quinta-feira, 30 de junho de 2011

Música de Graça prima pelo ineditismo

Músicas inéditas de diferentes artistas, acessíveis para download gratuito num site em formato de podcast. Esse é o conceito do Música de Graça (www.musicadegraca.com.br), projeto criado pela compositora, cantora, fotógrafa e produtora Dani Gurgel, que está no ar desde o mês passado, e que trará artistas em parcerias inusitadas quinzenalmente em áudio e vídeo.

O objetivo do Música de Graça é de ser um portal de recomendações, que produz e divulga música inédita grátis para o público fazer o download, mandar para quem quiser ou mesmo fazer seu próprio remix (desde que não seja para uso comercial), já que as composições serão liberadas sob uma licença Creative Commons - organização sem fins lucrativos que disponibiliza licenças flexíveis para obras intelectuais.

O site não prioriza estilos, músicos novos ou artistas consagrados. Segundo Dani Gurgel, "o que se pretende é traçar conexões entre músicos totalmente diferentes mostrando que eles são ligados de uma forma ou de outra." E completa "como se trata de um projeto eclético e de fácil acesso, espero chegar a um público cada vez maior e dar a oportunidade ao internauta de ouvir outras criações de grandes artistas ou de novos e desconhecidos músicos".

A cada mês, serão lançados dois episódios, reunindo artistas em uma música e um bate papo. Caê Rolfsen, Bruna Caram e Bruno Prado  são alguns dos que já entraram nos estúdios da Oca - Casa de Som, para registrar suas composições que farão parte do projeto.

Música de Graça é uma produção da Da Pá Virada, com o apoio do ProAC (Programa de Ação Cultural - Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo) para o primeiro ano de produção.

Rumos Jornalismo Cultural Prorroga Inscrições

O Itaú Cultural ampliou a data limite para as inscrições gratuitas de matérias e textos para o Rumos Jornalismo Cultural, cujo edital foi lançado em fevereiro deste ano.

Os interessados em participar agora têm até o dia 29 de julho para enviar o seu projeto à instituição pelo site do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br/rumos), ou pelo correio (veja abaixo). A seleção dos trabalhos será feita por duas comissões de seleção autônomas – uma para cada carteira – e um representante do Itaú Cultural. As listas dos contemplados serão divulgadas até novembro pela imprensa e no site da instituição.

Podem se inscrever na Carteira Estudantes, alunos de graduação em comunicação social e/ou jornalismo que estejam cumprindo no mínimo 30% e no máximo 60% dos créditos curriculares. As inscrições se dão com reportagens para a editoria de cultura nas categorias Reportagem Impressa, Reportagem Audiovisual, Reportagem Radiofônica e Web-Reportagem.

Já a carteira Professor se destina a docentes de graduação e pós-graduação em comunicação social e/ou jornalismo há pelo menos dois anos, com inscrições por meio de textos – ensaios, estudos de caso, reflexão pessoal - sobre as relações entre os cursos de jornalismo e as empresas jornalísticas, com destaque na formação dos futuros jornalistas.

A quarta edição do Rumos nesse segmento reitera a importância de identificar um caminho possível para a melhor compreensão dos papéis e das funções da mídia, da academia e das instituições culturais na construção das editorias de cultura no jornalismo. Para tal, contempla duas carteiras: Estudante e Professor.

Mais informações em www.itaucultural.org.br/rumos

O Ecletismo de Polayne

A cantora e compositora Patrícia Polayne  faz nova apresentação em Aracaju, no Capitão Cook, neste sábado, a partir das 23h. É a primeira apresentação, na cidade, desde a sua chegada da Europa, onde realizou show na Plaza Fuencarral, integrando a programação do Festival Ten Samba, em Madrid.

Para o repertório deste sábado, Polayne interpretará canções autorais do seu disco “O Circo Singular, As Canções do Exílio” e clássicas releituras dos sons que inspiraram suas composições: The Smiths, Cocteau Twins, Otto e Dona Nadir da Mussuca.
O show, homônimo, já aportou nas seguintes cidades: Aracaju (Projeto Pixinguinha), Salvador (Pelourinho Cultural), Recife (Conexão Vivo e Feira Música Brasil), Belo Horizonte (Conexão Vivo e Feira Música Brasil), São Paulo (Clube Berlim, Projeto Prata da Casa/Sesc Pompéia, Projeto Estéreo Saci/Itaú Cultural).
Polayne canta acompanhada dos músicos Allen Alencar (guitarra),  Dudu Prudente (bateria e sampler), Fabinho Oliveira (contrabaixo), Pedro Mendonça (percussão) e Pedro Yuri (violão, craviola e efeitos).
Em agosto deste ano, a cantora e sua banda partem para uma temporada em São Paulo, onde farão o primeiro show do projeto Rumos para a TV Cultura  e mais uma série de apresentações.

