segunda-feira, 30 de março de 2015

"Ausência" é premiado no Festival de Cinema Latino de Toulouse

“Ausência”, o segundo filme de ficção de Chico Teixeira (o primeiro foi “Casa de Alice”), ganhou o prêmio principal do 27º Festival de Cinema Latino de Toulouse, competindo com mais 11 longa-metragens de sete países.

O filme narra a história de Serginho, um jovem em busca de afeto, que aos 15 anos, procura um lugar para si num mundo que lhe obrigou a crescer antes do tempo. As circunstâncias tornaram-no o homem da casa, responsável pela mãe (Gilda Nomacce) e pelo irmão pequeno.

Num momento de transição, ele sente falta de um amor de verdade, de perspectiva profissional, de carinho. Ele se desdobra para suprir tantas ausências e quase sempre consegue. Até chegar um momento em que tudo transborda. Serginho quer mais dos seus amigos, dos pais, do chefe, do professor Ney (Irandhir Santos), e do seu futuro.

O longa-metragem é uma coprodução Brasil/Chile/França. Esta é a segunda parceria entre a BossaNovaFilms e a Chilena Wood Producciones. Anteriormente, produziram juntos “Violeta foi para o Céu”, melhor filme em Sundance 2012, estrelado por Francisca Gavilán, que em “Ausência” interpreta Ivone, a mulher do mágico.

No Festival do Rio 2014, o filme recebeu o Prêmio Especial do Júri e o Troféu Redentor de Melhor Ator (Matheus Fagundes). Foi a produção mais premiada no FestAruanda 2014, depois de passar pela 38ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Em fevereiro, diretor e elenco acompanharam as exibições do filme na mostra Panorama da última Berlinale.


A estreia de “Ausência”, em circuito comercial, acontecerá em agosto desse ano.

domingo, 22 de março de 2015

"Branco Sai, Preto Fica" continua em exibição no Cine Vitória


Branco Sai, Preto Fica_filme_http://bangalocult.blogspot.com
Marquim mostra um pouco da sua vida em "Branco Sai, Preto Fica"

Durante a exibição de "Branco Sai, Preto Fica", lembrei-me do filme "Distrito 9" de Neill Blomkamp. Neste, o apartheid sofrido pelos alienígenas que chegaram à terra em 1982 e não conseguem mais voltar ao seu planeta natal, sendo transferidos do Distrito 9 para um campo de refugiados fora da cidade, faz referência a um acontecimento ocorrido no chamado Distrito 6, na Cidade do Cabo, durante o período de extrema segregação racial. 

Já no filme de Ardiley Queirós, que apesar de flertar com a ficção científica- não conta com extraterrestres- os excluídos e vítimas da violência policial são os moradores de Ceilândia (cidade satélite de Brasília) representados por Marquim do Tropa e Shokito. Ambos dançarinos dos bailes blacks promovidos pelo Quarentão, na década de 1980, eles tiveram suas vidas, drasticamente, modificadas, após uma batida policial no local de lazer: Marquim levou um tiro que o deixou paraplégico, enquanto Shokito perdeu a perna esquerda, depois de ser pisotedo pela polícia montada.

Quase 30 anos depois, acompanhamos o cotidiano do DJ Marquim e do especialista em próteses, Shockito, ao mesmo tempo em que entra em cena um terceiro personagem, Dimas Cravalanças (Dilmar Durães), uma espécie de policial do futuro, que chega à cidade com o intuito de descobrir os culpados pelo ato contra os dois rapazes.

Enquanto Cravalanças segue com suas investigações, dentro de um "container teletransportador", Marquim e Shockito unem forças com o DJ Jamaica, a fim de lançar uma "bomba musical" (regada a música brega, rap, funk e aos ruídos que povoam as ruas da cidade periférica) no Congresso Nacional. Nesse ínterim, o policial futurista é avisado pela sua chefe (Gleide Firmino), que o teletransportador encontra-se com problemas e que ele tem uma nova missão: a de evitar o lançamento da bomba. 

