quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Pianista russo realiza concerto em Aracaju

Neste sábado, o auditório da Biblioteca Pública Epifânio Dória receberá uma das revelações do Concurso Internacional BNDES de Piano do Rio de Janeiro. Trata-se do pianista russo, Evgeny Brakhman, que apresentará um repertório com obras de Bach, Rachmaninov, Brahms e Prokofiev. O recital faz parte do Festival Internacional BNDES de Piano do Rio de Janeiro e será às 19h30, com estrada franca.

As muitas premiações na carreira, principalmente, nos concursos de Cleveland, de Tiflis e do Rio de Janeiro, conduziram Brakhman a palcos e orquestras famosos: o Severance Hall em Cleveland, Teatre de la Ville em Paris, o Grand Hall do Conservatório de Tiflis, e o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Como solista atuou com as orquestras de Cleveland, Nacional Russa, Nacional da Georgia e a Sinfônica Brasileira. No ano Schumann e Chopin tocou em Verona e Pádua, Itália e em Zelazowa Wola, Polônia.

Em 2011, fez turnês com os violinistas Graf Mouja e Sergei Ostrovsky na França e em Israel. Seus próximos concertos na Rússia serão com o trompetista Sergei Nakariakov e o violista Daniil Grishin. Apresenta-se com regularidade em Moscou, Ekaterinburgo, Kostroma e diversas outras cidades russas.

Lançamento de livro- Na oportunidade, também será lançado o livro “Guiomar Novaes do Brasil”, escrito pelos jornalistas Luciana Medeiros e João Luiz Sampaio, que acompanha a carreira de Guiomar Novaes nos Estados Unidos, com ênfase em sua trajetória em Nova York. O conteúdo, levantado em pesquisas e entrevistas no Brasil e nos Estados Unidos, procura relacionar Guiomar e sua época, seguindo a linha de sua carreira americana que foi de 1915 a 1972, sempre aclamada como soberana do piano mundial pelos críticos e pelo público. 
O livro da editora Kapa ainda conta com dois CDs com gravações da pianista, juntamente com a Filarmônica de Nova York. São registros da década de 1950, com ótima qualidade sonora, pinçados de três concertos gravados ao vivo no Carnegie Hall, onde a pianista executa obras de Schumann, Beethoven e Chopin. O preço sugerido do livro + 2 CDs é de R$ 80.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Não seria melhor "Banese Cultural" ?

Sábado, Sergipe ganhou o seu primeiro Museu High Tech: o Museu da Gente Sergipana. Confesso que não gostei da escolha do nome, porque me remete logo ao Museu da Pessoa (museu virtual) e aí, fico achando que faltou um pouco de originalidade. Talvez, "Banese Cultural" ou "Centro Cultural Banese" soasse melhor aos ouvidos, seria mais autêntico. Porém, há quem vá discordar de mim, alegando ser um nome óbvio demais, num manancial de possibilidades. Escolheu-se, então, "Museu da Gente Sergipana".

Um belíssimo museu, por sinal, nível de grande metrópole, mas que só pode ser conhecido, de fato, após uma hora de atraso para o início da solenidade de inauguração e mais duas horas de exaustivos discursos por parte das autoridades (só o Gorvenador falou por mais de uma hora). Ou seja, marcada para às 19h, a inauguração, foi acontecer com o descerramento da placa, por volta das 22h15. Um verdadeiro teste de paciência...

O empreendimento que custou ao Banese, em parceria com o Governo do Estado, aproximadamente, R$ 22 milhões é o carro chefe das comemorações do cinquentenário de criação do banco estatal. O prédio escolhido para abrigar o museu do povo sergipano, foi o Colégio Atheneu Dom Pedro II- também conhecido como Atheneuzinho- que há anos agonizava na Av. Ivo do Prado, apesar da edificação ter sido tombada pelo Estado, em janeiro de 1985.

Após dois anos de restauro do prédio e adequação de seu interior para expor um acervo composto pelo patrimônio cultural, material e imaterial do povo de Sergipe, através de instalações em multimídia interativa e exposições itinerantes, finalmente, um seleto grupo de convidados pode conferir em primeira mão, o arrojado trabalho de designer e expografia de Marcello Dantas (leia-se Museu da Língua Portuguesa).
O "mago" carioca sabe como ninguém, utilizar recursos interativos como porta de entrada para o aprendizado de conhecimentos históricos. De forma lúdica, é possível aprender sobre as manifestações folclóricas do Estado (jogando amarelinha) ou conhecer sobre objetos tradicionais de nossa cultura ou da nossa culinária, (através do jogo de memória).

Em cada ambiente, uma surpresa sensorial. No térreo, além da loja do museu (contando com uma ambientação bastante adequada), do auditório (que pasmem, serve de sala de exibição de filmes) e da galeria para exposições temporárias, é possível se deparar com uma instalação sonora no centro do pátio. 

No 1º  andar (que pode ser acessado através de escada ou elevador), vários ambientes como a midiateca, o túnel 360 graus (por onde percorremos de barquinho através do semi-árido e sertão, conhecendo os biomas), mesa gastronômica, cordelteca, ambiente dos repentistas, feira livre, entre outros.

