sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Snooze agita a Festa da Antevéspera

Banda Snooze_http://bangalocult.blogspot.com
Rafael, Fábio e Luiz: de volta às origens da Snooze

A Casa da Rua da Cultura abrigará a Festa da Antevéspera neste domingo, a partir das 22h, com show da banda sergipana Snooze e da alagoana Baztian. A Festa, organizada por um grupo de amigos aracajuanos que vivem hoje, fora da capital sergipana, foi concebida em 2010, também como uma oportunidade para que outros “exilados” que visitam a cidade no fim do ano, possam curtir suas bandas conterrâneas preferidas.

Na 3ª edição da Festa, a Snooze- formada por Fábio Oliveira (baixo e vocal), Rafael Jr. (bateria) e Luiz Oliva (guitarra)- lançará um EP (“Empty Star”) e um videoclipe. A banda anfitriã preparou uma apresentação recheada de pequenos clássicos de seus três discos- “Waking Up... Waking Down” (1998); “Let My Head Blow Up” (2002) e “Snooze” (2006) -, além de canções do novo EP e hinos do rock independente.

Como se não bastasse, o trio prepara um “mini-tributo” ao punk sergipano com a participação de duas bandas que resumem a história e vitalidade do gênero no cenário local: a veterana Karne Krua, há 27 anos em atividade e a The Renegades of Punk, criada em 2007.

Completam a festa a banda alagoana Baztian, que se apresenta pela primeira vez em Aracaju, e a tradicional “Batalha de DJs” com sequências de hits roqueiros de 2012 e outras surpresas. A Casa da Rua da Cultura está localizada à Praça Camerino, 210. O ingresso custa R$ 10.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Orgulho de Ser Qui-lom-bo-la

Still do filme "Caixa D'Água: Qui-lombo é esse ?"


O auditório do Museu da Gente Sergipana mais uma vez não deu conta de receber, confortavelmente, o público que compareceu ontem, à noite, para o lançamento dos cinco curtas-metragens contemplados pelo Edital de Apoio a Obras Audiovisuais da Secretaria de Estado da Cultura. Várias pessoas ficaram em pé por mais de duas horas (tendo em vista o atraso de uma hora para o início da programação, acrescido do tempo de projeção dos filmes), mas pela reação da plateia, a cada término da exibição, valeu a pena esperar para ver “Luzeiro” de Raphael Borges; “Tudo Vai Ficar Bem” de Cleiton Lobo; “Aracajoubert” de Jade Leonardo”; “Hotel Palace” de André Aragão e “Caixa D’Água: Qui- Lombo é Esse ?” de Everlane Moraes.

Se comparados às produções realizadas há cinco anos, quando a Prefeitura Municipal de Aracaju também contemplou cinco projetos, através de um Edital de Apoio ao Audiovisual, os filmes de hoje mostram um amadurecimento técnico e artístico, ainda que, em alguns casos, o quesito roteiro, precise de maior dedicação pelos argumentistas.

Prova de que as oficinas e cursos ministrados no Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPDOV) não foram em vão; que o interesse e disposição dos alunos do curso de Audiovisual da UFS em colocar a “mão na câmera” está surtindo um efeito positivo; que o intercâmbio com profissionais da área de cinema (seja lá fora, aprendendo com eles ou quando estes vêm filmar em nosso território) tem contribuído para o progresso profissional desses jovens diretores.

Mas se aliado a isso tudo, não houvesse também o aporte financeiro do poder público, certamente não nos depararíamos com produções tecnicamente e esteticamente mais bem cuidadas (as cenas iniciais de “Luzeiro” e “Hotel Palace” são bons exemplos disso). Portanto, que a perenidade do Edital de Apoio a Obras Audiovisuais não passe de uma promessa. Torne-se, de fato, real. O cinema sergipano agradece.

Sobre os filmes, que é o real objetivo dessa postagem, tenho que confessar que me emocionei com o filme de Everlane Moraes. Emoção por ver um produto genuinamente sergipano de tal qualidade. Sem excessos, maneirismos... Um filme honesto: nos depoimentos, na proposta, no realizar. 


Era Irmão entoando a canção que fez para sua comunidade, naquela imagem raríssima de arquivo, de um programa da TV Aperipê, e as lágrimas rolando pelo meu rosto. Elas continuaram a rolar até que o rap do próprio Irmão terminasse de embalar os créditos finais de “Caixa D’Água: Qui- Lombo é Esse ?”. É filme para ganhar prêmio pelos festivais brasileiros, quiçá estrangeiros.

Sua grandiosidade se estabelece por várias razões, sobretudo pela fuga da óbvia fórmula de se fazer docs, da pesquisa de campo feito pela diretora, da equipe técnica que a acompanhou na produção e pós-produção, dos personagens enfocados. Não é à toa, que o filme foi ovacionado após a projeção. Esperemos a “Caixa D’Água” transbordar...

O outro filme do gênero documentário- “Aracajoubert”- é totalmente o oposto de “Caixa D’Água: Qui-lombo é Esse ?” na sua concepção. A câmera percorre o ateliê do do artista Joubert Moraes, espreitando sua produção e flagrando-o em ação. Mas o sustentáculo do roteiro se faz através dos depoimentos de amigos e admiradores, além do alinhavo com imagens de arquivo. É uma bela homenagem da filha Jade Leonardo ao pai, expoente das artes plásticas no Estado. Um filme correto, passional, mas sem arrojo. Se a diretora não quis arriscar, paciência!!

Em “Hotel Palace” de André Aragão, misto de documentário com ficção, percebi uma tentativa de “sair do mesmo”, mas que resultou num filme apático. Há momentos brilhantes no filme, como a tomada área de Aracaju, logo no início da projeção; uma breve volta ao passado, com a direção de arte mostrando a que veio e a cena em que o servente explica ao jornalista sobre a criação do painel de Jenner Augusto, que decorava o restaurante do hotel e hoje, encontra-se no Teatro Atheneu.

Mas também há percalços: a não identificação dos entrevistados (a escolha de alguns, inclusive, parece ter sido uma coincidência proposital); o número de ilusionismo (não entendi no contexto do roteiro) e talvez a maior falha do filme tenha sido uma recusa em colocar o “dedo na ferida”: afinal de contas, o que o governo irá fazer com aquele mausoléu? Se isso é discutido na versão do diretor, que seja logo exibida.

