sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Exposição Fotográfica homenageia "BB"




No próximo dia 09 de dezembro, na Galeria Lourdina Jean Rabieh, será aberta a "Mostra Fotográfica Brigite Bardot", que reúne fotos inéditas e originais (com tiragem de sete fotos cada) da diva, clicada por Marcello Geppetti, um dos precursores do termo paparazzi.

A mostra revela 15 fotografias em grande formato da atriz francesa que comemorou este ano, seu 75o aniversário. A exposição que já pasou por vários países, acontece pela primeira vez no país e prossegue até 23 de dezembro.

Quem quiser levar uma fotografia para casa da estrela de cinema que despontou para o mundo, com o filme "E Deus Criou a Mulher", prepare o bolso. Cada foto varia de R$ 8 a 15 mil reais. A Galeria está localizada na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 147, São Paulo.

Polayne e seu "Circo Singular"





Pessoal, depois de uma semana sem escrever uma linha sequer ( o final das férias está me deixando mais amuada...), venho falar um pouquinho sobre o novo disco da Patrícia Polayne- "O Circo Singular"- que foi lançado na última quarta-feira, em pleno Circo Estoril.

Primeiro disco da cantora sergipana, que passou um bom tempo de sua existência na "ponte" Rio-Aracaju, "O Circo Singular" é um achado.  Com esse "primogênito", Patrícia se consolida como uma artista de nível nacional, que bem  poderia  realizar uma turnê pelos quatro cantos do país. Experiência ela tem de sobra. Agora, que conta com um produto fonográfico nas mãos, que entre em campo para divulgar seu trabalho além Terras de Ará.

Das 10 canções presentes no CD, patrocinado pela FUNARTE e que teve a capa fotografada por Vinícius  Fontes, apenas duas, "Lentes de Contato" e "Dote da Donzela", não são de sua exclusiva autoria. A primeira é uma parceria de Kleber Melo e Bruno Montalvão, enquanto que a segunda, Polayne assina junto com a amiga Marta Mari.

E diga-se de passagem, a poesia que emana do produto fonográfico é sublime. Uma poesia que não se limita às letras das canções, mas sobretudo à musicalidade das mesmas. Os arranjos bem produzidos pela própria cantora, juntamente com os músicos que a acompanham, é que dá o toque especialíssimo a "Quintal Moderno" (para mim, a mais bela canção do disco), "Sapato Novo" e "Rio Sim" (esta última, com um quê das canções de Bebel Gilberto).

Já em "O Circo Singular" (canção que abre o disco), "Arrastada" e "Aparelho de Memoriar", a intenção parece ser chamar a atenção para nossas origens (negra e indígena) com uma percussão forte e um ritmo envolvente. A tradição aqui, acompanha sem descompasso a contemporaneidade. O som sintético combina direitinho com o som emitido pelas alfaias e o pandeiro tocados por Pedrinho Mendonça.

Realmente, este " O Circo Singular" é de encher os ouvidos e que Patrícia Polayne saiba fazer por onde alavancar sua carreira artística. O disco promocional foi vendido a R$ 5 e deverá ser comercializado hoje, no show que acontece na UFS e amanhã, em Laranjeiras.

Por falar em show, o que aconteceu na última quarta-feira contou com um bom público. Gratuito, ele foi idealizado para acontecer no picadeiro do circo por conta da gravação da TV Aperipê. A emissora irá veicular  o espetáculo no próximo mês, em data a ser confirmada. Acredito que por conta dos ajustes técnicos dessa gravação, é que o público presente teve que esperar por mais de uma hora e meia para o início do espetáculo. Um erro imperdoável, tendo em vista a alta temperatura dentro do espaço circense.

Mas depois que Polayne entrou no picadeiro e assumiu os vocais, o público ficou hipnotizado com sua performance. Com um figurino belamente assinado pelo estilista Altair Santo, a cantora rodopiou, fez caras e bocas e soltou a voz para interpretar suas composições. A banda que a acompanhou estava afinadíssima e  ninguém saiu do tom. O único porém, talvez seja o excesso de solfejos que a cantora executa. É marca registrada dela, mas não estaria na hora de diminuir um pouquinho essa frequência ?

Texto e Fotos : Suyene Correia

Fotos: Alguns momentos do show de lançamento do disco "O Circo Singular" de Patírica Polayne que aconteceu no Circo Estoril

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Que tal um musical inteligente no TTB ?




Pois é, estava falando ao telefone ontem, com um amigo que trabalha com produções locais ( espetáculos teatrais) e reclamei dos que têm aportado por aqui ultimamente. Já fiz uma crítica aqui no blog, aos chamados espetáculos de "humor inteligente"- esses do tipo stand up comedy- porque para mim, de inteligente, eles não têm nada. Mas quem aposta nesse tipo de espetáculo que, diga-se de passagem, dá lucro, parece não enxergar o outro lado da moeda, as outras possibilidades que existem por aí.

Tive a oportunidade de conferir em São Paulo, um musical de primeiríssima qualidade, inteligente até a "tampa",  que bem que poderia chegar por aqui. Trata-se de "Avenida Q", dirigido por Charels Möeller e adaptado para o Brasil por Cláudio Botelho.

Originalmente, "Avenida Q" é um espetáculo elaborado por Robert Lopez e Jeff Marx, que estreou no Vineyard Theatre na Off-Broadway em 2002, e após sucessivos adiamentos do término da temporada, transferiu-se para a Broadway em 2003. Até hoje em cartaz na Broadway e há três anos no West End em Londres,  o espetáculo americano ganhou uma versão brasileira que pode ser conferida em São Paulo, no Teatro Procópio Ferreira, até 06 de dezembro.

O maior trunfo do espetáculo ( que já passou no Rio de Janeiro com imenso sucesso) é sua versatilidade e seu humor cáustico. Apesar de 16 bonecos (parecidos com os dos Muppet Show) entrarem em cena, manipulados por oito atores-cantores, o musical não é voltado para crianças, que se muito pequenas, nem irão entender as piadas de duplo sentido e a inteligência do texto escrito por Jeff Whitty.

Basicamente, a estória gira em torno de Princeton, recém saído da Faculdade, que muda-se para a Avenida Q, para resolver seu maior dilema: encontrar seu verdadeiro rumo na vida. Lá, ele é conduzido numa aventura de autoconhecimento  por um grupo de vizinhos estranhos, alguns adoráveis, outros neuróticos, alguns humanos, outros peludos, mas que também como ele, ainda t~em muito o que aprender da vida.