Descendo para o térreo e encaminhando-se para a parte final do prédio, deparamo-nos com a sede do Instituto Banese, que tem como diretor superintendente, José Leomarques Bomfim e como diretor de Programas e Projetos, o arquiteto Ezio Déda.

Ao lado da sede do Instituto Banese, funcionará o Café da Gente, capitaneado pela gastrônoma Adriana Hagenbeck (leia-se " Restaurante Mãe Preta"). Segundo Hagenbeck, o cardápio da cafeteria será inspirado na gastronomia sergipana e o local funcionará das 9 às 21h, oferecendo aos clientes as opções de brunch  e petiscos (happy hour).

A partir do dia 06 de dezembro, os sergipanos e turistas que aqui estiverem, já poderão usufruir das deliciosas opções de receitas do Café da Gente, bem como do acervo digital do Museu da Gente Sergipana.
Só espero que o Museu da Gente Sergipana não tenha o mesmo destino que o Palácio-Museu Olímpio Campos, um espaço mal aproveitado culturalmente falando, tendo em vista os promissores projetos  colocados em prática nos primeiros meses de seu funcionamento e, hoje, totalmente descartados.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

"Encontros de Literatura" acontecerá no Centro de Convenções

De 30 de novembro a 2 de dezembro será realizada no Centro de Convenções de Sergipe (CIC), a 1ª edição do "Encontros de Literatura". Trata-se de um projeto executado pelo Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em parceria com o Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe, que visa discutir temas fundamentais para a área da literatura, livro, leitura e bibliotecas.

A situação atual do mercado livreiro, jornalismo cultural e imprensa alternativa são algumas das temáticas que entrarão da pauta de discussão entre os debatedores. Além disso, serão realizadas duas oficinas de discussão e elaboração do Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PELLLB).

De acordo com o coordenador geral do Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe e poeta, Marcílio Medeiros, o Encontros de Literatura será responsável pelo estabelecimento de diálogo entre agentes envolvidos nas cadeias criativa da literatura, produtiva do livro e mediadora da leitura.

“O encontro é imprescindível para que se avance nas políticas setoriais de literatura, livro e leitura, por criar um espaço público de diálogo e amadurecimento de questões atuais da agenda local e nacional das cadeias criativa, produtiva e mediadora do livro. A retomada do processo de elaboração do PELLLB é necessária para que Sergipe participe de modo mais efetivo das atividades e compromissos assumidos em todas as esferas governamentais”, diz Marcílio.

O evento será voltado para todos os agentes envolvidos nas cadeias criativa da literatura, produtiva do livro e mediadora da leitura, tais como escritores, editores, mediadores de leitura, gestores culturais, bibliotecários, cordelistas, livreiros, professores e alunos. Além disso, segundo Marcilio, estão sendo firmadas parcerias com todas as instituições de ensino superior que têm cursos de Letras, Pedagogia e Comunicação Social.

A entrada é gratuita e não haverá a necessidade de inscrição prévia, mas o acesso respeitará a capacidade do local de realização.

Confira a programação completa:


Dia 30/11/11 – Auditório Terra Caída (Centro de Convenções) – 234 lugares


19 horas


Abertura oficial

Palestra do escritor e jornalista Xico Sá (GNT, TV Cultura e Folha de São Paulo)
Sessão de autógrafos do livro Chabadabadá


Dia 01/12/11 - Auditório Abaís (Centro de Convenções) – 178 lugares


09 às 12 horas


Oficina: Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de Sergipe (PELLLB)

Maria Sonia Santos Carvalho (Diretora da Biblioteca Pública Epifânio Dória)

Escritor Marcílio Medeiros (Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe)


15 horas

Imprensa alternativa, blogagem e outros exercícios de resistência cultural


Amaral Cavalcante (editor do jornal Folha da Praia)

Ilma Fontes (editora do jornal O Capital)

André Teixeira (Blog PROgCult)

Mediação: Rian Santos (Jornal do Dia e blog Spleen & Charutos)


16h30 horas


Bibliotecas e museus como palcos abertos para a literatura em ação


Terezinha Oliva (Superintende do IPHAN/SE)
Thiago Fragata (Diretor do Museu Histórico de Sergipe/Secult) 
Gildevania Ferreira (Diretora da Biblioteca do Sesc/SE)

Mediação: Maria Sonia Santos Carvalho (Diretora da Biblioteca Pública Epifânio Dória)


18h30

Bate papo com Maria Alice Amorim: Literatura de cordel - cibercultura e tradição

Mediação: Escritor Marcilio Medeiros, coordenador geral do Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe

Sessão de autógrafos com a autora do livro "No Visgo do Improviso ou A Peleja Virtual entre Cibercultura e Tradição"


Dia 02/12/11 - Auditório Abaís (Centro de Convenções) – 178 lugares

09 às 12 horas

Oficina: Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de Sergipe (PELLLB)

 Mileide Flores
(Representante do Nordeste no Colegiado do Livro, Leitura e Literatura no CNPC/Rede NE de LLL)