Aliás, Raphael Borges também teve problema com a duração do seu filme. Quinze minutos mostrou-se insuficiente para “Luzeiro”. Seria injusto eu tecer maiores comentários sobre um filme que não terminou, ali na exibição de ontem. O pouco que vi, no entanto, demonstra que não foram inúteis as horas que “Mingau” dedicou aos estudos na Academia Internacional de Cinema em São Paulo.

Pelo contrário, o talento nato e lapidado de Raphael faz-se presente nas cenas noturnas, da casa de farinha e da feira. Destaque também para a atriz Angélica Amorim e os atores que vivem respectivamente, o feirante e o candidato a prefeito. Amadores ou profissionais, eles têm muita afinidade com a câmera.

Esse também não é o problema dos atores Flávio Porto, Carlos Augusto Lima e Leandro Handel. Carlos (Guilherme) e Leandro (Pedro) parecem até um casal de verdade, tamanha a naturalidade com que se beijavam nas cenas mais tórridas. Flávio Porto (Francisco), experiente ator de teatro, mostra que a câmera não o intimida e se formos avaliar o quesito interpretação, ele é quem segura a trama.

Carlos pouco fala, mas beija muito. Seu jeito de cafajeste diante de Francisco é perfeito. Leandro me parece ser um problema, sobretudo quando tem que sustentar um breve monólogo, próximo ao The End. A cena exige dramaticidade que ele não consegue imprimir.

Mas o grande problema do filme é o roteiro. Talvez, por conta de sua fragilidade é que optaram por uma narrativa não-linear, com muita informação subtendida. Os poucos diálogos, contudo, são primários e não consegui encontrar o sentido da poesia de Fernando Pessoa no meio daquela história claudicante.

Se a equipe se mostra eficiente na fotografia (as duas panorâmicas e a cena da piscina são belíssimas),  direção de arte e no som, necessita de um maior estudo no que tange à concepção do roteiro. Esse quesito é uma “pedra no sapato” do cinema nacional, que aos poucos vem dando sinais de avanço. No que diz respeito ao cinema local, a jornada ainda será árdua.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Casa Cultiva celebra o NATAL



A Casa Cultiva, reduto na cidade dos roqueiros e afins, não deixará a clientela de mão nessa época que antecede o Natal. Pelo contrário, presenteia o público com shows nos dias 22, 24 e 28 de dezembro, onde bnadas covers e autorais se reverzarão.

Neste sábado, a partir das 22h, a noite  intitulada de Survivor Rock reunirá as bandas AC/DC Cover e Led Zeppelin Cover. Nos pick ups eletrônicos, o DJ Leo Levi. O ingresso custa R$ 10.


Já na véspera de Natal, a casa noturna promoverá " A Noite do Rei", com apresentação de Roberto Carlos Cover e Banda 200 por Hora + Tributo a Raul Seixas. Danillo Amaral cantará os sucessos do "Rei" acompanhado por Paulo "Pauleta" Eduardo (guitarra),  Plástico Jr.  (baixo), Furiba (bateria), Leo Airplane (teclado), Tubinha e Tubão (metais).

O show está marcado para às 23h e o ingresso antecipado custa R$ 10. No dia, o preço sobe para R$ 15.

No dia 28 de dezembro, às 22h, a dupla Júlio Andrade e Gabriel "Perninha" (The Baggios) convidam alguns amigos para acompanhá-los nesta noite, executando versões  de grupos que influenciaram sua trajetória artística. Entre eles, Fábio Oliveira (Snooze), Marlo Andrade (Sex on the Beach), Lucas Aracaju (ex-baterista da The Baggios), André Lima (trompete) e Mário Augusto (saxofone).
O ingresso para a festa custa R$ 10.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Obras de Fayga Ostrower ganham versão digital

Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, Fayga Ostrower  foi uma incansável pesquisadora e pensadora da linguagem artística. Ela morreu aos 80 anos, em 2001, e deixou uma obra tão extensa quanto diversificada, que vem sendo cuidadosamente guardada pelos filhos. 

Agora, uma parte do acervo se torna disponível para pesquisadores e o público em geral graças ao projeto “Fayga Ostrower, memória viva”, que digitalizou a produção de artes gráficas da artista. O material foi reunido no site do Instituto Fayga Ostrower (www.faygaostrower.org.br), que será lançado hoje, às 16h30, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

O acervo é composto por gravuras em metal, xilogravuras, serigrafias, desenhos, aquarelas, litografias, tecidos, joias, totalizando 1.410 obras, muitas inéditas como os primeiros desenhos datados de 1946. O site também apresenta grandes painéis, matrizes em madeira e metal, os livros e artigos escritos por Fayga, além de expor vasto material iconográfico.

“Fayga Ostrower, memória viva” foi selecionado no edital Pró Artes Visuais 2011, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e desenvolvido ao longo de um ano. A obra da artista polonesa, naturalizada brasileira em 1951, foi catalogada utilizando o programa Donato, cedido pelo Museu Nacional de Belas Artes e adaptado pela empresa Magic Art para responder à especificidade do acervo.


Como contrapartida social foram produzidos cinco mil DVD's para serem distribuídos às escolas do ensino fundamental e bibliotecas municipais. O DVD contém o vídeo “Fayga Ostrower, paixão pela arte”, com duração de 10 minutos, sobre a história da artista; um jogo da memória e uma mini-biografia.

Estímulo à pesquisa- O Instituto Fayga Ostrower foi criado em 2002 e nunca teve sede. Todo o acervo de Fayga está guardado na casa da filha da artista, a educadora Noni Ostrower, que divide com o irmão, o engenheiro Carl Robert, a responsabilidade pela preservação da obra da mãe.

“Como não temos sede, o site é muito importante para a divulgação do trabalho. Até o início do projeto, tínhamos apenas 90 obras digitalizadas. Agora, o site foi redesenhado para receber todas as obras de artes gráficas do acervo e permitir uma vasta pesquisa. Porém, ainda temos muito material para ser catalogado e disponibilizado ao público como, por exemplo, a coleção de jornais de 1946 a 2001 com quase tudo o que saiu na imprensa sobre Fayga; fotos de exposições e de viagens; entrevistas gravadas; catálogos de exposições no Brasil e no exterior; mais de 4 mil cartas, documentos, escritos e objetos. Para dar continuidade à digitalização do acervo vamos buscar novas parcerias e entrar em outros editais”, informa Noni.


 No redesenho do site, a didática na apresentação das informações e a experiência com cores e formas estabeleceram a base do trabalho, bem ao estilo da educadora Fayga. O sistema de busca pode ser feito a partir da técnica empregada pela artista (foram levantadas 147 técnicas diferentes) ou pela data de produção. Uma “Linha do Tempo” permite a navegação por décadas, de 1920 a 2001.

