quinta-feira, 29 de julho de 2010

SERGIPE IN FOCO

Entre agosto e dezembro de 2010 acontecerá em Aracaju e Maceió o projeto SERGIPE IN FOCO, com oficinas, debates, exposições e lançamento de DVD, com foco na arte da fotografia.

Contemplado pelo edital Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2010, a iniciativa da galerista Sayonara Viana e da Arte-educadora Silvane Azevedo tem como principal objetivo, promover a circulação de fotógrafos sergipanos nos oito territórios do Estado de Sergipe e no Estado de Alagoas, tendo como resultado o registro em mídia digital e exposições no Palácio Museu Olímpio Campos em Aracaju e no Museu Palácio Floriano Peixoto em Maceió.

Outra perspectiva do projeto é promover capacitação artística para o setor através de curso para elaboração de portfólios e de uma oficina sobre a técnica da daguerreotipia. A oficina de Elaboração de Portfólio será ministrada pela curadora pernambucana Cristiana Tejo  tendo como público alvo, fotógrafos e outros artistas visuais e as inscrições podem ser feitas a partir do dia 02 de agosto, no Espaço Cultural D’Época ( rua Itabaiana, 740).

Além desta, serão ofertadas palestras sobre a história da fotografia, noções sobre conservação e preservação de fotografia e uma oficina de daguerreotipia. Quem ministrará as aulas será o fotógrafo e pesquisador carioca, Francisco Moreira da Costa.

Para  participação nas exposições, serão selecionados 16 fotógrafos sergipanos, os quais deverão  captar imagens através das mais diversas perspectivas, registrando de norte a sul, os oito territórios sergipanos. A seleção será feita pela curadora de São Paulo, Ana Cristina Barreto e as coordenadoras do projeto.

Ao final do trabalho de campo as obras serão selecionadas para compor a exposição e o registro dela em mídia DVD. Esse processo será inédito no estado, pois consistirá no primeiro registro de fotógrafos sergipanos. A exposição será realizada de outubro a novembro em Aracaju e de novembro a dezembro em Maceió.

Todas as atividades são gratuitas e para obter mais informações, basta acessar o blog sergipeinfoco.blogspot.com ou entrar em contato pelos telefones (79) 3042-6881/ 9982-7116 ou 9997-6679. 


Cronograma das Atividades 2010

02/08 A 06/08-  Início das inscrições no Espaço Cultural D'Época 

07/08 - Oficina de Potfólio com Cristiana Tejo no Espaço Semear das 8 às 12h e das 14 às 18h

16 E 17/09- Palestras História da Fotografia

16 A 19/09-
Curadoria Ana Cristina Barreto de Carvalho

18 E 19/09- Oficina de Daguerreótipo com Francisco Moreira da Costa no Espaço Cultural D'Época

28/10- Exposição no Palácio Museu Olímpio Campos

23/11- Exposição no Museu Palácio Floriano Peixoto


"Carmen Miranda" na Galeria de Arte Álvaro Santos


No próximo dia 02 de agosto, às 20h, a Galeria de Arte Álvaro Santos estará de portas abertas para convidados e profissionais da imprensa, a fim de abrir oficialmente a exposição "Carmen Miranda-Lembrem-se Sempre de Mim, que eu Jamais os Esquecerei" sob  acuradoria de Edsandro Marcolino dos Santos.
 
Na exposição, o público terá acesso gratuito de 03 a 07 de agosto a um mini acervo pessoal de aproximadamente 200 peças (réplicas) da cantora/atriz, entre elas: figurino, discografia, filmografia, bijuterias, calçados, entre outros. A mesma pode ser visitada de segunda a sexta-feira das 8 às 18h, e aos sábados, das 9 às 13h.

No vernissage, haverá participação especial da Drag Queen Isabelita dos Patins (RJ) e Kharolyne Prinscipal (SE). A Galeria de Arte Álvaro Santos está localizada à Praça Olímpio Campos, s/n.

Texo: Suyene Correia

Crédito da Foto: www.revistazena.com.br

"Quebra-Nozes" ao Piano



Logo mais, às 20h30, no Teatro Tobias Barreto, acontece o concerto solo do pianista sergipano Eduardo Garcia. Na ocasião, ele estará apresentando o “Ciclo dos Scherzos” de Chopin e a “Suíte Quebra-Nozes” de Tchaikovsky.

Segundo Garcia, o que o motivou para incluir essas peças no recital foi o fato deste ano estar sendo comemorado o bicentenário de nascimento de  Frédéric Chopin (1810-1849) e também incluir no programa algo que fosse bem familiar ao público, como a “Suíte Quebra-Nozes”.

“Os Scherzos são peças importantes do repertório pianístico e refletem muito do sentimento de nostalgia e, ao mesmo tempo, ansiedade por que Chopin passava naqueles tempos, quando (ele morando na França) a Polônia tinha sido invadida pela Rússia. Por outro lado, são peças desafiadoras no sentido técnico e interpretativo - o Scherzo tem uma inclinação para a virtuosidade. Já a “Suíte Quebra-Nozes”, bastante conhecida do público em geral contém sete movimentos sendo o mais famoso a Dança da Fada Açucarada”, explica.

Eduardo Garcia que é Bacharel em Música pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Mestre em Música pela Hartt School of Music da University of Hartford (Connecticut – EUA) e Doutor em Música pela University of Arizona (Arizona – EUA) mostra-se otimista com o rumo da música erudita no Estado.
“Acho que demos grandes passos, a ponto de chamar a atenção do Brasil inteiro: temos uma orquestra sinfônica muito boa, um teatro de primeiro mundo, dois pianos Steinway - essas características nos colocam aptos a receber artistas de calibre internacional, como temos visto ultimamente”.

Quem quiser conferir o concerto do pianista, os ingressos estão sendo vendidos na bilheteria do teatro.

Texto: Suyene Correia 

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Festival Aperipê de Música

A Fundação Aperipê (Fundap), através das rádios AM e FM, realizou no último sábado, o lançamento do Festival Aperipê de Música, que servirá como seletiva estadual para o Festival de Música da Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub). 

As inscrições para participar do festival, que promete movimentar a cena musical do Estado, podem ser feitas até 20 de agosto. Inicialmente, serão selecionadas 30 músicas autorais inéditas que irão a júri popular. Na fase seguinte, o público escolherá 10 canções que seguirão para a final estadual.

Em novembro, as finalistas se apresentarão em dois eventos para um júri especializado que, ao lado do público, irá escolher os vencedores que seguirão para a etapa nacional do II Festival da Arpub, que deve ocorrer em dezembro. Ao final, a Arpub irá premiar cinco participantes com três prêmios no valor de R$ 10 e dois de R$15 mil.