Quem não quiser perder este show, do Cook, os ingressos serão vendidos na hora, ao preço de R$ 10.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"El Sistema" que deu certo



Gustavo Dudamel é o cara. De uma beleza juvenil, o maestro venezuelano, de madeixas fartas, levou à loucura o público que compareceu ao concerto do dia 23 de junho, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Não posso falar de seu desempenho, no dia anterior, à frente da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar, quando a mesma executou a Sinfonia n. 7 em Si Menor de Gustav Mahler- tendo em vista que o crítico Daniel Piza, escreveu em sua coluna dominical do Estadão, no dia 26 de junho, que a interpretação de tal sinfonia em SP, foi irregular. 

Sei que no início da tarde daquela quinta de Corpus Christi, tanto Dudamel, quanto os músicos da referida orquestra, estavam "Cheios de Graça". Um desempenho espetacular, num crescente, da Orquestra Jovem, liderada por um generoso rapaz de 31 anos, onde foram apresentadas "Daphnis $ Chloé- Suite n. 2" de Maurice Ravel; "santa Cruz de Pacairigua" de Evencio Castelano; "Sinfoia n. 2" de Carlos Chávez e "O Pássaro de Fogo- Versão 1919" de Igor Stravinsky.

Como se não bastasse a execução perfeita das composições acima, ele ainda brindou os presentes com três Bis. Sei que nos extras, junto à sua orquestra, Dudamel regeu a "Dança n. 2" de Arturo Marquéz, além do "Mambo" de Bernstein, onde podemos apreciar a coreografia dos componentes da orquestra, que não desafinavam, mesmo dançando em cena. No entanto, não sei precisar qual foi a segunda composição apresentada no Bis pelos venezuelanos.

Realmente, uma apresentação para ficar na história do centenário teatro, já que Gustavo Dudamel mostrou na prática, porque é considerado um prodígio da música erudita nos tempos atuais. Mas se a Orquestra Simón Bolívar deu um show, não foi somente por mérito do regente. Sem dúvida, é um resultado positivo da visão pedagógica e social de José Antônio Abreu, que há 30 anos funcou a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar de Venezuela e criou "El Sistema".

Graças a essa iniciativa, hoje existem mais de 150 orquestras juvenis na Venezuela, servindo de exemplo de inclusão social e quaidade artística ao mundo todo. O Programa Acadêmico Orquestral, por exemplo, reúne jovens músicos profissionais do mais alto nível. Os integrantes da orquestra já tiveram o privilégio de participar de aulas magnas com grandes mestres como os solistas da Filarmônica de Berlim, Conservatório Sibelius da Finlândia, Academia Bach de Stuttgart, entre outros.

Gustavo Dudamel que antes de se tornar maestro, era violinista, desde 1999 tornou-se Diretor Musical da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar. Também rege a Filarmônica de Los Angeles e a Sinfônica de Gotemburgo. Sem dúvida, um fenômeno!!!
Legenda da Foto 1: Vista do hall do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (vista do terceiro andar)

Legenda da Foto 2: Interior do Theatro (vista das frisas)

Legenda da Foto 3: Trecho da pintura "A Dança das Horas" de Eliseu Visconti encontrada acima da cortina do palco

Legenda da Foto 4: Lustres do teto do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Legenda da Foto 5: Músicos da Orquestra Simón Bolívar dançam e tocam "Mambo" de Leonard Bernstein


segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Rio continua lindo...e a vida cultural, então?


Cinco dias não foram suficientes para fazer tanta coisa como havia programado para este fim de semana, no Rio de Janeiro. Mas tudo que fiz, conferi, valeu muito a pena. A começar pelas exposições do Foto Rio espalhadas de norte a sul da cidade e de outras, como a de Mariko Mori e Laurie Anderson no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB); Daniel Senise na Casa França Brasil; Miguel Chevalier no Oi Futuro e do desenhista Saul Steinberg no Instituto Moreira Salles (IMS).

Difícil escolher qual a melhor, tendo em vista a diversidade de linguagens, estilos e propósito de cada uma. Para os mais radicais, penso que a de Miguel Chevalier e Laurie Anderson sejam as melhores. Chevalier trabalha com a dita arte virtual e no Oi Futuro do Flamengo, temos a oportunidade de conferir duas de suas instalações ("Fractal Flowers" e "Binary Wave"). 

Enquanto na primeira, o artista cria um jardim virtual, um tanto hipnótico, que aborda a questão da relação entre natureza e artefato, pelo viés das novas tecnologias, em "Binary Wave", videoinstalação interativa, que simula o fluxo e refluxo diário das ondas das praias do Rio, Chevalier cria um ambiente composto de milhares de partículas de 0 e 1, algarismos que formam o sistema binário que formam-se e deformam-se ao infinito a depender da movimentação do espectador na sala de projeção. 