Vida e obra- Para fugir do nazismo, os Ostrower chegaram ao Brasil na década de 30. Fayga deixou de estudar para ajudar no sustento da família, trabalhando como secretária em diversas empresas. Após o expediente, fazia o curso livre de desenho na Sociedade Brasileira de Belas Artes. Em 1947, deixou o emprego para fazer o curso de Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. A partir daí decidiu ser artista, apoiada pelo marido, Heinz Ostrower. Suas obras estão nos museus mais importantes do Brasil e no exterior.

Entre 1963 e 1966, Fayga foi presidente da Associação Brasileira de Artes Plásticas. Entre os anos de 1954 e 1970, desenvolveu atividades docentes na disciplina de Composição e Análise Crítica no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1964, lecionou no Spellman College, em Atlanta (USA), na Slade School da Universidade de Londres e, posteriormente, como professora de pós-graduação, em várias universidades brasileiras. Proferiu palestras e cursos em inúmeras universidades e instituições culturais no Brasil e no exterior. O curso para operários da Gráfica Primor deu origem ao livro Universos da Arte. De 1978 a 1982, presidiu a comissão brasileira da International Society of Education through Art, INSEA, da UNESCO.

Couro Curtido

O Couro e o Rio_foto José Caldas_http://bangalocult.blogspot.com


Entre o segundo semestre de 2009 e meados de 2010, a historiadora Sayonara Viana e o fotógrafo Francisco Moreira da Costa percorreram o sertão sergipano, a fim de mapear a produção de um tipo de artesanato que corre risco de extinção, por falta de mão de obra especializada: o do couro.

Na época, as andanças por Canindé do São Francisco, Gararu, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo, Porto da Folha, Aquidabã, Cumbe, Feira Nova, Graccho Cardoso, Itabi e Nossa Senhora das Dores resultaram no projeto bem sucedido “Encourados do Sertão Sergipano”, que contemplado pelo Microprojetos MAIS CULTURA, edital do Ministério da Cultura, FUNARTE, INEC e Secretaria de Estado da Cultura, rendeu uma exposição no Museu do Homem Sergipano (entre julho e agosto de 2010)  e um catálogo.

Os pesquisadores revelaram que o artesanato em couro não era apenas um produto de uso, mas também uma forma de arte que encerra um sistema complexo, uma rede de saberes, indo além da sua função utilitária ou decorativa, representando uma das formas de materialização da memória e de tradições mantidas por artesãos.

Este ano, Sayonara Viana uniu forças com a historiadora Verônica Nunes e o fotógrafo José Caldas e retomou o tema do artesanato em couro, só que dessa vez, percorreu as cidades próximas ao “Velho Chico”, como Japoatã, Propriá, Pacatuba, Capela, Telha, Malhada dos Bois, São Francisco, Pirambu, Telha e Amparo do São Francisco.

É possível conferir o resultado dessa nova empreitada, a partir de amanhã, às 19h, quando será aberta no Museu da Gente Sergipana, a exposição “O Couro e o Rio- usos e significados” e lançado o catálogo homônimo.

Segundo a curadora, Sayonara Viana, compreender o trabalho do mestre do couro como tradição, envolve entender que seu ofício está associado ao de outras pessoas: o curtidor, o comerciante, que pode ser o fornecedor do produto ou o seu vendedor, e os consumidores dos produtos confeccionados.

“No campo estudado, os artesãos elaboram artefatos de uso para o mundo rural, como arreios, selas, gibões, chapéus e sapatos fechados, uma espécie de bota de cano curto, conhecidos como roló. No universo da área da pesquisa, dois profissionais se destacam: o curtidor de couro e o seleiro. O curtidor é o artesão responsável pelo processo de curtir o couro nos curtumes. Esse ofício continua a existir, mas a dificuldade é vender, devido à concorrência de preço com outros produtores que “curtem” o couro industrialmente a um custo mais baixo. Comparativamente, o ofício de seleiro é o mais constante nas cidades pesquisadas. É uma herança imaterial que se apresenta em forma de arreios para animais e ternos para os vaqueiros”, explica.

 “O Couro e o Rio- usos e significados” tem por objetivo valorizar um ofício tradicional na região sergipana do baixo São Francisco. Para tanto, faz-se necessário destacar os valores e os significados desse bem cultural, assim como as práticas a ele associadas. Através das belas imagens captadas pelo sergipano José Caldas, o visitante terá a oportunidade de comprovar isso, amparado pelos textos presentes no catálogo, que será distribuído na vernissage.

A exposição prossegue até o dia 19 de fevereiro de 2013 e pode ser visitada de terça a domingo, das 10 às 18h. O Museu da Gente Sergipana localiza-se à av. Ivo do Prado, 398. O acesso é gratuito

Couro Curtido

O Couro e o Rio_foto José Caldas_http://bangalocult.blogspot.com


Entre o segundo semestre de 2009 e meados de 2010, a historiadora Sayonara Viana e o fotógrafo Francisco Moreira da Costa percorreram o sertão sergipano, a fim de mapear a produção de um tipo de artesanato que corre risco de extinção, por falta de mão de obra especializada: o do couro.

Na época, as andanças por Canindé do São Francisco, Gararu, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo, Porto da Folha, Aquidabã, Cumbe, Feira Nova, Graccho Cardoso, Itabi e Nossa Senhora das Dores resultaram no projeto bem sucedido “Encourados do Sertão Sergipano”, que contemplado pelo Microprojetos MAIS CULTURA, edital do Ministério da Cultura, FUNARTE, INEC e Secretaria de Estado da Cultura, rendeu uma exposição no Museu do Homem Sergipano (entre julho e agosto de 2010)  e um catálogo.

Os pesquisadores revelaram que o artesanato em couro não era apenas um produto de uso, mas também uma forma de arte que encerra um sistema complexo, uma rede de saberes, indo além da sua função utilitária ou decorativa, representando uma das formas de materialização da memória e de tradições mantidas por artesãos.

Este ano, Sayonara Viana uniu forças com a historiadora Verônica Nunes e o fotógrafo José Caldas e retomou o tema do artesanato em couro, só que dessa vez, percorreu as cidades próximas ao “Velho Chico”, como Japoatã, Propriá, Pacatuba, Capela, Telha, Malhada dos Bois, São Francisco, Pirambu, Telha e Amparo do São Francisco.

É possível conferir o resultado dessa nova empreitada, a partir de amanhã, às 19h, quando será aberta no Museu da Gente Sergipana, a exposição “O Couro e o Rio- usos e significados” e lançado o catálogo homônimo.