Mais detalhes sobre o festival, bem como o regulamento e a ficha de inscrição, estão disponíveis no site da Aperipê (aperipe.swap.uni5.net).

domingo, 25 de julho de 2010

Carreira Nada Efêmera


Geralmente, não demoro muito para indicar aqui, no Bangalô, um novo som, um novo talento artístico. Com Tulipa Ruiz, estou há um mês e meio atrasada neste quesito. Tive a oportunidade de conferir o show dessa promissora cantora paulista (compositora e desenhista também) no início de junho, semana em que ela se apresentou por três vezes em Sampa, a fim de lançar seu primeiro disco, “Efêmera”.

A primeira dessas apresentações, inclusive, foi no Auditório Ibirapuera com lotação esgotada (806 lugares). Com capacidade bem menor (247 lugares), o Auditório do Itaú Cultural, onde aconteceu o segundo show da semana e, eu marquei presença, foi pequeno para o talento da garota, acompanhada de sua banda Pochete Set.

Desde o final da tarde que uma fila não parava de crescer, com admiradores e curiosos a fim de apreciarem este novo fenômeno da MPB. Tulipa, acompanhada dos músicos Márcio Arantes (baixo), Duani (bateria), Dudu Tsuda (pianos), Luiz Chagas (guitarra) e outro guitarrista (que me falta à memória agora, substituto de seu irmão, Gustavo Ruiz, naquela ocasião) mostrou um repertório basicamente composto das 11 faixas de seu disco, abrindo possibilidades para sucessos de outras intérpretes.

Destaque para “Às Vezes” composta pelo se pai Luiz Chagas; “Efêmera” e “Do Amor” (onde faz dupla com o irmão Gustavo) e “A Ordem das Árvores” escrita pela cantora em “voo” solo.

Surgida em meio ao manancial de novas vozes (Ana Cañas, Tiê, Maria Gadú, entre outras), Tulipa tem ligeira vantagem sobre as demais, por aliar uma boa voz (afinadíssima) à ótima performance de palco e inspiração para compor suas canções com poesia singela e cativante.

Com certeza, sua carreira não será efêmera. Essa garota ainda dará muito o que falar...

Texto: Suyene Correia

Foto: Capa do CD "Efêmera"

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Festival das "Minorias"


Mesmo com a boa receptividade do público para com o filme “Malu de Bicicleta” de Flávio Tambellini e da crítica para com “Bróder” de Jefferson De, quem conferiu a exibição de “5x Favela, Agora Por Nós Mesmos”, na noite do dia 17 de julho, no III Paulínia Festival de Cinema, sabia que o filme produzido por Cacá Diegues e Renata de Almeida não sairia de mãos vazias do evento.

Dito e feito. O longa composto de cinco episódios saiu consagrado de Paulínia, sendo o grande vencedor da noite de encerramento (última quinta-feira) com sete prêmios: Melhor Filme pelo Júri e pelo Público, além de Melhor Trilha Sonora, Montagem, Roteiro, Ator e Atriz Coadjuvante (Dila Guerra e Márcio Vito). Ao todo, arrecadou R$ 250 mil em prêmios.

Ainda na categoria filme de ficção, “Bróder” de Jefferson De “abocanhou” o Prêmios da Crítica, fotografia, direção de arte e som. O longa de estreia do diretor paulista é ambientado na periferia de São Paulo e centra-se na amizade de Macu, Jaiminho e Pibe. Talvez uma das disputas mais acirradas tenha sido a de Melhor Documentário. “Leite e Ferro” de Cláudia Priscilla (esposa do cineasta Kiko Goifman) já havia cativado o público na noite de sua exibição, tocando em um assunto delicado: a maternidade atrás das grades.

Dois dias depois, foi a vez de “Uma Noite em 67” contagiar os presentes no Theatro Municipal de Paulínia, fazendo com que durante 85 minutos, voltássemos no tempo e tivéssemos a sensação de quão mágica foi aquela finalíssima do Festival da Record daquele ano.

Eis que na última noite de competição (no dia 21 de julho), “Lixo Extraordinário” de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley arrebata a plateia e a crítica mudando os rumos da competição. O documentário, que mostra a trajetória do lixo dispensado no Jardim Gramacho, localizado na periferia de Duque de Caxias, até se transformar em arte pelas mãos do artista plástico Vik Muniz, foi aclamado o Melhor Documentário pelo público e ainda venceu o Prêmio Especial do Júri. Com isso, além dos Troféus Menina de Ouro levou para casa a quantia de R$ 50 mil.

Cláudia Priscilla, além de ser escolhida a Melhor Diretora na categoria Documentário (R$ 35 mil), também levou para casa o prêmio de Melhor Documentário (R$ 50 mil).

“Malu de Bicicleta” de Flávio Tambellini, cujo roteiro é adaptado do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, ficou com os prêmios de Melhor Direção de Longa de Ficção (R$ 35 mil), Melhor Ator para Marcelo Serrado (R$ 30 mil) e Melhor Atriz para Fernanda de Freitas (R$ 30 mil). Completando a lista de ganhadores para filmes de longa-metragem, o filme “Desenrola” de Rosana Svartman ficou com o prêmio de Melhor Figurino (R$ 15 mil).
Curtas em destaque- Na categoria curta-metragem nacional, eu acreditava que o drama sensível com temática gay “Eu Não Quero Voltar Sozinho” de Daniel Ribeiro tinha grandes chances de sagrar-se vencedor. Realmente, o júri respondeu às expectativas do público e o premiou como Melhor Filme e Melhor Roteiro (R$ 35 mil). A crítica e o público também entendeu ‘a mensagem’ e o escolheu como Melhor Filme de Curta-metragem.

O diretor César Cabral, que já havia conquistado o prêmio de Melhor Curta-metragem em 2008, por “Dossiê Rê Bordosa”, agora venceu como Melhor Diretor  pela animação “Tempestade” (R$ 15 mil).
“Depois do Almoço” de Rodrigo Diaz Diaz ficou com os prêmios de Melhor Filme e Melhor Roteiro na categoria Curta-metragem regional (R$ 35 mil) enquanto o cineasta Jonas Brandão venceu na direção de “Um Lugar Comum” (R$ 15 mil). Ambos foram selecionados para participar da competitiva do 10º Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe (Curta-SE) que acontecerá de 14 a 18 de setembro.

O júri popular ainda concedeu o prêmio de Melhor Curta-metragem Regional ao filme “Meu Avó e Eu” de Cauê Nunes que assina, juntamente com o jornalista João Nunes, o roteiro.
A estimativa é de que mais de 20 mil espectadores tenham comparecido ao Theatro Municipal de Paulínia para acompanhar o festival que aconteceu de 15 a 22 de julho. A cerimônia de encerramento, que foi comandada por Rubens Ewald Filho e Marina Person, contou com a première de “400 Contra 1- Uma História do Crime Organizado” de Caco Souza.