A multiartista Laurie Anderson, conhecida mundialmente, pelos seus experimentos na música e nas artes plásticas, apresenta no CCBB a exposição I IN U/EU EM TU, uma retrospectiva de seus 40 anos de carreira artística. Ao visitante paciente é possível conferir instalações bidimensionais e tridimensionais, além de fotografias, desenhos, vídeos, músicas e documentação de performances. Difícil não se impressionar com os modelos de violinos criados pela instrumentista (tem um que se transforma numa vitrola), no pássaro robô que fala em português e na sensorial video instalação "Gray Rabbit".

No mesmo CCBB, a japonesa Mariko Mori, apresenta suas invenções como "Oneness" (interativa que participei) e "Wave Ufo" cuja fila de espera me desestimulou em interagir. A artista produz belas e pequenas narrativas, situando-as em atmosferas oníricas e surrealistas próprias do Neo Pop, para fundi-las depois em cenários do futuro e do passado. Para muitos pode parecer uma "viagem maluca", da cabeça dessa jovem, mas há quem se dislumbre com a incursão existencial que os trabalhos de Mori, às vezes, chega a provocar.

P.S. Aguardem a postagem sobre Saul Steinberg, Gustavo Dudamel, Ângela Maria, entre outros

Legenda da Foto 1: A blogueira e o "Wave Ufo"- obra que utiliza tecnologia de navegação avançada, interpretando visualmente as ondas cerebrais dos participantes que têm eletrodos fixados ao couro cabeludo

Legenda da Foto 2: Eu e mais cinco visitantes interagindo com "Oneness"

terça-feira, 21 de junho de 2011

Quais são os critérios????

O bangalô entrará em recesso até a próxima segunda-feira, por conta da viagem da blogueira para conferir o Foto Rio. Antes porém,  uma perguntinha que ninguém consegue me responder: quais são os critérios para a escolha dos artistas que irão se apresentar no Palco Luiz Gonzaga e no Palco Gerson Filho ?

Não entendo, por exemplo, porque Bago de Jaca, Cobra Verde, NinoKarvan, Joésia Ramos e Sergival não podem tocar no mesmo palco em que Rogério, NaurÊa, Clemilda e Erivaldo de Carira tocaram (ou irão tocar). Aliás, em edições anteriores, já assisti ao show de Joésia e Sergival no palco principal, colocando no chinelo muito artista de fora.

Receio que este enigma, ninguém da organização do Forró Caju saiba desvendar.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

4 Anos do Cine Cult

Com um pouco de atraso, fica aqui o meu registro sobre a sessão especial de "Incêndios" na última quarta-feira, em comemoração aos 4o aniversário do Cine Cult. A sala 8, do Cinemark Jardins, escolhida para exibir o filme, não estava muito cheia. Eu diria que 1/3 da sala estava ocupada, mas muitas das pessoas lá presentes, são frequentadores assíduos do projeto idealizado por Roberto Nunes.

Ele, por sinal, prestou uma singela homenagem à blogueira e ao jornalista Ivan Valença, que apresentou-o a Clara, então gerente da rede de multiplex, há quatro anos. Por conta dessa conversa com Clara, menina de visão muito aberta, é que Roberto encontrou apoio para a implementação do Cine Cult em Aracaju. 

Juntamente com o professor Ítalo, do Colégio Atheneu, recebemos uma espécie de diploma, com um texto mui agradecido e a foto do cartaz do filme sul-coreano "O Hospedeiro" que deu o pontapé inicial do Cine Cult, no dia 15 de junho de 2007.

Cada um teve a oportunidade de agradecer a homenagem e aproveitei para, na minha fala, pontuar duas coisas: o abaixo-assinado que eu e o médico Anselmo Mariano encabeçamos com o propósito de que o Cine Cult ganhe mais uma sessão (noturna) já está nas mãos do Roberto para o envio ao escritório do Cinemark São Paulo.

Conseguimos mais de 400 assinaturas e esperamos que o pessoal da gerência geral de Sampa se sensibilize com nossa solicitação. Roberto na quarta-feira, disse que Aracaju é a praça com maior público no Cine Cult (só não merecordo se do Brasil ou do Nordeste). Levando em consideração esse horário pouco democrático (14h), ainda estamos muito bem na fita.

Também aproveitei a oportunidade para me queixar ao gerente que estava presente, sobre os constantes cortes nos créditos dos filmes exibidos no Cine Cult. Engraçado que não cortam os créditos de "X-Men", de "Piratas do Caribe", mas não deixam a gente curtir a trilha sonora de filmes como "O Garoto de Liverpool", entre outros.

Quanto a "Incêndios", já falei dele aqui no bangalô em duas ocasiões. Em ambas, rasguei elogios. Se não viu na sessão especial. Corra, porque ele já está em cartaz no Cinemark Riomar, às 14h.

