segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sonora Brasil aporta na Casa da Rua da Cultura

Alabê Ôni_http://bangalocult.blogspot.com
Grupo gaúcho Alabê Ôni: pela primeira vez em Aracaju


Com o tema “Tambores e Batuques”, o SESC em Sergipe receberá hoje, o circuito Norte, Nordeste e Centro-Oeste, da 16ª edição do projeto Sonora Brasil. No Estado, o primeiro circuito de 2013 começa com a apresentação do grupo gaúcho “Alabê Ôni”, quarteto formado por pesquisadores da cultura negra, que recupera a história do Tambor de Sopapo. O evento é gratuito e acontece, logo mais, às 19h, na Casa da Rua da Cultura.

A segunda etapa do Sonora Brasil acontecerá no Museu da Gente Sergipana, dia 06 de setembro, às 19h, com a apresentação do grupo amapaense, Raízes do Bolão. Seus integrantes vivem no quilombo do Curiaú, área rural da cidade de Macapá, onde mantém a tradição de cantar os ladrões (cânticos) que falam de situações diversas do cotidiano e de temas religiosos.

Sobre o Sonora Brasil- Idealizado pelo Departamento Nacional do Sesc, o projeto “Sonora Brasil – Formação de Ouvintes Musicais”, desenvolve programações identificadas com o desenvolvimento histórico da música no Brasil, e consolida-se como o maior projeto de circulação musical do país, difundindo o trabalho de artistas que se dedicam à construção de uma obra de fundamentação artística não-comercial.

O principal objetivo do projeto é despertar no público um olhar crítico sobre a produção e os mecanismos de difusão da música. Dessa maneira, o Sonora Brasil incentiva novas práticas e hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações de caráter essencialmente acústico, valorizando a pureza do som e a qualidade das obras e de seus intérpretes.

Surgido como projeto que busca desenvolver programações identificadas com o desenvolvimento da música nacional, o Sonora Brasil chega a sua 16ª edição no biênio 2013/2014. Para este ano, dois temas vão percorrer simultaneamente o país: "Tambores e Batuques" pelos Estados das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste; e "Edino Krieger e as Bienais de Música Brasileira Contemporânea" pelo Sul e Sudeste. Em 2014, ocorrerá uma inversão de percurso, dando conta de todo território nacional.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Acabando com o "disse me disse"

Inaugurado no dia 10 de julho, o Cine Vitória, localizado na Rua do Turista (antiga Rua 24 Horas), é um projeto cultural desenvolvido pela Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe (Secult) e coordenado pela Casa Curta-SE, instituição sem fins lucrativos ligada à área do audiovisual, que teve participação importante na fase de elaboração e captação de recursos do projeto.

Abaixo, entenda como se deu a parceria entre Secult e Casa Curta-SE e a dinâmica da gestão compartilhada do Cine Vitória:

1 – A escolha pela Casa Curta-SE para gerir o espaço justifica-se pelos seguintes fatos: a instituição é caracterizada como ‘sem fins lucrativos’, tem mais de uma década de experiência comprovada na área do audiovisual, integra a rede de Pontos de Cultura do Ministério da Cultura e, como planejado no projeto, cobrará ingressos bem abaixo da média de mercado, apenas para fins de manutenção do espaço. Todos esses requisitos a enquadram na hipótese legal de inexigibilidade de licitação, de acordo com o parecer da Procuradoria Geral de Estado (PGE) em processo administrativo;

2 – A cessão do espaço já foi oficializada e aprovada pelo Ministério da Cultura (MinC), em documento oficial;

3 – Finalizadas as obras de adequação do espaço e a instalação da estrutura técnica do cinema, são responsabilidades da Secult e da Casa Curta-SE: definição da programação artística; garantia de exibição de produções sergipanas na sala; viabilização de projetos especiais na área do audiovisual que tenham o Cine Vitória como base; ampla divulgação das atividades neste espaço cultural;

4 – São responsabilidades exclusivas da Casa Curta-SE: manutenção do espaço e do equipamento técnico; formação de equipe profissional apta a garantir um bom serviço aos frequentadores do cinema; pagamento de todas as despesas fixas do Cine Vitória; envio periódico de relatórios administrativos à Secult;

