sexta-feira, 28 de junho de 2013

Nenhum Cartaz em Favor da Cultura

Até agora, não vi nenhum manifestante empunhar cartazes em prol da cultura. Quem já viu, manda uma foto para mim. Afinal, vamos completar esse tripé: Educação-Saúde-Cultura. Senão, o país não vai andar prá frente, não.

Já pensou uma cidade sem bibliotecas, sem teatro, sem cinema, sem museus, sem orquestras e nem bandas, sem o seu patrimônio material e imaterial preservados, sem as manifestações folclóricas em atividade, sem os escultures, pintores e videomakers podendo mostrar a sua arte ? E o que dizer dos repentistas, bordadeiras, grafiteiros, cordelistas, artesãos ?

Todos esses profissionais, precisam de mais atenção do Ministério da Cultura, das Secretarias de Cultura, sejam elas do município ou do Estado, de políticas de produção cultural mais consistentes e constantes, de editais com maior abrangência artística, contemplando não só o teatro, o cinema ou a música, mas também a dança, a performance, as artes visuais, entre outras vertentes.

Para que obras de restauro não continuem paradas; para que centros culturais voltem a funcionar; para que galerias de arte não continuem abandonadas; para que as salas de teatro tenham manutenção decente; para que artistas locais recebam cachês dignos de suas apresentações, para que festivais de cinema, teatro e música recebam apoios mais dignos do poder público; para que nossas festas tradicionais não morram; para que a população de A-Z consiga usufruir do melhor da nossa cultura; coloque seu bloco na rua, manifestem-se com suas frases de efeito, exijam mudanças do Governo.

Ah, só lembrando que se os 100 % dos royalties for para a Educação, os 50 % de não sei mais o que, for para a Saúde, vai sobrar o quê para a cultura ??? Não dá para ficar calado, tem que reivindicar!!!!

Cinéfilos São Brindados com Cinematografia Diversificada

O Sonho de Wadjda_filme_http://bangalocult.blogspot.com
Wadjda não medirá esforços para conseguir sua bicicleta

Parece que as viagens à Salvador, para “tirar o atraso” da cinematografia cult, diminuirão. Agora, não só contamos com a programação diferenciada do Cine Cult (Shopping Jardins e Riomar), mas também com o Cinema Vitória (Rua do Turista) que nos brinda esta semana com a produção francesa (“Além do Arco-íris”), a saudita (“O Sonho de Wadjda”), uma sul-coreana (“A Visitante Francesa”) e a brasileira (“Colegas”). 

A partir de hoje, serão quatro sessões diárias, sendo a primeira iniciada, às 14h, seguidas de outras às 16h, 18h e 20h. Mas nem sempre os filmes passarão, diariamente, nos mesmos horários, necessitando ao espectador ficar atento a pequenas mudanças na programação. Lembrando que o Cine Vitória não abre às segundas-feiras e, excepcionalmente, amanhã, por conta do Dia de São Pedro, ele não funcionará.

“O Sonho de Wadjda” passará hoje, às 14h e às 18h; domingo, às 16h e 20h; terça-feira, às 14h e às 20h; quarta-feira, às 14h e às 20h; quinta-feira, às 16h e às 20h. “A Visitante Francesa” do diretor Hong Sang-soo será exibido hoje, às 16h; domingo, às 18h e quarta-feira, às 16h. O filme francês “Além do Arco-íris” de Agnès Jaoui que foi exibido dentro do Festival Varilux, no mês passado, poderá ser visto ou revisto hoje, às 20h; na terça-feira, às 18h ou na quinta, neste mesmo horário. Completa a programação, o filme brasileiro “Colegas” de Marcelo Galvão, vencedor do Festival de Gramado 2012, que será exibido domingo, às 14h; terça-feira, às 16h; quarta-feira, às 18h  e na quinta-feira, às 14h.