Para os que ainda querem comemorar a longevidade desse projeto, hoje, a partir das 22h, no Capitão Cook, haverá distribuição de brindes, camisetas e muito rock ao som da Plástico Lunar,  Deilson Pessoa e Nantes. Ingresso ao preço de R$ 10.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Lua "Eclipsada"




Lua às 18h de hoje. Pena que cheguei um pouco atrasada. E ainda preciso comprar um tripé.

Fotos: Suyene Correia

"A Gaiola das Loucas" no TTB


Que tal se divertir hoje e amanhã  com as peripécias de Georges (Miguel Falabella) e Albin (Sandro Christopher), a partir das 21h, no palco do Teatro Tobias Barreto comandando a comédia “A Gaiola das Loucas?

Baseada no texto de Jean Poiret, a peça conta a história de Georges, proprietário do cabaré “A Gaiola das Loucas”, em Saint Tropez e Albin, seu companheiro, que se transforma em Zazá, a vedete do cabaré.
Com um relacionamento estável e um filho, Lourenço (Davi Guilherme), que vai se casar em breve, os dois se vêem numa situação difícil, quando descobrem que o futuro sogro de Lourenço, Edouard Dieulafoi (Carlos Leça) é o presidente do PFTM, o Partido da Família, Tradição e Moralidade, que prometeu varrer do mapa os homossexuais da Riviera, no caso de ser eleito.

A partir daí, a trama se constrói com excepcional dramaturgia, com muito humor e os estratagemas inerentes ao gênero da farsa. Completam o elenco, Jorge Maya, Carla Martelli Eliana Rocha, Keila Bueno e Gustavo Klein. A direção é de Miguel Falabella, co-direção de Cininha de Paula, figurino assinado por Cláudio Tovar e cenografia de Clivia Cohen.

Os convites já estão à venda na bilheteria do teatro e vale lembrar que clientes Unimed têm 50% de desconto na inteira. Informações pelo fone 3179-1490.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Cine Arco-Íris faz retrospecto do Cinema LGBT

Tímida no início do século XX, profícua nos últimos anos, a produção de filmes com temática LGBT cresceu à medida que o preconceito diminuiu (nem tanto assim...). Hoje, o público tem uma ampla gama de películas à disposição. Em "Cine Arco-íris - 100 anos de cinema LGBT nas telas brasileiras", lançamento das Edições GLS, o jornalista Stevan Lekitsch apresenta uma seleção das melhores produções cinematográficas de cunho homo, bi ou transexual.

Fruto de mais de dez anos de pesquisa, o livro apresenta resenha, ficha técnica e curiosidades de bastidores de quase 300 filmes produzidos nos últimos 100 anos. "A ideia não era simplesmente fazer um compêndio de títulos. Procurei ir mais fundo, enfocando os filmes que tiveram importância histórica", afirma Lekitsch. De clássicos como "Morte em Veneza" a filmes polêmicos como "Transamérica", a obra traz o melhor da produção nacional e estrangeira.

O livro começa fazendo uma análise histórica do surgimento do cinema, em 1895, e chega até o fim da década de 1940 - época em que não havia tanta liberdade para abordar a temática LGBT. Ainda assim, encontram-se boas surpresas, como o sinistro "Festim Diabólico", de Alfred Hitchcock, em que a homossexualidade dos protagonistas fica apenas subentendida. Outro destaque é o drama histórico "A Rainha Cristina", estrelado por Greta Garbo, que faz o papel de uma monarca bissexual.

Nos anos 1950, com a relativa abertura vivenciada depois do fim da Segunda Guerra Mundial, os filmes começam a abordar a homo, a bi e a transexualidade de maneira mais ousada. É o caso, por exemplo, de "Glen ou Glenda", do polêmico diretor Edward D. Wood Jr., que fala sobre travestismo e mudança de sexo - isso em 1953.

A partir da década de 1960, aumentam as produções de cunho LGBT, inclusive no Brasil, apesar da censura promovida pela ditadura militar instaurada em 1964. Um dos destaques mundiais é "Satyricon", dirigido por Federico Fellini, que retrata as vicissitudes do reinado do imperador romano Nero. Na Itália, Pier Paolo Pasolini provoca escândalo com "Teorema".

Mas é a partir dos anos 1970 que o cinema LGBT dá uma guinada. A liberação sexual faz com que a produção aumente progressivamente, chegando a mais de 5 mil filmes por ano.

De 2000 em diante, os filmes gays saem definitivamente das sombras e passam a concorrer de igual para igual com outras produções. Surgem películas engajadas, como "Antes do Anoitecer", que traz Javier Barden no papel do escritor cubano Reynaldo Arenas, e "Milk - A voz da igualdade", que rendeu a Sean Penn o Oscar de melhor ator por sua atuação como o primeiro gay assumido a ocupar um cargo público nos Estados Unidos. Mas talvez o maior destaque da década seja "O Segredo de Brokeback Mountain". Estrelado por Heath Ledger (que morreria três anos depois de overdose) e Jake Gyllenhaal, o filme rendeu o Oscar de melhor diretor a Ang Lee e deixou na memória dos espectadores cenas belíssimas.