Prof. Ricardo Nascimento (Secretaria de Estado da Cultura)

Escritor Marcílio Medeiros (Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe)

 15h

Mercado editorial em Sergipe e no Brasil – perspectivas

Prof. Jorge Nascimento (Diretor-Presidente da Segrase)

Prof. Péricles Morais de Andrade Júnior (Diretor da Editora da UFS)

Mileide Flores (livreira e coordenadora geral do Fórum de Literatura, Livro e Leitura do Estado do Ceará)

Mediação: Kadydja Albuquerque (diretora de Integração e Projetos Culturais da Secult/SE)

16h30 horas

Barracoteca: a experiência do 'livreiro do Alemão”

Otávio Júnior (autor do livro O Livreiro do Alemão e criador da Barracoteca Hans Christian Andersen, no Complexo do Alemão – Rio de Janeiro)

Mediação: Jozailto Lima (Diretor de Jornalismo do Jornal Cinform)


18h30 horas

Jornalismo cultural no contexto brasileiro

Raquel Cozer (jornalista do caderno Ilustríssima da Folha de São Paulo)
Mediação: Suyene Correia (Jornal da Cidade e blog Bangalô Cult)

20h

Lançamentos de livros

Leitura de poemas

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"Escritos em Verbal de Ave" é o novo livro de Manoel de Barros

Escritos em Verbal de Ave_Manoel de Barros

 As palavras inocentes e o lirismo doce de Manoel de Barros retornam às livrarias com a sua nova obra, “Escritos em Verbal de Ave”, que será lançado este mês pela editora LeYa Brasil, em uma edição para colecionadores.

 O livro traz de volta Bernardo, personagem importante de diversos poemas de Manoel, como “O Guardador de Águas”, “Livro de pré-coisas” e o mais recente, “Menino do Mato”. Em “Escritos em Verbal de Ave”, o poeta retrata a morte de Bernardo com a sutileza intrínseca à sua poesia. 

Em uma manhã, feito um passarinho, Bernardo se vai e o leitor só fica sabendo quando o deixam em sua sepultura. Mas a história não acaba assim. Bernardo escrevia. Escrevia em verbal de ave e seus escritos são encontrados. A voz inocente, a mania de “luxúria das palavras”, a paixão pela natureza e compreensão dos animais estão em seus escritos. Bernardo morreu, mas não foi embora. O deserto deixado pela sua ausência é preenchido com os verbais de ave.

Manoel de Barros, finalista do Prêmio Jabuti 2011, por sua “Poesia Completa”, lançada em 2010 pela LeYa, não só homenageia Bernardo em seu novo livro, como presenteia os leitores com mais uma obra delicada, uma mistura de sonhos, invenções e palavras como só o poeta consegue combinar.

Para quem ainda não está familiarizado com a obra do matogrossense, um belo meio introdutório de conhecer sua poesia única, é conferindo o documentário "Só Dez Por Cento é Mentira" de Pedro Cézar.  O cineasta que também assinou a direção de "Fábio Fabuloso", convida-nos a mergulhar no universo onírico dos versos de Manoel e constrói uma 'desbiografia do escritor" como só ele mesmo desejaria.


Sobre o autor- Manoel de Barros, 95 anos, publicou seu primeiro livro em 1937, “Poemas Concebidos Sem Pecado”. Também advogado e ex-fazendeiro, Manoel ganhou em 1966 o prêmio nacional de poesias com “Gramática Expositiva do Chão”. Em 1998, recebeu o Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra. Seus livros foram publicados em Portugal, Espanha, França e Estados Unidos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Maratona Cinematográfica em Salvador (Parte II)

Late Bloomers_filme de Julie Gavras

Como eu voltaria no domingo, às 13h, tinha que ver tudo que quisesse, no sábado. Saí, do Cine VIVO (Paseo Itaigara) após o "porradão" "Tarde Demais" e segui para o Cinema do Museu (Corredor da Vitória),a  fim de assistir a  "Late Bloomers- O Amor Não Tem Fim" de Julie Gavras e "Isto Não é um Filme" de Jafar Panahi.

O primeiro teve sessão quase lotada. Já fazia muito tempo que não via um filme com Isabella Rossellini (apesar dela aparecer em "Marido Por Acaso" (2008)) e estava ansiosa para conferir sua performance em outro papel principal ( na minha mente, ao ler seu nome no cast desse filme de Gavras, só vinha as imagens de "Veludo Azul" (1986)).

Pois bem, passaram-se 25 anos, mas a filha de Ingrid Bergman com Roberto Rossellini, continua linda. Talvez até mais bonita, agora. Em "Late Bloomers", ela vive a personagem Mary casada com Adam (Wiliam Hurt) há 30 anos. Ambos entrando na "terceira idade", cada um a seu modo, vai enfrentar essa nova etapa da vida, arcando com o ônus e o bônus do envelhecimento.

Como já demonstrou antes em "A Culpa é de Fidel", a diretora Julie Gavras é bem mais amena ao tratar de temas pesados, se comparado a seu pai Constantin Costa-Gavras. Deixando a temática política de lado, mas voltando à questão dos personagens encontrarem seu espaço no mundo, no seio familiar,  dessa vez, ela envereda pelo terreno do amor, das relações interpessoais, numa idade que é vista por muitos como o "início do fim".