Dos quatros filmes, destacarei “O Sonho de Wadjda” de Haifaa Al-Mansour, que além de ser a primeira produção realizada na Arábia Saudita (país que não possui salas de cinema oficiais), é a primeira dirigida por uma mulher. Na trama, Wadjda (Waad Mohammed) é uma garota de aproximadamente 10 anos, que tem o sonho de comprar uma bicicleta com o intuito de apostar corrida com o jovem Abdallah (Abdullrahman Al Gohani).  

Filha única de um casal pouco repressor para os padrões da sociedade saudita- esta guiada pelo fundamentalismo religioso- Wadjda sofre mais pela sua irreverência na escola, onde é recorrentemente repreendida pela diretora Hussa (Ahd Kamel) por usar um tênis All Star e não falar num tom baixo, como é recomendado para moças, do que em casa, onde pode ouvir suas fitas de rock sem restrições.
Mesmo assim, o clima anda pesado em casa, devido à crise que se abate sobre o casamento de seus pais. Enquanto a mãe (Reem Abdullah) não abre mão do emprego de professora e nem parece muito disposta a enfrentar outra gravidez, com o intuito de ter um filho varão, o pai (Sultan Al Assaf) de Wadjda, cada vez mais ausente, não vê problema em encontrar uma segunda esposa.

Ainda que avessa à prática religiosa, resta a Wadjda concentrar suas forças num concurso cujo tema é o Alcorão, já que o grande prêmio possibilitará a compra de seu objeto do desejo proibido. “O Sonho de Wadjda” se inspira nos filmes iranianos como “O Balão Branco” de Jafar Panahi, “A Cor do Paraíso” e “Filhos do Paraíso”, ambos de Majidi Majidi, ao utilizar crianças como protagonistas e trabalhar com questões morais próprias de países do Oriente Médio. 

 Premiado em festivais como Veneza, Roterdã e Abu Dhabi, “O Sonho de Wadjda”, no entanto é mais contundente do que os filmes iranianos acima citados, tendo como “bandeira” a liberdade das mulheres, num país em que os líderes políticos recusam-se a aderir à Declaração Universal de Direitos Humanos.

Complexo Cinemark- Enquanto o Cinemark Riomar recebe “Os Amantes Passageiros”- novo filme de Pedro Almodóvar-, “Guerra Mundial Z” de Marc Forster e três sessões de pré-estreia de “Homem de Aço 3D” de Zack Snyder, o multiplex do Jardins tem estreia de “Guerra Mundial Z”, “Todo Mundo em Pânico 5” de Malcolm D. Lee e também três pré-estreias de “Homem de Aço 3D”.

Para os fãs de Almodóvar, qualquer filme do diretor espanhol, por mais que possa ser avaliado como inferior a obras do quilate de “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Fale Com Ela” ou “A Pele Que Habito”, torna-se obrigatório. A comédia “Os Amantes Passageiros” que aporta por aqui, no Cinemark Riomar, a partir de hoje, em cinco sessões diárias, é uma boa oportunidade para comprovar ou não, a boa forma do cineasta e roteirista à frente de obras com humor escrachado, a exemplo do que já fez em seus primeiros filmes “Pepi, Luci, Bom e outras Garotas de Montão” (1980), “Labirinto de Paixões” (1982) e  “O Que Fiz Eu para Merecer Isto?” (1984).

A história de “Os Amantes Passageiros” passa-se toda nas alturas, em um avião com problemas mecânicos para aterrissar (o trem de pouso está danificado e o comandante aguarda a liberação para fazer um pouso de emergência). Enquanto o voo prossegue da Espanha para o México, assiste-se a uma compilação de gags com forte teor sexual.