Entram em cena os atores André Dias, Sabrina Korgut, Fred Silveira, Renata Ricci e Gustavo Klein  que manipulam, respectivamente, os bonecos Princeton/Rod; Kate Monstra/Lucy De Vassa; Nicky/Trekkie Monstro; Dona Coisa Ruim/Ursinha do Mal e Ricky; Ursinho do Mal/Recém-Chegado; além de Cláudia Netto (Japaneusa) Maurício Xavier (Gary Coleman)  e Renato Rabelo (Brian).

Nos bastidores, atrás do belo cenário assinado por Rogério Falcão tocam ao vivo, a banda formada por Zaida Valentim, (teclado 1) Heberth Souza (teclado 2), Cristiano Vogas (sub-teclado), Gustavo Ramanzini (percussão), Rodrigo Oliveira (contrabaixo), André Marques Porto (violão/guitarra e banjo) e Ederson Antônio Marques (sax/flauta/clarinete).

São pouco mais de duas horas de muita diversão, onde é possível curtir um repertório de 20 canções que colam rapidinho no ouvido. Tenho certeza que se viesse para cá, "Avenida Q" lotaria as dependências do Teatro Tobias Barreto. Alguém se habilita ?

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Depois do espetáculo, consegui bater um papo rápido com os atores André Dias... 

Legenda da Foto 2: ... e com Renata Ricci e Fred Silveira

Legenda da Foto 3: Cartaz do espetáculo com alguns atores que foram substituídos na temporada paulistana

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ben-Hur: Vitalidade aos 50 Anos



Exatamente há 50 anos, estreava nos Estados Unidos, o épico "Ben-Hur" dirigido por William Wyler. Mesmo sendo a terceira versão cinematográfica do livro homônimo de Lewis Wallace- que conta a estória de amizade e desavença entre o judeu Judah Ben-Hur (Charlton Heston) e o romano Messala (Stephen Boyd)-  o "Ben-Hur" de 1959 é o mais lembrado até hoje e o de maior opulência (existe uma versão curta de 1907 e outra longa, de 1925, ambas mudas).

Os números não negam: 11 Oscars, 212 minutos de duração, nove meses de filmagens (sendo três meses para a Corrida de Bigas), oito mil figurantes (reais), 100 mil peças de figurino e mais de 300 peças de cenário. Tudo isso, numa produção que custou cerca de US$ 15 milhões aos cofres da Metro-Goldwyn-Mayer, mas que faturou cinco vezes mais, salvando o estúdio da falência.

O que mais me impressiona a cada oportunidade que tenho de rever a película, é como ela não envelhece com o passar do tempo. Mesmo numa época em que a computação gráfica é a palavra chave quando o assunto é efeito especial, "Ben-Hur" consegue surpreender, por conta de um trabalho sem precedentes de cenografia e cenas de ação.

Lembro-me que há dois anos, quando fui dar uma palestra no Colégio Módulo, sobre Cinema, exibi os 20 minutos da Corrida de Bigas e os adolescentes de 13 e 14 anos, vibraram como ninguém ao final da cena. Minha intenção, frente aos estudantes da Era Digital, era justamente despertar neles, a emoção que o Cinema, em sua essência, pode provocar.  E para minha surpresa, consegui alcançar o objetivo.

Durante a exibição da cena, pude perceber diversas reações dos alunos- às vezes, de apreensão, outras  de surpresa- mas ao final, quando o personagem principal consegue vencer a corrida, a vibração foi geral, com aplausos, gritos de "uuh-ha" e uma satisfação que me invadiu as entranhas.

Afinal, não importa como foi feito o filme, em que época ele foi realizado: o velho e bom cinema, ainda consegue emocionar essa galera jovem,  que conhece pouquíssimas referências da Sétima Arte. Em se tratando de "Ben-Hur", então, uma dádiva. Mostra a vitalidade que esse filme de meio século tem e ainda terá ao longo de muito tempo.

Texto: Suyene Correia

Foto: Cena da famosa corrida de bigas, que levou três meses para ser realizada

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Finalmente, Os Bichinhos de Jardim na minha Estante




Acho que esse blog foi o primeiro ou o segundo que acrescentei aos meus favoritos. Realmente, "amo" Os Bichinhos de Jardim idealizado por Clara Gomes e, agora, tenho a possibilidade de tê-los (pelo menos, algumas das centenas de tirinhas já criadas pela petropolitana) na minha estante.

Um presente de Natal, meio que adiantado e muito bem vindo. Chegou hoje e já o devorei, quase que por completo. São pouco mais de 120 páginas com o melhor do Blog que foi o vencedor do Prêmio BlogBooks 2009- Quadrinhos. Diga-se de passagem, que os internautas  e admiradores de Caramelo, Brigitte, Genoveva, Joana, Mauro Minhoca e Meleca é que foram os responsáveis, de uma certa forma,  por essa publicação.

Através de uma eleição virtual, na categoria Quadrinhos, venceu o blog da Clara, uma design gráfica que começou a fazer tirinhas ainda adolescente e depois, em 2006, decidiu criar um blog. Desafio diário, que a jovem tira de letra, com muita criatividade, humor e sensibilidade.

Aconselho a quem ainda não visitou o blog da garota (amiga do ilustrador sergipano, Pablo Carranza), conferir de imediato. Difícil vai ser depois, não passar diariamente pela página virtual, para ver se tem novidades. E quanto ao livro, só uma queixa: poderia ser colorido do início ao fim (será que o meu veio com defeito de fábrica???).

Texto: Suyene Correia

Foto: Capa do livro que saiu pela Editora BlogBooks 

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Walker Evans: O Escritor de Imagens




Fechando o balanço de exposições que conferi em São Paulo no início deste mês, há de se comentar sobre a fotográfica de Walker Evans, em cartaz no MASP, até 10 de janeiro de 2010. Primeira retrospectiva do artista no Brasil, a mostra  traz 121 trabalhos do fotógrafo que registrou a Depressão Americana, como ninguém.

Pouco conhecia sobre o trabalho do fotógrafo, nascido no Missouri, em 1903, que por frustração com a literatura, envereda pela fotografia no final dos anos 20. Mas confesso que fiquei impactada com a força das imagens captadas por ele, sobretudo nas décadas de 30 e 40.

Depois de uma breve passagem em Paris (1926-1927), Evans retona aos Estados Unidos, mas precisamente para Nova York, onde se instala no Brooklyn e começa a registrar o cotidiano urbano e a arquitetura da cidade. Ao contrário da maioria dos colegas de profissão, ele preferia trabalhar com câmera de grande formato e isso lhe concede um status diferenciado, sobretudo quando fotografava tipos de uma sociedade à beira do caos (no caso da Depressão).