 É nesse ponto do filme que o diretor e roteirista Queirós ousa mais uma vez, ao optar pelo humor crítico, para tratar de temas como a repressão do Estado e racismo, e pelo hibridismo do doc-ficção. Uma das cenas mais hilárias é a do "mercado negro" de passaportes, que dão o direito dos moradores de Ceilândia circularem por Brasília. O espectador também rende-se, facilmente, ao riso, todas as vezes que Cravalanças é sacudido dentro do "conteiner teletransportador".

Aliás, a estética do filme impressona, já que mesmo com um orçamento reduzido (R$ 230 mil reais), o diretor conseguiu  criar uma ambientação futurista a partir de locações sucateadas (a própria casa de Marquim, com aqueles elevadores e labirintos, é um achado). Outra tomada interessantíssima é a da parte inferior de um vagão de trem, em movimento, que nos faz lembrar cenas de acomplamento de ônibus  espaciais com seus módulos. 

Grande vencedor do 47o Festival de Brasília (foram 11 prêmios) e eleito o melhor filme pela Crítica no 55o Festival de Cartagena, "Branco Sai, Preto Fica" é, no mínimo, um filme curioso, que merece ser descoberto. Ainda que o roteiro, por vezes, cheio de boas intenções, pareça um tanto inconsistente.


Serviço

"Branco Sai, Preto Fica" (2015)
Diretor: Ardiley Queirós
Com: Markim do Tropa, Shockito, Dilmar Durães, Gleide Firmino
Em Cartaz: Cine Vitória (terça, às 17h e quarta, às 14h)

sexta-feira, 20 de março de 2015

Catadoras de Mangaba lançam Segundo Disco


Capa do CD Quero Ver Rodar_http://bangalocult.blogspot.com
Capa do 2o disco das Catadoras de Mangaba


Na próxima quinta-feira, dia 26 de março, às15h, na Praça Fausto Cardoso, as Catadoras de Mangaba do projeto “Gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe” estarão lançando o 2º CD, intitulado “Quero Ver Rodar com as Griôs da Restinga Sergipana”. Na ocasião, realizarão um show dentro da programação do Ato Público Em Defesa da Criação da Reserva Extrativista, que começa pela manhã, às 8h, no mesmo local.

Contando com o patrocínio da Petrobras, o segundo álbum chega com a proposta de mergulhar no universo da infância das Mulheres Mangabeiras trazendo as canções e cantigas cantadas nas brincadeiras de roda das comunidades extrativistas. Com 14 faixas, o disco trará músicas arranjadas com instrumentos variados indo além dos ritmos regionais conhecidos.

Segundo Mary Barreto, produtora musical do disco, o registro das canções está diretamente ligada à tradição oral. “A ideia da gravação do segundo disco é dar continuidade a um processo de registro da tradição oral no convívio das Catadoras de Mangaba. Foi encontrada uma gama de material musical nas comunidades e surgiu a necessidade de registrá-los, já que as detentoras da cultura popular são as pessoas mais velhas da comunidade”, afirma.

A voz das catadoras - “Esse é o canto da minha juventude, da minha nação, eu me criei ouvindo e brincando com essas músicas”. Filha de família de músicos e Catadora de Mangaba, Dona Evangelista gravou sua participação e contou um pouco da história das músicas “Roseira”, “Cansada” e “Avião”, que estarão no segundo disco.

As músicas, segundo ela, eram cantadas pelos pais e avós  e, assim, a brincadeira corria solta dentro de casa e na rua. “A gente cantava quando era criança, cantava em casa, com os primos, os irmãos e ficava fazendo aquela brincadeira. Nossos pais, tios, avós ensinavam pra gente”.

No primeiro disco “Canto das Mangabeiras”, Dona Evangelista foi a grande revelação. Cantou no Rio de Janeiro e encantou diversas pessoas com a sua voz. Para ela, a expectativa para o segundo disco é grande. “Espero que as pessoas gostem. Eu fico assim parada, observando. Quem são as Catadoras? As mulheres que vivem no mato, se rasgando por entre os galhos e vir aqui para cantar mais uma vez, cantar nossa infância, é muito bom, é gratificante”.