De acordo com o autor Stevan Lekitsch, o número de filmes com temática LGBT tende a aumentar. "Apesar do crescimento de manifestações homofóbicas ao redor do planeta, o cinema gay vai continuar produzindo ainda mais filmes que destoem da heteronormatividade", acredita.

Para o jornalista Marcos Brandão, que prefacia Cine arco-íris, o maior mérito do livro "não está no que se diz sobre este ou aquele filme, e sim em sua declarada intenção de seduzir o leitor a conhecer, ou rever, o maior número possível deles e, assim, elaborar e emitir seu próprio julgamento de valor". "O livro não é dirigido apenas ao público LGBT", afirma Lekitsch, "mas também a todos os apreciadores da sétima arte", conclui.

Cine Cult apaga as velinhas com "Incêdios"


Amanhã, completa quatro anos, que o produtor cultural Roberto Nunes, através da Cine Vídeo Educação, conseguiu implementar em Aracaju, um projeto que salvou os cinéfilos sergipanos do marasmo da programação de blockbusters. Era o projeto Cine Cult, que chegava com o intuito de trazer aos cinemas da cidade, produções independentes, premiadas em festivais mundo afora ou que se transformaram em “cults” depois do sucesso de público e crítica.

Para comemorar sua longevidade, apesar de vários percalços ao longo dessa trajetória, o Cine Cult nos brinda amanhã, às 20h30, com a exibição do filme canadense “Incêndios” de Denis Villeneuve no Cinemark Jardins. Indicado ao Oscar desse ano, na categoria Filme Estrangeiro, “Incêndios” é um verdadeiro petardo, com direito a final inesperado e tudo mais. A trama gira em torno da personagem Nawal Marwan (a ótima Lubna Azabal), que acompanhamos em flashback, após sua morte.

Seus filhos gêmeos- Simon e Jeanne- recebem após a leitura do testamento, a incumbência de entregar uma carta a seu pai, que não conhecem, e ao irmão, que nem sabiam da existência. Simon (Maxim Gaudette) acha melhor não mexer no passado, mesmo que isso contrarie o último desejo de sua mãe. Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulain), no entanto, com personalidade bem semelhante à da sua genitora, decide iniciar uma jornada no Oriente Médio, terra de seus ancestrais, a fim de desvendar o mistério. 

Denis Villeneuve dirige bem os atores e dá o tom trágico na medida, para que o filme abale as estruturas de quem o confere, mas sem cair no melodrama fácil. O que chama a atenção nesta tragédia é a abordagem que Villeneuve faz sobre amor e guerra, intolerância e perdão. Tudo baseado na peça do libanês, radicado canadense, Wadji Mouawad.

Os ingressos para a sessão podem ser adquiridos, antecipadamente, ao preço promocional de R$ 10 na Casa da Cópia Jardins. Esse ingresso além de possibilitar assistir ao filme, garante a entrada na Festa de 4 Anos do Cine Cult que será realizada nesta sexta-feira, a partir das 22h30 no Bar Capitão Cook. Na oportunidade, haverá shows com Deilson Pessoa, Nantes e Plástico Lunar e  sorteios de brindes .

História- Inicialmente, programado para acontecer às 15h, no Cinemark Jardins, com preços bem mais acessíveis, o Cine Cult passou a ocorrer diariamente, às 14h, agora, nos dois complexos Cinemark. A primeira sessão, ocorrida no dia 15 de junho de 2007, exibiu o filme sul coreano “O Hospedeiro” de Bong Joon-Ho. Apenas 32 pessoas (entre as quais, a escriba) conferiram o bem humorado terror coreano naquela primeira sessão. 

Mas no final daquela  semana, 465 espectadores tinham assistido ao filme, número excelente para um projeto que tentava ganhar fôlego, após a experiência que Roberto Nunes teve de 2004 a  maio de 2007, quando organizou as sessões de cinema de arte no Moviecom do Shopping Riomar .

Nesses últimos quatro anos o Cine Cult cresceu, e muito, na sequencia de Aracaju vieram os complexos do Cinemark em Natal, Manaus, Salvador e Ribeirão Preto. Hoje, são 25 os complexos que exibem os filmes em 14 cidades do país, a saber: Porto Alegre ( 2 complexos), Florianópolis, Curitiba, Campo Grande,m Belo Horizonte, Brasilia (2 complexos), Ribeirão Preto, São Paulo ( 4 complexos), Guarulhos, São José dos campos (2 complexos), Rio de Janeiro (2 complexos), Vitória, Salvador, Aracaju (2 Complexos) e Natal.

