Isabel interpreta "Senhora dos Restos" |
O espetáculo “Senhora dos Restos” era para ter estreado em maio, mas devido a alguns percalços (dentre os quais, a busca por patrocínio), somente amanhã, às 21h, no Teatro Atheneu, é que teremos a oportunidade de conferir a atriz Isabel Santos apresentar o primeiro projeto de sua produtora, Dicuri Produções.
Isabel Santos conta as horas para a apresentação de
“Senhora dos Restos”, segundo monólogo de sua carreira. No primeiro, quando
tinha apenas 18 anos de idade, Santos interpretou Marly Emboaba no espetáculo
“A Bolsinha Mágica de Marly Emboaba” sob a direção de Feliciano José. No texto
de Carlos Queiroz Teles, ela vivia uma menina que saía do interior de São Paulo
e acreditava que a sobrevivência estava na prostituição.
Após 33 anos, fazendo parte do Grupo Imbuaça, a
experiente atriz decidiu seguir carreira solo, e agora interpreta a Senhora dos
Restos, uma personagem também marginalizada pela sociedade, que vive nas
cercanias do mercado municipal de Aracaju e sobrevive dos restos, para se
alimentar e se vestir. Com texto assinado por Euler Lopes e direção de
Iradilson Bispo, “Senhora dos Restos” é o desafio que a atriz desejava para o início de um novo ciclo em sua
carreira.
“É interessante como a personagem que interpretei
no meu primeiro monólogo, a Marly Emboaba é semelhante a essa Senhora, no que
tange à questão da exclusão da sociedade. São duas personagens que vivem à
margem, onde a mais jovem tinha uma vida difícil por ser prostituta e essa senhora por ser desprovida de bens
materiais, numa sociedade extremamente capitalista e que faz com que essas
pessoas sejam invisíveis. Se elas não falam, não pedem nada, também não são percebidas”,
explica Isabel.
Não é por acaso que a contemporaneidade da
narrativa de “Senhora dos Restos” nos remete a questões pujantes de uma
sociedade como a brasileira. Temas como a fome, miséria, educação básica e de
qualidade para todos, igualdade entre todos e valorização da mulher, redução da
mortalidade infantil, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente, ou seja,
temas dos Objetivos do Milênio da Organização das Nações Unidas- ONU, ecoam
pelos brados da velha mulher, que vivendo de restos, não permite que nossa
consciência silencie.
O cenário
é uma construção a partir de material reciclado e doado à Dicuri Produções. O figurino, uma
revelação de inúmeros seres humanos andarilhos, retrata os resultados da
desigualdade social e os diversos problemas enfrentados pelos moradores de rua,
as humilhações e submissões para se adquirir alimento e, principalmente, os
casos de violência praticados pelos jovens e ricos seguidos da impunidade, comum
em muitos casos em nosso país.
Paradoxalmente,
no entanto, o espetáculo se afasta ‘do peso dramático’ inerente a essa
temática, explorando o humor negro. Segundo Isabel Santos, pode se falar de
coisas sérias, através do cinismo também. “As pessoas vão se divertir muito com
‘Senhora dos Restos’, ao mesmo tempo, em que verão uma realidade que no
cotidiano, elas não conseguem enxergar”.
Depois
da estreia, a ideia da atriz e produtora da Dicuri Produções é levar o monólogo
para o interior do Estado e viabilizar que a classe estudantil tenha acesso à
“Senhora dos Restos”. Além disso, como o espetáculo será gravado, o material
audiovisual servirá como requisito básico para a inscrição de certos editais
culturais de circulação pelo país.
A
cenografia é assinada por Iradilson Bispo e Isabel Santos; o figurino,
maquiagem, adereços e trilha sonora ficaram a cargo de Iradilson Bispo; a
iluminação é de Denys Leão; a confecção de bonecos foi de Augusto Barreto/Grupo
Mamulengo de Cheiroso e a operadora de trilha sonora e contra-regra é Fernanda
Neves. A produção de “Senhora dos Restos” é de Isabel Santos e Patrícia Santos.
Os
ingressos estão à venda na bilheteria do teatro, ao preço de
R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). O espetáculo “Senhora dos Restos” conta com o patrocínio
do Instituto Banese e da Funcaju, com a parceria do SESC, Luzy Eventos, Casa da
Rua da Cultura, Parceria Áudio e o apoio da Infonet, ProSigns, Liberdade FM,
Fundação Apreripê, Gráfica Triunfo.
Crédito da foto: Maria Odília
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