Texto: Suyene Correia 

Fotos: divulgação/culturapaulinia

Legenda da Foto 1: Elenco e produção de "5x Favela, Agora Por Nós Mesmos"

Legenda da Foto 2: Atores de "Lixo Extraordinário" que venceu o Prêmio Especial do Júri e Prêmio do Público

Legenda da Foto 3: Jeferson De estreou com o pé direito em "Bróder"

quinta-feira, 22 de julho de 2010

"Dores & Amores" é uma Sucessão de Dissabores

Até a última terça-feira, dia em que retornei a Aracaju, depois de seis dias em Paulínia, acompanhando o Festival de Cinema de lá, o  filme que mais chamou a atenção da crítica especializada, no quesito má realização, foi "Dores & Amores" de Ricardo Pinto e Silva.

Pensávamos que não haveria concorrente para "As Doze Estrelas" de Luiz Alberto Pereira, mas a comédia rasa e 'desprentensiosamente' banal de Ricardo Pinto, cujo roteiro ele divide com Dagomir Marquezi e Patrícia Müller, superou nossas expectativas (no mau sentido, por sinal). 

Como disse o próprio diretor na coletiva inflamada que aconteceu na manhã de anteontem, "o filme apesar de ter sido inspirado livremente na obra "Dores, Amores e Assemelhados" de Cláudia Tajes, não é o livro da Cláudia. É o meu filme. Daí, porque quis fazê-lo daquela forma, com aquele humor. Um filme despretensioso".

Com um formato televisivo da pior estirpe, a produção luso-brasileira é protagonizada pela atriz Kiara Sasso (a única que não compromete a película), que vive a balzaquiana  Júlia, diretora de uma agência de modelos, à procura de "um homem para chamar de seu".  O problema é que o rapaz  que ela deseja,  Jonas (Márcio Kieling), envolve-se com uma doceira portuguesa, meio ninfomaníaca (Cláudia Vieira).

Entre dores e amores, muito visual kitsh, vinhetas excessivas (que deixam a narrativa insuportável), atuações sofríveis e um exercício de metalinguagem com a novela "Vidas Sem Rumo" de um mau gosto surreal. Diante dessa descrição, o internauta pode pensar que estou exagerando, mas quase a totalidade dos jornalistas que assistiram a esse fiasco, concorda que o filme não deveria ter sido escolhido para a competitiva.

Tal reação negativa suscitou um dos melhores debates do evento. Ricardo Pinto não se intimidou e chegou no local da coletiva, pronto para o ataque. Atingiu diretamente alguns jornalistas mais efusivos em suas colocações e, num dado momento, disse que "se for para essa mesa continuar a ser inquisitória, eu me retiro".

Não precisou fazê-lo. A jornalista Maria do Rosário Caetano, que mediava a mesa, com maestria, soube gradativamente amansar a fera. Num determinado momento, Luiz Zanin pediu a palavra e fez um discurso apaziguador. A conversa (batalha, inicialmente) se prolongou até às 14h, sem muitas "baixas", mas com uma pergunta que não quer calar: Por que filmes de qualidade duvidosa como este são escolhidos para a Mostra Competitiva? Não seria o caso de se criar uma mostra paralela maior e adequar esses filmes a ela ?

Texto: Suyene Correia

Curtas em Destaque




Nesta 3a edição do Paulínia Festival de Cinema, os curtas regionais e nacionais em competição chamaram a atenção do público e crítica. Os primeiros, ainda que necessitando de um apuro técnico maior, não fizeram feio e representaram muito bem a região que engloba São Carlos, Campinas, Paulínia e adjacências.  

Mesmo com algumas limitações (às vezes de direção de arte, som, e fotografia), os filmes de curta duração tinham no esforço do diretor e na sua criatividade (na maioria das vezes, sem recursos suficientes para realizar uma produção melhor) a compensação de um resultado final satisfatório.

A animação "Um Lugar Comum" de Jonas Brandão (exibido na noite de segunda) e  a comédia "Depois do Almoço" de Rodrigo Diaz Diaz (exibida na noite de terça) é a prova disso. O primeiro foi fruto do TCC do realizador na Universidade de São Carlos e com a ajuda dos amigos conseguiu um resultado singular e tocante sobre a passagem do tempo e os encontros e desencontros de Marina e Zezé. Feito apenas de um plano fixo, o curta tem no roteiro de Jonas Brandão e Thiago Minamisawa e na trilha sonora de Duda Larson o seu trunfo.

Já em "Depois do Almoço", a chave do sucesso está no roteiro e nas interpretações femininas. As atrizes Lulu Pavarin e Gilda Nomacce interpretam duas amigas que após um almoço de domingo em família, enquanto os maridos assistem futebol na TV, elas aproveitam para trocar segredinhos eróticos. Ambos foram também selecionados para o Curta-SE 10 (14 a 18 de setembro) e garanto que o público que conferir por aqui, irá apreciar.

O nível dos curtas nacionais está melhor do que no ano passado. A disputa pelo prêmio de R$ 25 mil e pelo Troféu Menina de Ouro deve ficar entre a animação "Tempestade" de César Cabral (que acabei conferindo em sessão especial realizada na manhã da segunda-feira), "Eu Não Quero Voltar Sozinho" do jovem Daniel Ribeiro e  "Estação" de Márcia Faria. Nesta categoria e na do Curta Regional também são oferecidos prêmios para Melhor Direção (R$ 15 mil) e Melhor Roteiro (R$ 10 mil).

Texto: Suyene Correia 

Legenda da Foto 1: O diretor Jonas Brandão teve seu filme "Um Lugar Comum" exibido em Paulínia na última segunda-feira 

Legenda da Foto 2: Depois de "Rê Bordosa", César Cabral repete ótimo trabalho em stop-motion com "Tempestade"

Legenda da Foto 3: O ator Guilherme Lobo faz o jovem cego em "Eu Não Quero Voltar Sozinho" (crédito: Lacuna Filmes)

Legenda da Foto 4: Cena de "Estação" de Márcia Faria, estrelado por Caroline Abras (crédito: Gullane Filmes)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Perseverança: palavra de ordem



Com um dia de atraso (o dia ontem foi bem cheio de atividades e não tive tempo de parar para escrever), posto as minhas impressões agora, sobre a coletiva de ontem pela manhã. Levando em consideração que a noite de sábado, foi a melhor até o momento, com relação aos filmes exibidos, a coletiva referente a estas películas foram enriquecedoras.

Excetuando o curta regional "Nicolau e as Árvores" de Lucas Hungria (até agora estou procurando o sentido do mesmo), o bate papo com Evaldo Morcazel de "São Paulo Companhia de Dança", com Fabiano Gullane (produtor de "Estação") e a atriz  Caroline Abras, além do elenco e dos diretores de "5 x Favela, Agora por Nós Mesmos" produzido por Cacá Diegues e Renata Magalhães foi acima das expectativas.