5 – São responsabilidades exclusivas da Secult: acompanhamento dos relatórios administrativos enviados pela Casa Curta-SE; fiscalização do uso e conservação do espaço e do equipamento técnico; intermédio nas relações entre a administração do Cine Vitória e diretoria da Rua do Turista, complexo onde o cinema está instalado;

6 – A cobrança de ingressos a preços abaixo da média do mercado já estava previsto no convênio cujo texto, divulgado de forma resumida no Portal da Transparência do Governo federal, provocou interpretações equivocadas. Na verdade, não serão cobrados ingressos para as sessões do projeto ‘Sergipe Memória em Rede’. Para as demais, estão sendo cobrados preços populares, bem abaixo dos registrados em salas de cinema comerciais. A Secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura enviou novo documento à Secult reafirmando essa autorização de cobrança que, repete-se, tem finalidade apenas de manutenção do espaço;

7 – A Secult reforça que a gestão compartilhada entre poder público e uma instituição sem fins lucrativos é uma ferramenta moderna de gestão cultural e que outras salas de cinema pertencentes ao poder público pretendem adotar. O acerto vem sendo confirmado durante essas primeiras semanas de atividade do Cine Vitória, que vem garantindo repercussão positiva nos meios de comunicação e arrancando elogios de quem frequenta a sala;

8 – Por fim, a Secult convida todos a prestigiarem as produções que são exibidas no Cine Vitória e divulgar a abertura do espaço, contribuindo assim para impulsionar a volta do cinema de rua em Aracaju e a manter em plena atividade esse espaço que prima pela exibição de filmes que não têm evidência no circuito comercial brasileiro. Sugestões, críticas e/ou elogios sempre serão bem-vindos, podem ser registrados por e-mail (ascom@cultura.se.gov.br), nos perfis da Secult nas redes sociais ou na própria bilheteria do cinema, e ajudarão a otimizar o serviço.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

"Dois Franciscos": Intercâmbio Performático SE/MG

Os artistas Christina Fornaciari, Maicyra Leão e Shima apresentam o projeto “Dois Franciscos”, premiado pelo Edital Trocas Contemporâneas realizado pela Fase 10 - Ação Contemporânea , por sua vez, contemplada pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 9ª Edição.

Com foco no intercâmbio de propostas experimentais e no estímulo a vivências artísticas multifacetadas, o projeto envolve o deslocamento inter-regional dos artistas pelas cidades de Aracaju/SE e Belo Horizonte/MG para o desenvolvimento de ações que problematizem reflexões sobre o corpo e o espaço que ele ocupa.

 Conectadas pelo Rio São Francisco e distintas em tradições e contextos politico-sociais-culturais, as cidades/regiões alimentarão os artistas em suas práticas criativas, seja no sentido de integrar ou de acentuar distâncias, negociando as características específicas de cada lugar.

 Assim, o projeto instaura duas instâncias de experimentação: um primeiro momento, em Aracaju, onde os três artistas ministram o worskhop "Fluxo e Raiz", realizado na Universidade Federal de Sergipe e em espaços públicos da cidade de Aracaju; e um segundo momento, em Belo Horizonte, com a apresentação de Performances, nas dependências da Galeria Romano Stochiero 54, frutos desse intercâmbio.

 A ideia de corpos em trânsito baliza a própria configuração do trio de artistas: Christina é mineira, Maicyra é sergipana e Shima, paulista. Os três possuem reconhecidas trajetórias na arte da performance e conceberam o projeto coletivamente.

O workshop Fluxo e Raiz será realizado de 5 a 7 de agosto, UFS - Campus de Laranjeiras/SE, e as inscrições iniciam-se no dia 2 de agosto. Os interessados devem mandar e-mail para maicyraleaoufs@gmail.com (vagas limitadas), revelando em participar do workshop. Já as performances acontecerão  9 e 10 de agosto, na Galeria Romano Stochiero 54, Belo Horizonte/MG.