O segundo disco  conta com a participação das Catadoras Alicia, presidente da Associação das Catadoras de Mangaba e Indiaroba (ASCAMAI); Dona Evangelista, do município de Itaporanga; Dona Maria da Barra dos Coqueiros; Dona Marizete de Indiaroba; Maria de Japaratuba e Dona Santinha e Valdice do munícipio de Estância.

Os arranjos ficaram a cargo Dami Doria (violonista), o maestro e pesquisador Pedrinho Mendonça, Guga Montalvão da banda de jazz Café Pequeno,  Rodrigo Besteti do projeto Jazz na Calçada e o gaitista Júlio Rego. Já a gravação e produção do disco é de Dudu Prudente. 


Após o lançamento, o disco será disponibilizado para a população em geral, através do site www.catadorasdemangaba.com.br , além de ser distribuído para as cidades onde o projeto "Catadoras de Mangaba Gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe" é desenvolvido.

domingo, 8 de março de 2015

Exposição e Biografia de Marina Abramović chegam ao Brasil

Capa da biografia de MArina Abramovic_http://bangalocult.blogspot.com
 Biografia de Marina Abramović escrita por Westcott
Performance de Marina Abramovic_foto_cortesia Sean Kelly Gallery
Performance de Abramović  (Cortesia: Sean Kelly Gallery)
Performance de Abramović (Cortesia: Sean Kelly Gallery)


Março é o mês de Marina Abramović no Brasil. O público poderá conferir a primeira retrospectiva da artista no país- “Terra Comunal- Marina Abramović + MAI”-, a partir desta terça-feira, no SESC Pompeia (SP), bem como o lançamento do livro “Quando Marina Abramović Morrer: uma biografia” do jornalista inglês James Westcott.

Publicado pelas Edições SESC, o livro conta com um minucioso trabalho de entrevistas, feitas entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2009, pesquisa em arquivos pessoais (ela nunca joga nada fora) e de instituições e galerias de arte, James Westcott teve acesso a informações privilegiadas para narrar a história dessa artista desde a infância, em Belgrado, ao iniciar seus estudos, até o reconhecimento internacional como uma das maiores artistas da performance no mundo.

Com total liberdade para apresentar a sua visão sobre a vida e o trabalho da performer, ele entrevistou mais de 60 pessoas que conviveram com Marina para remontar os anos de iniciação na ex-Iugoslávia, a relação turbulenta com os pais (especialmente com a mãe), o início da carreira na universidade, onde começou suas primeiras experimentações que levavam seu corpo e sua arte ao limite, muitas vezes arriscando a própria vida, até os dias atuais.

No livro, também é retratado o intenso e longo relacionamento entre Marina e o artista alemão Ulay. Eles passaram anos juntos, inclusive morando numa van, e se despediram com uma última performance, após 12 anos de colaboração na vida e na arte, ao percorrer a Grande Muralha da China a partir de extremidades opostas, até que, 90 dias depois, encontraram-se no meio e se despediram um do outro.

Com toques de bom humor, James examina a obra desafiadora de uma das artistas pioneiras de sua geração, e que continua sendo considerada de vanguarda. Em 2010, a artista apresentou a exposição “A Artista está Presente, no MoMA, Museu de Arte Moderna, em Nova York, em que ficou sentada durante três meses, com uma cadeira vazia à sua frente aguardando o público que iria fitá-la, levando a um recorde de 850 mil visitantes e 1750 pessoas a sentarem-se na frente da artista, incluindo o ator hollywoodiano James Franco.

A capa traz o desconcertante testamento redigido pela artista com uma descrição detalhada de como deverá ser a cerimônia fúnebre em sua homenagem. O documento revela que Marina fará de sua despedida uma performance celebrando a vida e a morte.