Gostaria de me deter em dois debates especificamente: o do curta "Estação" de Márcia Faria e do longa de ficção "5 x Favela, Agora por Nós Mesmos", um filme uno dirigido por Manaíra Carneiro, Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos e Luciana Bezerra.

A história de "Estação" gira em torno da jovem atriz Inês que, provavelmente saiu de uma cidade menor e foi tentar a vida na metrópole. Sem ter grana e nem amigos para dar guarita, "mora" na Estação Rodoviária do Tietê, segunda maior do mundo.

De forma brilhantemente suscinta, o espectador acompanha o dia-a-dia dessa personagem (baseada num caso real, de uma atriz que fez teste para a mini-série "Alice"), que vive naquele ambiente áspero, improvisado, mas que não abre mão da família. Comunica-se com a mãe através do orelhão da rodoviária, pensando a genitora, que aquele número é da casa da filha.

O filme, que custou cerca de R$ 95 mil, é lacunar mas esses silêncios e elipses existentes não compremetem em  nada o andamento da trama. Pelo contrário. "O silêncio, o contemplativo, é um pouco do que o personagem carrega", diz Caroline Abras, atriz de "Se Nada Mais Der Certo" , "Belini e o Demônio", entre outros, que como espécie de laboratório, ficou três dias initerruptos na Rodoviária do Tietê.

"Foi horrível. Foi bem no dia do apagão. Rodei cinco longas diárias, mas tinha ficado três dias lá e estava exausta. Foi duro ter que dormir no chão, ser importunada pelos seguranças, mas valeu a pena. Como estava 7 kg mais gorda e com os cabelos escurecidos, as pessoas não me reconheceram", explicou a atriz de "Paraíso" e "Tempos Modernos".

O ponto alto do bate papo, no entanto, foi alcançado já no início da tarde, com a coletiva gigante de "5 x Favela, Agora Por Nós Mesmos". Não só todos os diretores e mais a produtora, Renata Magalhães fizeram-se presentes, como também os atores: Flávio Bauraqui, Samuel Assis, Roberta Rodrigues, Silvio Guindane, Cíntia Rosa, Washington Lima e Gregório Duvivier.

A maioria das pessoas envolvidas no filme fazem parte do Projeto "Nós do Morro" do Vidigal e do "Afroreggae". Com depoimentos emocionados, os diretores discutiram sobre a questão do preconceito, da falta de oportunidades e da dificuldade em ingressar no mercado de trabalho por serem negros e moradores da favela. Além disso, fizeram críticas a outros filmes que têm a favela como locação e deturpam  a realidade.  

Depois, foi aberto espaço para cada um dos atores falarem de sua experiência e vivência com o cinema. O baixinho Washington, do episódio "Concerto para Violino" falou de sua transformação. De traficante passou a frequentar o grupo "Afroreggae"e, segundo o próprio, já tirou cerca de 100 pessoas do tráfico. 

A atriz Cíntia Rosa concedeu um discurso emocionado (Rubens Ewald Filho, Maria do Rosário Caetano, entre outros, renderam-se às lágrimas) e disse que após ter voltado de Cannes (onde o filme foi exibido fora de competição), viu que não podia desistir. "A gente tem talento, o que nos falta é oportunidade. Agradeço a Renata e ao Cacá Diegues por ter acreditado na gente".

O irreverente Gregório Duvivier, disse em tom de deboche, que estava ali por um motivo bem diferente: "Fui escolhido pelo sistema de cotas. Sou o único branco do elenco". Inevitavelmente, arrancou gargalhadas do público presente.

Seguiram-se as falas do experiente Silvio Guindane, Flávio Bauraqui e Roberta Rodrigues. Para minha surpresa Samuel de Assis, que protagoniza o episódio "Concerto para Violino", ao falar do processo de trabalho para interpretar o seu personagem, um policial do Rio de Janeiro, revelou ser filho de coronel e...sergipano.

Samuel saiu de Aracaju há 10 anos e depois de morar um tempo em São Paulo, há dois, se estabeleceu no Rio de Janeiro. Segundo o diretor Luciano Vidigal, foi o olhar de Samuel que o cativou. "Quando ele foi fazer o teste, ele olhou de uma maneira humana, assim como eu queria que o policial fosse: humanizado. Não tive dúvidas em escalá-lo para o papel.

Com estreia nacional prevista para 27 de agosto, bem que "5x Favela, Agora Por Nós Mesmos" (referência ao "Cinco Vezes Favela" de 1962, feito por Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Miguel Borges e Marcos Farias) poderia estrear o Cinemark de Aracaju. Tenhamos esperança !!!!

Texto: Suyene Correia

Fotos: Leandro Moraes

Legenda da Foto 1: Evaldo Morcazel (ao centro) debate sobre seu documentário sobre a dança

Legenda da Foto 2: Caroline Abras interpreta muito bem a jovem Inês, em "Estação"

Legenda da Foto 3: Coletiva concorrida para o filme "5x Favela, Agora por Nós Mesmos"

Legenda da Foto 4: Roberta Rodrigues, Samuel Assis, Silvio Guindane, Gregório Duvivier, Cíntia Rosa, Flávio Bauraqui e Washington Lima

domingo, 18 de julho de 2010

Depois da "Tempestade", a Favela...





Se no primeiro dia de competitiva, o saldo não foi dos melhores, na noite de ontem, pode-se dizer que o Paulínia Festival de Cinema 2010 parece ter encontrado o seu caminho: o do sucesso. O público, que praticamente lotou as dependências do Theatro Municipal de Paulínia, vibrou com a exibição de “5x Favela, Agora Por Nós Mesmos” dos diretores Manaíra Carneiro, Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos e Luciana Bezerra.

Produzido por Cacá Diegues e Renata de Almeida Magalhães, o filme é composto de cinco episódios, totalmente concebidos e realizados por jovens moradores de favelas do Rio de Janeiro.

Se o internauta pensa que as histórias são triviais e repletas de clichês, ledo engano. Os realizadores, provavelmente saturados dos esteriótipos tão explorados em filmes nacionais e estrangeiros sobre essas comunidades periféricas, fugiram do óbvio e conseguiram resultados acima da média.

Destaque para o segundo episódio intitulado “Arroz com Feijão” protagonizado por Flávio Bauraqui e sob a direção Manaíra Carneiro e Wagner Novais; “Concerto para Violino”, de Luciano Vidigal e “Acende a Luz” de Luciana Bezerra.

A cada episódio mostrado, o público ia à loucura, aplaudindo calorosamente. Também foram bem recebidos o documentário “São Paulo Companhia de Dança” de Evaldo Morcazel e o curta nacional “Estação” de Márcia Ferreira, ambos competindo nas respectivas categorias.