Oscilando entre o drama e a coméda romântica, "Late Bloomers" não tem um roteiro primoroso como "A Culpa é de Fidel", mas reforça como a diretora (em uma obra um tanto autobiográfica, ela seria a filha do meio do casal Mary e Adam) sabe tratar com bom humor e elegância, assuntos tão delicados, como o envelhecimento e a morte. 

* Repare nos diálogos impagáveis da mãe de Mary, vivida pela atriz Doreen Mantle. Vale metade do ingresso. A outra metade é pelas atuações de Hurt  e Rossellini.

Isto Não é um Filme_Jafar Panahi

Faltavam pouco minutos para às 20h30, horário do terceiro filme do dia, que eu iria assistir, e ainda estava saindo da mesma sala, que dali a pouco eu entraria novamente. A sessão de "Late Bloomers" estava quase lotada, enquanto que contei apenas 28 espectadores para "Isto Não é um Filme". Será que o público levou ao pé da letra o título do mais novo trabalho se Jafar Panahi e decidiu tomar uma cervejinha ?

Não sabem o que perdeu. Um verdadeiro libelo à censura, à intolerância e, ao mesmo tempo, uma bela declaração de amor ao fazer cinematográfico. Proibido de filmar nos próximos 20 anos e ainda cumprindo pena de seis anos (prisão domiciliar)- por ter feito um filme sem autorização e incitado protestos oposicionistas ao atual governo iraniano- o dia a dia de Jafar Panahi é uma tortura só.

Ele então teve uma ideia: convidar um amigo com uma câmera, para registrar quase 24 horas de sua vida reclusa. Já que não pode "dirigir", Jafar se deixa filmar, faz leitura do roteiro de um "futuro" filme, torna-se o personagem principal desse documentário, que "não sendo um filme seu", pode ser visto mundo afora.
É bem verdade, que o doc, até pelo seu caráter caseiro, tem limitações. Por vezes, torna-se maçante (motivo pelo qual, houve uma evasão de 40 % do público pagante), mas a paixão do diretor pela arte que abraçou e sua necessidade vital de se expressar através de uma câmera, emociona.

Se não fosse pela esperteza do diretor, em enviar um pen drive, com o conteúdo do filme, camuflado num bolo até Cannes, jamais teríamos acesso a essa pequena obra-prima, assinada em conjunto por Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb. Quem venham mais produções do cineasta de "O Balão Branco", "O Espelho" e "O Círculo". Os cinéfilos agradecem.

Legenda da Foto 1:  Rosselini e Hurt, apesar da idade, estão em ótima forma no filme "Late Bloomers"

Legenda da Foto 2: Jafar Panahi em cena de "Isto Não é um Filme" com o "bichinho" de estimação

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Maratona Cinematográfica em Salvador

O final de semana poderia ser mais proveitoso, em termos cinematográficos, se os filmes exibidos no 7o Festival Internacional de Cinema de Salvador fossem melhor distribuídos. As sessões só iniciavam às 18h30, tendo mais duas ou três opções (às 20h30 ou às 22h30) dependendo da sala. Cinema da UFBA, Cinema do Museu e Cine XIV foram os locais escolhidos pelo Circuito Sala de Arte para abrigar o Festival.
Mas cá entre nós, bem que poderiam ter pego uma das salas do Cine VIVO, no lugar do Cine XIV, porque a localização deste último, é meio sinistra...

Resultado, chegando a Salvador no início da tarde de sexta e retornando a Aracaju, no ínício da tarde de domingo, só consegui ver quatro filmes, sendo apenas "Isto Não é Um Filme" do Jafar Panahi constando na programação do festival. Os outros três foram "O Garoto da Bicicleta" de Jean-Pierre e Luc Dardenne; "Tarde Demais" de Shawn Ku e "Late Bloomers- O Amor Não Tem Fim" de Julie Gavras. Vou falar primeiro dos dois primeiros e depois farei uma postagem, separadamente, do filme de Jafar Panahi e de Julie Gravas.

O Garoto da Bicicleta_filme dos Irmãos Dardene


Começando pelo "Garoto da Bicicleta", posso adiantar que é um dos mais otimistas da filmografia dos irmãos Dardenne. Para quem conferiu "A Criança" ou "O Silêncio de Lorna", ambos dos mesmos diretores, sabe como a dupla não poupa o expectador, mostrando a frieza e crueza de alguns dos personagens de seus filmes, cada vez menos solidários e mais egoístas.
Veremos um pouco dessas características no pai do garoto, Cyril (Thomas Doret). Ele (Jérémie Renier) abandona o filho num internato e mesmo sendo procurado pelo pré-adolescente, despreza-o. Resta à cabeleireira  Samantha (a sempre graciosa Cécile De France), após um desses encontros inusitados, acolher Cyril em sua casa nos finais de semana, servindo de "guardiã" do garoto.