Walker Evans se notabilizou, inclusive, por conta do trabalho que prestou ao governo americano, na Era Roosevelt. Ele foi contratado para registrar imagens da Depressão no sul do país, entre 1935 e 1936. Os trabalhos expostos no MASP, em sua maioria, são dessa época, mas é possível ver também alguns dos seus primeiros trabalhos em 1920;  registros de Havana, quando a visitou em 1933 e as últimas fotos tiradas com uma Polaroid SX-70, dois anos antes de sua morte, em 1975.

Texto: Suyene Correia

Fotos: Walker Evans

Legenda da Foto 1: Foto tirada em 1935, em West Virginia

Legenda da Foto 2: Foto tirada em Havana, em 1933

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os Bastidores de Criação de Rodin no MASP




Um visitante do bangalô, sugeriu que eu conferisse de perto a exposição "Auguste Rodin- Homem e Gênio", no Palacete das Artes, em Salvador, e irei fazê-lo, assim que tiver oportunidade. Pelo que li na mídia, esta exposição ficará em cartaz durante dois anos no espaço soteropolitano. Muitas águas ainda irão rolar...

No entanto, proponho a quem puder e for a São Paulo até o dia 13 de dezembro, conferir a exposição "Rodin do Ateliê ao Museu" que se encontra no 1o Piso do MASP. Para quem curte fotografia, como eu, a exposição é de arrepiar. Isso porque, além de algumas esculturas do francês- destaques para "Íris, Mensageira dos Deuses"; "Balzac, Penúltimo Estudo para o Monumento"; "O Beijo" e "As Três Sombras"  (soberba!!!)- o que predomina mesmo são as fotografias encomendadas pelo escultor aos seus fotógrafos entre 1877 a 1917.

Dentre os nomes dos profissionais ou amadores que tiveram a "honra" de registrar a genialidade desse escultor em seu reduto criativo, estão o de Gaudenzio Marconi, Charles Michelez, Charles Bodmer, Victor Pannelier, Eugène Druet, Ernest Bulloz e Jean Limet.  Mas tantos outros também tiveram a oportunidade de adentrar no ateliê de Rodin e, este, a partir de um determinado momento, expunha suas esculturas juntamente com essas fotografias.

Antes reticente à fotografia- ele teria dito certa vez que "O artista é que é verdadeiro, a fotografia é mentirosa"- Auguste Rodin rendeu-se à nova arte, que servia não só para documentar seu processo de criação como também, orientar o olhar do observador para algum ponto que achava fundamental.

Nessa exposição, é possível conferir quase 200 fotografias originais, além de 22 esculturas sublimes do artista, algumas nunca  antes vista em solo brasileiro. O mais interessante nisso tudo, é que mesmo criado em 1919 (dois anos após a morte do escultor), o Musée Rodin só foi se preocupar com a rica coleção fotográfica, em termos de identificação, inventariação e documentação, a partir da década de 70.

Bom, antes tarde do que nunca. E por conta desse trabalho brilhante é que a partir de então, o Musée Rodin inciou uma série de exposições de esculturas "casadas" com as fotografias. Agora, por conta das comemorações do Ano da França no Brasil, os brasileiros poderão admirar um pouco desse  conjunto precioso de peças, exposto pela primeira vez, em Paris, em 2007.  Um pouco do processo criativo  do artista pode ser entendido através de registros das obras em diferentes estágios : da argila ao mármore, do gesso ao bronze. Imperdível!!! 

Texto: Suyene Correia

Fotos: Reproduções do catálogo "Rodin do Ateliê ao Museu"

Legenda da Foto 1: A monumental escultura "As Três Sombras" que abre a exposição no MASP

Legenda da Foto 2: Retrato de Rodin com Gorro Preto feito por Alvin Langdon Coburn

domingo, 15 de novembro de 2009

"Matisse Hoje" e Sempre...




A exposição "Matisse Hoje" foi encerrada no último dia 2 (Dia de Finados), na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Estou me reportando a ela tardiamente, mas não poderia deixar de registrá-la. Fui conferi-la no dia 31 de outubro, pela manhã, único horário disponível numa agenda superlotada.
Saí cedo do hotel, cheguei por volta das 11h na Estação da Luz, e ao me dirigir à entrada principal da instituição percebi que não seria nada fácil conferir as cerca de 80 obras do artista- a primeira desta magnitude dedicada ao francês no Brasil- devido a uma multidão que já esperava para adentrar aos salões reservados para a retrospectiva.

Mas não me abati. Fui logo ver algumas fotos do pintor trabalhando em seu ateliê feitas nas primeiras décadas do século passado. Esse salão até que não estava muito disputado pelos visitantes, mas ao me dirigir para o subsolo, em direção à entrada dos salões que abrigavam suas obras, bem como as dos artistas Cécile Bart, Christophe Cuzin, Frédérique Lucien, Philippe Richard e Pierre Mabille, a situação era bem diferente.

Depois de uns 20 minutos andando a passo de lesma, consegui ultrapassar a porta principal e me deparar com centenas de pessoas reverenciando a obra do pintor, desenhista, escultor e gravurista Henri Matisse.
Confesso que não morro de amores pelo artista fauvista , conhecido pelas cores berrantes que escolhia para dar vida às paisagens, naturezas mortas e modelos que retratava. Contudo, emocionei-me ao me deparar com anônimos de A-Z, de diversas faixas etárias, reverenciando o artista plástico que no final da vida, criou os tão conhecidos papéis recortados.

Todo mundo de máquina em punho, para levar para casa um pouqinho daquela arte "ao vivo". Os dois painéis, "Oceania, o Céu" e "Oceania, o Mar" que  traduzem bem a ideia do recorte para o artista eram os mais requisitados, mas também não ficava para traz o interesse da massa para com "O Torso de Gesso" de 1919, "Odalisca com Calça Vermelha" de 1921 e "Natureza Morta com Magnólia" de 1941, um dos seus trabalhos preferidos (foi refeita 11 vezes).

Pequei em não ter levado a câmera comigo num primeiro momento, só pegando mais tarde, já fora dos salões da exposição. Mesmo assim, fiz alguns registros através do vidro, para não deixar passar em branco. O que eu queria mesmo era registrar as obras dos cinco artistas contemporâneos que de um jeito ou de outro dialogam com a arte de Matisse. Destaque para as obras de Philippe Richard e Frédérique Lucien.

Harmonia e serenidade era o que exalava das telas do pintor. Talvez por isso, ele faça ainda tanto sucesso hoje. Quem sabe, para sempre...

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Placa indicativa para a exposição "Matisse Hoje"

Legenda da Foto 2: Foto (através do vidro) da obra "Natureza Morta com Aparador Verde" de 1928

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Itaú Cultural mostra "A Invenção de Um Mundo"





É um prazer ir ao Itaú Cultural sempre que vou a São Paulo. Não só pela receptividade da amiga Larissa Corrêa, assessora de comunicação da instituição, como também por conta de ser um programa certeiro em matéria de conferir boas exposições.