A noite de atividades no teatro foi iniciada com a exibição do curta regional “Nicolau e as Árvores” que, segundo o diretor Lucas Hungria, da cidade de Campinas, é sobre um menino mal compreendido pelo mundo. Cá para nós, acho que não é só o garoto, não.

Logo mais, teremos debates com os realizadores e elenco desses filmes. E por falar em debates, ontem pela manhã, houve bate papo com a equipe de “Tempestade”, que a pedidos, será exibido para a imprensa na manhã de segunda-feira (dessa vez, não perderei), com a equipe do documentário “Leite e Ferro” (confesso que depois de ouvir as explicações da diretora estreante Cláudia Priscilla, esposa de Kiko Goifman, tornei-me mais condescendente com o filme) e o tão esperado encontro com o diretor Luiz Alberto Pereira e grande elenco.

Isso porque, o filme para quase a totalidade dos jornalistas que o assistiu foi uma “grande piada”. Não dá para levar a sério um personagem com o nome de Herculano, astrólogo e que dará uma consultoria para uma rede de TV que irá produzir a novela “As Doze Estrelas”.

Um trocadilho, talvez, se levarmos em consideração que as 12 estrelas em questão são as atrizes Leona Cavalli, Débora Duboc, Mylla Christie, Rosane Mullholland, Sílvia Lourenço, Adriana Alves, Martha Meola, Juliana Vedovato, Djin Sganzerla, Gabrielle Lopez, Carla Regina, Paula Franco e Lívia Guerra.

O problema é que fora eu, Neuza Barbosa (editora da Cineweb) e o Marcos Pertrucelli (Rádio CBN), ninguém mais teve a oportunidade de fazer seus questionamentos. Motivo: a amiga e colega Maria do Rosário Caetano (Revista de Cinema) pediu para que cada uma das atrizes presentes (eram sete na ocasião) e mais os atores Paulo Betti, Leonardo Brício e Munir Kanaan fizesse um resumo biográfico e falasse da experiência de trabalhar em "As Doze Estrelas".

Óbvio que eles "rasgaram muita seda" pro lado do diretor Luiz Alberto Pereira (conhecido no meio artístico como "Gal") e o tempo foi encerrado antes que alguém pudesse lançar perguntas capciosas ao grupo. Para não fugir à regra, Petrucelli, preferiu fazer um comentário, a perguntar. Disse que no ano passado, Lucélia Santos representou o filme "Destino", o qual produziu e atuou, no Festival de Paulínia e ele foi considerado o fiasco do ano. Que se o público tinha recepcionado bem o filme "As Doze Estrelas", o mesmo não poderia ser dito da crítica.

Luiz Alberto respondeu à provocação, dizendo não se preocupar com isso. "A crítica já malhou outros filmes meus, como "Jânio a 24 Quadros" e "Tapete Vermelho", no entanto, eu continuo fazendo filmes".
Mas o casting de belas atrizes (algumas de carreira consolidada no cinema) não foi suficiente para salvar esse, que já está sendo considerado até agora, o filme fiasco do festival. Uma pena!!

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: O ator Flávio Bauraqui que faz parte do elenco de "5 x Favela..." conversou com a blogueira sobre a finalização de "O Senhor do Labirinto", com provável estreia para o Fest Rio

Legenda da Foto 2: O diretor César Cabral explicou na coletiva de ontem o processo de produção de "Tempestade"

Legenda da Foto 3: Cláudia Priscilla e Kiko Goifman (centro) debatendo sobre o documentário "Leite e Ferro"

Legenda da Foto 4: Parte do elenco de "As Doze Estrelas". Da esquerda para a direita, Débora Duboc, Leona Cavalli, Paulo Betti e Silvia Lourenço

Legenda da Foto 5: Leonardo Brício e a blogueira

Legenda da Foto 6: Cacá Diegues após apresentação do filme que produz "5 x Favela..."

Legenda da Foto 7: Parte do elenco e equipe de "5x Favela, Agora Por Nós Mesmos"

Legenda da Foto 8 : Pausa para o jantar. Em sentido horário: Marcos Santuário do Correio do Povo (RS), eu, Anna Lisboa do Jornal de Brasília, Marcos Petrucelli (Rádio CBN), Amilton Pinheiro da Brasileiros e Lúcio Vilar do Correio da Paraíba

sábado, 17 de julho de 2010

"Tempestade" foi o melhor da noite


Com certeza eu perdi a melhor coisa da noite: a animação "Tempestade" de César Cabral. Isso porque, enquanto deu-se uma pausa nas projeções, para início da segunda parte da programação de mais uma noite do festival (primeira em competição), eu estava no hall do teatro à procura de clicks especiais.
Os poucos colegas que conferiram o curta de animação, disseram que a qualidade é ótima.
Uma pena, porque na coletiva que se inicia daqui a pouco, não terei  muito o que  perguntar ao diretor vencedor de Melhor Animação na primeira edição do Paulínia Festival de Cinema, com o excelente "Rê Bordosa".

De qualquer modo, também haverá coletiva com a equipe técnica do curta regional ("Só Não Tem Quem Não Quer" de Hidalgo Romero), com a diretora e o produtor do documentário "Leite e Ferro" de Clúaida Priscilla e ( a mais aguardada) com o elenco e diretor de "As Doze Estrelas" Luiz Alberto Pereira.

Diga-se de passagem, já escolhemos (nós jornalistas) como o pior filme do evento até o momento. É muito caricatural. O roteiro que pretende ser uma viagem ao inconsciente coletivo a partir da Astrologia, não tem começo, meio e nem fim. Parece mais uma desculpa para o desfile de mulheres bonitas na tela. E só.

Talvez a atriz Cláudia Mello que interpreta a empregada doméstica de Herculano (Leonardo Brício), ganhe o prêmio de Melhor atriz (realmente, a única coisa que se salva no longa). De resto, talentos desperdiçados, como o de Paulo Betti (fazendo o papel de "destino") e Cássio Scapin (Sandoval) e participações especiais de atrizes já tarimbadas do cinema como Leona Cavalli, Mylla Christie e Silvia Lourenço.

O diretor Luiz Alberto, antes de apresentar ao público, os convidados do elenco que estavam no palco, disse que ainda não tinha visto cópia. Que iria ver o filme pela primeira vez naquela noite. Antes tivesse conferido, para quem sabe, salvar seu nome de um grande mico. Uma decepção!!!