A exposição “Terra Comunal- Marina Abramović + MAI” ficará em cartaz até o dia 10 de maio e poderá ser visitada no SESC Pompeia, de  terça a sábado, das 10h às 21h, e domingo, das 10h às 18h.
A artista Marina Abramović terá encontro com o público em oito datas: 11 e 26 de março; 01, 02, 08, 15, 22 e 30 de abril.  Os encontros acontecerão sempre às 20h,  no teatro (capacidade para 774 lugares). A entrega de senhas será realizada no dia do evento, a partir das 10h.

Biografia- Nascida em 1946, no dia da República da ex-Iuguslávia, 29 de novembro, Marina teve uma educação rígida e disciplinadora, que a influenciou também em seu método de performance, ao levar seu próprio corpo a extremos e limites durante suas apresentações.

Aprovada na Academia de Belas-Artes de Belgrado, a artista inicialmente dedicou-se à pintura, e ficou por um período interessada em acidentes de carro. Usou contatos policiais do pai para descobrir detalhes sobre as colisões graves, e ia até os acidentes para tentar captar sua violência. Frustrada com a sua incapacidade de traduzir a complexidade do tema para a pintura, Marina se dedicou a descobrir novas formas de se expor artisticamente.

Uma de suas primeiras propostas de performance, em 1969, foi recusada. “Come Wash With Me” (Venha lavar comigo) pretendia que a galeria se tornasse uma grande lavanderia, com o público entregando suas roupas para Marina lavar, secar e passar a ferro. Quando as roupas estivessem secas, o público poderia ir embora.

Em 1970, outra proposta também foi recusada. Esta poderia ser sua primeira - e última - aparição pública. A ideia seria Marina trocar suas roupas pelas peças que sua mãe comprava: uma saia deselegante que descia até as panturrilhas, pesadas meias sintéticas, sapatos ortopédicos e uma blusa branca de algodão com pontos vermelhos. Seria, para ela, como vestir uma camisa de força. E então, apontaria uma pistola contra a própria cabeça e apertaria o gatilho. “Esta performance teria dois fins possíveis”, conta a artista.


Marina Abramović, autoproclamada avó da performance, passou estes anos todos produzindo traumáticas e elevadas obras de arte, como deitar em uma estrela de cinco pontas em chamas até perder a consciência; permanecer obstinadamente passiva durante seis horas enquanto membros do público faziam o que quisessem com ela; e cortar um pentagrama em seu abdômen antes de chicotear-se e deitar-se nua em uma cruz feita de gelo.

terça-feira, 3 de março de 2015

Hilda Hilst "ocupa" o Itaú Cultural





Ocupação Hilda Hilst_Itaú Cultural_ foto Andre Seiti

Ocupação Hilda Hilst_foto André Seiti
"Ocupação Hilda Hilst" segue até 21 de abril  no Itaú Cultural


“Quero ser lida”, repetia sempre Hilda Hilst (1930-2004). Os curadores da “Ocupação Hilda Hilst” montada no Itaú Cultural, em São Paulo, buscam, assim, desmitificar a premissa que ela é uma escritora cujos textos são difíceis de serem entendidos. A exposição aberta no último sábado, no centro cultural da Paulista, é para ser lida, vista, ouvida e sentida entre a vida e obra desta que também foi dramaturga e prosadora. Com curadoria compartilhada entre os núcleos de Audiovisual e Literatura, Comunicação, Enciclopédia e Educação e Relacionamento, do Itaú Cultural e o Instituto Hilda Hilst, a “Ocupação Hilda Hilst” permanecerá em cartaz até 21 de abril – data de nascimento da autora.

Hilda foi lida em cerca de 40 títulos publicados, nas centenas de artigos impressos em jornais com a sua assinatura, entrevistas, peças de teatro encenadas, poemas musicados. Hilda Hilst foi e é reconhecida como uma das principais escritoras brasileiras contemporâneas. Hoje está na lista dos 10 títulos mais vendidos em ficção na livraria da Vila, em São Paulo.