Inicialmente, arredio, Cyril vai se adaptando às regras da nova morada. Mas antes que pareça fácil demais o convívio entre os dois estranhos e solitários personagens, os irmãos Dardenne nos presenteia com momentos de tensão, em que o garoto passará por situações limites. 

Ponto para os atores Thomas Doret e Cécile De France (em ótimas interpretações) e para os Dardenne, que apesar do tema focado, faz com que "O Garoto da Bicicleta" passa longe do melodrama. O filme foi o vencedor do Prêmio da Crítica e Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes deste ano.

Tarde Demais_filme

Já era tarde de sábado quando entrei no cinema para conferir "Tarde Demais", uma produção americana, dirigida pelo coreógrafo/ator, Shawn Ku, iniciante nesta arte, mas extremamente convincente no seu novo ofício. Não é de hoje que diretores exploram o tema: garoto desajustado/introspectivo-delinquente ou assassino-promovem tragédia social/familiar. No entanto, em quase a totalidade desses filmes, o roteiro não se detém no olhar dos pais para com a tragédia não anunciada.
Em "Tarde Demais", vemos Bill (Michael Sheen) e Kate (Maria Bello) vivendo um casal à beira do divórcio. Agora, só o silêncio os une. O filho Sammy (Kyle Gallner), que até pouco tempo perambulava pela casa, está no seu primeiro ano da Universidade, estudando Literatura. Sentindo-se um estranho no novo ambiente escolar e sem  perspectivas de conviver com os pais novamente, Sammy decide tomar uma atitude trágica.

É a partir do massacre que ele provoca e de sua própria morte, que acompanharemos a queda para "o inferno" do casal. O "the day after" da tragédia não será fácil de assimilar e para fugir da imprensa, dos desagradáveis curiosos, da espetacularização do grotesco, o melhor é se refugiar na casa de um parente próximo.

Quem dá guarida para o casal desagregado é Eric (Alan Tudyk), irmão de Kate. Morando com sua esposa e um filho pequeno, ele tenta segurar a barra da irmã e do cunhado enquanto pode, mas parece que a superação da dor terá que vir com mais sofrimento e a tentativa de entendimento entre Bill e Kate ocupará a segunda parte da trama.
Em atuações estupendas, Michael Sheen e Maria Bello constróem, com sobriedade, dois personagens à beira do abismo, que tentam sobreviver à histeria coletiva que os punem, juntamente com o filho assassino. 
Premiado no Festival de Toronto, pela Federação Internacional dos Críticos de Cinema, "Tarde Demais" merece ser conferido sim, apesar da atmosfera um tanto densa e tensa.

Legenda da foto 1: Cyril e Samantha em momento de descontração no drama "O Garoto da Bicicleta"

Legenda da Foto 2: Bill e Kate (à esquerda) tentando superar a dor da perda do filho assassino

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Hinos e Canções Comemorativos de Sergipe

Maria Olga Andrade, presidente da Sociedade Filarmônica de Sergipe (Sofise) lança na tarde de hoje, às 16h, no Palácio-Museu Olímpio Campos, o livro “Hinos e Canções Comemorativos de Sergipe”. O livro é uma coletânea, assinada pela pesquisadora, que reúne  os quatro hinos pátrios, oito composições de hinos e canções comemorativas  do Estado de Sergipe e 12 peças do Hymnário Escolar sergipano de 1913. 

Cada composição vem acompanhada da sua história com partituras, poesia e uma pequena biografia dos seus autores. A coletânea traz, também,  algumas fotos e um CD com as 24 músicas interpretadas por corais, solistas, bandas e piano. Segundo a autora, o livro visa eternizar momentos importantes do Brasil e de Sergipe, especialmente entre as crianças e estudantes sergipanos. “São cânticos festivos para glorificar um ideal, um momento, um acontecimento de interesse de todos”.

O Palácio-Museu Olímpio Campos localiza-se à Praça Fausto Cardoso, s/n. Acesso gratuito.

Sobre a autora:

Natural de Capela, Maria Olga de Andrade estudou piano e teoria musical com o patrono da Sofise,  Maestro Leozírio Guimarães. É graduada em Letras pela faculdade Católica de Filosofia de Sergipe e mestre e doutora pela University of New México (USA) na área de educação. Foi professora da UFS e membro do Conselho de Cultura Estadual.  Atualmente, preside a Sofise, entidade criada em 1971 com o objetivo de formar músicos e difundir a boa música de Sergipe por meio de recitais e concertos de músicos sergipanos.

Também, são de sua autoria os livros: “O Alfabeto em Seu Corpo”; “Leozírio Guimarães – uma caminhada musical”; “Sergipe Musical – músicos e composições – séculos XIX e XX".

Dicionário Cinematográfico Atualizado

Será lançado na próxima semana, a 2ª edição, totalmente revista e atualizada, do "Dicionário de Filmes Brasileiros – Curta e Média Metragem", de Antônio Leão da Silva Neto. Trata-se do mais completo levantamento já feito sobre a produção brasileira de curtas e médias, englobando obras realizadas tanto em película (Super-8, 16mm e 35mm) como também em formato digital.