Legenda da Foto: Jeanne em sua jornada pelo Oriente Médio, atrás da verdadeira história da mãe Nawal

domingo, 12 de junho de 2011

NPDOV realiza Chá com Mergulho no Cinema da Bahia


 Na última quinta-feira, o Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPDOV) realizou mais um Chá de Cadeira e Mergulho no Cinema, dessa vez com a presença de Sofia Federico, diretora da Dimas- Diretoria de Audiovisual da Secretaria de Cultura da Bahia. Desde janeiro de 2007, comandando a unidade do audiovisual baiano, Sofia aproveitou a oportunidade para discutir os projetos de memória desenvolvidos em sua gestão, como o lançamento das caixas de DVD "100 Anos de Cinema da Bahia" e "Memória em 5 Minutos".

"Memória em 5 minutos" é uma coletânea de 84 obras de curtíssima duração, premiados ao longo de 13 edições do Festival de 5 Minutos. Já a caixa "100 Anos de Cinema da Bahia" foi também lançada no ano passado e produzida não só por conta da comemoração de um século de cinema na Bahia, como também para dar visibilidade a essas obras e promover os cineastas, produtores que ao longo desse tempo vem atuando no audiovisual baiano. É bom frisar que sem a ação conjunta da Cinemateca Brasileira, do Ministério da Cultura e da Secretaria do Audiovisual esta caixa não teria sido lançada", diz Sofia

A ação de distribuição desse material audiovisual focou entidades, instituições e pessoas que já fazem ações de difusão, com o intuito de fazer com que os filmes fossem exibidos e, consequentemente, conhecidos pelo público. A rede Cine + Cultura e de arquivos públicos e privados que estão integrados ao Sistema Brasileiro de Informações Audiovisuais (SiBIA) foram alguns dos contemplados.

Sofia Federico reforçou a importância do encontro em Sergipe. "É de extrema importância o diálogo que o NPDOV está promovendo. Nós somos Estados vizinhos, precisamos nos conhecer cinematograficamente, só assim, trocando e expandindo ideias, poderemos fortalecer o audiovisual", declara.

Também realizadora, a diretora da DIMAS se prepara para rodar um curta-metragem ainda este ano. Com o título de "Navegantes", a produção contemplada com o Prêmio Petrobras Cultural 2010 é uma ficção e tem como principal eixo narrativo o sumiço da imagem do Nosso Senhor dos Navegantes, no dia de sua Procissão.

Texto: Suyene Correia




Legenda da Foto: Sofia Federico em sua passagem pelo NPDOV (crédito: Arthur Pinto)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

II Circuito BNDES Musica Brasilis chega a Sergipe

Depois de se apresentar com sucesso no Rio de Janeiro e em São Paulo, o II Circuito BNDES Musica Brasilis apresenta, a partir de junho, obras raras de arquivos de cidades de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, São Paulo e Minas Gerais.

Aqui, no Estado, o circuito contemplará as cidades de São Cristóvão e Itabaiana. Amanhã, a partir das 18h, na Igreja Nossa Senhora Vitória em São Cristóvão acontecerá o concerto realizado pela cravista Rosana Lanzelotte e pelo flautista Ricardo Kanji. Eles executarão obras de Luís Álvares Pinto, José Maurício Nunes Garcia e Carlos Gomes.

Para quem desconhece, o compositor Luís Álvares Pinto (1719-1789) era pernambucano, mas aperfeiçoou sua arte musical em Portugal. Os raros exemplos de sua música pertencem hoje ao Instituto Ricardo Brennand e através das pesquisas de Rosana Lanzelotte, idealizadora e diretora do projeto, o resgate desse repertório tão peculiar.

Já no sábado, às 19h, na Praça Matriz de Itabaiana, haverá apresentação da Banda da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição. Serão executadas obras de José Adhemar de Carvalho, Esperidião Noronha, Samuel Pereira de Almeida, Boanerges de Almeida Pinheiro, Jorge Americano Rego e Luiz Americano Rego.

É um verdadeiro apanhado de obras de compositores sergipanos que pertencem ao raro acervo da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, instituição fundada em 1745. As obras manuscritas, cuidadosamente guardadas pelo Maestro Valtenio de Souza, foram editoradas e serão apresentadas pela sua banda nesse evento. As apresentações são gratuitas.

Legenda da foto: O flautista Ricardo Kanji e a cravista Rosana Lanzelotte

ORSSE homenageia Tobias Barreto


Hoje, às 20h30, no Teatro Tobias Barreto, a Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) realizará um concerto especial, em homenagem à memória do poeta e intelectual germanista Tobias Barreto de Menezes, com a execução do grupo inteiramente dedicada à obra do gênio Ludwig van Beethoven. O concerto, denominado “Festival Beethoven”, integra a Série Cajueiros IV, e terá a regência dos maestros Guilherme Mannis e Daniel Nery.