No elenco, atores já conhecidos do público cativo dos filmes do diretor, como Javier Camara, Cecilia Roth, Lola Duenas e outros rostos menos badalados, Carlos Areces, Miguel Ángel Silvestre e Blanca Suárez. Penélope Cruz e Antonio Banderas fazem participações especiais.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Cine Vitória reabrirá amanhã

Depois do sucesso ocorrido no mês passado, com a realização do Festival Varilux, o Cine Vitória reabre suas portas para o público, amanhã, às 14h30, com a exibição do curta sergipano “Caixa D’Água: Qui- lombo é esse ?” de Everlane Moraes e a mostra Decididamente Animados, formada pelos curtas franceses: “O Ladrão de Pára-Raios” de Paul Grimault; “Os Caramujos” de René Laloux; “Os Três Inventores” de Michel Ocelot; “Port’ e a Filha das Águas” de Jean-Françoise Languionie; “Tudo bem, Tudo Bem” Sylvain Chomet e Philippe Leclerc; “Um Coração Para Emergências” de Piotr Kamler. Essa sessão será gratuita. 

Às 15h50, será exibido o documentário “Marcelo Yuka no Caminho das Setas” de Daniela Broitman e, na última sessão do dia, às 18h, “Margaret Mee e a Flor da Lua” de Malu de Martino. Para essas sessões, o preço do ingresso custará R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Amanhã, às 16h, o jogo do Brasil x Itália, será transmitido ao vivo, na sala de Cinema Vitória. Às 14h30, o público poderá conferir o documentário “Margaret Mee e a Flor da Lua” e, às 18h, “Qual o Nome do Bebê?” da dupla Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte. Para quem acha estranho a transmissão desse jogo dentro de um cinema, a diretora geral da Casa Curta-SE e gerente do cinema, Deyse Rocha, explica. “Tempos atrás, quando estava estudando as ações de outros cinemas, vimos que era um recurso que alguns utilizavam, não só com jogos como também com outras atividades. Exibe-se óperas agora. Como tinha-se essa janela aberta do horário, pensei em incluir a sessão nesse dia, com o jogo, até para atrair o público que não é aquele cinéfilo presente”.

No domingo, às 14h50, “Margarete Mee e a Flor da Lua” poderá ser vista pela penúltima vez, nessa primeira semana de reabertura e, às 16h15, será exibido “Marcelo Yuka no Caminho das Setas”. A última sessão do dia, às 18h10, acontecerá com exibição da mostra Decididamente Animados, com Curtas Sociais.

O cinema não funcionará às segundas-feiras, nesse início de funcionamento, de modo que na terça, dia 25, a programação retorna às 15h, com a mostra Decididamente Animados com o filme “Não Somos Máquinas”, às 16h25, “Margaret Mee e a Flor da Lua” e, às 18h, “Qual é o Nome do Bebê ?”. No dia 26 de junho, às 15h30, passa a mostra Decididamente Animados; às 16h10, a comédia “Qual o Nome do Bebê?” e às 18h20, “Marcelo Yuka e o Caminho das Setas”. 

Na quinta-feira, dia 27 de junho, às 15h, tem exibição de “Qual o Nome do Bebê?”; às 17h10, da mostra Decididamente Animados com o filme “Ah, L’amour” e, às 18h40, “Marcelo Yuka e o Caminho das Setas”.

Com parcerias importantes na reabertura e para projetos próximos, a Casa Curta-SE conta com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, Governo de Sergipe, Embaixada da Francesa , Cinefrance - RJ, Instituto Français - RJ., Premio Asas, SCDC, Ministério da Cultura, Governo Federal, Ponto de Cultura Figuras em Trânsito, AV Br Produções, Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira, Funcaju e Prefeitura Municipal de Aracaju.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sergipe é o País do Forró ?

Para mim, nunca foi. Talvez já tenha sido, quando eu ainda era pequena e, nem sonhava que um dia, iriam surgir bandas de “forró elétrico” com o intuito de só arrecadar muita grana e pouco se importar com a divulgação do autêntico pé de serra. Mas, independente dessa enxurrada de grupos de questionável qualidade artística, que atrapalha e, muito, o cenário musical local, nesta época, vem o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal de Aracaju, fazer a canjica “desandar” ainda mais.

O turista que nunca veio a Aracaju e escolhe pela primeira vez conhecê-la, justamente pelas dicas dadas por amigos ou parentes, que aqui se divertiram a valer, nos festejos juninos de tempos atrás, vão se sentir lesados por conta da minguada programação festiva.