Segundo a curadora, Sayonara Viana, compreender o trabalho do mestre do couro como tradição, envolve entender que seu ofício está associado ao de outras pessoas: o curtidor, o comerciante, que pode ser o fornecedor do produto ou o seu vendedor, e os consumidores dos produtos confeccionados.

“No campo estudado, os artesãos elaboram artefatos de uso para o mundo rural, como arreios, selas, gibões, chapéus e sapatos fechados, uma espécie de bota de cano curto, conhecidos como roló. No universo da área da pesquisa, dois profissionais se destacam: o curtidor de couro e o seleiro. O curtidor é o artesão responsável pelo processo de curtir o couro nos curtumes. Esse ofício continua a existir, mas a dificuldade é vender, devido à concorrência de preço com outros produtores que “curtem” o couro industrialmente a um custo mais baixo. Comparativamente, o ofício de seleiro é o mais constante nas cidades pesquisadas. É uma herança imaterial que se apresenta em forma de arreios para animais e ternos para os vaqueiros”, explica.

 “O Couro e o Rio- usos e significados” tem por objetivo valorizar um ofício tradicional na região sergipana do baixo São Francisco. Para tanto, faz-se necessário destacar os valores e os significados desse bem cultural, assim como as práticas a ele associadas. Através das belas imagens captadas pelo sergipano José Caldas, o visitante terá a oportunidade de comprovar isso, amparado pelos textos presentes no catálogo, que será distribuído na vernissage.

A exposição prossegue até o dia 19 de fevereiro de 2013 e pode ser visitada de terça a domingo, das 10 às 18h. O Museu da Gente Sergipana localiza-se à av. Ivo do Prado, 398. O acesso é gratuito

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dia de Gonzaguear

Se estivesse vivo, Luiz Gonzaga do Nascimento completaria  hoje 100 anos . Ele foi ter um “descanso feliz” no dia 02 de agosto de 1989, mas sua arte nunca esteve tão em evidência, quanto neste final de ano. Em outubro, foi lançado o filme “Gonzaga- de Pai Para Filho” de Breno Silveira; relançada a biografia “Gonzaguinha & Gonzagão- Uma História Brasileira” de Regina Echeverria e chegaram às loja especializadas do país, alguns discos (como “O Fole Roncou” coletânea da EMI Music, “Gilberto Gil canta Luiz Gonzaga” da Warner/Discobertas ou “Olha Pro Céu” da Universal Music) compostos por sucessos do ‘Velho Lua’.  

Além disso, está programado para esta semana, eventos alusivos ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, em várias cidades brasileiras, como o lançamento do livro “Luiz Gonzaga: tem sanfona no choro” organizado por Marcelo Caldi (neste sábado, às 20h, no CCBB do Rio de Janeiro); a realização do projeto Perfis de Gonzaga, com shows de Marcelo Jeneci, Osvaldinho do Acordeon e Xangai (de 14 a 16 de dezembro, no Teatro Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro) ou o show “100 Anos de Gonzagão” no SESC/Pompeia em São Paulo, reunindo nomes como Angela Ro Ro, Simoninha, Elke Maravilha, Amelinha, Filipe Catto e Anastácia.

Em Pernambuco, sobretudo em Recife e Exu (terra natal do “Rei do Baião”), uma programação especial contemplando artes visuais, cinema, teatro e música começou na última segunda-feira e prossegue até o próximo domingo. Dentre as atrações musicais estão Dominguinhos, Gilberto Gil, Alceu Valença, Targino Gondim, Fagner, Genaro, Elba Ramalho, Jorge de Altinho, Azulão, entre muitos outros.

No entanto, os admiradores aracajuanos do legado de Luiz Gonzaga terão que se contentar em assistir ao filme de Breno Silveira ou dedicar algumas horas do seu dia, à leitura do livro de Regina Echeverria ou mesmo à biografia “Vida de Viajante: a saga de Luiz Gonzaga” escrita por Dominique Dreyfus.

A Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) promove uma homenagem ao Rei do Baião, no próximo sábado, na Orla de Atalaia, “diluída” na grande final do Alumiar - II Festival de Novas Composições. Já segundo a assessoria de comunicação da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (FUNCAJU), a homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga aconteceu antecipadamente, no mês de junho, durante a XI edição do Fórum do Forró. Muito pouco para um órgão que mantém a Orquestra Sanfônica de Aracaju e poderia promover uma bela apresentação nesta quinta, no Parque da Sementeira.

Mas voltemos ao filme. Para quem ainda não o viu- prestes a alcançar a marca de 1,5 milhão de espectadores-, é bom se apressar. Com a chegada de “O Hobbit” de Peter Jackson às salas de cinema nesta sexta-feira, a tendência é que as poucas sessões de “Gonzaga de Pai Para Filho”, no multiplex local, sejam pulverizadas.

Difícil encontrar alguém que tenha “torcido o bico” para o mais recente filme de Breno Silveira, diretor afeito a discutir relações entre pais e filhos na telona de forma melodramática (basta lembrar de “Dois Filhos de Francisco” e “À Beira do Caminho”), embaladas por uma trilha sonora não menos apelativa. “Gonzaga de Pai Para Filho” é quase uma unanimidade no Nordeste (em Estados do Sul do país, entretanto, a bilheteria não vai bem).

O filme evidencia a relação tempestuosa entre Gonzaguinha e seu pai, Luiz Gonzaga, sem deixar de mostrar a carreira musical de ambos (mais do segundo que do primeiro), que sai do interior pernambucano ainda jovem e segue para cidade grande em busca de novos horizontes. Baseada, livremente, no livro de Echeverria- que por sua vez foi concebido através de conversas entre pai e filho, registradas por Gonzaguinha- a produção de Silveira tem uma virtude inquestionável: o resgate da figura de Luiz Gonzaga na contemporaneidade, oportunizando os jovens conhecerem um pouco da trajetória musical desse artista, singularmente, popular.

Seria interessante, também, que os aficionados pela vida e obra de Luiz Gonzaga reservassem um tempo para apreciar o livro da jornalista Regina Echeverria (responsável também pelas biografias de Elis Regina e Mãe Menininha do Gantois). O livro só pode ser escrito porque o material gravado por Gonzaguinha, durante a turnê que fez com o pai- “Vida de Viajante”-, foi entregue à jornalista pelos seus herdeiros.