Todas as atividades são gratuitas.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Galeria Zé de Dome promove Grande Leilão de Artes e Antiguidades

Cabeça Chata_obra de Eurico Luiz_http://bangalocult.blogspot.com
"Cabeça Chata" de Eurico Luiz vai a leilão



Depois de uma década sonhando com a realização de um leilão de artes, eis que o marchand e proprietário da Galeria Zé de Dome, Marcelus Fonseca, conseguirá realizar seu intento hoje, à noite. A partir das 21h, no Hotel Mercure (av. Santos Dumont, 1500- Orla de Atalaia), a galeria promoverá o 1º Grande Leilão de Artes e Antiguidades do Estado com 155 peças catalogadas.

Nos últimos dois dias, os lotes do 1º Grande Leilão estiveram expostos no Mercure, para apreciação do público. Entre eles, quadros, móveis, peças de cristal, porcelana, tapete persa e biombo que poderão ser arrematados logo mais, ao vivo e online, através do site www.joelcocenzaleiloeiro.com.br 

Segundo Marcelus Fonseca, que trabalha no ramo do mercado de artes há 36 anos, a ideia de realizar um evento como este não é de agora. “Há cerca de 10 anos, conversando com o médico, escritor e colecionador de arte Marcelo Ribeiro, fui estimulado por ele, a realizar um leilão de arte por aqui. A batalha foi longa, porque não tínhamos um leiloeiro local e a burocracia é grande para se tornar um. Como dono de galeria, eu não podia me tornar leiloeiro. Mas eu tenho um amigo Joel Cocenza que é profissional da área e sinalizou, algum tempo depois, a vontade de vir morar em Aracaju. Sendo assim, comecei a providenciar a papelada na Junta Comercial e, após um ano e meio de idas e vindas, Joel Cocenza conseguiu ser nomeado como leiloeiro público oficial em Sergipe”, explica Marcelus. 

Dentre as 155 peças catalogadas, existem várias telas de artistas sergipanos- vivos e falecidos- bem como artistas de renome internacional. O 1º Grande Leilão de Artes contará com 41 artistas sergipanos, visando melhorar o mercado de artes plásticas em Sergipe. O evento, com vários lotes em lances livres, vem possibilitar boas compras para todo um público apreciador de obras de arte, como decoradores, colecionadores e investidores.

Além dos artistas sergipanos, o leilão contará com trabalhos provenientes de Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, entre outras localidades. Marcelus chama a atenção para uma pintura do século XVII- uma Madonna- cujo lance inicial será o mais alto desse leilão. Porém, todos os lotes serão iniciados com preço abaixo do valor de mercado.

“Iremos trabalhar com o lance inicial, equivalente a 50 % do preço de mercado. No entanto, a expectativa é de que consigamos vender os lotes acima do preço de mercado. Acredito que o público e até artistas se surpreenderão com alguns trabalhos que serão postos a leilão. Por exemplo, temos uma tela de Florival Santos e uma de Adauto Machado, do início de sua carreira, que vieram do Rio de Janeiro, que deverão ser bastante concorridas. Também contaremos com dois ‘cabeças chatas’ de Eurico Luiz”, que há muito não disponibilizávamos”, diz o proprietário da galeria.

Para quem não visitou a exposição de artes e antiguidades no Mercure, é possível visualizar os lotes através do site da Galeria Zé de Dome (www.galeriazededome.com.br). Lá, o internauta terá informações sobre a obra à venda (tema, dimensão, técnica), além de uma breve biografia do artista. 

A Galeria de Arte Zé de Dome foi fundada em 29 de junho de 1984 pelo Sr. Osvaldo José dos Santos, conhecido como o faroleiro-moldureiro, que através das suas molduras formou um acervo de mais de mil obras entre telas e esculturas de artistas sergipanos. Foi pioneiro em molduras no Estado atendendo a mais de 90% da sociedade entre clientes e artistas plásticos. 

Marcelus Fonseca buscando dar continuidade a este sonho do seu pai, Osvaldo, transformou a Galeria de Arte Zé de Dome, num espaço para amigos. Mais informações sobre o leilão podem ser adquiridas com Marcelus Fonseca através dos telefones 3041-4901 ou 9962-6039. 