Se não vejamos. O Centro de Criatividade (Bairro Getúlio Vargas) está em reforma,  por conta de obras de adequação, solicitada pelo Corpo de Bombeiros, e não abrigará o tradicional Concurso de Quadrilhas no Arraiá Arranca Unha  O Gonzagão, localizado no Conjunto Augusto Franco, também está fechado e, com isso, são dois espaços a menos de dança, para a população usufruir de um belo espetáculo tipicamente nordestino.

Para completar, o Arraiá do Povo, que há um bom tempo serve de fuga para as famílias completas (pais, filhos, avós, tios e agregados) e não se arriscam a enfrentar a multidão do Forró Caju, provavelmente, deixará muitos órfãos, este ano. É que não será montada a cidade cenográfica, que tanto já encantou paulistas, cariocas, paranaenses e gaúchos, nem a estrutura de bares que abrigava parte do público da chuva ou mesmo servia como ponto de encontro dos amigos.

Da antiga estrutura, contente-se apenas com o palco, a igrejinha e o pórtico, que de longe, serve de ponto de referência para os desavisados. No mais, uma programação enxuta, feita de última hora, que deixou de fora atrações obrigatórias como os Barcos de Fogo de Estância e a Casa do Cordel.  

Quem preferir a arena do Forró Caju, é bom avisar que festa também foi reduzida no número de dias e que algumas atrações, como NaurÊa, Targino Godim e Alceu Valença, só para citar esses três, foram deixadas de fora. E se você pensava que ficou só nisso, enganou-se. Decidiram convocar os cristãos para o Dia da Paz, na abertura da festa, e o que menos se ouvirá é zabumba, triângulo e sanfona.

É por essas e outras, que o Estado não deslancha no turismo. Quando tem a oportunidade, deixa-a escapar. Foi o tempo em que Areia Branca, Itaporanga e Rosário do Catete serviam de "Plano B", para os que se aventuravam em pegar a estrada e curtir o forrobodó no interior. Hoje, programação durante o mês todo, só em Estância.  Muitas cidades ou já encerraram os festejos antes mesmo do São João ou preferiram comemorar apenas, o São Pedro.

Por isso, ao invés de corroborar o título da canção de Rogério, lanço a pergunta: Sergipe é o País do Forró ?

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Cine Cult completa 6 Anos

O Hospedeiro_filme_http://bangalocult.blogspot.com
"O Hospedeiro" deu o pontapé inicial do Cine Cult

Há  seis anos, os cinéfilos sergipanos ganhavam um belo presente: o projeto Cine Cult, idealizado pelo produtor paulista Roberto Nunes, que durante o período de 2004 a 2012, residiu em Aracaju. Desde sua chegada à capital sergipana, Nunes esmerou-se para que tivéssemos acesso ao melhor da cinematografia mundial. Inicialmente, o projeto chamava-se Cinema de Arte e foi recebido com bastante entusiasmo pelo público, no extinto Moviecom Riomar, com exibições primorosas de filmes como “O Leopardo” de Luchino Visconti, “Dogville” de Lars Von Trier, “Arca Russa” de Alexander Sukorov, “Time” de Kim Ki-Duk e “2046” de Wong Kar-Wai, só para citar algumas pérolas.

Com o fechamento do complexo no Shopping Riomar, Nunes não desistiu da ideia e levou a proposta para o concorrente Cinemark do Shopping Jardins. Graças “aos céus”, foi acatada pelo complexo, que hoje detém o monopólio das salas de exibição aracajuanas. Assim, nascia o Cine Cult. 

O primeiro filme do projeto foi “O Hospedeiro” de Joon-Ho Bong. Lembro-me que o preço do ingresso era R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia) e a sala 1 estava praticamente lotada, naquele dia 15 de junho de 2007, às 15h. Claro que muita gente que curte os blockbusters e “torce o nariz” para o filme dito “de arte” foi conferir a produção sul-coreana, sem saber muito bem o que iria encontrar. Alguns gostaram da experiência, outros nem tanto, mas ao longo dos anos, o público do Cine Cult foi sendo formado, de modo que além das “figurinhas cativas”, houve uma renovação dos espectadores.

