Ao
escutar pela primeira vez, a voz da cantora sul- matogrossense, Thamires
Tannous, tive a impressão de estar ouvindo Adriana Calcanhoto. O timbre de voz
é bem parecido com o da cantora gaúcha. À medida, porém, que as músicas do seu
disco de estreia- “Canto Para Aldebarã”- vão tocando, uma a uma, percebe-se que
Tannous tem seu próprio estilo. A obra encanta por se apresentar como proposta
singular no cenário da música brasileira contemporânea.
Lançado
pela gravadora Borandá, “Canto Para Aldebarã” é composto por 11 faixas que
atravessam os diferentes universos que ajudaram a compor a história da cantora,
desde sua descendência libanesa até sua essência tipicamente brasileira. Grande
parte das canções foi criada sobre ritmos e melodias árabes, o que dá ao disco
um caráter peculiar. Nove das canções são de autoria de Thamires, incluindo
parcerias com importantes letristas como Luiz Tatit, Kléber Albuquerque,
Estrela Leminski e o português Tiago Torres da Silva.
Composições
que falam de amor, natureza e vida moderna passeiam por pandeiros e derbaques,
violões e violinos, acordeons e guitarras, djembes e daffs. Tudo isso amarrado
pela delicada e intensa voz da cantora, que traz em sua sensibilidade um
estímulo a conhecer mais do que há em nossas próprias raízes. Destaques
para ‘Gramática do Mar’ (Thamires Tannous/Tiago Torres da Silva), ‘Terra dos
Sonhos’ (Almir Sater/Renato Teixeira), ‘Mareio’ (Thamires Tannous/André
Turtelli Poles/Liene Saddi), ‘Lar’ (Thamires Tannous/Edson Penha/Ellen
Fernandes).
O disco
conta com a participação de músicos como Dante Ozzetti, Ivan Vilela, Toninho
Ferragutti, Sérgio Reze, Ricardo Herz e William Bordokan. A produção e os
arranjos do trabalho são assinados por Dante Ozzetti, músico e arranjador que
já contribuiu com nomes como Itamar Assumpção, Duofel, Ceumar e Ná Ozzetti,
dentre outros artistas.
Dante possui dois Prêmios Sharp de Melhor Arranjador e
Melhor Disco (“Ná Ozzetti” e “Ná”), foi vencedor do III Prêmio Visa de MPB –
Compositores (2000) e classificou-se em segundo lugar no “Festival Cultura - A
Nova Música do Brasil” (TV Cultura, 2005), com “Achou!”, em parceria com Ceumar
e Luiz Tatit.
Biografia-
Thamires Tannous realizou o primeiro show em São Paulo, para divulgação do
disco de estreia, no último dia 24, no SESC Vila Mariana, mas o gosto pela
música vem de longe. O primeiro contato
com um instrumento foi aos quatro anos, no piano da mãe, em Campo Grande. Os
estudos começaram pouco tempo depois. Foi com Cristina Neivock que teve seus
primeiros ensinamentos musicais e, paralelamente, foi regida pelo maestro
português Victor Diniz na Orquestra Clássica do Mato Grosso do Sul, com quem
teve aulas de violino. Permaneceu por cinco anos na Orquestra Jovem e Clássica,
onde já descobria sua vocação também para cantar.
Aos 10
anos de idade, começou a ter aulas de canto e participar de bandas e
apresentações de sua escola. Aos 16, gravou seu primeiro CD demo, com produção
do músico Otávio Neto, que antes havia trabalhado com o grupo Fat Family. Junto
às suas primeiras músicas gravadas, veio a decisão de estudar em São Paulo.
Graduou-se em Publicidade em 2009 e atuou na área durante três anos.
Em
2008, Thamires conheceu o produtor Nikk Gutierrez e o baixista Peter Mesquita.
O incentivo que ambos deram a seu talento e o mundo novo que se abriu, a partir
dali, foram essenciais para a decisão que viria pouco tempo depois: sair do
escritório e dedicar-se ao estudo de música.
Outra
pessoa importante nessa trajetória foi Ruriá Duprat (filho de Rogério Duprat,
arranjador de Gilberto Gil, Caetano Veloso), que aconselhou a cantora a não
deixar seu sonho de lado. Nessa estrada, por meio do próprio Ruriá, foi
indicada a ter aulas de canto com Tutti Baê - preparadora vocal do programa
Ídolos e que possui três livros publicados sobre o assunto.
O ano
de 2010 seria decisivo em sua vida. Após uma viagem pela Europa, o desejo de
fazer música - que ficou perdido entre mudança e faculdade – aflorou novamente.
Em 2011, Thamires então ingressou na faculdade Souza Lima & Berklee e
iniciou seu bacharelado em Canto Popular, dedicando-se também, paralelamente, à
construção de sua carreira artística.
Participou
de alguns festivais como o Botucanto e Festival de Sorocaba, onde levou prêmios
de Melhor Intérprete com a música “Baião de Um” (Peter Mesquita, Daniel Conti e
Cris Aflalo) e classificou-se em 3º lugar com a música “Rio-coração” (Thamires
Tannous, Peter Mesquita e Edson Penha), contemplada também com o prêmio de
melhor arranjo.
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