sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

"Rock Brasília" no Final de Ano do Cine Cult

Rock Brasília_cartaz

Depois do bem sucedido "Cartaz Solidário", ocorrido na sexta passada, na soparia Sopa Mágica, hoje Roberto Nunes (leia-se Cine Cult) promove o Final de Ano do Cine Cult com exibição do documentário "Rock Brasília-Era de Ouro" do paraibano Vladimir Carvalho e confraternização, logo após, no Sopa Mágica.

Vencedor do Festival Paulínia de Cinema na categoria Melhor Documentário, "Rock Brasília" mostra a geração do roqueira dos anos 1980, com ênfase nas bandas Capital Inicial, Plebe Rude e Legião Urbana. O espectador conferirá raros depoimentos de grandes protagonistas do período, a exemplo de Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá, Dinho Ouro Preto e os irmãos Fê e Flávio lemos e Philippe Seabra.
O filme é a terceira parte de uma trilogia inciada por Vladimir com "Conterrâneos Velho de Guerra" (1991) e "Barra 68" (2000).

A sessão está marcada para acontecer às 19h30, no Cinemark Jardins e depois haverá  uma confraternização na soparia Sopa Mágica (Rua Luiz Cordeiro de Morais, 748- Conjunto dos Motoristas). Os ingressos para o filme/confraternização já estão à venda ao preço de R$ 10 (preço único), na Tools Company do Shopping Jardins (vizinho à Casa da Cópia).

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Quem tem medo de (ler) Virginia Woolf ?




 Por Margueritte Durrel

Quem nunca teve uma vontade enorme de ler um escritor considerado clássico e desistiu ou adiou a leitura por causa de comentários de que o autor é muito complexo e suas estórias são de difícil compreensão? E ao final, complementam, precisa-se de preparo intelectual e psicológico para enfrentar tal escritor. 

Já me defrontei com essa situação e, confesso, relutei em seguir adiante. Este ano, entretanto, decidi me dedicar à leitura de Virginia Woolf, uma escritora respeitada pela crítica e muito valorizada pela academia, mas geralmente tachada de difícil. Não elaborei nenhum roteiro especial nem fiz qualquer preparação teórica. Apenas segui a ordem cronológica em que foram escritas as suas obras. Gostaria aqui de relatar minhas impressões sobre essa experiência, mas antes farei um breve relato sobre quem foi essa escritora. 

Virginia (Adeline V. Stephen) Woolf nasceu em Londres, em 1822. Filha de editor, crítico e historiador Sir. Leslie Stephen, teve uma educação refinada e freqüentou cedo o mundo literário. Em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem funda, em 1917, a Hogarth Press, editora que publicou obras de grandes escritores como Katherine Mansfield, T. S. Eliot, Freud, Proust, dentre outros. Participou do grupo Bloomsbury, círculo de intelectuais requintados que, após a I Guerra Mundial, atacariam as tradições literárias, políticas e sociais da era vitoriana.  

Virgínia começou a escrever artigos de crítica e contos em 1905. Escreveu A Viagem, seu primeiro romance, em 1915. Suas obras consideradas mais importantes são Mrs. Dalloway, Orlando, As Ondas, Passeio ao Farol e Entre os Atos. Também escreveu ensaios (O Leitor Comum, Cenas Londrinas, Um Teto Todo Seu). Ela é considerada uma escritora inovadora, pois, aboliu a exposição linear da ação e do enredo e subverteu o conceito do tempo literário. É considerada a “Proust inglesa”. Em 1941, vítima de grave depressão, suicida-se. 

Tive a oportunidade este ano de me deleitar com quase a totalidade de sua obra e descobri inúmeras/múltiplas Virginias. Alguns dos seus romances são bastante convencionais e podem ser lidos sem nenhuma dificuldade, como  A Viagem e Noite e Dia. Outros são bastante  experimentalistas, neles não há enredo e ação, apenas vida interior, pensamentos e sentimentos dos personagens. Algumas dessas obras lembram um quadro impressionista como é o caso de O Quarto de Jacob e Os Anos. Outras são verdadeiros romances-poemas, como As Ondas.  

Há também a Virginia ensaísta, crítica literária de O Leitor Comum, como também a de em Um Teto Todo Seu, um ensaio crítico de ironia fina, onde ela diz, com sabedoria:  "Seria mil vezes lastimável se as mulheres escrevessem como os homens, ou vivessem como os homens, ou se parecessem com os homens, pois se dois sexos são bem insuficientes, considerando-se a vastidão e a variedade do mundo, como nos arranjaríamos com apenas um? Não deveria a educação revelar e fortalecer as diferenças, e não as similaridades? Pois atribuímos às semelhanças um valor exagerado". 

Mas, se ainda assim, houver medo ou insegurança em se deleitar com as obras dessa escritora, não desista e procure a bem-humorada e deliciosa estória de Flush – Memória de um Cão. As aventuras de Flush, um cocker spaniel que ama raios de sol, pedaços de rosbife, a companhia de cadelinhas e de seres humanos, baseou-se na correspondência dos poetas vitorianos Elizabeth Barret e Robert Browning, onde falam sobre seu cão de estimação. 