Com a preocupação de apresentar o rastro da autora na produção de algumas de suas principais obras, a exposição revela o seu processo de criação e seu cotidiano, apresentando originais das obras “Kadosh” (1973), “Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão” (1974), “A Obscena Senhora D.” (1982), “Com Meus Olhos de Cão” (1986). Também está lá “O Caderno Rosa de Lori Lamby” (1990) revisado e comentado pela própria escritora. 

A exposição se completa com trechos de seus diários, descrições de sonhos, desenhos, anotações cotidianas, e depoimentos próprios registrados em vídeo e áudio. Lança, ainda, perguntas selecionadas das obras e anotações da autora. 
Muito do material é exibido pela primeira vez, em uma mostra consistente do seu processo de criação, depois de extensas pesquisas realizadas pela equipe do Itaú Cultural no Centro de Documentação Alexandre Eulálio (CEDAE/Unicamp). Lá está a maior parte do acervo da escritora, vendido por ela, na década de 90, e meticulosamente organizado em grupos e subgrupos que somam 3.257 manuscritos, 1.321 impressos, 246 fotografias e 150 desenhos, todos disponíveis para consulta pública.

A outra fonte de pesquisa foi a Casa do Sol, em Campinas, construída por ela e onde viveu e recebeu amigos e intelectuais por 35 anos até o fim. Ali está sediado o Instituto Hilda Hilst e é onde se encontra parte do acervo relacionado aos seus últimos anos de vida e à sua intimidade – como a biblioteca, fotografias, cartas e diários. 

A equipe do Itaú Cultural recebeu, ainda, a consultoria de Luisa Destri, doutoranda em Literatura Brasileira na USP, organizadora da antologia “Uma Superfície de Gelo Ancorada no Riso” (Globo, 2012), de Hilda Hilst, e coautora de “Por que ler Hilda Hilst” (Globo, 2010). Foi selecionada no Rumos Literatura 2008, com o artigo “A língua pulsante de Lori Lamby”.  

Espaço expositivo- Henrique Iodeta, gerente do Núcleo de Produção do Itaú Cultural assina a cenografia da “Ocupação”. A Casa do Sol inspirou as cores, os materiais e até o som usados naquele espaço. Não há, por exemplo, plásticos, acrílicos ou quaisquer outros sintéticos. Todo o material usado é cru, linho, minerais, assoalho de madeira escura, veludo, couro. A iluminação é rebaixada. As cores são ocre e rosadas, o colorido vem das canetas e papéis de muitos tons que ela usava.

O lugar se personifica, ainda, na reprodução da enorme Figueira- árvore e ícone da casa- nas imagens dos seus quase 100 cachorros e nas anotações sobre os cuidados dispensados a cada um. Também nos versos e depoimentos, alguns inéditos, da própria poeta e na exibição de suas fotos prediletas – não somente dela, da família e dos amigos, como de autores-referência, como Sigmund Freud e Franz Kafka.

Ali estão registros e anotações do primeiro livro, “Presságio”, lançado em 1950, ao último em prosa “Estar Sendo. Ter Sido” de 1997, escritos pela autora. A vida e obra da poeta irradia em painéis e vitrines a partir de uma mandala composta com madeiras de cores diversas e reproduzida no chão. Parte dali o material relacionado com os seus livros “O Caderno Rosa de Lori Lamby”, “Kadosh”, “Obscena Senhora D.” e “Com os Meus Olhos de Cão”, além de ‘Miscelânias’ um espaço para abrigar os processos criativos e fixações da autora.

Ao redor, outros nichos desvendam a sua obra e pensamentos. Um deles se volta para “Júbilo, Memória Noviciado da Paixão”. Em outros, encontram-se os registros dos sonhos, que ela anotava vigorosamente de próprio punho – Hilda não gostava de usar máquina de escrever e passava longe dos computadores. Aplicados sobre madeira, mostram a evolução da caligrafia da escritora como em uma linha do tempo. Exibe, também, os desenhos que fazia e muitas listas – de compras, de nomes, de recados, de livros, de autores –, além de 20 perguntas selecionadas entre as inúmeras que sempre lançou no ar.