O autor se debruçou durante 10 anos, para catalogar 21.686 filmes e mais de cinco mil diretores, com sinopses e ficha técnica completa, incluindo técnicos, elenco, argumento, participações em festivais, premiações, comentários, curiosidades, enfim, tudo que foi possível informar nesse incrível e árduo trabalho de pesquisa editado em 1.270 páginas.

O "Dicionário de Filmes Brasileiros – Curta e Média Metragem" aborda desde o início do cinema no Brasil (quando Affonso Segreto, de volta da França com uma câmera na mão adquirida dos irmãos Lumière, realiza as primeiras imagens da Baía da Guanabara), caminha pela longa produção oficial do INCE, depois INC e posteriormente Embrafilme, enfoca os ciclos regionais e os curtas clássicos, até chegar aos dias de hoje, com a explosão da produção digital.

Editado pelo IBAC - Instituto Brasileiro Arte e Cultura, com patrocínio do FNC - Fundo Nacional de Cultura, órgão ligado a Secretaria do Audiovisual e ao MinC - Ministério da Cultura, com o apoio da Escola da Cidade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, o Dicionário de Filmes Brasileiros – Curta e Média Metragem tem apresentação da produtora e curadora Raquel Hallak, o prefácio do cineasta e produtor cultural  Francisco César Filho (Chiquinho) e a orelha da capa do cineasta e jornalista Alfredo Sternheim.

Lançamento da Biografia de Cruz e Sousa


Para comemorar os 150 anos de nascimento do poeta Cruz e Sousa e dar continuidade ao projeto Retratos do Brasil, o Selo Negro Edições, estará lançando na próxima segunda-feira, à noite, na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509) em São Paulo, a biografia Cruz e Sousa, escrita por Paola Prandini.

Ao resgatar a história de Cruz e Sousa, o livro faz um panorama histórico de sua época, reproduz o texto de cartas que ele enviou a amigos e compila toda a sua produção literária. Trata-se, portanto, de um retrato fiel de um dos nossos maiores escritores.

Nascido em Desterro (atual Florianópolis), o poeta teve uma infância pobre. O pai ainda era escravo quando ele nasceu. A mãe, que fora libertada por volta de 1870, trabalhava como doméstica na casa de um importante militar da cidade. Esse vínculo permitiu a Cruz e Sousa ter uma educação razoável, e desde a adolescência ele sonhava em ser poeta. Porém, concretizar tal sonho não seria nada fácil: a cor de sua pele acabou impedindo que ele ascendesse socialmente.

Depois de formado, Cruz e Sousa trabalhou como professor particular e vendedor, mas logo se aproximou do grupo literário Ideia Nova, que pretendia renovar as letras catarinenses. Cruz e Sousa então se juntou à Companhia Dramática Julieta dos Santos, com a qual viajou por diversos estados brasileiros. Esse contato com os rincões do país influenciou sua produção literária e permitiu-lhe conhecer as mazelas do povo. Em 1885, foi efetivado como redator no jornal catarinense O Moleque. Depois da extinção de O Moleque, ele passou a trabalhar no Abolicionista, que, como o próprio nome diz, fazia campanha pela libertação dos escravos.

Em meados de 1888, depois da abolição da escravatura, Cruz e Sousa mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em diversos jornais. Em 1892, publicou suas duas primeiras obras individuais, Missal (com poemas em prosa) e Broquéis (com poemas), mas infelizmente sua situação financeira continuou periclitante. Em novembro de 1893, o poeta casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, seu grande amor, e foi trabalhar como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil. Alguns meses depois, porém, Gavita começou a demonstrar sinais de demência, provavelmente por causa da situação precária em que ela e o marido viviam. Tiveram quatro filhos: os três primeiros faleceram de tuberculose; o último viveu apenas até os 15 anos.

Em 1897, acompanhado da esposa, Cruz e Sousa partiu para uma pequena cidade na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, para tentar se curar da tuberculose. No entanto, não resistiu e faleceu em 19 de março, aos 36 anos. Os amigos angariaram doações para ajudar a viúva.

Depois de sua morte outros títulos foram publicados: "Evocações" (poemas em prosa, 1898); "Faróis" (poesia, 1900); "Últimos Sonetos" (poemas, 1905); e ainda "O Livro Derradeiro" (poesia, 1945).

Nas décadas de 1950 e 1960, Cruz e Sousa sofreu perseguição inclemente de alguns críticos, que desqualificaram sua produção. Somente há alguns anos os especialistas resgataram as obras de Cruz e Sousa, conferindo-lhe o devido reconhecimento. "Foi principalmente póstuma a celebração do poeta, que deveria ter sido honrado ainda em vida, mas que, por ter nascido filho de escravos, ser negro e ter morrido na miséria, não obteve reconhecimento de sua grandeza em vida", afirma a jornalista Paola Prandini.