Prêmio São Paulo de Literatura 2013

Está encerrando o período de inscrições para o Prêmio São Paulo de Literatura 2013, mas ainda dá tempo! Os escritores interessados em concorrer em uma das categorias do prêmio, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, têm até o dia 29 de julho. Em sua sexta edição, trata-se do maior prêmio literário do país em valor – R$ 400 mil no total. 

Podem ser inscritos livros de ficção no gênero romance, escritos originalmente em língua portuguesa, com primeira edição mundial no Brasil e cuja comercialização da primeira edição tenha ocorrido no ano de 2012. A edição deste ano contemplará três categorias: Melhor Romance do Ano (prêmio de R$ 200 mil) e Melhor Livro do Ano – Categoria Estreante, sendo um para escritores de até 40 anos e outro para escritores acima de 40 anos de idade (prêmio de R$ 100 mil para cada). 

Para maiores informações sobre procedimentos e documentos necessários, acesse o site http://www.premiosaopaulodeliteratura.org.br

domingo, 14 de julho de 2013

De "Presidente" a "quase" Prefeito

Rui Ricardo na première de "Aos Ventos que Virão" em Aracaju


Assim que me viu, chegando ao Cine Vitória, para conferir a pré-estreia de "Aos Ventos que Virão", na última quarta-feira, à noite, o ator Rui Ricardo Diaz fez questão de me cumprimentar e disse, estar feliz com a minha presença ali.  Eu o havia entrevistado em 2010, por ocasião das filmagens de "Aos Ventos que Virão" em Sergipe (praticamente, 80 % do filme foi rodado em Poço Redondo e o restante, em São Paulo) e, o experiente ator de teatro, com formação na TUCA (Escola de Teatro da Universidade Católica da PUC) e na International Scholl of Corporeal Mime- Londres) até àquele momento, havia protagonizado apenas um longa - "Lula, o Filho do Brasil" de Fábio Barreto. 

Como em "Lula", Rui Ricardo não decepciona na pele do ex-cangaceiro, Zé Olímpio, protagonista do novo filme de Hermano Penna. Depois da morte de Lampião,  Olímpio vê-se obrigado a fugir para São Paulo, a fim de não ser morto pela volante. Trabalha um tempo na construção civil, no Sudeste do país,  mas retorna à sua cidade natal, Poço Redondo, para resolver questões de herança e decide enveredar pela política. Candidata-se a prefeito da cidade, mas depara-se com a corrupção que acontece até hoje no cenário político nacional. Termina sendo preso, acusado de crime eleitoral e seu fim, prefiro me abster de contar, para não estragar a surpresa.

Após a sessão, colegas da equipe de filmagem, que Rui não via há quase dois anos e admiradores do seu trabalho, queriam parabenizá-lo por mais uma atuação exemplar. Consegui driblá-los, momentaneamente, e Rui concedeu-me uma entrevista breve. Confiram, a seguir:

Você estreou na telona, fazendo o papel de "Lula", então presidente do Brasil. Agora, em "Aos Ventos que Virão", na pele de Zé Olímpio, quase se torna prefeito. A carreira política está nos planos futuros de Rui Ricardo Diaz?

Rui Ricardo- Não, de maneira alguma (risos). Agora, este filme do Hermano é importantíssimo, extremamente atual, pelo que o país está vivendo no último mês. Quem bom que ele está sendo lançado agora, neste momento de efervescência, de protestos... E que isso implica, obviamente, na cultura, na sociedade como um todo.

O que foi mais difícil para você: dançar o forró, aturar o calor ou montar a cavalo ?

Rui Ricardo- As três coisas foram muito difíceis. Acho "entrego", logo quando apareço dançando, que forró não é meu forte. Tive umas aulas, mas... Quanto à montaria, foi legal porque eu aprendi a montar, cheguei um mês e meio antes das filmagens e fui me familiarizando com os costumes do lugar, a forma de falar, todo esse laboratório. Além de me acostumar com as altas temperaturas do sertão.