Hotsite e publicação- No dia da abertura da mostra foi lançada a publicação do Itaú Cultural sobre a poeta, que aprofunda o material exposto. O jornalista Gutemberg Medeiros comenta a recepção da obra, a mestre em teoria e história literária Luisa Destri fala das relações entre vida e ficção e o doutorando em literatura brasileira Ronnie Cardoso analisa as cores e os sons usados por Hilda para abordar temas centrais em sua produção. Além dos artigos críticos, há o depoimento dos atores Donizeti Mazonas e Suzan Damasceno sobre a experiência de encenar o “Osmo” e a “Senhora D.”

O site da série Ocupação, hospedado em www.itaucultural.org.br publicou no mesmo dia, uma seção dedicada à autora, com parte do material da mostra e conteúdo exclusivo: entrevistas com a artista visual Maria Bonomi e a poeta Maria Luíza Mendes Furia, um bate-papo entre os jornalistas José Castelo e Humberto Werneck e um minidoc sobre a Casa do Sol – sua força como espaço de criação e convívio artístico – com os artistas visuais Olga Bilenky e Jurandy Valença e o produtor cultural Daniel Fuentes, que viveram com a escritora e são responsáveis pelo Instituto Hilda Hilst.

A ocupação “Hilda Hilst” prossegue em cartaz até o dia 21 de abril, no Itaú Cultural (av. Paulista, 149. A visitação pode ser feita de terça a sexta-feira, das 9h às 20h e, aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h. Entrada gratuita.

Inauguração do "Rancho" contará com shows de Sandyalê e Wado

Sandyalê
Show de Sandyalê é calcado no EP "Um no Enxame"
Wado_foto Pedro Ivo Euzébio
Wado apresentará canções do disco "Vazio Tropical"


No próximo sábado, dia 7 de março, a partir das 16h, Aracaju ganhará um novo espaço cultural. Capitaneado pelo cantor Elvis Boamorte e pela bailarina Julia Delmondes, o "Rancho" localizado na Aruana,  chega com a proposta de produzir e acolher tanto produções locais, como de renome nacional. 

Para a inauguração, o público terá a oportunidade de curtir o som da sergipana Sandyalê e do alagoano Wado. Segundo  Delmondes, desde novembro, do ano passado, que os trabalhos de reforma do espaço foram inciados, ao mesmo tempo que foram contatados vários artistas, a fim de programar uma agenda de apresentações semanais.

"Inicialmente, a proposta é que o espaço funcione nos finais de semana com eventos de música. Logo mais, teremos um teatro a céu aberto, onde trabalharemos com dança e teatro, além de realização de oficinas.  A ideia é abrir o "Rancho" a partir das 16h, já que temos uma vista privilegiada e toda a família poderá curtir o ambiente bucólico", explica a bailarina.

Com capacidade para 400 pessoas, o "Rancho" conta com um palco baixo, que proporcionará uma interação maior entre o público e o artista; estacionamento e um cardápio variado de petiscos e lanches que inclui receitas veganas. 

O espaço está localizado à rua C, 2- Aruana e o ingresso para o show de inauguração custa R$ 20. 


segunda-feira, 2 de março de 2015

SESC SE promove curso de Fotografia Documental




A unidade do SESC/centro irá realizar de 09 a 18 de março, no auditório da Unidade Centro, o curso de Fotografia Documental ministrado pelo facilitador Javier Valado. O objetivo é reunir estudantes e profissionais de diversas áreas, especialmente aqueles ligados à comunicação, artes visuais e ciências sociais.

Segundo o gerente de cultura do SESC, Wolney Nascimento, o curso propõe uma reflexão sobre a fotografia enquanto ferramenta de comunicação, construção de subjetividade e de memória coletiva. “Além de outros temas, o curso também irá discutir a metodologia de trabalho e a ética na fotografia documental, bem como analisar a relação da fotografia documental com o fotojornalismo e o cinema”, disse Nascimento.