Difícil listar aqui quais os filmes que mais me emocionaram em pouco mais de meia década de Cine Cult. Lembro-me rapidamente de alguns títulos como “Um Beijo Roubado”, “Bubble”, “Vermelho Como o Céu”, “O Pequeno Italiano”, “Mother- A Busca Pela Verdade”, “Repulsa ao Sexo” (emocionante, assistir na telona, a esse clássico na primeira Sessão Notívagos), “Batismo de Sangue”, “Leonera”, “Lírios D’Água”, “Ao Lado da Pianista” (nesse fiquei sem fôlego, ao final), “Serras da Desordem”, “Mutum”, “A Casa de Alice”, “Rio Congelado”, “A Teta Assustada”, entre outros.

Mas algumas sessões foram emblemáticas como a do filme “O Violino” de Francisco Vargas, já que só existia uma cópia em 35 mm, circulando no Brasil e não foi fácil para Roberto Nunes consegui-la; “Do Começo ao Fim” de Aluizio Abranches, que teve sessões bem concorridas, sendo um dos filmes com maior número de espectadores do projeto, ainda que seja um desastre cinematográfico; a do filme francês “O Papel da Sua Vida” de François Favrat que teve direito até ao alarme de incêndio tocando, indevidamente, no meio da exibição; “Incêndios” de Denis Villeneuve que foi exibido no 4º aniversário do projeto, na sala 8 e deixou muita gente “grudada” na poltrona após os créditos finais. 

A iniciativa deu tão certo, que o projeto foi expandido para outras salas da Rede Cinemark do país. Hoje, o Cine Cult está em 29 complexos exibidores, distribuído por 19 cidades, entre as quais, Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), Ribeirão Preto (SP), Campinas (SP), São José dos Campos (SP), Santos (SP), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Salvador (BA), Natal (RN) e Recife (PE). 

Algumas boas iniciativas paralelas do Cine Cult, como a Sessão Notívagos e a Virada Cinematográfica, acabaram, deixando órfãos os notívagos de plantão. Não seria a hora da Rede Cinemark repensar sobre o assunto e nos presentear com o retorno delas ? Enquanto isso não acontece, Roberto Nunes monta a programação alusiva ao 6º aniversário do Cine Cult, que acontecerá no período de 21 de junho e 18 de julho.

Por enquanto, só estão confirmadas as exibições do franco-mexicano “Depois de Lúcia” de Michel Franco e do francês “Vocês ainda não Viram Nada” de Alain Resnais, durante este período. Mais três filmes estão sendo cogitados, para completar os horários, sendo que um deles será exibido apenas no dia 11 de julho, em sessão especial, no Shopping Jardins.

Resta-nos presentear o Cine Cult com a nossa presença nas exibições. E vida longa ao Cine Cult!

terça-feira, 11 de junho de 2013

"O Fole Roncou!" será lançado no XII Fórum do Forró




Nem só de Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Genival Lacerda, Anastácia, Humberto Teixeira e Zé Dantas é composto o time de artistas que ajudaram a popularizar o baião pelo Brasil. Nomes menos badalados pela mídia e conhecidos pelo público como Trio Mossoró, Marivalda, Zé Calixto, a dupla Antônio Barros e Cecéu, Messias Holanda, Onildo Almeida, Gordurinha e Zé Marcolino são lembrados também pela dupla de escritores paraibanos, Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, no livro “O Fole Roncou!: uma história do forró”, a ser lançado em Aracaju, amanhã, à noite, na abertura do XII Fórum do Forró, no Teatro Atheneu e, comentado, na sexta-feira, às 19h, na palestra homônima realizada pela dupla de autores.