No ano passado, tive a sorte de conferir "Cinema Sim- Narrativas e Projeções", sem dúvida, uma das melhores que a instituição já abrigou. Agora, o Itaú Cultural repete a boa performance, levando ao público 127 obras de 30 artistas do acervo da Maison Européenne de la Photographie, um dos principais centros de referência da fotografia contemporânea.

Sob a curadoria de Jean-Luc Monterosso, diretor da instituição francesa e do brasileiro Eder Chiodetto, a exposição mostra ao público um mundo aglutinado de pixels, que formam um universo surreal, onde é possível ver a neve queimando, no trabalho de Bernard Faucon; diferentes versões do rosto de Michael Jackson (aqui são sósias), captadas por Valérie Belin ou a ambiguidade dos personagens de Betina Rheims.

As imagens ultrapassam a fronteira da linguagem visual para mesclar realidade e ficção. Aqui, as fotografias não são necessariamente a representação do real, porque esse "real" não existe. Sim, há a cena montada, há a cena clicada, mas depois de tantas manipulações, o que se produz é um novo contexto para as imagens aprisionadas num cartão de "n" GB.

"O artista, aqui, é como um metteur en scène por excelência, pois cada fotografia é o resultado elaborado de uma concepção prévia, direção, produção, montagem cênica e pós-produção", observam em conjunto Chiodetto e Monterosso.

A exposição, que ocupa os três pisos do espaço expositivo do Itaú, está dividida em temas: "A Invenção da Memória"e "O Eu Reinventado" (ambos no mezanino); "Invenção de Um Sonho" (primeiro subsolo), "A Invenção da Forma" e "A Invenção das Certezas" (segundo subsolo).

Por esses três espaços confluem as obras de artistas como Christian Boltanski, Jorge Ribalta, Charles Matton, a dupla LawickMüller, Martial Cherrier, Pierre Molinier, Christian Carez, Vik Muniz, Joan Fontcuberta, Jan Saudek, Joel-Peter Witkin, entre outros.

Durante a primeira semana da exposição em cartaz, aconteceu uma série de seminários, aberto ao público, com a presença de alguns artistas da coletiva. "A  Invenção do Mundo" continuará até o dia 13 de dezembro.
Quem for a São Paulo não pode deixar de conferir. O Itaú Cultural funciona de terça a sexta, das 10 às 21h e sábados, domingos e feriados, das 10 às 19h.


Texto: Suyene Correia
Fotos de 1 a 3: Suyene Correia

Foto 4: Christina Rufatto

Legenda da Foto 1: Plano geral de um dos salões do subsolo

Legenda da Foto 2: Souvenirs de Guerre et de Solitude do fotojornalista belga, Christian Carez

Legenda da Foto 3: William Wegman utiliza seu weimaraner, Man Ray, como modelo de seus trabalhos

Legenda da Foto 4: Joel-Peter Witkin em workshop no Itaú Cultural

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"OS GÊNIOS" GEMEOS NA FAAP




Mais conhecido como OSGEMEOS, Otávio e Gustavo Pandolfo, bem que poderiam receber a alcunha também de OSGÊNIOS. Sua exposição "Vertigem", montada no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), na capital paulista, é de impressionante magnetismo. Até o dia 13 de dezembro, este universo onírico infinito pode ser conferido de perto. Mas antes é bom preparar o espírito.

A sensação que se tem, ao entrar no museu de forma circular, é que não teremos fôlego para registrar tanta informação. A cada passo que se dá, personagens fantásticos, de uma dimensão inimaginável, aparecem pintados em caixas de madeira, portas, janelas, todo tipo de suporte. Ao mesmo tempo que são puro sonho, são também realidade.

Realidade dali, do beco da esquina, da zona periférica urbana, do interior nordestino com suas cores mais berrantes. A afinidade que  OSGÊMEOS têm com esse universo, aparentemente tão distante deles, é contagiante. Há uma pesquisa ali, um alicerce teórico ou talvez, não. Mas sem dúvida nenhuma, a intuição, o feeling dos dois é que predomina.


Quando folheia-se o catálogo da exposição - que traz muito mais trabalhos que os presentes na exposição "Vertigem"- dá para perceber até onde consegue ir a imaginação da dupla. Ou seria impossível delimitar isso?
Ali, abre-se um mundo fantástico e lindamente inspirado que brota das mentes da dupla, que conseguiu transpor as barreiras das instituições artísticas fechadas (como museus e galerias seletas) e mostrar sua arte de rua (Grafite) num novo contexto.

Há uma mescla de ingenuidade, humor, tristeza e esperança nos olhares de seus personagens "cabeçudos" (que lembram de uma certa forma, alguns "cabeça-chatas" de Eurico Luiz) e é dessa mistura de sentimentos num só olhar que está a genialidade dos Pandolfo.

Se eu já não tinha dúvidas sobre a competência de ambos, só acompanhando as matérias da mídia, depois de ver tudo aquilo de perto, é incontestável minha admiração. Tanto assim, que um dia depois de visitar a exposição na FAAP, tive a oportunidade de conhecê-los pessoalmente num evento organizado pela revista DASARTES, na Pinacoteca, que reuniu alguns nomes da arte de grafitar

Pena que não deu tempo para vê-los falar (tinha que marcar presença no encerramento da Mostra de Cinema), mas valeu o registro da foto dos dois, na mesa redonda. Sucesso, garotos!! Vocês já foram longe demais...mas, e há limites para cabeças geniais ?

Texto: Suyene Correia

Legenda das Foto 1 e 2: Universo onírico d'  OSGÊMEOS

Legenda da Foto 3: A dupla em evento promovido pela revista DASARTES, na Pinacoteca, na quinta-feira passada (crédito: Suyene Correia)

Esmir e Ismael: Os Novos Irmãos Coen ?




Não, eles não são irmãos de verdade e nem fazem filmes ao estilo dos Coen. São amigos recentes e após assinarem juntos o roteiro de "Os Famosos e os Duendes da Morte"- filme vencedor do Troféu Redentor, no último Fest Rio- já estão trabalhando num novo projeto.
Pela interação dos dois ao conversarem comigo e pela simbiose entre ambos foi que os chamei de "Irmãos Coen". O diretor paulistano Esmir Filho, 27 anos e o escritor gaúcho Ismael Caneppele, 30, parecem ter um belo futuro pela frente. Pela energia que ambos demonstram ter quando envolvidos num trabalho e pelo resultado desse primeiro longa do Esmir -que será lançado nacionalmente em março de 2010, pela Warner- já dá para imaginar o que não vem por aí.

