terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Couro Curtido

O Couro e o Rio_foto José Caldas_http://bangalocult.blogspot.com


Entre o segundo semestre de 2009 e meados de 2010, a historiadora Sayonara Viana e o fotógrafo Francisco Moreira da Costa percorreram o sertão sergipano, a fim de mapear a produção de um tipo de artesanato que corre risco de extinção, por falta de mão de obra especializada: o do couro.

Na época, as andanças por Canindé do São Francisco, Gararu, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo, Porto da Folha, Aquidabã, Cumbe, Feira Nova, Graccho Cardoso, Itabi e Nossa Senhora das Dores resultaram no projeto bem sucedido “Encourados do Sertão Sergipano”, que contemplado pelo Microprojetos MAIS CULTURA, edital do Ministério da Cultura, FUNARTE, INEC e Secretaria de Estado da Cultura, rendeu uma exposição no Museu do Homem Sergipano (entre julho e agosto de 2010)  e um catálogo.

Os pesquisadores revelaram que o artesanato em couro não era apenas um produto de uso, mas também uma forma de arte que encerra um sistema complexo, uma rede de saberes, indo além da sua função utilitária ou decorativa, representando uma das formas de materialização da memória e de tradições mantidas por artesãos.

Este ano, Sayonara Viana uniu forças com a historiadora Verônica Nunes e o fotógrafo José Caldas e retomou o tema do artesanato em couro, só que dessa vez, percorreu as cidades próximas ao “Velho Chico”, como Japoatã, Propriá, Pacatuba, Capela, Telha, Malhada dos Bois, São Francisco, Pirambu, Telha e Amparo do São Francisco.

É possível conferir o resultado dessa nova empreitada, a partir de amanhã, às 19h, quando será aberta no Museu da Gente Sergipana, a exposição “O Couro e o Rio- usos e significados” e lançado o catálogo homônimo.

Segundo a curadora, Sayonara Viana, compreender o trabalho do mestre do couro como tradição, envolve entender que seu ofício está associado ao de outras pessoas: o curtidor, o comerciante, que pode ser o fornecedor do produto ou o seu vendedor, e os consumidores dos produtos confeccionados.

“No campo estudado, os artesãos elaboram artefatos de uso para o mundo rural, como arreios, selas, gibões, chapéus e sapatos fechados, uma espécie de bota de cano curto, conhecidos como roló. No universo da área da pesquisa, dois profissionais se destacam: o curtidor de couro e o seleiro. O curtidor é o artesão responsável pelo processo de curtir o couro nos curtumes. Esse ofício continua a existir, mas a dificuldade é vender, devido à concorrência de preço com outros produtores que “curtem” o couro industrialmente a um custo mais baixo. Comparativamente, o ofício de seleiro é o mais constante nas cidades pesquisadas. É uma herança imaterial que se apresenta em forma de arreios para animais e ternos para os vaqueiros”, explica.

 “O Couro e o Rio- usos e significados” tem por objetivo valorizar um ofício tradicional na região sergipana do baixo São Francisco. Para tanto, faz-se necessário destacar os valores e os significados desse bem cultural, assim como as práticas a ele associadas. Através das belas imagens captadas pelo sergipano José Caldas, o visitante terá a oportunidade de comprovar isso, amparado pelos textos presentes no catálogo, que será distribuído na vernissage.

A exposição prossegue até o dia 19 de fevereiro de 2013 e pode ser visitada de terça a domingo, das 10 às 18h. O Museu da Gente Sergipana localiza-se à av. Ivo do Prado, 398. O acesso é gratuito

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