquisadora e pensadora da linguagem artística. Ela morreu aos 80 anos, em 2001, e deixou uma obra tão extensa quanto diversificada, que vem sendo cuidadosamente guardada pelos filhos. 

Agora, uma parte do acervo se torna disponível para pesquisadores e o público em geral graças ao projeto “Fayga Ostrower, memória viva”, que digitalizou a produção de artes gráficas da artista. O material foi reunido no site do Instituto Fayga Ostrower (www.faygaostrower.org.br), que será lançado hoje, às 16h30, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

O acervo é composto por gravuras em metal, xilogravuras, serigrafias, desenhos, aquarelas, litografias, tecidos, joias, totalizando 1.410 obras, muitas inéditas como os primeiros desenhos datados de 1946. O site também apresenta grandes painéis, matrizes em madeira e metal, os livros e artigos escritos por Fayga, além de expor vasto material iconográfico.

“Fayga Ostrower, memória viva” foi selecionado no edital Pró Artes Visuais 2011, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e desenvolvido ao longo de um ano. A obra da artista polonesa, naturalizada brasileira em 1951, foi catalogada utilizando o programa Donato, cedido pelo Museu Nacional de Belas Artes e adaptado pela empresa Magic Art para responder à especificidade do acervo.


Como contrapartida social foram produzidos cinco mil DVD's para serem distribuídos às escolas do ensino fundamental e bibliotecas municipais. O DVD contém o vídeo “Fayga Ostrower, paixão pela arte”, com duração de 10 minutos, sobre a história da artista; um jogo da memória e uma mini-biografia.

Estímulo à pesquisa- O Instituto Fayga Ostrower foi criado em 2002 e nunca teve sede. Todo o acervo de Fayga está guardado na casa da filha da artista, a educadora Noni Ostrower, que divide com o irmão, o engenheiro Carl Robert, a responsabilidade pela preservação da obra da mãe.

“Como não temos sede, o site é muito importante para a divulgação do trabalho. Até o início do projeto, tínhamos apenas 90 obras digitalizadas. Agora, o site foi redesenhado para receber todas as obras de artes gráficas do acervo e permitir uma vasta pesquisa. Porém, ainda temos muito material para ser catalogado e disponibilizado ao público como, por exemplo, a coleção de jornais de 1946 a 2001 com quase tudo o que saiu na imprensa sobre Fayga; fotos de exposições e de viagens; entrevistas gravadas; catálogos de exposições no Brasil e no exterior; mais de 4 mil cartas, documentos, escritos e objetos. Para dar continuidade à digitalização do acervo vamos buscar novas parcerias e entrar em outros editais”, informa Noni.


 No redesenho do site, a didática na apresentação das informações e a experiência com cores e formas estabeleceram a base do trabalho, bem ao estilo da educadora Fayga. O sistema de busca pode ser feito a partir da técnica empregada pela artista (foram levantadas 147 técnicas diferentes) ou pela data de produção. Uma “Linha do Tempo” permite a navegação por décadas, de 1920 a 2001.

Vida e obra- Para fugir do nazismo, os Ostrower chegaram ao Brasil na década de 30. Fayga deixou de estudar para ajudar no sustento da família, trabalhando como secretária em diversas empresas. Após o expediente, fazia o curso livre de desenho na Sociedade Brasileira de Belas Artes. Em 1947, deixou o emprego para fazer o curso de Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. A partir daí decidiu ser artista, apoiada pelo marido, Heinz Ostrower. Suas obras estão nos museus mais importantes do Brasil e no exterior.

Entre 1963 e 1966, Fayga foi presidente da Associação Brasileira de Artes Plásticas. Entre os anos de 1954 e 1970, desenvolveu atividades docentes na disciplina de Composição e Análise Crítica no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1964, lecionou no Spellman College, em Atlanta (USA), na Slade School da Universidade de Londres e, posteriormente, como professora de pós-graduação, em várias universidades brasileiras. Proferiu palestras e cursos em inúmeras universidades e instituições culturais no Brasil e no exterior. O curso para operários da Gráfica Primor deu origem ao livro Universos da Arte. De 1978 a 1982, presidiu a comissão brasileira da International Society of Education through Art, INSEA, da UNESCO.

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