Mas enquanto isso, os dois mergulham de cabeça no lançamento de "Os Famosos e os Duendes da Morte" em festivais de cinema pelo país. Foi assim no Rio, depois em BH e, recentemente, na 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Lá, além do filme ter sido exibido algumas vezes, com grande procura de público, houve lançamento do livro homônimo de Caneppele (em versão "pirata") após as sessões. Saindo pela Editora Fina Flor, comandada pelas irmãs Cristiane Lisbôa e Nanda Tavares, o livro possui formato artesanal e é personalizado (em cada um, o escritor deixa uma mensagem diferente manuscrita para o leitor). Até agora, mais de 300 títulos foram comercializados a R$ 30.

Segundo Ismael, autor de "Música Para Quando as Luzes se Apagam", para chegar ao formato final, o livro foi modificado 17 vezes. Um desses esboços foi mostrado ao diretor Esmir Filho, que aprovou e decidiu filmar. Meio autobiográfico, o livro segue os escritos virtuais de um adolescente do interior do Rio Grande do Sul (Ismael é natural de Lajeado) que se comunica com o mundo através da internet.

Cheio de sonhos e perspectivas, ele se vê sufocado pelo isolamento em que vive, tendo como meio de fuga a relação que mantém com outros internautas através de um blog. Fã de Bob Dylan e com dificuldades de diálogo com a mãe,  o garoto de 16 anos, que usa o nickname de Mr. Tambourine Man (interpretado pelo estreante Henrique Larré) vê sua vida alterada com o retorno de um antigo morador da cidade, vivido pelo próprio Caneppele e com a morte da garota com quem mantinha contato virtual.

Para Ismael, é pelo novo olhar sobre o Brasil que o filme propõe, que deve ter conquistado o Júri do Fest Rio 2009. "O livro é uma viagem dentro da cabeça do protagonista e isso se constata na tela também. É um filme sensível, delicado e que mostra um Brasil pouco explorado pelo cinema nacional".

"É uma história do toque, do afeto e a 'viagem' do filme é não ter respostas; ser posível fazer muitas leituras do que se está contando", disse Esmir Filho, que parece saber como ninguém trabalhar com adolescentes. Basta ver seus curtas anteriores, "Alguma Coisa Assim" e "Saliva" para constatar isso. "Eu tenho uma ligação forte com a geração de agora, daí porque essa facilidade de lidar com os adolescentes".

Para Henrique Larré, que foi descoberto pelo diretor através do seu Fotolog, a experiência foi muito gratificante, já que a arte de interpretar, sempre fez parte de seus planos. "Quando li o recado do Esmir no Fotolog, não acreditei de imediato. Pensei ser brincadeira. Mas quando descobri que não era, fiquei muito feliz e a experiência de fazer esse filme foi maravilhosa".
Tanto assim, que o "guri" já se mudou para a capital gaúcha e mora perto do colega Samuel Reginatto, que interpreta seu amigo Diego, no longa. "Mudei-me para a capital para prestar vestibular, mas ainda não sei que curso irei seguir. Independente disso, pretendo me aperfeiçoar como ator", contou Larré.

Já Samuel Reginatto possuía experiência em TV e cineama e  foi chamado por Esmir, que já tinha conferido o seu trabalho como ator. "Eu também nasci numa cidade pequena, no caso Taquara, e entendo o drama vivido pelo personagem do Henrique", disse o jovem ator de 17 anos, que está completando o ensino médio.

Além  da direção segura, "Os Famosos e os Duendes da Morte" também tem mérito pela trilha sonora  assinada por Nelo Johan (vão atrás das músicas desse cara) e fotografia de Mauro Pinheiro Jr.). Uma viagem sem fronteiras num mundo real e virtual ao mesmo tempo que tomara, aporte por aqui.

Texto e fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Esmir Filho e Ismael Caneppele em frente ao cartaz do filme que assinam o roteiro

Legenda da Foto 2: Caneppele em sessão de autógrafos do seu livro "Os Famosos e os Duendes da Morte"

Legenda da Foto 3: Henrique Larré e Samuel Reginatto tornaram-se amigos após as filmagens


 

sábado, 7 de novembro de 2009

Lágrimas e Chuva no Encerramento da 33a Mostra Internacional de Cinema de SP

Ainda estou cansada da maratona que foi cobrir os últimos sete dias da 33a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, organizada pelo Leon Cakoff e  Renata de Almeida. Mas valeu a pena!!!
Sempre vale a pena conferir de perto um evento dessa magnitude e ter a oportunidade de  trocar ideias com jornalistas gabaritados como Luiz Carlos Merten, Maria do Rosário Caetano, Neuza Barbosa, Sérgio Alpendre, Elaine Guerini, entre outros.

Sem contar, a chance de ver na telona filmes que dificilmente chegarão por aqui. Para se ter uma ideia, o vencedor do ano passado (que foi o meu favorito), "O Estranho em Mim" de Emily Atef até hoje não foi lançado no Brasil.

Na última quinta-feira, na Cinemateca (quem diria que aquele prédio pomposo, no passado foi um matadouro...) aconteceu a cerimônia de encerramento do evento, tendo como mestres de cerimônia, Serginho Groisman e Marina Person. O público que compareceu à festa, só pode , no entanto, saber os nomes dos vencedores, quase 60 minutos depois do horário previsto.

Atraso que custou caro aos realizadores, por conta da garoa que insistiu em cair durante alguns minutos sobre as cabeças dos convidados (o evento foi ao ar livre, ainda que a produção tenha se precavido com capas de chuva, distribuídas rapidamente aos presentes).

Em meio às gotas d'água caídas do céu, juntaram-se as lágrimas de alguns vencedores bastante emocionados, como foi o caso do diretor Andreas Arnstedt, que vibrou muito com os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Ator para seu filme "Os Dispensáveis". Também bastante feliz, estava o sul-coreano Cho Kyeong-Duk que ficou com o prêmio de Melhor Filme do Júri, pelo polêmico "Voluntária Sexual". Infelizmente, não assisti a nenhum desses. Vou ficar aguardando para ver se no Cine Cult, terei a oportunidade de ver.

Depois da cerimônia, foi exibido o filme "Lebanon" de Samuel Maoz. Confesso que estava louca para assisti-lo, mas devido ao cansaço e ao fato de no dia seguinte eu embarcar para Aracaju, desisti. Conversando com a jornalista Neuza Barbosa (cineweb) um dia antes, ela me falou que o filme- que venceu o Leão de Veneza- recentemente, é excelente. Para mim, que adorou "Valsa Com Bashir", acho que vai ser um prato cheio. Mas agora, só me resta esperar assistir em DVD ou no cinemão, quem sabe.