O diretor artístico da ORSSE, Guilherme Mannis, explica que “Beethoven, através de sua genialidade, elevou a música da sua época a patamares nunca antes conhecidos. Sua capacidade criativa pode construir uma sinfonia através de um simples motivo rítmico, ou criar paisagens sonoras como uma grande tempestade na Sinfonia Pastoral. Tobias Barreto, por sua vez, foi o grande receptor da filosofia alemã do século XIX, ajudando a difundi-la na cultura brasileira. Unir estes dois gênios em torno de uma proposta artística é algo muito emocionante para todos nós”.

O festival será iniciado com a abertura “A Consagração da Casa”. A obra composta em 1822 para a re-inauguração do Teatro de Viena, terá sua primeira execução em Sergipe. Em seguida, serão apresentadas as aberturas “Fidelio e Leonora n°3”. “Fidelio” foi a única ópera de Beethoven, mas consumiu o tempo e o esforço equivalentes a três óperas. Do início, em 1804, até a apresentação da versão final em 1814, a ópera passou por várias revisões, cortes e alterações. O título original da ópera era Leonora, mas foi necessário alterar para Fidelio uma vez que houve, pelo menos, duas montagens operísticas anteriores daquela peça.

Na segunda parte do programa, o destaque será a “Sinfonia n°6”, também conhecida como Sinfonia Pastoral. Precursora da música programática - composição cujo objetivo é descrever passagens literárias através do texto musical -, a obra é dividida em cinco movimentos capazes de transpor para a música a sensação experimentada nos ambientes campestres. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um "quadro sonoro", mas como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas e melodiosas obras da fase romântica de Beethoven.

O concerto terá a regência na primeira parte do programa do maestro Daniel Nery, regente assistente da ORSSE e a segunda parte do maestro titular Guilherme Mannis. O evento é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura, com o patrocínio do Instituto Banese/ Banese Card e contando com o apoio da Fundação Aperipê e Segrase. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ao preço de R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).

Legenda da Foto 1: Orquestra Sinfônica de Sergipe (crédito: Lúcio Teles)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Grande Intérprete


Quem já acompanha há um bom tempo a carreira de Djavan, sabe o quanto o cantor se destaca no posto de compositor. Intérprete de suas próprias canções, agora o alagoano nos mostra o quanto é habilidoso também na arte de produzir um disco somente com composições alheias. “Ária” é o resultado dessa experiência bem sucedida e os sergipanos poderão conferir o show da turnê nacional, no próximo dia 11 de junho, às 21h, no Teatro Tobias Barreto.

No primeiro disco da carreira de Djavan, em que ele, exclusivamente, dá a voz a pérolas lapidadas por outros artistas, podemos conferir, entre outras, “Palco” de Gilberto Gil, “Luz e Mistério” de Beto Guedes e Caetano Veloso, “Disfarça e Chora” de Cartola e Dalmo Castello e “Fly Me To The Moon” de Bart Howard.
Não foi fácil, no entanto, o cantor alagoano escolher as canções para compor as 12 faixas do CD. 

Depois de 11 meses de formatação, o resultado foi um disco guiado pela memória emocional do cantor, inusitado e inovador. Inusitado pela formação instrumental pequena e rigorosa, mas esteticamente libertadora, “Ária” traz apenas o próprio violão de Djavan, a guitarra de Torcuato Mariano, o baixo acústico de André Vasconcellos e a usina de percussão de Marcos Suzano.

Inovador na medida em que Djavan pega composições populares, a maior parte delas muito conhecida e, sem perda de naturalidade, apresenta gravações formalmente jazzísticas, as melodias soltas, como que voando sobre as bases rítmicas e harmônicas. Um disco, sem dúvida, de um mestre na arte de cantar, tocar e arranjar: leve e rejuvenescido, as canções soando de fato como novas.

 De um certo modo, Ária é uma volta ao começo da carreira de Djavan, início dos anos 1970, quando ele chegou de Alagoas ao Rio e, antes de se tornar compositor de prestígio com o estouro de “Fato Consumado” e “Flor-de-lis”, vivia como crooner de boates históricas como Number One e 706. É desse tempo que ele pinçou uma das mais inusitadas faixas do disco, “Brigas Nunca Mais”, originalmente um samba de Tom Jobim e Vinicius de Moraes aqui transformado em valsa, típica brincadeira de boate.

Da mais remota memória afetiva do cantor emergiu “Sabes Mentir”, samba-canção abolerado de Othon Russo, do repertório de Ângela Maria e que Djavan aprendeu ainda na infância, de tanto ouvir sua mãe cantar. E o clássico, digamos intocável, “Oração ao Tempo” de Caetano Veloso, reaparece cheio de sutis invenções e um show de percussão de Suzano.

“Nunca imaginei fazer um disco assim, porque o meu prazer sempre foi compor. Pensava: vou me divertir pouco. E pensava também: vai ser um disco fácil, já que não preciso compor. E me enganei: acabei me divertindo muito reinventando e pesquisando as canções dos outros, e foi um dos discos mais difíceis de fazer, sobretudo na hora de escolher o que cantar”, diz o cantor.