Utilizando seu talento jornalístico, Regina Echeverria entrelaça nessa obra as biografias de dois artistas e as memórias, muitas vezes dolorosas, de pai e filho. Segundo a autora, “De Gonzagão herdou o nome. Mas o amor de pai foi preciso arrancar das entranhas do famoso Rei do Baião. Não só o amor, mas ainda o respeito. Uma batalha silenciosa, um plano determinado de vida que o filho seguiu à risca, com cara de bravo”.

Para aqueles que preferem se deter na vida e trajetória artística de Gonzagão, a melhor pedida seria “Vida de Viajante: a saga de Luiz Gonzaga” escrita por Dominique Dreyfus. Considerada a mais completa biografia do Rei do Baião, a publicação da Editora 34, foi produzida por uma francesa, que morou 11 anos no Brasil e depois, tornou-se uma especialista em música brasileira em Paris.

Tendo morado em Pernambuco (Garanhus), durante sua estada no país, Dominique foi logo “contaminada” pela música popular, sobretudo o baião do “Velho Lua”. Mas foi só 35 anos depois, quando o sanfoneiro foi convidado para participar de um festival de música brasileira na França, que a jornalista e escritora teve o insight de escrever um livro sobre ele.

Na época, havia apenas dois livros bem resumidos sobre o artista, lançados no Brasil e, levando em conta que Luiz Gonzaga já tinha 73 anos, Dominique Dreyfus decidiu não perder tempo e produziu “Vida de Viajante: a saga de Luiz Gonzaga” lançado, originalmente, em 1996. Mas não é difícil encontrar nas livrarias a edição mais recente (a 3ª), lançada este ano.

Os garimpeiros de discos de Luiz Gonzaga, no entanto, terão que esperar para 2013, a reedição prometida pela Sony, de vários títulos de sua discografia. Até março deverá sair 15 CDs e, paulatinamente, até 2014, a gravadora pretende lançar a obra completa do criador do hino “Asa Branca”, entre os quais, “O Canto Jovem de Luiz” (1971) e “A Festa (1981), até então, inéditos no formato digital.
Que venha logo, 2013!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Max Richter x Vivaldi


Comecei a gostar de música clássica por conta de "As Quatro Estações" de Vivaldi. Não me lembro bem, quando ouvi a composição pela primeira vez, mas recordo que nos anos de 1980, havia uma propaganda televisiva do sabonete Vinólia, embalada pela "Primavera" e eu adorava quando passava.

Desde então, meus ouvidos ficaram extremamente sensíveis e viciados aos acordes das Estações.  Tudo que se refere a esse clássico, interessa-me. E por isso, não hesitei em comprar, em Berlim, esse CD lançado no início do ano, com uma releitura da 'Primavera', 'Verão", 'Outono' e 'Inverno' feita por Max Richter.

Até então, não conhecia esse compositor germânico, que já fez  trilhas para o cinema de seu país, além de ter composto a canção "Sarajevo" do filme "Prometheus" de Ridley Scott. Prá mim, não precisava ele ter feito mais nada na vida. Bastava esse disco.

Sua releitura de "As Quatro Estações" tocada pela camerata Konzerthaus de Berlim, sob a regência do maestro André de Ridder e contando com o violinista Daniel Hope é perfeita. Quem ouve, quer mais. Richter faz um híbrido de música erudita com contemporânea bastante funcional, explorando sobremaneira os cellos e baixos.

Confira um pouco de sua inventividade musical no primeiro video abaixo e entrevistas com Richter, Ridder e Hope, no segundo





Simplesmente...JOÃO

João W. Nery_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com
Quem compareceu , ontem, à tarde, no auditório da Sociedade Semear, deve ter ficado extasiado (a) com a palestra de João W. Nery, primeiro transhomem do país.

Sincero, contundente, sensato e bem articulado, João contou um pouco sobre sua trajetória de vida, onde a palavra de ordem foi : perseverança.

O que seria de sua vida, hoje, caso não houvesse tomado a decisão de mudar a sua identidade (de Joana/para João) ? Difícil responder, mas provavelmente, ele seria muito infeliz.  Não que  tenha tido uma vida fácil, pelo contrário, mas antes homem com cicatrizes, que mulher com "invasores".

Sua explanação de quase uma hora foi apenas um refresco. O público queria mais. Ele disse então, que poderiam conhecer outros detalhes de sua vida, adquirindo o livro "Viagem Solitária- Memórias de um Transexual Trinta Anos Depois" publicado pela LeYa (à venda na Escariz). Mas o barato era ouvi-lo, entremeando entre um episódio e outro, de seus 62 anos bem vividos, opiniões sobre a questão da transexualidade no Brasil  e no mundo.
João W. Nery_foto de Suyene Correia 
Bastante simpático à Teoria Queer, João compartilha com o pensamento de que a orientação e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos, é resultado de um constructo social. Para ele, “o gênero é o destino”. E seria interessante se as escolas de várias partes do mundo (sobretudo as do Brasil) adotasse o método de não generificação dos brinquedos, desde o maternal, como fazem instituições de ensino da Suécia e Austrália.  

“Meu filho brincava com o que ele queria, quando criança. De bola, de carrinho, de boneca...Ele optou pela heterossexualidade, mas se fosse gay, se fosse trans, para mim, não faria a menor diferença. O importante é que ele seja feliz com sua escolha”. 
Ele criticou duramente a nossa sociedade que impõe certos padrões e classificações e fez até uma brincadeira: “as mulheres são de Vênus, os homens são de Marte e eu ? Sou de que planeta ?”

Em “Viagem Solitária- Memórias de um Transexual Trinta Anos Depois”, João W. Nery faz uma releitura de sua própria história, já que em 1984, publicou pela Editora Record, “Erro de Pessoa: João ou Joana?” ( esgotado) em que fazia um périplo da sua infância até o momento das cirurgias.
A nova publicação vai mais além, abarcando o período dos últimos 27 anos, tempo em que João experimentou a paternidade, envelheceu e hoje, tem que lidar com as consequências de uma reposição hormonal a longo prazo (ele desenvolveu uma artrose, que culminou com cirurgias nos quadris e na coluna lombar).

João Nery_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com
Dividido em quatro partes, “Desencontros”, “Descobertas”, “Metamorfose” e “Paternidade”, o livro escrito pelo primeiro transhomem do país é uma lição de vida, perseverança e generosidade. À medida que folheamos as 334 páginas, o escritor nos permite adentrar em sua intimidade, conhecendo de perto suas angústias, alegrias, coragem, mas acima de tudo, revelando um ser humano de uma tenacidade incrível.