O filme por questões alfandegárias demorou a chegar na Mostra e só, agora, na repescagem poderá ser conferido pelos cinéfilos. Confira abaixo a relação dos vencedores:

PRÊMIOS DO JÚRI - FICÇÃO

Melhor Filme: VOLUNTÁRIA SEXUAL (Coréia do Sul), de Cho Kyeong-Duk
Melhor Diretor: Andreas Arnstedt, por OS DISPENSÁVEIS (Alemanha)
Melhor Ator: Andrè Hennicke, de OS DISPENSÁVEIS (Alemanha)


PRÊMIOS DO JÚRI - DOCUMENTÁRIO

Melhor Filme: O INFERNO DE CLOUZOT (França), de Serge Bromberg e Ruxandra Medrea
Menção Honrosa: O ABRAÇO CORPORATIVO (Brasil), de Ricardo Kauffman


PRÊMIOS DA CRÍTICA

Melhor Longa-Metragem Estrangeiro: NINGUÉM SABE DOS GATOS PERSAS (Irã), de Bahman Ghobadi
Melhor Longa-Metragem Brasileiro: O SOL DO MEIO-DIA, de Eliane Caffé


PRÊMIOS DO PÚBLICO

Melhor Longa-Metragem Brasileiro: CARMO, de Murilo Pasta
Melhor Longa-Metragem Estrangeiro: ABRAÇOS PARTIDOS (Espanha), de Pedro Almodóvar e O ÚLTIMO DANÇARINO DE MAO (Austrália), de Bruce Beresford
Melhor Documentário em Longa-Metragem Brasileiro: DZI CROQUETTES, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Melhor Documentário em Longa-Metragem Estrangeiro: TOM ZÉ – ASTRONAUTA LIBERADO (Espanha), de Ígor Iglesias Gonzáles
Prêmio da Juventude: SAÍDA A NADO (Suécia), de Måns Herngren


PRÊMIOS ITAMARATY

Melhor Longa-Metragem de Ficção: ANTES QUE O MUNDO ACABE, de Ana Luiza Azevedo
(também recebeu os Prêmios Quanta e Teleimage)

Melhor Documentário em Longa-Metragem: DZI CROQUETTES, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
(também recebeu os Prêmios Quanta e Teleimage)

Melhor Curta-Metragem: INSONE, de Marília Scharlach e Marina Magalhães
(também recebeu o Prêmio Teleimage)

Prêmio Especial - Homenagem pelo Conjunto da Obra: Paulo César Saraceni


PRÊMIO AQUISIÇÃO CANAL BRASIL

Melhor Curta-Metragem: O PRÍNCIPE ENCANTADO, de Sérgio Machado e Fátima Toledo

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Encerramento da 33a Mostra de Cinema de SP



Fiquei dois dias sem postar, mas cá estou de volta. Hoje, à noite, na Cinemateca acontece a cerimônia de encerramento da 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Lá, saberemos qual filme foi escolhido como melhor pelo Júri Oficial, além do prêmio da crítica. Diga-se de passagem, que somos nós, jornalistas convidados pela organização do evento, que votamos nos melhores (internacional e nacional).
Num café da manhã promovido pela Mostra, hoje, pela manhã, no Hotel Renaissance escolhemos nossos preferidos. Quem não pôde comparecer, enviou por e-mail suas indicações e vamos ver se o voto da maioria, confere com o meu.
Logo em seguida, fui assistir ao filme brasileiro (único do país que vi) "Os Famosos e os Duendes da Morte" do Esmir Filho, vencedor no último Fest Rio. Como tive uma conversa com o diretor, o roteirista, Ismael Caneppele e os atores Henrique Larré e Samuel Reginatto, dedicarei uma postagem especial ao filme no final da Mostra.

Nos últimos dias do evento, no entanto, fui tendo melhor sorte nas escolhas das películas. Na terça-feira, assisti ao iraniano " O Homem Que Comia Cerejas"- que não gostei tanto assim-  e ao italiano "A Pequenina". Esse sim, valeu a pena. Um pequeno filme, sem muitas pretensões, mas de uma sensibilidade...Não se vê aqui conflitos e nem é preciso. O filme se sustenta pela espotaneidade da atriz mirim- será que algum dos atores era parente dela?- e pelo carisma dos personagens.

Ontem, porém, os dois tiros foram certeiros. Primeiro vi o ótimo "Cúmplices" de Frederic Mermoud- que concorre ao Troféu Bandeira Paulista da Mostra-  uma co-produção França/Suíça. Um policial bem redondinho, com atores bem dirigidos e aquela vontade de estar na trama, ao lado deles. Destaque para o ator Gilbert Melki que vive o policial Heré Cagan (ele tem o mesmo jeitão de Al Pacino) e os jovens Cyril Descours (Vincent) e Nina Meurisse (Rebecca).

O segundo acerto no alvo foi "Shirin" de Abbas Kiarostami. Filme procuradíssimo nas filas das bilheterias "Shirin" é um exercéicio cinematográfico diferente. É muito mais um filme proposta que qualquer outra coisa. Mas que dá certo, na medida do possível. Apesar de uma certa evasão (contei cerca de 16 pessoas que deixaram a sal de projeção aolongo de seus 90 minutos), o novo filme de Kiarostami é interessante, à medida que o que se passa à nossa frente, nada mais e do que as reações de algumas dezenas de espectadoras numa sala de cinema, que veem ao clássico "Shirin".

Apenas entendemos a trama através das legendas e do som, além, é claro , das reações diversas que essas mulheres expõem a nós espectadores do lado de cá da tela. Até Juliette Binoche esta lá se emocionando com a clássica história iraniana escrita no século XII e o próprio Abbas também faz parte da platéia.
Mas o erro de Kiarostami e se alongar na história e de em ceros momentos, as reações da platéia tornar-se repetitiva. No entanto, vale como diferencial.

Texto: Suyene Correia

Legenda da Foto: Uma das espectadoras de "Shirin" de Abbas Kiarostami

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"A Fita Branca" Para Todos os Santos


Tenho muito o que contar sobre os filmes que assisti nesta 33a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mas para não me deter em filigranas ou mesmo falar de quem não merece (no caso, certos filmes), já que não tenho tempo a perder, irei aos fatos.

Já são quatro dias de evento e 12 filmes vistos. Já falei de alguns, mas os melhores até agora conferi  nos últimos dois dias. Destaque para "A Fita Branca"- grande sensação da Mostra, com sessões lotadas- e com direito a debate com o diretor de fotografia, Christian Berger. Filmado em preto e branco, o filme foi vencedor da Palma de Ouro deste ano e tem motivos de sobra.