Retratos do Brasil Negro

A Coleção Retratos do Brasil Negro, coordenada por Vera Lúcia Benedito, mestre e doutora em Sociologia/Estudos Urbanos pela Michigan State University (EUA) e pesquisadora dos movimentos sociais e da diáspora africana no Brasil e no mundo, tem como objetivo abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra. Outros volumes já lançados: Abdias Nascimento, João Candido, Lélia Gonzalez, Luiz Gama, Nei Lopes, Sueli Carneiro e Lima Barreto.

sábado, 12 de novembro de 2011

Buika embala "A Pele Que Habito"

En Mi Piel_CD de Buika

Adoro perambular pelas megastores atrás de novidades (nas seções de livros e discos) e de preços convidativos na ala de DVDs. Como ainda não temos a tão esperada Livraria Saraiva, que em breve abrirá no Shopping Riomar, a Livraria Escariz do Jardins tem feito o possível para não deixar seus clientes ávidos por bons sons,  tristonhos.

Acompanhando os lançamentos do mercado fonográfico, a livraria tem, na medida do possível, surpreendido os mais exigentes, como eu, no que tange ao imediatismo dos produtos que circulam Brasil afora. Pelo menos no setor de CDs, tenho me deparado com pérolas, a exemplo do disco "En Mi Piel" da cantora Buika.

Até uma semana atrás, nunca tinha ouvido falar nessa ótima cantora, nascida em Palma de Mallorca. Foi graças ao filme "A Pele Que Habito" de Almodóvar, em que a cantora apresenta quatro canções, dentre as quais 'Por El Amor de Amar' e 'Se Me Hizo Facil' que também fazem parte do seu último trabalho, lançado este ano, "En Mi Piel", que tive a oportunidade de pesquisar mais a fundo sobre sua carreira.

Com uma força interpretativa e uma voz peculiar, Concha Buika não faz feio à tradição das ótimas cantoras espanholas, entoando bulerías, canções com "pegadas" gitanas, baladas, mas também não deixa de parecer mais contemporânea na segunda parte do disco, onde explora ritmos mais dançantes dignos de uma boa coletânea de world music.

Acrescidas de algumas canções inéditas, "En Mi Piel" é uma espécie de compilação dos grandes sucessos da cantora, lançados nos discos anteriores "Buika" (2005), "Mi Niña Lola" (2006), "Niña de Fuego" (2008) e "El Último Tango" (2009).

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

7ª Edição do "Novembro Negro" segue a todo vapor

Tudo começou com a “1ª Mostra de Poesia Ilustrada Afro-Brasileira” quando corria o ano de 2001. De lá para cá, mudou-se o nome e a abrangência do projeto, que hoje é conhecido como “Mostra Pluriartística Novembro Negro: Educação, Cultura, Arte e Direitos Humanos”.

Até o dia 15 de dezembro serão realizadas exposições de artes visuais, saraus, mostra de filmes, seminários, shows musicais, contações de histórias, apresentações teatrais e oficinas temáticas em várias unidades do SESC, Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, Mirante da 13 de Julho, Cultart-UFS, Faculdade São Luís de França, Escola Estadual Cel. Francisco Souza Porto, entre outros.

No SESC/centro, SESC Comércio e SESC Socorro, desde a última segunda-feira, que estão sendo exibidos filmes como “Cafundó”, “Um Homem Que Grita”, “As Aventuras de Azur e Asmar”, “Garrincha, Alegria do Povo”, “Dom Helder Câmera- O Santo Rebelde”, “Isto é Pelé”, “Garapa”, entre outros, que priorizam os temas que tratam das questões afro-descendentes. 

Para se informar melhor sobre as datas, horários e locais de exibição, basta acessar o site http://www.sesc-se.com.br/novembronegro/programacao_novembronegro.pdf

A “ 7a Mostra Pluriartística Novembro Negro: Educação, Cultura, Arte e Direitos Humanos” é uma realização do Coletivo de Artistas Afro-Descendentes, Faculdade São Luís e Diretoria de Educação de Aracaju (DEA).

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Almodóvar revigorado

A Pele que Habito_filme de Almodóvar


Talvez Pedro Almodóvar seja um dos poucos cineastas nos tempos atuais, em que os cinéfilos ainda apostem suas fichas. Deixe eu me expressar melhor: ele pode ficar dois, três anos sem filmar, mas quando anuncia um novo projeto, ficamos ansiosos para conferir o que sairá de sua "caixa de pandora".

"A Pele Que Habito" é um típico Almodóvar, com sua temática girando em torno da construção de identidade,   personagens um tanto bizarros, a exemplo de Zeca/Tigre (Roberto Álamo), a presença de atores recorrentes nas suas obras, como Antônio Banderas e Marisa Paredes, a trilha sonora  marcada por canções de lamento (dessa vez, "Pelo Amor de Amar" de José Toledo e Jean Manzon, interpretada pela garota Ana Mena).

Ao mesmo tempo, surpreende o espectador acostumado com sua filmografia, tendo em vista que essa história é baseada no livro "Mygale" de Thierry Jonquet (geralmente, o cineasta espanhol cria seus próprios roteiros, outra exceção é "Carne Trêmula"), os cenários dessa vez são menos kitsch, a atmosfera de thriller que é retomada depois de muitos anos, como não se via desde "Matador".

