Biografia de Marina Abramović escrita por Westcott |
Performance de Abramović (Cortesia: Sean Kelly Gallery) |
Performance de Abramović (Cortesia: Sean Kelly Gallery) |
Março é o mês de Marina Abramović no Brasil. O público poderá
conferir a primeira retrospectiva da artista no país- “Terra Comunal- Marina Abramović + MAI”-, a partir desta
terça-feira, no SESC Pompeia (SP), bem como o lançamento do livro “Quando Marina Abramović Morrer: uma
biografia” do jornalista inglês James Westcott.
Publicado pelas Edições SESC, o livro conta com um minucioso trabalho de
entrevistas, feitas entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2009, pesquisa em
arquivos pessoais (ela nunca joga nada fora) e de instituições e galerias de
arte, James Westcott teve acesso a informações privilegiadas para narrar a
história dessa artista desde a infância, em Belgrado, ao iniciar seus
estudos, até o reconhecimento internacional como uma das maiores artistas da
performance no mundo.
Com total
liberdade para apresentar a sua visão sobre a vida e o trabalho da performer,
ele entrevistou mais de 60 pessoas que conviveram com Marina para remontar
os anos de iniciação na ex-Iugoslávia, a relação turbulenta com os pais
(especialmente com a mãe), o início da carreira na universidade, onde começou
suas primeiras experimentações que levavam seu corpo e sua arte ao limite,
muitas vezes arriscando a própria vida, até os dias atuais.
No livro, também
é retratado o intenso e longo relacionamento entre Marina e o artista alemão
Ulay. Eles passaram anos juntos, inclusive morando numa van, e se despediram
com uma última performance, após 12 anos de colaboração na vida e na arte, ao
percorrer a Grande Muralha da China a partir de extremidades opostas, até que,
90 dias depois, encontraram-se no meio e se despediram um do outro.
Com
toques de bom humor, James examina a obra desafiadora de uma das artistas
pioneiras de sua geração, e que continua sendo considerada de vanguarda. Em
2010, a artista apresentou a exposição “A
Artista está Presente”,
no MoMA, Museu de Arte Moderna, em Nova York, em que ficou sentada durante três
meses, com uma cadeira vazia à sua frente aguardando o público que iria fitá-la,
levando a um recorde de 850 mil visitantes e 1750 pessoas a sentarem-se na
frente da artista, incluindo o ator hollywoodiano James Franco.
A capa traz o desconcertante
testamento redigido pela artista com uma descrição detalhada de como deverá ser
a cerimônia fúnebre em sua homenagem. O documento revela que Marina fará de sua
despedida uma performance celebrando a vida e a morte.
A exposição “Terra
Comunal- Marina Abramović + MAI”
ficará em cartaz até o dia 10 de maio e poderá ser visitada no SESC Pompeia, de
terça a sábado, das 10h às 21h, e
domingo, das 10h às 18h.
A artista Marina Abramović
terá encontro com o público em oito datas: 11 e 26 de março; 01, 02, 08, 15, 22
e 30 de abril. Os encontros acontecerão
sempre às 20h, no teatro (capacidade
para 774 lugares). A entrega de senhas será realizada no dia do evento, a
partir das 10h.
Biografia- Nascida
em 1946, no dia da República da ex-Iuguslávia, 29 de novembro, Marina teve uma
educação rígida e disciplinadora, que a influenciou também em seu método de
performance, ao levar seu próprio corpo a extremos e limites durante suas
apresentações.
Aprovada na Academia de
Belas-Artes de Belgrado, a artista inicialmente dedicou-se à pintura, e ficou
por um período interessada em acidentes de carro. Usou contatos policiais do
pai para descobrir detalhes sobre as colisões graves, e ia até os acidentes
para tentar captar sua violência. Frustrada com a sua incapacidade de traduzir
a complexidade do tema para a pintura, Marina se dedicou a descobrir novas
formas de se expor artisticamente.
Uma de suas primeiras propostas de
performance, em 1969, foi recusada. “Come Wash With Me” (Venha lavar comigo) pretendia que a
galeria se tornasse uma grande lavanderia, com o público entregando suas roupas
para Marina lavar, secar e passar a ferro. Quando as roupas estivessem secas, o
público poderia ir embora.
Em 1970, outra proposta também foi
recusada. Esta poderia ser sua primeira - e última - aparição pública. A ideia
seria Marina trocar suas roupas pelas peças que sua mãe comprava: uma saia
deselegante que descia até as panturrilhas, pesadas meias sintéticas, sapatos ortopédicos e
uma blusa branca de algodão com pontos vermelhos. Seria, para ela, como vestir
uma camisa de força. E então, apontaria uma pistola contra a própria cabeça e
apertaria o gatilho. “Esta performance teria dois fins possíveis”, conta a
artista.
Marina
Abramović, autoproclamada avó da performance, passou estes anos todos
produzindo traumáticas e elevadas obras de arte, como deitar em uma estrela de
cinco pontas em chamas até perder a consciência; permanecer obstinadamente
passiva durante seis horas enquanto membros do público faziam o que quisessem
com ela; e cortar um pentagrama em seu abdômen antes de chicotear-se e
deitar-se nua em uma cruz feita de gelo.
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