Lançado ainda no final do ano passado, pela Zahar Editora, o livro robusto, de quase 500 páginas, traça um panorama dos personagens que contribuíram para disseminar o baião para outras regiões do país, sobretudo no Sudeste. No primeiro capítulo, é possível conferir o início da carreira de Luiz Gonzaga, ainda garoto, acompanhando o pai Januário (oito baixos) nas festas da região onde morava, em Exu (PE).

Já no capítulo seguinte, o leitor depara-se com o surgimento de uma das vozes femininas mais marcantes do universo do baião, que se tornaria a Rainha do Xaxado, a cantora Marinês, além do despontar de Zé Dantas como compositor e parceiro do Velho Lua. À medida que os jornalistas Carlos e Rosualdo vão apresentando, paulatinamente, aos leitores, os intérpretes e compositores que fizeram (e fazem) a história do forró, utilizam como pano de fundo da narrativa, a realidade sócio-política-econômica da época, com a consequente migração dos nordestinos para a região Sudeste.

Nos últimos capítulos de “O Fole Roncou!: uma história do forró”, os autores fazem menção ao surgimento do “forró elétrico” liderado pela banda Mastruz com Leite.  Após a saturação dessa e outras bandas similares, como Magníficos, Limão com Mel, Baby Som, o “forró universitário” começou a ganhar terreno sem, no entanto, deixar de explorar os grandes clássicos do baião.

O leitor mais atento sentirá falta da história de Gerson Filho (citado pouquíssimas vezes no livro) e poderá “torcer o nariz”, ao constatar a ausência da esposa Clemilda, ambos alagoanos, radicados em Sergipe, ao folhear “O Fole Roncou!”. Mas Rosualdo apressa-se na defesa e justifica-se. “Devemos lembrar que o livro, um trabalho eminentemente jornalístico e não acadêmico, se propõe a contar ‘uma história do forró’, não ‘a história’. São tantos personagens, tantas possibilidades, quase todas até então inexploradas, que seria muita pretensão nossa querer fazer um livro definitivo. Gerson Filho e Clemilda deram, sim, uma contribuição valiosa para essa história, como muitos outros que poderiam ter ocupado espaço maior ou ter sido citados, mas acabaram ficando de fora. Nossa intenção é que este livro estimule a produção de outros trabalhos, que complementem essa história, que se detenham em aspectos e em artistas de grande valor e que infelizmente, por limitações logísticas ou editoriais, deixamos de fora”.

A ideia para concepção do livro surgiu de uma lacuna que o jornalista Carlos Marcelo sentiu como leitor. “Procurava por livros que contivessem partes da história de um dos gêneros mais populares da música brasileira e, ao contrário do samba e da bossa nova, encontrava bibliografia reduzida e concentrada em dois dos maiores expoentes, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Depois de conversas com o maestro Marcos Farias, filho de Marinês e Abdias, confirmei a impressão inicial. Então, convidei o amigo Rosualdo Rodrigues (que topou na hora), para se juntar no projeto de tentar contar, de forma panorâmica, uma parte representativa dessa história, na qual não só os grandes nomes fossem enfocados, mas também houvesse o devido destaque para outros artistas, menos badalados pela mídia, como a própria Marinês, Zé Calixto, João Gonçalves e Geraldo Correia — o “João Gilberto dos 8 baixos”, explica.

Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues trabalharam em duas etapas para a formatação de “O Fole Roncou!”. Na primeira, para a realização das mais de 80 entrevistas, eles fizeram viagens, em separado, para Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Caruaru, Pesqueira, Campina Grande, Natal, Caicó, João Pessoa e Fortaleza. “Depois de avaliarmos o que tínhamos obtido nessas conversas, fizemos uma espécie de ‘roteiro’ dos capítulos e dividimos as tarefas. Depois, por e-mail, mandávamos as primeiras versões de cada capítulo e fazíamos acréscimos, supressões e sugestões até chegarmos a um resultado que fosse considerado satisfatório por ambos. Foi um trabalho muito orgânico, a tal ponto que hoje não consigo apontar com precisão um capítulo que eu tenha escrito inteiramente ou que tenha sido escrito exclusivamente pelo Rosualdo”.      