Já sexagenário e com 17 longas nas costas, Almodóvar parece estar testando outras formas de conquistar o expectador, arriscando-se, inclusive, num distanciamento inical de seus personagens para com o público, mas que à medida que a trama se desenrola, não há como deixar de criar cumplicidade com eles. Acontece isso com Vicente (Jan Cornet). Se no início, temos uma postura um tanto arredia para com ele, no decorrer da projeção, esse sentimento se inverte completamente.

Apesar de às vezes, beirar a canastrice, Antônio Banderas está muito bem como o cirurgião plástico Roberto Ledgard, que depois de uma dupla tragédia em sua vida (o suicídio da esposa e da filha) decide trabalhar exaustivamente nas pesquisas de produção de uma pele artificial. Ainda que seus avanços na área científica gerem polêmica, por conta da transgênese com seres humanos, ele segue adiante nos experimentos em sua casa, utilizando como cobaia, a bela Vera (Elena Anaya) e tendo como cúmplice, a sua mãe Marília (Marisa Paredes).

Para ver e rever...sempre.

Legenda da Foto 1: "Os apaixonados" Vera e  Roberto Ledgard em cena de "A Pele Que Habito"

P.S. Em tempo, vale a pena dar uma lida no livro "Conversas com Almodóvar" de Frederic Strauss, lançado em 2008, por Jorge Zahar Editor. O livro é uma compilação de entrevistas feitas pelo escritor ao cineasta  que discorre sobre suas produções até  "Volver" de 2006.


"Niterói Rock Underground (1990-2010)" será lançado no Capitão Cook

O jornalista e escritor Pedro de Luna estará neste sábado, a partir das 23h, lançado no Capitão Cook, o livro "Niterói Rock Underground (1990-2010)". O livro traça a trajetória da cena independente niteroiense nas últimas duas décadas e é fruto de três anos de pesquisa do jornalista, que nesse tempo, também realizou muitas entrevistas e organizou um farto material imagético de seu próprio acervo.

Coordenador do coletivo Arariboia Rock e ex-locutor da extinta Rádio Fluminense FM, Pedro de Luna em suas andanças pelo país, acompanhando festivais de rock, marcou presença em 1998, no Festival Rock-SE. Agora, pela segunda vez no Estado, para realizar noite de autógrafos, ele garante que seu livro, por trazer um teor universal, deverá instigar o leitor a conhecê-lo, mesmo não sendo um frequentador da cena underground.

"Niterói Rock Underground (1990-2010)" aliás, só foi publicado, por conta de um financiamento colaborativo. Sem ter apoio da iniciativa pública e privada, Pedro de Luna apelou para os amigos, através da internet, que bancaram a primeira tiragem de 200 exemplares. Em duas semanas foram pré-vendidos 120 livros e hoje, o escritor percorre o país, a fim de comercializar mais 500 unidades.

Como um evento dessa natureza combina com música de qualidade, as bandas Maria Scombona e Máquina Blues farão apresentações no Capitão Cook, neste sábado, dia 12. O ingresso custa R$ 10.

O lendário bar localiza-se no bairro Coroa do Meio, próximo ao farol.

sábado, 5 de novembro de 2011

Se Toda Empresa Tivesse um Gerente Desses...

A Missão do Gerente de Recursos Humanos_filme
 
Muita mais do que o título inusitado, o que me levou a assistir "A Missão do Gerente de Recursos Humanos" foi o fato dele ser dirigido por Eran Riklis (alguém consegue esquecer seu belo "Lemon Tree"?). Pois é, mas ao contrário do drama da viúva palestina que vai até as últimas consequências para defender seus limoeiros,  e que conquista fácil o espectador, esta co-produção de Israel/Alemanha/França peca por transitar entre drama e comédia e não envolver de todo, quem o assiste.

O ator Mark Ivanir vive o gerente de RH de uma panificadora de Jerusalém, que está prestes a ser difamada por um jornal local. Tudo porque uma funcionária romena, Yulia, foi vítima de um atentado a bomba e, segundo a imprensa, a empresa não tomou as mínimas providências como enterro, auxílio à família, etc.

O problema é que Yulia já não fazia mais parte do quadro de funcionários quando a tragédia ocorreu, mas não tendo como reverter a situação a tempo da publicação da matéria, a proprietária decide arcar com o ônus, e delega ao gerente a missão de levar o corpo da jovem até seu país natal. 

Até que não seria tão complicado fazer essa viagem, mas é que o gerente de RH está passando por problemas familiares, e a última coisa que poderia acontecer, naquele momento, é se ausentar de Jerusalém. Dividido entre o emprego e a família, ele tenta administrar essa última a milhas de distância, mas a tarefa não será fácil. Nem a de enterrar a morta, nem a de sustentar o casamento.

Mérito do roteiro (adaptado do livro "Uma Mulher em Jerusalém" de Abraham Jehoshua) que, em tempo de globalização, aborda o tema da  identidade e do pertencimento, mas confesso que próximo do final, fiquei frustrada com o andamento que a trama ganhou, apresentando soluções forçadas e exageradas.

Legenda da Foto: O ótimo Mark Ivanir, na pele do gerente em questão