Como foi a experiência de trabalhar com o Hermano Penna ? Um diretor que está muito acostumado a dirigir aqui em Sergipe e trabalhar com temáticas ligadas ao homem do sertão, fazendo um contraponto com a zona urbana ?

Rui Ricardo- Não tem coisa melhor que trabalhar com um diretor que domina o universo que pretende explorar. Ele tem profundo conhecimento do que está tratando e isso, é muito legal. Além do que, Hermano tem um trabalho de direção voltado para o ator e eu já sabia disso, quando fui convidado a participar do elenco. Eu brinco, dizendo que tem o cinema e o "cinema" do Hermano Penna.

Algum problema em se ver na telona ? Como você trabalha com a autocrítica ?

Rui Ricardo-  Acho que existe um mito em torno dessa história do ator se ver na tela, mas prá mim, não tem o menor problema, eu gosto da experiência. Eu quero ver se tudo funcionou, como ficou o enquadramento, se o resultado final ficou bacana e se dialoga com o espectador. Porque no cinema, no teatro, o que importa é se o diálogo com a plateia aconteceu. Agora, não posso negar que rola um certo nervosismo, principalmente, aqui hoje, por eu voltar ao Estado onde aconteceram as filmagens e interpretar um sergipano.

Quais seus próximos projetos  para o cinema ?

Rui Ricardo- Tem um filme da Tata Amaral e Caru Alves, chamado "De Menor", que está aguardando o lançamento e eu interpreto um Promotor de Justiça. Também já rodei o filme "Rondon: o Grande Chefe" de Marcelo Barreto ( com os mesmos produtores de "Lula, o Filho do Brasil"), que além de estrear nos cinemas, também deverá chegar, em breve, no formato de série para TV.


Crédito da foto: Marco Vieira

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Première de "Aos Ventos que Virão"

Hermano Penna, Luís Miranda, Antônio Leite e Rui Ricardo
Rui Ricardo e Luís Miranda com a figurinista Celinha Cariri
Rosângela Rocha (diretora do NPDOV) e Orlando Vieira
Hermano e parte da equipe de "Aos Ventos que Virão"


Na noite da última quarta-feira, o Cine Vitória foi inaugurado, oficialmente, com a pré-estreia do filme "Aos Ventos que Virão" de Hermano Penna. O cinema já estava funcionando desde maio, quando aportou pela primeira vez em Aracaju, o Festival Varilux de Cinema Francês. Logo depois, o cine deu uma parada nas atividades, e há três semanas, voltou com "a corda toda", com uma programação diversificada, de deixar os cinéfilos radiantes.

Talvez por conta de agenda do diretor e dos atores, só agora foi possível, a película rodada, praticamente em sua totalidade, na cidade de Poço Redondo, distante 184 km de Aracaju, ser vista por aqui. Afinal, pré-estreia sem estrelas, não tem graça. Além do diretor, marcaram presença na première os atores Rui Ricardo Diaz, Luís Miranda, Orlando Vieira, Antônio Leite, Vieira Neto, entre outros membros da equipe técnica. A atriz Emanuelle Araújo que havia confirmada a presença, não pode vir por conta de gravações.

A primeira sessão oficial de "Aos Ventos que Virão" aconteceu no Cine PE deste ano. Segundo o próprio Hermano Penna, o público pernambucano recebeu bem o filme, porém a crítica especializada não foi tão enfática, positivamente. No filme, a pequena cidade do interior de Sergipe - Poço Redondo - entra inadvertidamente para a história como o palco da morte de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Junto com ele, morrem também o Cangaço e toda uma era da História do Brasil. E inicia-se a perseguição dos cangaceiros remanescentes, agora sem líder, nem direção.

Zé Olímpio (Rui Ricardo Diaz) é um destes cangaceiros. Ele sabe que não terá um minuto de paz enquanto o Sargento Isidoro (Edlo Mendes) estiver em seu encalço. Para ele, a única saída é abandonar a fazenda de sua família e tentar vida nova em São Paulo, ao lado da esposa Lúcia (Emanuelle Araújo). Agora, Zé Olímpio começa outras lutas. Contra o preconceito, o subemprego e a intolerância. E sentindo-se um estranho no ninho na metrópole paulistana, além de ter que resolver questões de herança, após a morte do pai, Zé Olímpio decide retornar à sua terra, tendo sempre como braço direito, o vaqueiro Nêgo de Rosa (Luís Miranda).