Segundo Carlos Marcelo, do início das pesquisas até a realização das entrevistas, foram quase dois anos de trabalho pesado. Depois, os escritores levaram pouco mais de seis meses no trabalho de redação, checagem e edição. “Um trabalho muito cansativo, porque foi realizado em paralelo com nossas atividades profissionais (ambos somos jornalistas de redação) e nas nossas férias. Mas também que chegou ao fim na data prevista graças ao suporte efetivo da nossa editora, a Zahar, que ‘abraçou’ o projeto de forma entusiasmada e aguerrida, das primeiras reuniões até o lançamento”.

Quando questionado se o forró autêntico ainda tem espaço na mídia ou virou “uma peça de museu”, Rosualdo Rodrigues é categórico. “O chamado forró de raiz sobrevive nos salões de norte a sul do país, em um circuito, digamos, alternativo, mesmo sem um grande espaço na mídia. Não como peça de museu, mas como uma vertente do gênero que, mesmo ofuscada, não é anulada pela imensa popularidade do forró dito eletrônico. No Centro-Oeste e no Sudeste, ele tomou muito fôlego a partir da onda do forró universitário. Hoje em dia, são muitos os trios de forró pé-de-serra e os festivais dedicados a esse tipo de forró (como o de Itaúnas, no Espírito Santo, e o Rootstock, no litoral paulista). No Nordeste, sanfoneiros como Waldonys, no Ceará, e Targino Gondim, em Pernambuco, seguem a trilha da tradição com um trabalho respeitável. Veteranos como Anastácia e Genival Lacerda continuam em atividade, sobrevivendo do forró que fazem… Além do mais, os ritmos como baião, xote, xaxado e outros que colocamos sob esse rótulo de forró não estão apenas no trabalho dos forrozeiros. Eles aparecem no repertório de artistas pop, roqueiros, seja explicitamente ou como influência. Então, não dá para falar do forró como peça de museu, é um gênero que se transforma e se diversifica”.

Para aqueles que adquirirem o livro no primeiro dia do XII Fórum do Forró, os autores avisam que autografarão os mesmos na sexta-feira, após a palestra “O Fole Roncou”, marcada para começar às 19h. O evento gratuito, que tem início amanhã, à noiteno Teatro Atheneu, presta homenagem esse ano, aos compositores Onildo Almeida, João Silva e Erivaldo de Carira. Na noite de abertura, os homenageados receberão o Troféu Gerson Filho e a Profa. Elba Braga Ramalho proferirá palestra sobre o tema “Luiz Gonzaga e a Síntese Poética e Musical do Sertão”.

Além do livro “O Fole Roncou!” de Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues também serão lançados na noite de abertura do XII Fórum do Forró, os livros “Luiz Gonzaga: a síntese poética e musical do sertão” de Elba Braga Ramalho e “Luiz Gonzaga: 100 anos do eterno rei do baião” de José Marcelo Leal Barbosa.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Secult divulga o resultado do II Edital de Audiovisual

Foi divulgada, na última sexta-feira, a lista dos projetos aprovados no II Edital de Apoio a Produção de Obras Audiovisuais de Curta Metragem lançado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Ao todo, foram 34 projetos habilitados, sendo que 24 realizadores participaram do pitching (apresentação e defesa oral). Após a defesa, apenas cinco realizadores foram contemplados. 

Depois de ter sido selecionada na primeira edição do Edital com o belíssimo “Caixa D’Água- Qui-lombo é Esse?”, a realizadora Everlane Moraes comemora mais uma conquista: a animação “Conflitos e Abismos” foi um dos curtas aprovados desta edição. Quem também conseguiu passar pelas etapas classificatórias e ter seu projeto  “M.A.D.O.N.A” selecionado foi o diretor André Aragão. No ano passado, ele conseguiu realizar pela 1ª edição do Edital, o curta-metragem “Hotel Palace”. 