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Leona Cavalli, Cláudia Mello e Cássio Scapin

Legenda da Foto 2: Munir Kanaan e Silvia Lourenço em momento de descontração antes da projeção de "As Doze Estrelas"

Legenda da Foto 3: A bela Leona Cavalli, uma das 12 estrelas do filme

Legenda da Foto 4: O ator Leonardo Brício que interpreta Herculano

Legenda da Foto 5: Mylla Christie é do signo de Gêmeos no filme "As Doze Estrelas"

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Hector Babenco: "Um Bicho Urbano"



Foi como um "bicho urbano" que Hector Babenco se autodenominou, ao explicar porque filmou São Paulo com tanta intimidade, como é vista em "O Beijo da Mulher Aranha". "São Paulo é uma identidade na minha vida. Minha chegada à cidade, dar-se através de ônibus. Morei em várias pensões e também trabalhei muito em empregos cujo o contato com as ruas, era intenso. Quer dizer, o que me interessa na cidade de São Paulo, que parece sempre estar de costas para você, é isso. Daí porque me identifico muito com o "Borba Gato" (uma estátua meio cafona que fica na av. Santo Amaro)", disse.

Na coletiva que concedeu à imprensa há poucos minutos, Babenco estava bastante solícito e só não 'esticou' mais a conversa, porque tinha um link ao vivo para uma emissora de TV já agendado. Em pouco mais de meia hora, ele revelou particularidades sobre o processo de escolha dos atores para o filme baseado na obra de Manuel Puig, como também as dificuldades que enfrentou para produzi-lo.

Por exemplo, num primeiro momento, após um contato rápido com Burt Lancaster nos EUA, Babenco estava decidio a elencá-lo para o papel de Molina. Começaram os trabalhos de pré-produção, mas sem dinheiro, o projeto foi se arrastando demasiadamente. Lancaster inclusive, indicou o nome de Raul Julia, que na época trabalhava em teatro,  para parceiro no filme. No entanto, o mesmo caiu doente e Babenco teve que "correr atrás do prejuízo".

"Faltava um mês e meio para as filmagens iniciarem quando a filha do Lancaster me avisou que ela se encontrava doente, tinha feito até uma cirurgia cardíaca. Fiquei desesperado, informei ao Raul Julia sobre o problema e ele perguntou se poderia enviar o roteiro para um amigo avaliar. Eu acenei positivamente e algum tempo depois, nem me lembrava mais, William Hurt me liga dizendo que tinha lido o roteiro, sabia que eu estava sem grana, mas estava a fim de fazer o filme. Voei para Nova York, com o objetivo de me encontrar com eles (Raul e William) e confesso que ao ver o tipo físsico de Hurt, pensei 'isso não vai dar certo'. Qual não foi minha surpresa, que após cinco minutos de leitura dramática eu estava completamente enlouquecido pelo William Hurt. Aquele 'monstro' de 1,88m de altura, parecia um passarinho...Não tinha dúvidas de que ele iria mandar ver no papel do homossexual".

Hector Babenco disse ser adepto da literatura do Manuel Puig, que na sua opinião, foi um dos melhores escritores da América Latina. Sobre a liberação dos direitos do livro "O Beijo da Mulher Aranha", o cineasta disse que não foi fácil a tarefa de convencê-lo. "Eu levei muito doce, muito sorvete para conquistar Puig, que era comilão (rs...rs...). Foi ele, inclusive, que me levou para assistir a adaptação de Rubens Corrêa para o teatro. Mas o filme se distancia muito da peça, porque enquanto esta começou no limite do sério, descanbando para algo 'chanchadeiro', o filme tem uma pegada mais melancólica". 

Ao ser questionado sobre como sentiu a reação do público ontem, após a exibição, Babenco surpreendeu. "Eu não sinto, não tem como saber o que as pessoas acharam, pensaram, porque simplesmente elas não compartilharam isso comigo. Nesse mundo contemporâneo, meio 'histérico', o público está mais preocupado em ver as celebridades, do que apreciar suas produções. O que é uma pena".

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Rubens Ewald Filho fez a mediação da coletiva com Hector Babenco

Legenda da Foto 2: Babenco foi bem solícito com a imprensa nacional

Luz, Câmera, Ação...Paulínia



Foi dada a largada para a terceira edição do Festival Paulínia de Cinema. Numa noite que ensaiava estar mais fria do que o habitual, as celebridades aqueceram o hall do Theatro Municipal (assim com TH, mesmo) antes da abertura oficial. Por lá passaram, Rubens Ewald Filho, Zuenir Ventura, Bárbara Paz, Hector Babenco, Chico Díaz, Sérgio Augusto, Flávio Bauraqui, Jéferson De, Di Moretti, Cristiana Lago, Ricardo Tozzi, entre outros.

Depois de uma hora de atraso, a cerimônia começou com a dupla Fernanda Torres e Lázaro Ramos (inspiradíssimos) dando as boas vindas aos presentes. Através de trocadilhos com títulos e frase famosas de filmes, apresentaram um texto afiado e animaram o público com piadas e boas sacadas de improviso.

Após os agradecimentos de praxe e um resumo do que é hoje, o Festival de Paulínia, foi exibido um teaser com os filmes a serem exibidos nos sete dias de evento (confesso que fiquei um tanto preocupada com a primeira impressão dos filmes, mas espero que minha intuição esteja errada e a qualidade das películas escolhidas supere a do ano passado). Além disso, tivemos a oportunidade de ver um belo registro audiovisual com depoimentos de amigos do Hector Babenco, grande homenageado da noite.

Bastante emocionado, Babenco subiu ao palco e contou um pouco como enveredou pela Sétima Arte. Apesar de nunca ter estudado numa academia, seu poder empírico foi levando-o a produzir e se arriscar na arte de emocionar a plateia com a medida certa de imagem, som e palavra. Inclusive, chamou a atenção para sua paixão pela literatura, dizendo que ela é a forma de expressão que genuinamente espelha a inteligência do homem.

Sobre "O Beijo da Mulher Aranha" lançado em 1985 e que tem como protagonistas os atores Raul Julia e William Hurt (Orcar de Melhor Ator pelo papel de Molina), Babenco disse que o filme foi realizado numa época "Copérnica". "O Beijo da Mulher Aranha foi muito significativo para mim. Fiz em inglês porque tinha contas para pagar, mas ingenuamente fomos 'roubados'. Dediquei o filme ao escritor Manuel Puig que, ironicamente, me negou os direitos de adaptação até quando pode. Inclusive, morreu sem me dizer se gostou ou não do resultado final", falou entre tantas pérolas soltas na noite de ontem.
Ele recebeu das mãos do prefeito de Paulínia, José Pavan Jr.,  o Troféu Menina de Ouro.

Com cópia restaurada (ainda que em alguns momentos, a imagem desse sinais de ligeira rarefação), "O Beijo da Mulher Aranha" encantou quem já havia assistido ao filme na época de seu lançamento e também aqueles "marinheiros de primeira viagem". Em certos pontos ele pode até ter envelhecido, mas a química entre Valentim (Julia) e Molina (Hurt) é o grande trunfo da película. Ver ou rever "O Beijo..." com Sônia Braga fazendo um papel enigmático, valeu a pena.