No conteúdo programático, serão abordados os temas: História da fotografia documental: origem e desenvolvimento, usos sociais, culturais e políticos; Trabalhos de fotógrafos documentaristas brasileiros e de outros países. Estilos, formatos e estéticas; Manipulação e veracidade das imagens, passado e presente: a fotografia documental na era digital; Relação da fotografia documental com o fotojornalismo: inter-relações e limites; Relação da fotografia documental com o cinema (ficção e documentário) e Trabalho de pré-produção, produção e pós-produção de um ensaio fotográfico de caráter documental.

As aulas serão ministradas nos dias 09, 11, 13, 16 e 18/03, das18h30 às 21h30, no auditório do SESC/centro  e, no dia 14 de março, das 13 às 18h (saída fotográfica). O investimento é de R$ 45 (comerciário e dependente), R$ 50 (conveniado) e R$ 55 (usuário) e as inscrições devem ser realizadas na Central de Atendimento do SESC/centro (Rua Senador Rollemberg, 301). Mais informações pelo telefone: 3216-2727.

O certificado será emitido pelo SESC/SE, sendo exigida a frequência mínima de 75% da carga horária total do curso. Também é necessário que o aluno possua câmera fotográfica.

domingo, 1 de março de 2015

"O Mundo Segundo Mafalda" prossegue até 15 de março na Praça das Artes


O Mundo Segundo Mafalda_foto Simone Melo_http://bangalocult.blogspot.com

O Mundo Segundo Mafalda_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com

Mundo Chinês_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com

O Mundo Segundo Mafalda_foto Suyene Correia

O Mundo Segundo Mafalda_foto Sylvia Masini



Quando me programei para passar o carnaval em São Paulo, a exposição "O Mundo Segundo Mafalda", automaticamente, passou a fazer parte do meu roteiro cultural. Inicialmente, prevista para encerrar ontem, a mostra foi prorrogada até o dia 15 de março, devido à grande visitação (até agora, foram mais de 150 mil visitantes pela Praça das Artes, desde a abertura, em dezembro de 2014).

Realizada pela Fundação Theatro Municipal de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura e programa São Paulo Carinhosa, em parceria com a produtora cultural Mundo Giras e com a curadoria do Museo Barrilete da cidade de Cordoba, Argentina, a exposição é dividida em 13 módulos e duas oficinas. 

"O Mundo Segundo Mafalda" é uma viagem pelos cartuns e histórias em quadrinhos que cativam leitores em quase 26 idiomas. Pensada para adultos e crianças, a mostra apresenta também outros elementos que ajudam Mafalda a compreender o mundo cada vez mais confuso para seus pequenos olhos, como sua casa, o carro de seus pais, os amigos, seu armário, os globos 'terráqueos', além de publicações originais e uma antiga vitrola.

Aliás, os cenários e objetos são os grandes destaques da exposição que traz como personagem principal, essa menina que nasceu em 1963, em Buenos Aires, pelas mãos de Quino. No entanto, Mafalda só foi mostrada ao mundo, no ano seguinte, numa tirinha publicada no "Primeira Plana", já acompanhada dos pais, Papá e Mamã.

Fã dos Beatles e do desenho do Pica Pau, a garotinha de seis anos ganhou novos amigos, a partir de 1965: Filipe, Manolito, Susanita  e Guille (seu irmão caçula). Ainda se juntaria à trupe o amigo Miguelito, a garoinha Liberdade e a tartaruga Burocracia.

Mafalda completou 50 anos, em setembro do ano passado e o que sempre chamou a atenção nessa argentina de classe média, foi seu olhar crítico e apurado para as questões de sociais e econômicas de todo o planeta.

Amanhã, a exposição estará fechada para que seja feita a manutenção necessária das peças. E a partir da terça-feira, a mostra reabre em seu funcionamento normal. A exposição pode ser visitada das 9 ás 20h, na Praça das Artes (Av. São João, 281- Centro -próximo às estações Anhangabaú e República do Metrô). A entrada é gratuita.