As obras do Impressionismo no CCBB- SP e as magníficas telas de Caravaggio no MASP parecem atrair todas as atenções dos amantes das artes que moram ou estão de passagem por São Paulo neste mês. Mas a retrospectiva da artista brasileira, Lygia Clark, também merece uma conferida no Itaú Cultural.
Com cerca de 150 obras, como a inquietante "A Casa É o Corpo", que faz o observador sentir a sensação de penetração, ovulação, germinação e nascimento, a mostra "Lygia Clark: uma retrospectiva" percorre a criação da artista entre as suas pinturas, esculturas modernas, e experiências sensoriais, traz originais da série Bichos, réplicas para serem manuseadas, e alguns de seus projetos nunca antes executados
A exposição, que permanece em cartaz até o dia 11 de novembro, ocupa os três andares do espaço expositivo do instituto e, ainda, no térreo – onde costumam acontecer as exposições da série Ocupação. Com curadoria de Felipe Scovino e Paulo Sérgio Duarte e projeto arquitetônico de Pedro Mendes da Rocha, o Itaú Cultural, em parceria com a Associação Cultural O Mundo de Lygia Clark e com acompanhamento de Alessandra Clark, neta da artista, apresenta a arte que ela criava a serviço da libertação do ser humano, representada por 145 de suas obras e quatro filmes de autores diversos.
Entre, os trabalhos, há proposições – que o público pode vivenciar em calendário programado pelo Núcleo Educativo –, instalações inéditas, os conhecidos Bichos – originais e em réplicas–, esculturas, pinturas e objetos sensoriais. Alguns de seus projetos nunca realizados, como "O Homem no Centro dos Acontecimentos", "Cinto Diálogo" e "Campo de Minas", são encontrados, fisicamente, no espaço expositivo.
Outros, como "Arquitetura Fantástica" (um dos Bichos em versão gigante), "Casa do Poeta" e "Construa Você Mesmo", estão reproduzidos no Museu Virtual especialmente criado pelo Núcleo Inovação do instituto para a exposição. Eles são vistos e passíveis de manipulação pelo observador.
Esse museu ambientado como um passeio no Parque Ibirapuera, traz, também, Bichos e obras estruturadas e esculturais de Lygia. O instituto executou, ainda, um aplicativo gratuito para iPad baseado na peça Livro-Obra. O programa tem por objetivo traduzir, utilizando a interface de toque do tablet, a experiência interativa dessa obra de Lygia Clark. Todo esse material permite ao público de todo o Brasil acompanhar a mostra.
As proposições- Em trabalho orientado pelo educativo do instituto, o público pode vivenciar proposições concebidas por Lygia como Cesariana (1967), nos dias 8 e 9 (sábado e domingo), sempre às 17h, em que o participante do sexo masculino veste um macacão com abertura na parte frontal, onde foi costurada uma bolsa de borracha fechada com zíper e flocos de espuma no seu interior, que devem ser retirados.
Também às 17h, mas nos dias 15 e 16, outro fim de semana, a proposição de Lygia chama-se Casal (1969). Nela, uma cabine feita com arame e plástico transparente é ligada a um homem que também usa máscara sensorial. Uma mulher abriga-se no interior da cabine e veste uma segunda máscara sensorial. Ao caminhar, o participante masculino movimenta toda essa estrutura.
Nos dias 22 e 23, o visitante pode vivenciar O Eu e o Tu (1967), em que um homem e uma mulher de olhos vendados vestem macacões com capuz e seis aberturas fechadas com zíperes contendo materiais que lembram características do corpo feminino e masculino. As roupas são ligadas por uma espécie de cordão umbilical.
No último fim de semana de setembro, dias 29 e 30, a proposição é Rede de Elásticos. Um grupo de participantes constrói uma grande rede em conjunto, unindo centenas de elásticos de maneira particular. Em seguida, todos se entrelaçam a ela movimentando-se pelo espaço e formando uma espécie de corpo coletivo. “O ato de costurar a rede se faz tão importante como usa-la depois de pronta”, dizia Lygia. A programação prosseguirá em outubro e novembro.
O Itaú Cultural localiza-se à Av. Paulista, 149 e funciona de terça a sexta-feira, das 9 às 20h e aos s´bados, domingos e feriados, das 11 às 20h. Acesso gratuito.
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