Dificuldade recompensada com um resultado acima da média e ótimo de se apreciar. O belo espetáculo que Djavan pretende mostrar no próximo sábado, já conta com ingressos à venda na bilheteria do Teatro Tobias Barreto. Os clientes Unimed tem 50% de desconto na inteira. Mais informações pelo telefone 3179-1490.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"Vincere" e "127 Horas" serão exibidos no Cine Cult



O Cine Cult, neste final de semana, traz para a plateia sergipana dois títulos imperdíveis: “Vincere” de Marco Bellocchio e “127 Horas” de Danny Boyle. O primeiro, que será exibido no Cinemark Riomar, e concorreu à Palma de Ouro em Cannes no ano passado, foca um aspecto da vida do fascista Benito Mussolini (Filippo Timi) pouco conhecido: o de que ele seria pai de um garoto, fruto de seu envolvimento com Ida Dalser (Giovanna Mezzogiorno), antes de se tornar um líder político.

Na verdade, quando Ida conhece Mussolini em Milão, ele era apenas um jovem socialista, com extremo talento em orientar as massas contra o poder da Igreja e da Monarquia vigente. Encantada com sua postura de líder, ela financia o jornal Il Popolo d’Itália, que Mussolini funda para disseminar seus ideais fascistas e tamanha é a dedicação da mulher, que ela mina seu patrimônio em favor do futuro Il Duce.

Enquanto Ida ama, incondicionalmente, Mussolini parece só se preocupar em ascender politicamente e se afasta da mulher, ao voltar da I Grande Guerra, onde serviu ao seu país. Agora, com um filho pequeno, fruto de seu envolvimento com o fascista, Ida se vê rejeitada e trocada pela “oficial” esposa Rachele Guidi (Michela Cescon). Passional ao extremo, ela não desistirá de provar que foi a primeira mulher de Mussolini, mesmo que tenha que enfrentar o próprio ditador.

A partir daí, o que acompanhamos é um sórdido plano colocado em ação, contra Ida Dalser, a fim de que a imagem de Mussolini como líder, não seja maculada. Com tom operístico, Bellocchio conduz o drama de forma a mostrar num primeiro momento, o teste de honra de Mussolini, para depois contrapô-lo ao de Ida Dalser. Além disso, mostra as relações de conveniência entre a Igreja e Mussolini, que se num primeiro momento, nega a existência de Deus, depois chega a fazer as pazes com a própria Igreja.

O resultado é uma obra-prima em que se sobressaem a atuação de Giovana Mezzogiorno, o roteiro assinado a quatro mãos por Marco Bellocchio e Daniela Caseli, a direção de arte de Briseide Siciliano, e a fotografia de Danieli Cipri explorando os contrastes entre claro e escuro.

Já para quem preferir emoções fortes de outra natureza, a boa pedida é assistir ao filme “127 Horas” que entra em cartaz no Cinemark Jardins. Baseado em fatos reais, a película se detém nas 127 horas de agonia que o alpinista Aron Ralston (James Franco) passou no Parque Nacional de Canyonlands, em Utah, quando se viu preso em uma fenda profunda e estreita de um cânion.

Com pouca água e comida, sem uma jaqueta para enfrentar as noites geladas, ele lembrou que não havia avisado ninguém para onde estava indo, e essa demora em se soltar poderia ser fatal, já que poderia morrer desidratado ou afogado em uma inundação – ele estava 30 metros abaixo do nível do solo.

Usando sua câmera de vídeo, Aron começou a gravar mensagens de despedida para sua família e amigos, agradecendo a vida cheia de aventuras, esperando que alguém achasse essa gravação com seus últimos dias de vida. Mas na manhã de quinta-feira ele teve uma inspiração divina que poderia resolver o “enigma” da rocha, um extremo e desesperado ato de bravura que salvaria a sua vida.

É impressionante a atuação de James Franco que ganhou uma indicação este ano ao Oscar de Melhor Ator. Ele convence o espectador da transformação física e psíquica que o personagem sofre ao longo de cinco dias em situação crítica (com uma grande pedra esmagando o seu braço direito).

O diretor Danny Boyle também não decepciona, imprimindo uma narrativa bastante ágil, em que mistura imagens captadas da câmera de Aron, com flashbacks de sua infância e os delírios do alpinista. O mosaico imagético é bem editado, o que favorece à produção não se tornar algo maçante para aqueles que escolheram ficar durante 100 minutos sentados numa poltrona de cinema, acompanhando o martírio do alpinista solitário.

O filmes do Cine Cult são exibidos diariamente, às 14h, no Cinemark, com ingressos a preços populares R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Texto: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Mussolini (Filippo Timi) e Ida (Giovanna Mezzogiorno) em cena do operístico "Vincere"

Legenda da Foto 2: James Franco interpreta muito bem o alpinista Aron Ralston no dramático "127 Horas"