Impossível não se emocionar com o capítulo “O Que Fazer com o Meu Passado” em que ele descreve o primeiro encontro que teve com os pais, em Brasília, depois das cirurgias transformadoras ou mesmo “O Futuro no Colo”, em que ele narra a alegria de ser pai (hoje seu filho Yuri está com 25 anos).

Mas também há passagens divertidas como no capítulo “Reencontro de Cobaias”, em que João convida outros amigos transhomens, a passar um final de semana em sua casa, a fim de trocarem experiências de vida. Sem dúvida, parafraseando Antônio Houaiss, que escreveu o prefácio de “Erro de Pessoa”, “este é um livro múltiplo que fala ao leitor romanesco, ao policialesco, ao sexista, ao sadista, ao masoquista, ao realista, ao experimentalista, ao transexualista, ao metassexualista, em resumo, a todos os seres humanos que leem. Leiam-no e humanizem-se”.

"Viagem Solitária" é um ótimo presente para um amigo, neste Natal, independente de qual gênero ele for.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Museu da Gente sedia I Encontro Sergipano de Escritores


Campo fértil de escritores do quilate de Antônio Carlos Viana, Francisco Dantas, Mário Cabral e Maria Lúcia Dal Farra (paulista, mas radicada no Estado há mais de 20 anos), Sergipe carece de eventos sistemáticos como uma Feira do Livro, uma Festa ou Balada Literária para movimentar o cenário local dessa vertente artística.

É certo que acontecem, esporadicamente, tentativas de se firmar um evento literário no calendário cultural da cidade. No ano passado, por exemplo, ocorreu o I Encontros de Literatura, idealizado por Marcílio Medeiros, que reuniu nomes como Xico Sá, Raquel Cozer, Otávio Júnior, entre outros. Agora, os escritores Gustavo Aragão e Domingos Pascoal e a jornalista e agente cultural Ilmara Souza apostam no I Encontro Sergipano de Escritores, a ser realizado, amanhã, no Museu da Gente Sergipana, a partir das 13h30.

“Sempre foi uma vontade de todo escritor sergipano, ter uma movimentação mais significativa na cidade, a fim de congregar saberes e experiências. Então, Domingos Pascoal numa conversa mais aproximada com Antônio da Infographics, tive essa ideia de fazer um Encontro Sergipano de Escritores. Posteriormente, foram somadas à empreitada, outras colaborações como a de Karina Dias e Adail Vilela. Unidas as forças, estaremos realizando hoje, até às 20h, as atividades do evento”, explica Gustavo Aragão.

Voltado para escritores, estudantes, jornalistas, professores, articulistas e editores, o I Encontro Sergipano de Escritores conta com uma programação sucinta mas significativa. A partir das 14h, acontece a abertura oficial com o lançamento da II Bienal do Livro de Itabaiana e do projeto do Livro Compartilhado (em que os inscritos no evento poderão levar poesias, crônicas, artigos, a serem compilados num livro posteriormente doados para entidades filantrópicas), além da apresentação do projeto da escultura em tamanho natural da Profa. Thétis Nunes, pelo artista visual Elias Santos. 

A partir das 15h40, acontecerá a primeira palestra do dia, com o tema “A Escrita como Descoberta do Outro e de Si Mesmo”. O ministrante será o Prof. Hermínio Sargentim, experiente professor e autor de obras didáticas de Língua Portuguesa. Às 17h, Gustavo Aragão proferirá a palestra “O Processo de Composição do Livro: Edição, Revisão e Preparação de Material”. O escritor, que já publicou seis livros, contará um pouco de sua experiência no mercado editorial, por ocasião dos trabalhos prestados às editoras Ática, Escala Educacional, IBEP, Editora do Brasil, entre outras.

O evento será encerrado com a palestra “A Palavra: uma Redefinição de Nós Mesmos” ministrada pelo Prof. Francisco Paulo Monteiro, conhecido como “Prof. Pimpão” e, entre os intervalos, os poetas presentes terão a oportunidade de recitar versos de sua autoria e alguns escritores estarão autografando seus mais recentes livros.

Serão lançados no I Encontro Sergipano de Escritores, os livros “Carolina e sua Boneca Lindinha” de Tânia Cristina dos Santos Souza; “Memória, Patrimônio e Identidade” de João Paulo Araújo de Carvalho, Luiz Carlos de Jesus e Manoel Messias Moura; “Alma Branca” de Maria do Carmo Costa e “Manias de uma Princesa” de Telma Costa.

Para se inscrever no evento, basta levar um livro de autor sergipano. Alguns exemplares serão vendidos no local e o montante arrecadado será doado para uma biblioteca. As inscrições podem ser feitas no local ou antecipadamente no site www.infographics.com.br

O I Encontro Sergipano de Escritores é uma realização da Infographics e da Academia Sergipana de Letras e conta com o apoio da revista perfil, Jornal Simãodiense, Itnet, Ominia, IBEP, Infonet, Museu da Gente Sergipana, Instituto Banese e FM Itabaiana.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

João Nery lançará "Viagem Solitária" na Semear

João W. Nery_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com
João Nery rouba a cena por onde passa

O  psicólogo e escritor João W. Nery, que hoje à noite, participou da cerimônia de entrega do troféu Dr. Eduardo Barbosa, concedido pela ADHONS, durante a 1a Semana da Consciência LGBT de Sergipe, estará amanhã, às 14h, no auditório da Sociedade Semear, proferindo palestra e lançando, em Aracaju, o livro "Viagem Solitária- Memórias de um Transexual Trinta Anos Depois".

João, que é uma referância nacional, por ter sido o primeiro trans-homem do Brasil, compartilhará com o público, sua experiência de vida singular, relantando não só o processo de mudança física pelo qual passou, mas também as dificuldades  de lidar com a "dupla identidade" em plena Ditadura (ele se operou em 1977) e a aceitação da família com a sua nova condição.

Numa conversa bem rápida, com o escritor, ele disse que está adorando Aracaju e que foi muito emocionante, ontem, à noite, quando participou da reunião da UNIDAS (Associação de Travestis Unidas na Luta Pela Cidadania) na Praça General Valadão. "Foi uma experiência única. Contei um pouco da minha história e depois respondi aos questionamentos de cada uma. Foi muito emocionante".

Amanhã, durante a sua palestra não deverá ser diferente. Quem participar do evento, gratuito, dificilmente sairá de mãos vazias (não tenho dúvida de que a maioria dos participantes adquirirá o livro) e, de quebra, ainda aprenderá muito com esse ser humano que é um verdadeiro exemplo de superação.