Não demorará para ter eleições na cidade e a candidatura de Zé Olímpio ser lançada para ocupar a prefeitura. No entanto, devido a um acordo firmado entre o partido do candidato concorrente (o filho do Coronel Coriolano) e a justiça eleitoral,  os possíveis eleitores de Zé Olímpio ficam impossibilitados de votar, por conta do não recebimento  de seus títulos e  ele se vê obrigado a "fazer justiça" com as próprias mãos. Preso, juntamente com outros companheiros que o ajudaram a queimar as urnas, Zé Olímpio acompanha a construção de Brasília pelas revistas e vê a  mudança da capital para o  centro do país, como o  despontar de uma nova esperança.

Crítica- Ainda que sem data definida para o lançamento comercial, o filme não deixa de dialogar com o momento atual. "Aos Ventos que Virão" chega por aqui, em meio às manifestações populares espalhadas pelo país. A insatisfação contemporânea com a política é semelhante a que acompanha o personagem Zé Olímpio por quase toda a projeção. O personagem, aliás, é fictício, mas inspirado em Zé de Julião, o cangaceiro Cajazeira, filho do maior fazendeiro da região de Poço Redondo. O longa, no entanto, não é sobre o Cangaço, nem sobre cangaceiros (apesar deles aparecerem em três sequências do filme, inclusive, Lampião).

Penna conheceu a história de Zé Julião, através do historiador sergipano Alcino Alves, em 1976, quando filmou em Poço Redondo, o documentário "A Mulher no Cangaço". Inicialmente,  a história do personagem de Zé Olímpio era mais próxima da realidade vivida por Zé Julião, mas com os inúmeros tratamentos do roteiro, "Aos Ventos que Virão" tornou-se um mosaico de lembranças pessoais e de muitas histórias escutadas em andanças e vivências do diretor.

Aliás, essas mexidas no roteiro (escrito pelo diretor, conjuntamente com Paulo Sacramento e Jaqueline Tavares) não fizeram bem ao produto final. Existem algumas lacunas incômodas, como por exemplo, a saída de cena -por um bom período- de Lúcia que deixa o espectador um tanto desnorteado. Num primeiro momento, ela está grávida e despede-se de Zé Olímpio, em São Paulo, antes dele retornar a Poço Redondo. Passa-se um bom tempo para Lúcia reaparecer, já quando Zé está preso, e aí, ela faz menção aos filhos ( são dois, mas não se sabe com que idade estão ?), entregando ao marido um presente que eles mandaram. Nesse meio tempo, Zé Olímpio articulou-se politicamente, candidatou-se à prefeitura, fugiu com as urnas, ateou fogo nelas e foi preso. Mas não se tem a menor noção onde está Lúcia.  

Esses saltos no tempo, inclusive, não são bem acompanhados pela equipe de maquiagem. Zé Olímpio pouco envelhece na tela e Nêgo de Rosa e Lúcia mostram que duas décadas para eles, funcionam como dois meses. O figurino assinado pela experiente Celinha Cariri funciona bem em quase todas as instâncias, sobretudo nos modelitos confeccionados para a personagem de Emanuelle Araújo. No entanto, "algo fica fora de ordem" quando o bando de cangaceiros entra em cena. O figurino deles está "asséptico" demais e um tanto quanto "carnavalesco". 

Mas se o filme derrapa em alguns aspectos técnicos- talvez por questões de orçamento apertado- em três setores, ele não decepciona: direção de atores, fotografia e trilha sonora. Ao conversar com os atores sergipanos Orlando Vieira (Zé de Antão) e Antônio Leite (Coronel Coriolano)- ambos trabalharam junto com o diretor em "Sargento Getúlio"- eles afirmam num uníssono, que Hermano sabe lidar muito bem com o elenco e, enaltece o trabalho de atores secundários à trama.