Num vilarejo protestante no norte da Alemanha em 1913, às vésperas da I Guerra Mundial , uma série de acontecimentos bizarros começam a acontecer sem motivo aparente, envolvendo crianças num aparente ritual punitivo. O médico do vilarejo, a parteira, opastor e os camponeses são atingidos, cada qual de uma maneira diferente, instalando-se um clima de apreensão constante. O único que sai ileso da história é o professor da escola que, aos poucos, tenta desvendar o mistério.

Quem já viu outros filmes de Haneke, como "Funny Games", "A Professora de Piano", "Caché", entre outros, sabe como o diretor é hábil no que diz respeito a prender a atenção do espectador até o final da história com um clímax prá lá de eficiente. Mas parece que dessa vez, ele se superou. Pena que por conta de uma enxaqueca alimentar, não pude esperar pelo debate. Porém, não precisa conversar muito com Berger para saber que um dos seus ídolos é Sven Nykvist, diretor de fotografia de Ingmar Bergman. Estaria eu enganada?

Ontem, assisti ainda a  "Uma Vida Real"- último filho de Guillaume Depardieu, morto no ano passado por conta de uma pneumonia- e "O Menino Peixe", filme da badalada Lucía Puenzo, diretora de "XXY". Mas sinceramente, ambos bem comuns, sem muita coisa a dizer.

Hoje, meu dia foi premiado com os ótimos "Independência", um filme filipino que é um verdadeiro "achado"; "Samson e Delilah", filme australiano que ganhou o Prêmio Caméra d'Or deste ano, "Lágrimas de Abril", filme finlandês muito bem dirigido por Aku Louhimies e "Veneza Americana",um documentário de 1925, que mostra as obras de infraestrutura da cidade de Recife.
Apesar de mudo e com poucos recursos, este último vale pelo histórico, sendo um dos primeiros filmes da pioneira Pernambuco Film, produtora responsável pelo Ciclo do Recife.

Vou me deter um pouquinho no "Independência" porque esse se chegar a Aracaju, será uma verdaeira "independência" do nosso circuito cinematográfico. O filme esteticamente é um primor, porque apesar de estarmos em pleno século XXI, o diretor Raya Martin, vai buscar referências do início dessa arte, com uso de fundos pintados e uma narrativa prá lá de mítica.

Praticamente, o cenário se resume a uma floresta, onde uma mãe e o filho se refugiam, após a chegada dos americanos nas Ilhas Filipinas. Daí, o que vemos é o tempo passar e juntamente com ele, surgir uma série de acontecimentos em meio aquela selva toda, filmada belamente em preto e branco. Em meio às agruras do tempo -haja tempestades- uma nova família parece superar as dificuldades que a natureza impõe. O único inimigo, como sempre, é o próprio homem. Para detê-lo, só se libertando.

Logo mais, sigo com a maratona de exibições. Vamos ver as pérolas que ainda poderei assistir. Até mais...

Legenda da Foto 1: O diretor Warwick Thorton e os atores Marissa Gibson e Rowan McNamara no inesquecível "Samson e Delilah"

Texto: Suyene Correia

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Matisse, "Luas-de-Mel" e Avenida Q...



No sábado, meu segundo dia na 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, assisti apenas dois filmes: "Luas-de-Mel" de Goran Paskaljevic e "A Sereia e o Mergulhador" de Mercedes Moncada Rodríguez. Isso porque decidi ver a exposição "Matisse Hoje" na Pinacoteca e o espetáculo "Avenida Q", no teatro Procópio Ferreira. Ambos, imperdíveis!!! Mas não vou traçar detalhes sobres estes dois, por agora. Vou me deter nos filmes sérvio e na co-produção México/Espanha que assisti durante a tarde.

Eu, particularmentre, gostei muito do primeiro, "Luas-de-Mel". No filme de Paskaljevic, vemos como o preconceito para com determinadas etnias (albaneses e sérvios, no filme em questão) ainda é gritante nos países da União Européia. E essa problemática é exposta através dos dramas de dois jovens casais que parte de seus países buscando uma vida melhor.
Melinda e Nik partem da Albânia num barco com destino à Itália. Já Vera e Marko deixam a Sérvia e embarcam de trem rumo à Áustria, em uma viagem que cruza a Hungria. Eles enfrentarão a discriminação de países da chamada "Terra Prometida", a Europa, mas antes terão que enfrentar o preconceito étnico dentro da própria família e comunidade onde vivem.

Já em "A Sereia e o Mergulhador", confesso que quase saio no início da projeção, ao me deparar com a cena de pesca e posterior comercialização das tartarugas na costa da Nicarágua. Os pescadores têm seu jeito meio "sádico" de matar estes animais, mas o filme não se reduz a isso. Graças a Deus.
Mostra de forma crua e realista- numa espécie de docdrama- a vida dos Miskitos, povo indígena que vive no litoral da Nicarágua. Partindo de uma lenda que diz que uma pessoa que morre no mar foi tocada por uma sereia e sua alma toma a forma de uma tartaruga, acompanhamos a estória de Sinbad, um menino que quando crescer vai virar pescador de lagostas.

E esse é o pano de fundo da cineasta Mercedes Rodríguez, que participou da 27a Mostra, com o filme "La Pasión de María Elena" para desvendar ao espectador as condições de vida das pessoas que tiram seus sustento do mar nessa região do Caribe. Qualquer semelhança com os pescadores das regiões mais pobres do Nordeste, não é mera coincidência.

Texto: Suyene Correia


Legenda da Foto 1: Vera e Marko durante a cerimônia de casamento da prima da moça

Legenda da Foto 2: Diretor de "Luas-de- Mel" faz parte do Júri Oficial da Mostra deste ano

Coletiva com o Júri Oficial da Mostra




Na manhã do último sábado, aconteceu no Arteplex 4, no Shopping Frei Caneca, a coletiva com o júri oficial da 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Os jurados foram apresentados pelos organizadores do evento Leon Cakoff e Renata de Almeida e cada um falou de suas expectativas quanto aos filmes listados para concorrer ao Troféu Bandeira Paulista 2009.

O diretor turco Ali Özgentürk chamou a atenção para a peculiaridade da escolha de melhor filme na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo que depende do voto popular. "Já participei de vários festivais mundo afora, mas a Mostra de São Paulo traz essa característica especial que é o júri escolher o melhor filme dentre os mais bem votados pelo público".

Suzana Amaral, diretora de "A Hora da Estrela" (1985) e "Uma Vida em Segredo" (2000) também compõe o júri e disse que essa experiência de intercambiar ideias com diretores de nacionalidades e universos tão distintos, com certeza irá enriquecer sua carreira profissional. Seu filme "Hotel Atlântico" com Júlio Andrade, Mariana Ximenes, João Miguel e Gero Camilo faz parte da programação do evento.