Já passava da meia-noite, quando os convidados foram levados até o Estúdio Azul do Pólo Cinematográfico para curtir o coquetel de boas-vindas. O clima estava bastante aconchegante e ao som de hits dos anos 70-80, não teve quem ficasse parado.

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Hector Babenco conversando com amigos no hall do Theatro Municipal de Paulínia

Legenda da Foto 2: Rubens Ewald Filho foi bastante requisitado pela mídia na abertura do festival

Legenda da Foto 3: O ator Flávio Bauraqui (que interpretou Arthur Bispo do Rosário, no ainda inédito "O Senhor do Labirinto") marcou presença na festa de abertura

Legenda da Foto 4: O secretário de Cultura de Paulínia, Emerson Alves (à esquerda), sua esposa, Carolina Bordignon e o ator Chico Díaz

Legenda da Foto 5: Fernanda Torres e Lázaro Ramos foram os mestres de cerimônia da abertura do Paulínia Festival de Cinema

Legenda da Foto 6: Hector Babenco estava bastante emocionado no seu discurso de agradecimento

Legenda da Foto 7: O Coquetel de abertura foi animada pelo "Bailinho", badalada festa do Rio de Janeiro

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Paulínia Festival de Cinema 2010

Cheguei exausta em Paulínia hoje, por volta do meio-dia, depois de quase seis horas de viagem (entre escalas e conexões). Pela terceira vez consecutiva, venho cobrir o evento, a convite da organização. A abertura do festival acontece logo mais, às 20h, com a exibição da cópia restaurada de "O Beijo da Mulher Aranha" de Hector Babenco, no belo Theatro Municipal. O diretor argentino radicado no Brasil será o grande homenageado do festival nesta sua terceira edição e os atores Lázaro Ramos e Fernanda Torres comandarão a cerimônia.

Seguindo o curso natural das coisas, o festival vem se consolidando ao longo do tempo e expandindo sua programação. Este ano, vai ser difícil dar conta de workshops, seminários, debates, coletivas e filmes. Mas procurarei estar presente na maioria dos encontros e atividades, a fim de deixar o internauta por dentro de tudo. A novidade é que esses encontros acontecerão em dois estúdios localizados no pólo cinematográfico da cidade.

Amanhã, às 13h, já está agendada uma coletiva com o Babenco. À noite, a maratona de filmes começa com a exibição de "Pixote in Memoriam" de Felipe Briso e Gilberto Topczewski; o curta regional "Só Não Tem quem Não Quer" de Hidalgo Romero; o documentário "Leite e Ferro" de Cláudia Priscilla; apresentação especial de filmes feitos para o Cel.U.Cine; o curta nacional "Tempestade" de César Cabral e o longa "As Doze Estrelas" de Luiz Alberto Pereira.

A premiação este ano atinge a marca de R$ 650 mil. As quatro principais categorias agraciadas com prêmio em dinheiro são Curta Regional, Curta Nacional, Documentário (longa) e Ficção (longa). Só o longa de ficção ganhará a "bagatela" de R$ 150 mil. Atores, diretores e outros profissionais envolvidos nas produções selecionadas também concorrem em categorias específicas.

Segundo Emerson Alves, secretário de Cultura de Paulínia, a cidade hoje é responsável por um terço da produção nacional de cinema e, em termos de mercado, o Paulínia Festival de Cinema é o segundo maior do país.

Texto: Suyene Correia

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Frida Kahlo em Fotos



Muito já foi publicado sobre Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, ou simplesmente, Frida Kahlo, mas até, recentemente, quando a CosacNaify lançou o belíssimo livro "Frida Kahlo Suas Fotos", nunca se tinha visto tanto material inédito reunido e lançado de uma só vez sobre a pintora mexicana. 

Não só este livro rico em mais de 500 fotos relacionadas à artista foi muito alardeado pela imprensa recentemente (aproveitando a passagem da data de seu nascimento-06/07 e amanhã, de morte- 13/07), como também do relançamento quase simultâneo de "Diego e Frida" de J.M.G Le Clézio (Editora Record).

Nesse primeiro momento vou enfocar o livro imagético que é dividido em sete partes: Origens, Papai, A Casa Azul, O Corpo Dilacerado, Amores, A Fotografia e Luta Política. Em cada uma delas, o leitor e apreciador da artista plástica irá se surpreender com imagens que revelam muito da personalidade de Frida e sua escolha estética. Além de fotografias (algumas de autoria da própria Kahlo), os capítulos são acompanhados de textos de Masayo Nonaka, Gaby Franger/Rainer Huhle, Laura González Flores, Maurício Ortiz, James Oles, Horacio Fernández e Gerardo Estrada, que revelam certas peculiaridades da artista.

Por exemplo, os autoretratos que seu pai Guillermo Kahlo costumava produzir, sobremaneira ajudaram na predileção de Frida por retratar a si própria em seus trabalhos, aliado aos seus vários períodos de convalescença. A escolha por se caracterizar de tehuana (pertecente ou relativo a Tehuantepec, distrito do Estado de Oaxaca no México) muito mais do que agradar ao seu marido, Diego Rivera, era uma espécie de homenagem aos seus ancestrais maternos indígenas.

Seu relacionamento estreito com o pai Guillermo também possibilitou que desde cedo, estivesse familiarizada com a nova arte surgida no século XIX. Mais tarde, o tropismo pela fotografia foi acentuado pelos laços de amizade com profissionais da área como Tina Modotti, Edward Weston, Nickolas Muray, Martin Munkácsi entre outros, que chegavam a dar dicas de como utilizar certos tipos de filme e revelá-los.

Não só a intimidade de Frida pode ser melhor compreendida através dessas imagens, mas também o universo político e social em que ela estava inserida. Independente de alguns acharem sua arte menor (comparativamente ao do seu grande amor, Rivera- opinião que eu não compactuo), "Frida Kahlo Suas Fotos" é obrigatório na biblioteca de exploradores de tesouros.

Texto: Suyene Correia

Foto 1: Capa do Livro "Frida Kahlo Suas Fotos"

Foto 2 : Diego Rivera em seu ateliê de San Angél, com intervenção de Frida Kahlo (marca de batom)

Foto 3: Frida Kahlo na Casa Azul em 1930

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tem Virada Nacional


Pausa no Cine Cult, mas não na Virada Cinematográfica, também organizada pela Cine Vídeo e Educação, produtora do Roberto Nunes. Amanhã, faltando um minuto para a meia-noite, está programada para o Cinemark Jardins, mais uma maratona de cinema, com as exibições de três longas nacionais.

O primeiro será "Os Inquilinos", sexto filme de Sérgio Bianchi estrelado por Caio Blat, Marat Descartes e Cássia Kiss. O segundo é um filme surpresa também brasileiro e a madrugada se encerra com a exibição de "Histórias de Amor Duram Apenas 90 minutos" de Paulo Halm também com Caio Blat, Maria Ribeiro e Luz Cipriota.