"Quando Hermano vem filmar no Nordeste, sabemos que não somente os protagonistas terão destaque, mas também o povo do sertão. Daí porque, os coadjuvantes têm força na trama. Fiquei extremamente agradecido com o convite, por ter podido colaborar com ele em mais um projeto", conta Orlando Vieira.

"O cinema de Hermano Penna é um cinema apurado, de qualidade, com uma luz bonita... E ele tem um talento nato para lidar com atores. Esse é o quarto filme que faço com ele, depois de 'Sargento Getúlio' e, para mim,  a experiência é sempre salutar", diz Antônio Leite.

A fotografia de André Lavenère tem momentos expressivos, como a noturna, em que Nêgo de Rosa se encontra com Zé de Antão, ao redor de uma fogueira; o cortejo nupcial e o resgate de Zé Olímpio pelas mulheres peregrinas.

A trilha sonora assinada pela dupla José Luiz Penna e Tiago Araripe também não passa desapercebida. É uma mistura bem dosada de temas regionais e folclóricos, que curiosamente, foge ao clichê (a banda de pífanos conduzindo o cortejo nupcial e o trio animando a festa de casamento são ótimos).

Talvez o grande problema de "Aos Ventos que Virão" tenha sido a falta de maiores recursos para a produção.  Como disse, o próprio Hermano, em entrevista a ser publicada mais tarde no blog, "o que atrapalhou mais, foram os meios que não eram tão grandes quanto à pretensão do diretor". Ainda assim, o filme de Hermano, comparando-se aos outros longas que foram realizados em terras sergipanas, nos últimos seis  anos e já deram "a cara prá bater", com certeza será o que mais orgulho proporcionará aos conterrâneos.

Afinal, o sergipano agradece, por finalmente, se reconhecer na telona.


Crédito das fotos: Marco Vieira




quarta-feira, 10 de julho de 2013

"Aos Ventos que Virão" terá pré-estreia em Sergipe

Aos Ventos que Virão_filme_http://bangalocult.blogspot.com
Hermano Penna em meio às filmagens de "Aos Ventos que Virão"

O novo filme do diretor Hermano Penna- “Aos Ventos que Virão”- praticamente todo rodado em Sergipe, finalmente será exibido por aqui. Depois de debutar na telona, no Cine PE 2013, o longa-metragem estrelado por Rui Ricardo Díaz, Emanuelle Araújo, Luís Miranda, Marat Descartes e Orlando Vieira ganha duas sessões especiais, hoje e amanhã, respectivamente, em Aracaju e na cidade de Poço Redondo.

Na capital sergipana, a pré-estreia será às 19h, no Cine Vitória (Rua do Turista), num evento que marca, oficialmente, a reabertura do cinema do centro da cidade. O filme narra a história de Zé Olímpio (Rui Ricardo Diaz), um jovem cangaceiro que após o bando de Lampião ser dizimado, precisa fugir para São Paulo. Tempos depois, ele resolve retornar ao Nordeste e logo se torna político. É quando descobre a corrupção e a injustiça, ao ver um juiz impedir que seus eleitores possam votar. Revoltado, ele passa a ter atitudes agressivas como protesto.

"Um mosaico de memórias e histórias escutadas  em andanças pelo universo do sertão". Essa é apenas uma das possíveis definições do diretor Hermano Penna para “Aos Ventos que Virão”. E um desses fragmentos tem no cerne na história do ex-cangaceiro Zé Julião. O diretor teve contato com a história de Zé Julião quando pesquisava para o filme “A Mulher no Cangaço” no ano de 1976.  Na época, conheceu o historiador e escritor Alcino Alves, que lhe contou a história de um certo Zé de Julião , filho de fazendeiros que e sobreviveu à trágica (e porque não dizer épica) emboscada na fazenda de Angicos na qual Lampião e seu bando foi morto, um marco no declínio do cangaço. Zé de Julião migrou para o Rio de Janeiro para trabalhar na construção civil e depois ao retornar para Sergipe entrou na política.  