Completam o júri o crítico francês Jean-Michel Frodon, o cineasta chileno Marco Bechis e o sérvio Goran Paskaljevic, que participa da Mostra com o filme "Luas- de -Mel".

O quinteto terá a difícil missão de escolher entre os filmes, a seguir, o melhor da Mostra 2009. São eles:
"A Família Wolberg" de Axelle Ropert, "Bollywood Dream- O Sonho Bollywoodiano" de Beatriz Seigner, "Cúmplices" de Frédéric Mermoud, "Dor-Fantasma" de Mathias Emcke, "Mau Dia Para Pescar" de Álvaro Brachner, "Metropia" de Tarik Saleh, "O Aniversário" de Marco Filiberti, "Os Dispensáveis" de Andreas Arnstedt, "Querido Lemon Lima" de Suzi Yoonessi, "Um Homem Qualquer" de Caio Vecchio, "Voluntária Sexual" de Kyong-Duk Cho e "Zero" de Pawel Borowski.

Na categoria documentário concorrem "Almas Alemãos- A Vida na Colônia Dignidad" de Martin Farkas e Matthias Zuber, Kimjongilia" de N. C. Heikin, "O Abraço Corporativo" de Ricardo Kauffman, "O Inferno de Clouzot" de Serge Bromberg e Ruxandra Medrea e "Tom Zé- Astronauta Libertado" de Ígo Iglesias González.

Texto e Foto: Suyene Correia

Legenda da Foto : Júri Oficial da 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Desfalques na 33a Mostra Internacional de Cinema de SP

Infelizmente, dois grandes nomes do cinema mundial que estavam confirmados para marcar presença na 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo não puderam vir.
O primeiro desfalque foi o diretor israelense Amos Gitai, que problemas de saúde, cancelou sua vinda a São Paulo. No entanto, seus filmes "A Guerra dos Filhos da Luz Conrtra os Filhos das Trevas" e "Carmel"  já foram exibidos em algumas sessões com público expressivo.
O outro desfalque e homenageada do evento foi a atriz francesa Fanny Ardant. Grande trunfo deste ano para a Mostra, ela não pode vir por conta de agenda de trabalho. Porém, os ingressos para assistir ao seu filme de estreia como diretora- "Cinzas e Sangue"- estão bastante concorridos entre cinéfilos e críticos. O filme é um ensaio contundente sobre as forças das raízes em tempos de imigração.
A atriz pode ser vista também em atuações memoráveis como nos filmes "De Repente, Num Domingo" e "A Mulher do Lado" de François Truffaut, "O Jantar" de Ettore Scola, "8 Mulheres" de François Ozon e "Crimes de Autor" de Claude Lelouch todos programados para serem exibidos durante o evento que se encerra na próxima quinta-feira.

Texto: Suyene Correia

domingo, 1 de novembro de 2009

48 h Fora do Ar...





Uma e meia da matina em São Paulo, meia-noite e meia em Aracaju. Acreditem, mas desde que cheguei na metrópole, depois de dar a volta ao mundo em "nove horas" (embarquei quatro e trinta d madruga em Aracaju da sexta-feira e só cheguei ao hotel à uma da tarde), só agora consegui sentar ao computador e postar alguma coisa no blog.

Quem já veio para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo sabe como é a correria. Dezenas de filmes bons passando no mesmo horário e a gente tendo que escolher "na marra" os sacrificados do dia.
Posso dizer, no entato, que mesmo para quem não teve tempo de escolher os títulos e foi mais na intuição, dei muita sorte.

O primeiro da tarde da sexta foi "Querido Lemon, Lima" de Suzi Yoonessi. A produção americana, que por sinal, consta na lista dos concorrentes ao Troféu Bandeira Paulista, conta a história de uma adolescente, Vanessa Lemor, que se vê excluída não só na escola ( ela é descendente de indígenas do Alasca), como também abandonada pelo seu verdadeiro amor. De uma forma nonsense e bem humorda o espectador acompanha os percalços na vida da garota de 14 anos, bem como seu modo inusitado de "levantar, sacudir e a poeira e dar a volta por cima".

A diretora Yoonessi, bastante jovem e simpática, fez-se presente a exibição. Ganhei até um cartão de divulgação do filme autografado por ela. Para uma sessão sem muitas pretensões, o filme é um achado.
Melhor ainda  foi "A Pé" de Fereydoun Hasanpour.

Quem ler a sinopse do filme iraniano pode achar uma bobagem. Realmente, a descrição não chega perto da verdadeira dimensão dessa película de história simples, mas tocante. Durante 87 minutos, assistimos à frustação de Jafar por não ter encontrado ainda seu grande amor. Ele é um camponês com 35 anos, de pouquíssimo estudo, mas com um coração de criança. O problema é que a figura autoritária do pai, atrapalha as suas possibilidades de constituir uma família. No entanto, muito mais perto do que ele poderia imaginar, estava a mulher dos seus sonhos. Com um naturalismo impressionante, "A Pé" cativa aqueles que buscam no cinema a chance de conhecer novas culturas e seu cotidiano, assim como os considerados "últimos românticos".

Porém, como o melhor fica sempre pra o final, fechei com chave de ouro meu primeiro dia a Mostra com o filme iraniano "Ninguém Sabe dos Gatos Persas" de Bahman Ghobadi. Só para refrescar a memória dos cinéfilos, o cineasta dirigiu as pérolas "Tempos de Embebedar Cavalos" (2000) e "Tartarugas Podem Voar" (2004).

Neste seu mais recente filme, ele denuncia a censura iraniana para com o cenário musical. Dois jovens que acabaram de sair da prisão decidem formar uma banda e cair fora do país. Andando no meio underground de Teerã, com a ajuda de um amigo, eles irão atrás não só dos instrumentistas, como também dos passaportes que possibilitem a sua "liberdade". Mas sem dinheiro e sem documentos para a viagem, qual será o fim dessa moçada?

Com um realismo já habitual do diretor, ficamos a par da produção musical iraniana, que muito se assemelha ao que se vem produzindo nas "garagens" brasileiras. Será que já tem a trilha rolando por aí ?
Gravem agora...

Legenda da Foto 1: Savanah Wiltfong encarna a personagem Vanessa Lemor, que chora as mágoas para o "Querido Lemon Lima" (seu diário)

Legenda da Foto 2: Atores de "Ninguém Sabe dos Gatos Persas", mais um ótimo filme iraniano

Texto: Suyene Correia

Fotos: Divulgação