A experiente atriz Diane Veloso resolveu “atacar” de diretora e realizará seu primeiro filme “Para Leopoldina” com o apoio do poder público. Completam a lista os documentários “Operação Cajueiro, um Carnaval de Torturas” de Fábio Rogério e “A Morena dos Olhos Pretos” de Isaac Dourado. 

Dos cinco realizadores contemplados, a repórter ouviu a diretora estreante Diane Veloso. Ela disse que o tema central de seu curta-metragem é a solidão e uma das personagens é inspirada na sua tia-avó, Leopoldina Leopoldo. No entanto, a história da senhora Leopoldina que está num asilo e conhece Lúcia, numa de suas visitas por lá, é pura ficção.

“Há oito anos, quando trabalhava na SMTT e passava diariamente, pela frente do Asilo Rio Branco, tive um insight de escrever um roteiro sobre a solidão, o abandono. Resolvi conhecer o local e após algumas visitas ao asilo, fiquei muito tocada com as histórias de alguns idosos que ali moravam. Fiquei com essa história engavetada e resolvi no ano passado, inscrevê-la como projeto do I Edital de Apoio a Produção de Obras Audiovisuais de Curta Metragem lançado pela Secult. Não fui contemplada em 2012, mas insisti na ideia e, agora, poderei realizar o curta”.

No filme a ser rodado no segundo semestre, Diane terá dupla função: diretora e atriz. Ela viverá a personagem Lúcia, enquanto que a tarimbada atriz de teatro Walmir Sandes interpretará Leopoldina. Após conhecer a triste realidade vivida pelos moradores do asilo, no que tange à solidão e abandono dos parentes, Lúcia decide escrever cartas para alguns idosos, passando-se por parentes. Com Leopoldina a aproximação é tardia, por conta de seu isolamento. Certo dia, no entanto, Lúcia que também lia as cartas falsas que escrevia aos destinatários, depara-se com uma enviada pela filha de Leopoldina. Seu conteúdo não é nada alentador e cabe a Lúcia fazer alguma coisa para não deixar a senhora ainda mais desesperançosa.

A secretária de Estado da Cultura, Eloisa Galdino, afirma que divulgação dos contemplados de mais um edital mostra a transparência com que é realizado os projetos da Secult e demonstra a preocupação do Governo com este setor. “Cumprimos com êxito, mais uma vez, nosso papel com a classe do audiovisual, sempre ouvindo e levando em conta a opinião da classe. Agora, é esperarmos a produção destes curtas e comemorar o sucesso do projeto”.

A partir de agora, os contemplados devem se encaminhar a Assessoria Técnica da Secult até o dia 20 de junho, munidos de alguns documentos para a assinatura do termo compromisso. Entre os documentos necessários estão a declaração do proponente de que não se encontra em débito ou sem cumprimento de prazo de prestação de contas com a Secretaria de Estado da Cultura e indicação de conta-corrente em nome do proponente, no Banco do Estado de Sergipe, para depósito em conta bancária.

É necessária também uma declaração de Cessão de Direitos Patrimoniais para publicação, assinada pelo proponente e reconhecida em cartório e uma declaração de Cessão de Utilização de Obras, Imagens e Som, premiação e divulgação, assinada pelo proponente e reconhecida em cartório. Vale lembrar que o proponente vencedor que não apresentar a documentação no prazo estipulado ou apresentá-la com alguma irregularidade perderá automaticamente o direito à premiação.

Sobre o edital- A segunda edição do Edital de Apoio a Produção de Obras Audiovisuais de Curta Metragem tem um investimento total de R$ 150 mil, contemplando com R$ 30 mil, cada um dos cinco filmes contemplados nas categorias ficção, documentário e animação.

Puderam participar do edital, pessoas residentes no Estado de Sergipe há pelo menos dois anos, na condição de produtores ou diretores, com a devida comprovação de residência. Porém, cada concorrente só pôde ser contemplado com um projeto. Uma das principais condições de participação no edital diz respeito às filmagens, que devem ser, pelo menos, 70% realizada no Estado de Sergipe.