O diretor ressalta, porém, que a história não é uma cinebiografia de Zé Julião ou muito menos um filme sobre cangaceiros. “Sempre evitei marcar o filme com símbolos visuais que o ligasse a um regionalismo tradicional, e principalmente ao Cangaço. O filme dialoga com o fracasso histórico de nossas instituições em construir uma ordem social que contemple, através da justiça para todos, a plena cidadania.”

Além do diretor Hermano Penna, estarão presentes na noite da pré-estreia os atores Rui Ricardo Diaz, Luís Miranda, Emanuelle Araújo e Orlando Vieira. “Aos Ventos que Virão” foi patrocinado pelo Governo do Estado, que condicionou o apoio financeiro à participação de agentes culturais sergipanos na produção. 
Em Poço Redondo, a exibição do filme será amanhã, às 20h, na praça de eventos do município.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Cia. de Dança Deborah Colker apresenta turnê "20 Anos"

Nó_espetáculo da Cia. de Dança Deborah Colker_http://bangalocult.blogspot.com
Espetáculo "Nó" será apresentado amanhã, no TTB

Tatyana_espetáculo da Cia. de Dança Deborah Colker_http://bangalocult.blogspot.com
"Tatyana" é baseado na obra de Aleksandr Púchkin


A Cia. de Dança Deborah Colker que já marcou presença tantas vezes em Aracaju com seus belos e inusitados espetáculos, apresenta a partir de amanhã, na capital sergipana, a turnê “20 Anos”, em comemoração às duas décadas de atividade do grupo. Para brindar a data, serão apresentados três espetáculos, no Teatro Tobias Barreto, começando amanhã, às 21h, por “Nó”; no dia 4, no mesmo horário, “Tatyana” e, nos dias 6, às 21h e 7, às 17h, “Velox”. 

 Pela primeira vez, Deborah Colker remonta o espetáculo “Velox” na íntegra. Concebido em 1995, “Velox” retrata a segunda criação da companhia e une o nascimento de imagens através de escalada numa parede feita por bailarinos-alpinistas. Cinco temas envolvem o fio condutor da apresentação: mecânica, cotidiano, alpinismo, lutas marciais e esportes. Os assuntos se unem e se transformam em movimento coreografado. São realçados o movimento, a beleza, a alma e a vitalidade do simples movimento.

 “Nó” reflete o desejo como o principal tema trabalhado coreograficamente nesse espetáculo dividido em dois atos. No primeiro, os bailarinos movimentam-se em um emaranhado de 120 cordas. Cordas que dão nós e simbolizam os laços afetivos que nos amarram. Cordas que servem para aprisionar, puxar, ligar e libertar.

No segundo ato, saem as cordas e o palco é ocupado por uma caixa transparente de 3,1 x 2,5 m, criado por Gringo Cardia. Neste aquário gigante, feito de alumínio e policarbonato, os bailarinos se enlaçam, atraem-se e opõem-se, atam-se e desatam-se. É uma metáfora do desejo daquilo que se ambiciona, mas não se pode realizar. Os bailarinos equilibram técnica e dança contemporânea em movimentos delicados e brutais.

Já “Tatyana”, espetáculo mais recente do repertório da companhia, foi montado em 2011. Também presente na turnê de 20 anos, a apresentação retrata um grande clássico da literatura universal- “Evguêni Oniéguin” – romance em versos, publicado em 1832 por Aleksandr Púchkin. 

A Companhia de Dança leva ao palco o próprio Púchkin, interagindo com as ações, desejos, pensamentos e transformações psicológicas dos quatro protagonistas de sua obra-prima. A música de compositores como Rachmaninov, Tchaikovsky, Stravinsky e Prokofiev embala essa jornada atemporal ao âmago de uma história de duelos, desencontros, paixões e decepções.

O ingresso para cada espetáculo custa R$ 80 e já pode ser adquirido na bilheteria do teatro. Para os portadores de cartão Petrobras e Força de Trabalho, o ingresso será vendido com 50% de desconto. Estudantes também pagam meia entrada. Passaporte para 2 espetáculos, dá  direito a 20% de desconto e para quem comprar para três espetáculos, 30% de desconto.

Crédito das Fotos: Walter Carvalho