Nos intervalos entre os filmes, será servido gratuitamente água, refrigerante e café. Ao raiar do dia, um delicioso café da manhã será servido aos cinéfilos resistentes. Os ingressos para a Virada estão à venda ao preço de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Associados e que marcaram presença na última Virada, pagam apenas R$ 10 e as carteiras do Cine Cult serão entregues a partir das 22h, no hall do cinema pelo próprio Roberto.

Legenda da Foto: Cena de "Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos"

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Couro Artesanal



O projeto “Encourados do Sertão Sergipano”- desenvolvido ao longo de um ano pela historiadora Sayonara Viana e pelo fotógrafo Francisco Moreira da Costa- e contemplado pelo Microprojetos “Mais Cultura” edital do Ministério da Cultura, FUNARTE, INEC e Secretaria de Estado da Cultura, revelou não apenas o artesanato em couro como um produto de uso, mas como uma forma de arte que encerra um sistema complexo, uma rede de saberes, indo além da sua função utilitária ou decorativa, representando uma das formas de materialização da memória e de tradições mantidas por artesãos.

O público poderá conferir um pouco do que os pesquisadores encontraram no interior sergipano, na exposição que será aberta logo mais, às 18h, no Museu do Homem Sergipano. Com projeto expográfico assinado por Zilton Cavalcante, a exposição “Encourados do Sertão Sergipano” é dividida em quatro módulos- ferramentas, uso, oficina e festas- e conta com 20 fotografias, objetos e projeção de slides.

“No vernissage, será também lançado um catálogo que prioriza a valorização de um processo de trabalho secular do artesanato em couro, divulgando o saber-fazer que corre o risco de extinção devido à falta de mão de obra especializada. Nesse primeiro momento, identificamos o artesanato em couro produzido nas cidades de Canindé do São Francisco, Gararu, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo, Porto da Folha, Aquidabã, Cumbe, Feira Nova, Graccho Cardoso, Itabi e Nossa Senhora das Dores. Nosso intuito, no entanto, é ampliar essa pesquisa para o restante do Estado e mapearmos toda a produção de couro sergipano”, explica Sayonara Viana.

Ao todo, o fotógrafo registrou 1.090 fotos, sendo que deste universo, cerca de 50 estarão divididas entre ao catálogo e a exposição propriamente dita. Para Francisco, é mais fácil fotografar que escolher aquelas que entrarão para a exposição. “Nessa hora eu levo em consideração o discurso (já que a gente quer contar uma história) e, ao mesmo tempo, a questão estética-fotográfica. Eu procuro respeitar o discurso com boas fotos. Mas se uma foto não for “a foto” que eu acho, mas tiver importância para contar uma história, ela entra. Eu não a deixo de fora, senão a exposição se dilui”, disse.

Para não correr riscos de deixar belos cliques fora do alcance do público, Francisco Moreira da Costa preparou uma projeção de fotos (fora da exposição e do catálogo) em slides que serão mostradas na noite de abertura de “Encourados do Sertão Sergipano”. Nesta mesma ocasião, haverá apresentação de esquete do grupo teatral História em Cena e presença musical de Robertinho dos Oito Baixos. O projeto, que contou ainda com a realização de uma oficina, ministrada por José de Lira Raimundo e Sebastião da Silva, ainda deverá produzir belos frutos.

Por enquanto, quem quiser conferir a exposição, ela ficará em cartaz até o dia 09 de agosto, no Museu do Homem Sergipano (Rua Estância, 228) e o horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 9 às 12h e das 14 às 17h. Visitas monitoradas podem ser agendadas através do telefone 3302-5841. O acesso é gratuito.

Texto: Suyene Correia 

Fotos: Francisco Moreira da Costa (crédito) 

terça-feira, 6 de julho de 2010

Imbuaça e "A Grande Serpente"



No dia 28 de agosto do corrente ano, o Grupo Imbuaça estará comemorando 33 anos de existência e resistência. São mais de três décadas de luta, sacrifício e dedicação à arte cênica de rua, sobretudo, ainda que alguns de seus 14 espetáculos de repertório tenham sido adaptados para o palco.

Para comemorar em grande estilo a passagem de mais um jubileu, o grupo estreia este mês, a peça “A Grande Serpente” do dramaturgo potiguar, Racine Santos, sob a direção do conterrâneo João Marcelino.

João Marcelino, que já dirigiu o Imbuaça em “A Farsa dos Opostos” (1992), “Chico Rei” (1995), Auto da Barca do Inferno (1997) e “Senhor dos Labirintos” (1999), volta a ocupar o posto de diretor, além de ser responsável pela concepção do figurino e cenários.

Em “A Grande Serpente”, a história se passa em meio à caatinga, num povoado isolado, a partir do momento em que a seca começa a castigar os habitantes do local, por conta do inexplicável esvaziamento da fonte local.

O coronel do lugarejo, Arão, procura explicação para o problema. Ele é alertado pela louca, Joana, que ele próprio, sem saber, é o causador da desgraça que se abate sobre o lugar. Tudo isso parece estar ligado ao seu casamento com Tamar, envolto em tons trágicos edipianos e enquanto a questão do incesto não for solucionada, a paz não reinará mais sobre aquele lugar.

“A ação toda da peça, o tempo inteiro, reforça onde aquelas figuras estão localizadas. Estão no meio de uma caatinga, um local intransponível onde ninguém consegue entrar e nem sair. Naturalmente, que interpretamos isso como uma grande metáfora. Que universo é esse, que poço é esse que seca, e para que ele torne a estar cheio, ele depende de uma única coisa: que o trágico daquela família seja resolvido. No momento em que a verdade é revelada, a cidade volta a ter paz, o poço enche, ‘a grande serpente’ desaparece. Enfim, o espetáculo funciona como uma alegoria bem interessante”, explica João Marcelino, que recebe um suporte na montagem do ator Lindolfo Amaral.

Contando com o patrocínio da SECOM do Estado, através do Fundo Estadual de Patrocínio para Projetos Sócio-culturais e de Comunicação Social e com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (SECULT), “A Grande Serpente” tem estreia prevista para o dia 27 de julho (para convidados e público em geral), às 21h, no Teatro Tobias Barreto. No dia 28 de julho, no mesmo horário, acontece mais uma apresentação para o público em geral.

No elenco de “A Grande Serpente” Isabel Santos Neves, Iradilson Bispo, Manoel Cerqueira, Luciano Lima, Rita Maia, Rosicleia Moura, Talita Calixto, Késsia Mércia e Carlos Wilker. A iluminação é assinada por Denys Leão e a trilha ficará a cargo de Eduardo Pinheiro.

Texto: Suyene Correia

Fotos do ensaio do espetáculo "A Grande Serpente" na sede do Imbuaça (crédito: divulgação)