Confira no link abaixo, a entrevista  feita com o escritor e publicada no Jornal da Cidade no dia 09/11/2011

http://www.jornaldacidade.net/noticia-leitura/130/17558/leya-lanca--viagem-solitaria--de-joao-w.-nery.html#.UL6ldKAXJ_4

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Abbas... Sempre surpreendente

Um Alguém Apaixonado_http://bangalocult.blogspot.com
Uma das cenas mais engenhosas de "Um Alguém Apaixonado"


Já era para eu ter escrito sobre o novo filme de Abbas Kiarostami- "Um Alguém Apaixonado" ( Like Someone in Love)-, desde que voltei da 36a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no início do mês passado. Não sei porque demorei tanto para fazê-lo. Antes que ele chegue por aqui (e torço para que isso aconteça), registro minhas considerações para os internautas.

Quer se surpreender no cinema ? Assista a um filme de Abbas Kiarostami, o cineasta iraniano, que começou a chamar a atenção da crítica (e talvez do público) brasileiro, a partir de "Através das Oliveiras" (1994). Você não irá se arrepender da experiência, ainda que a aprovação de seus filmes pelo público, não seja uma unanimidade. 

Lembro-me de quando vi "Shirin" (2008), na 33a Mostra de Cinema, numa sessão concorridíssima. O público que lotava a sala, a princípio, parecia hipnotizado pela proposta inusitada do diretor: filmar uma plateia, predominantemente feminina, assistindo a um filme, que nós, espectadores do lado de cá, não veríamos nenhuma cena. Kiarostami quer que conheçamos o épico do século XII, baseado na lenda da história de amor da princesa armênia Shirin, através das reações dessas mulheres (choro, riso, apreensão) e, obviamente, da narrativa em off, traduzida de forma acelerada, por legendas difíceis de acompanhar. Nem todos suportaram a experiência e caíram fora, bem antes dos 90 minutos de duração se esgotarem.

No trabalho mais recente do diretor, "Um Alguém Apaixonado", o espectador não corre esse risco. Abbas filma com um preciosismo extremo, aproveitando cada milésimo de segundo do fotograma, para revelar camadas de uma trama, aparentemente, trivial:  o encontro de uma garota de programa e um professor aposentado. Porém, à medida que os minutos avançam, deparamo-nos com uma obra-prima que se revela gradativamente e sutilmente impactante. Isso porque o que Abbas esconde, é o que deve ser melhor observado.

Os primeiros minutos do filme são magistrais. Não vou descrevê-los aqui, porque perderia a graça. Mas saiba, caro internauta, que o diretor vai nos ludibriando com suas imagens dúbias, sugestivas de uma verdade, que os olhos e ouvidos teimam em acreditar, mas que no fundo é pura imaginação.

Logo, descobrimos que Akiko (Rin Takanashi) tem um namorado ciumento e desconfiado. Após uma discussão com ele, por telefone, a garota de programa  é incumbida pelo patrão, de ir ao encontro de um novo cliente. Akiko reluta, inicialmente, em ir trabalhar, por conta da avó, que chegou de viagem e a espera desde cedo em ponto qualquer da cidade. Mas termina cedendo às obrigações trabalhistas enquanto segue em direção à casa do desconhecido (Denden).

O diretor nos presenteia com outra sequência arrebatadora, quando acompanha bem de perto Akiko em direção à casa do aposentado. Enquanto ela observa o fervilhar das ruas de Tóquio pela janela do carro e aproveita para ouvir as mensagens gravadas em seu celular, os espectadores são 'convidados' pelo diretor a compartilhar de uma experiência sensorial instigante. Desde Tarkovsky, o tempo não tinha sido tão bem explorado na telona.

Mas "Um Alguém Apaixonado" não é somente isso. É o encontro feliz de um diretor inspirado, com um elenco bem entrosado, uma equipe técnica primorosa e um roteiro conduzido com maestria. Acredite, que o melhor aqui é revelar o mínimo, para deixar com que cada um seja provocado pela história de encontros e desencontros de uma forma bem peculiar.

Agora, é esperar para se surpreender!!!

Aracaju sedia 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul

A partir dessa sexta-feira, os sergipanos tão carentes de uma programação cinematográfica mais plural e de qualidade, terão a oportunidade de conferir filmes de diversas nacionalidades e com temas abrangentes, na 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que prossegue até 15 de dezembro, no Museu da Gente Sergipana (Av. Ivo do Prado, 398).

Com entrada gratuita, a Mostra, que esse ano homenageia o cineasta Eduardo Coutinho, conta com filmes cujas temáticas são voltadas para a questão do preconceito e dos direitos humanos. As obras de ficção, animação e documentário, entre curtas, médias e longas-metragens abordam situações que envolvem o direito do idoso; infância e adolescência; deficiente físico; cidadania e homofobia e direito à verdade e à memória.

Clássicos como “Cabra Marcado Para Morrer” (1984), “Santo Forte” (1999) e “O Fio da Memória” (1991), de Eduardo Coutinho, poderão ser conferidos, respectivamente, no dia 09 de dezembro, às 20h; dia 13, às 18h e no dia 15, às 18h, no auditório do Museu da Gente Sergipana.

A programação traz ainda uma série de títulos inéditos no circuito comercial, como os longas-metragens “Hoje” (2011) de Tata Amaral e “O Dia Que Durou 21 Anos” (2012), de Camilo Tavares. A ser exibido no dia 08 de dezembro, às 18h, “O Dia Que Durou 21 Anos” revela documentos secretos que confirmam articulações de governos norte-americanos para a derrubada do presidente João Goulart, seguida pela instauração da ditadura militar brasileira (1964-1985). “Hoje”, por sua vez, aborda reflexos atuais de fatos ocorridos durante essa mesma ditadura e tem no elenco Denise Fraga e o ator uruguaio Cesar Troncoso. O filme, vencedor do Festival de Brasília do ano passado, em cinco categorias, inclusive de Melhor Filme e de Melhor Atriz, poderá ser visto no dia 14 de dezembro, às 20h.

Também inéditos comercialmente no país e imperdíveis são o colombiano “Chocó” (2012), de Jhonny Hendrix Hinestroza, o uruguaio “A Demora” de Rodrigo Plá e o equatoriano “Com o Meu Coração em Yambo” (2011). O primeiro será exibido no dia 11 de dezembro, às 16h e foca sua história na personagem Chocó, uma mãe e esposa afro-colombiana desempregada que tem de deixar sua terra e se mudar para outra região dentro do departamento do noroeste colombiano. Ela é obrigada a cuidar da filha de 8 anos e do filho de 6, além do marido também desempregado, que passa o tempo bebendo e jogando dominó, negligenciando a família.

O indicado ao Oscar desse ano, pelo Uruguai, é “A Demora” que será exibido no dia 12 de dezembro, às 18h. No filme do cultuado Rodrigo Plá, acompanhamos o drama da jovem costureira Maria (Roxana Blanco) que tenta, com muito sacrifício, sustentar seu pai Agustín (Carlos Vallarino) e os três filhos numa casa de um quarto. O idoso, que dorme no sofá, sempre foge de casa e se perde. Por causa disso, ela tenta interná-lo num albergue público. Não consegue e a situação se complica. A história dramática, que não resvala para o dramalhão, tem feito sucesso, principalmente pela postura humana que é dada à personagem central, que bem poderia ser tratada como vilã.

Já “Com Meu Coração em Yambo”, programado para passar no dia 12 de dezembro, às 20h, é um fenômeno de bilheteria no Equador. O filme conta a história de uma família colombiana que foge da violência política de seu país e acaba tendo dois de seus filhos sequestrados e desaparecidos no Equador. A filha caçula María Fernanda Restrepo é a diretora do filme e nele realiza uma viagem pessoal misturada à memória de todo um país marcado por sua história.

As projeções da 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul acontecem em 27 cidades brasileiras e, em todos os locais, há acessibilidade a pessoas com deficiência e as sessões contam com sistema de audiodescrição e de closed caption (voltadas a deficientes visuais e auditivos, respectivamente).

A iniciativa é  uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira/MinC e patrocínio da Petrobras. A 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul conta com apoio do Ministério das Relações Exteriores, da TV Brasil, da Sociedade Amigos da Cinemateca e do SESC. As obras mais votadas pelo público são contempladas com o Prêmio Exibição TV Brasil nas categorias longa, média e curta-metragem. A programação tem curadoria do cineasta e curador Francisco Cesar Filho.

Confira abaixo a programação completa:

07/12 - SEXTA-FEIRA
19h – Sessão de Abertura
O Cadeado - Leon Sampaio (Brasil, 12 min., 2012, fic.)
A Galinha que Burlou o Sistema - Quico Meirelles (Brasil, 15 min., 2012, doc./fic.)
Menino do Cinco - Marcelo Matos de Oliveira, Wallace Nogueira (Brasil, 20 min., 2012, fic.)
A Fábrica - Aly Muritiba (Brasil, 16 min., 2011, fic.)


08/12 – SÁBADO
16h- Porcos Raivosos - Isabel Penoni, Leonardo Sette (Brasil, 10 min., 2012, fic.)
O Cadeado - Leon Sampaio (Brasil, 12 min., 2012, fic.)
Dez Vezes Venceremos - Cristian Jure (Argentina, 75 min., 2011, doc.)

18h- Juanita - Andrea Ferraz (Brasil, 8 min., 2011, doc.)
O Dia que Durou 21 Anos - Camilo Tavares (Brasil, 77 min., 2012, doc.)

20h- Batismo de Sangue - Helvécio Ratton (Brasil, 110 min., 2006, fic.)

09/12 – DOMINGO
16h- Olho de Boi - Diego Lisboa (Brasil, 19 min., 2011, fic.)
Funeral à Cigana - Fernando Honesko (Brasil, 15 min, 2012, fic.)
Carne, Osso - Caio Cavechini, Carlos Juliano Barros (Brasil, 65 min., 2011, doc.)

18h- Elvis & Madona - Marcelo Laffitte (Brasil, 105 min., 2010, fic.)


20h- Cabra Marcado para Morrer - Eduardo Coutinho (Brasil, 119 min., 1984, doc.)

11/12 - TERÇA-FEIRA
16h- Virou o Jogo: A História de Pintadas - Marcelo Villanova (Brasil, 15 min., 2012, doc.)
Chocó - Jhonny Hendrix Hinestroza (Colômbia, 80 min., 2012, fic.)


18h- Disque Quilombola - David Reeks (Brasil, 14 min., 2012, doc.)
Vestido de Laerte - Claudia Priscilla, Pedro Marques (Brasil, 13 min., 2012, fic.)
A Galinha que Burlou o Sistema - Quico Meirelles (Brasil, 15 min., 2012, doc./fic.)
O Veneno Está na Mesa - Silvio Tendler (Brasil, 50 min., 2011, doc.)


20h- Estruturas Metálicas - Cristian Vidal L. (Chile, 47 min., 2011, doc.)
Saia se Puder - Mariano Luque (Argentina, 66 min., 2012, fic.)


12/12 – QUARTA-FEIRA
16h- O Garoto que Mente - Marité Ugás (Venezuela, 99 min., 2011, fic.)


18h- Uma, Duas Semanas - Fernanda Teixeira (Brasil, 17 min., 2012, fic.)
A Demora - Rodrigo Plá (Uruguai / França / México, 84 min., 2012, fic.)

20h- Com o Meu Coração em Yambo - María Fernanda Restrepo (Equador, 137 min., 2011, doc.)

13/12 – QUINTA-FEIRA
16h – Sessão de Audiodescrição
Extremos - João Freire (Brasil, 24 min., 2011, doc.)
À Margem da Imagem - Evaldo Mocarzel (Brasil, 72 min., 2003, doc.)


18h – Sessão de Audiodescrição
Santo Forte - Eduardo Coutinho (Brasil, 80 min., 1999, doc.)


20h - Justiça - Andrea Ruffini (Bolívia / Itália, 34 min., 2010, doc.)
Último Chá - David Kullock (Brasil, 97 min., 2012, fic.)


14/12 – SEXTA-FEIRA

16h- Menino do Cinco - Marcelo Matos de Oliveira, Wallace Nogueira (Brasil, 20 min., 2012, fic.)
Maria da Penha: um Caso de Litígio Internacional - Felipe Diniz (Brasil, 13 min., 2011, doc.)
Silêncio das Inocentes - Ique Gazzola (Brasil, 52 min., 2010, doc.)

18h- Cachoeira - Sérgio Andrade (Brasil, 14 min., 2010, fic.)


20h - A Fábrica - Aly Muritiba (Brasil, 16 min., 2011, fic.)
Hoje - Tata Amaral (Brasil, 87 min., 2011, fic.) 


15/12 – SÁBADO
18h- O Fio da Memória - Eduardo Coutinho (Brasil, 115 min., 1991, doc.)

20h- Marighella - Isa Grinspum Ferraz (Brasil, 100 min., 2012, doc.)