Para terminar esse texto só me resta reproduzir trechos do artigo Como se deve ler um livro? Incluído no livro O leitor comum: O único conselho, de fato, que uma pessoa pode dar a outra  sobre o ato de ler é não seguir conselho algum, seguir seus próprios instintos, usar  suas próprias razões, chegar a suas próprias conclusões. (...) Admitir autoridades, mesmo austeramente  engomadas e togadas, em nossas bibliotecas e deixá-las nos dizer como ler, o que ler, que valor atribuir ao que lemos, é destruir o espírito de liberdade que é o exigênio desses santuários.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Margueritte Durrel estreia no Bangalocult

A partir de hoje, o Bangalocult, contará com a colaboração preciosa de uma leitora frenética, Marguerrite Durrel. Nascida no Brasil, na década de 1960, com pouco mais de três anos  foi morar em Paris, sortuda que é, terra de seus ídolos, como Flaubert, Simone de Beauvoir, Montaigne, entre outros. Ainda adolescente, começou a frequentar a Shakespeare and Company, fundada por Sylvia Beach e aprendeu a apreciar também, a literatura de língua inglesa tão bem representada por figuras como James Joyce, F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway.

Atualmente, a poliglota aposentada, divide o tempo em viagens pelo mundo e garimpando novos escritores (por novos entenda-se, aqueles que ainda não tem um título no seu acervo de quase cinco mil livros de vários idiomas). Da terra natal, que visita a cada dois anos, aprecia mais a riqueza literária (Drummond, Lispector, Lygia Fagundes Telles, Graciliano Ramos e Machado de Assis) do que propriamente o clima tropical (só visita as bandas de cá, durante o inverno). Também, na sua discoteca imensurável, é possível encontrar desde trilhas sonoras e música erudita, a muito jazz, música francesa e MPB (ama a Bossa Nova).

Foi a partir de minha viagem a Paris, em outubro, que ficamos amigas. E depois de muito insistir, ela aceitou o desafio de escrever (quando puder) sobre suas leituras, que cada vez mais privilegiam histórias tupiniquins.


PROCURA-SE JOÃO GILBERTO DESESPERADAMENTE

Por Margueritte Durrel

Amantes das letras e da boa música, e, principalmente, fãs ardorosos de João Gilberto, terão sorte se algum amigo secreto presenteá-lo nesse Natal com o livro do escritor e jornalista alemão Marc Fischer, “Ho-ba-la-lá – À procura de João Gilberto”, publicado recentemente pela Companhia das Letras.

Marc Fischer apaixonou-se por João Gilberto e pela bossa nova logo após ser apresentado ao disco “Ho-ba-la-lá”, de 1959, por um amigo japonês. A paixão foi tanta, que o levou ao Rio de Janeiro à procura do artista. Queria ouvi-lo cantar “Ho-ba-la-lá”.

Mas quem conhece João Gilberto sabe da dificuldade da empreitada.  Sua fama de irascível, misantropo e de não comparecer aos shows é tão grande quanto a idolatria dos admiradores. Conseguirá o autor encontrá-lo?

Para contar sua estória, o jornalista cria um clima de suspense e, juntamente com o seu Watson – na verdade, sua amiga Rachel – sai em busca dos amigos e companheiros de bossa nova do supostamente inalcançável artista. 

As conversas descontraídas com João Donato,  Marcos Valle, Miúcha, Roberto Menescal, bem como a jornalista Claudia Faissol, com quem João Gilberto tem uma filha, entre outros, faz emergir um perfil complexo. Em alguns momentos surge um João Gilberto enigmático, profundamente sensível e espiritualizado; em outros vê-se a face do artista atormentado, até mesmo egocêntrico e  vampiresco.

Em sua busca, o escritor não mede esforços, viaja a Diamantina para conhecer a casa onde o artista morou com a irmã na década de 1950. Tranca-se no  banheiro cuja  acústica era capaz de produzir o som “perfeito” e conhece personagens pitorescos que até hoje se recordam do tão ilustre morador.

Não conto mais, para não estragar o prazer da leitura. Porém, não posso encerrar sem dizer que o livro, além de ser um tributo a João Gilberto é um belo exemplo de Jornalismo Literário. A narrativa remete ao texto “Frank Sinatra está resfriado”, perfil realizado pelo escritor e jornalista Gay Talese, do cantor Frank Sinatra, após inúmeras tentativas frustradas de fazer uma entrevista com o mesmo.

Um dado inusitado, é que o autor morreu dias antes de ser lançado, em alemão, "Ho-ba-la-lá- À procura de João Gilberto".

Depardieu em grande forma (artística)

Minhas Tardes com Margueritte_filme

 O diretor Jean Becker, responsável pelo longa "Conversas com Meu Jardineiro", não me convenceu muito com esse drama protagonizado por Daniel Auteuil e Jean-Oierre Darroussin. No entanto, em "Minhas Tardes com Margueritte", ele volta ao tema da amizade/cumplicidade, de forma mais tocante e envolvente. 

Não é difícil o público simpatizar com Germain (Gérard Depardieu inspiradíssimo, apesar de extremamente obeso), um homenzarrão de coração nobre, que mora num trailer, vizinho à da mãe (Clarie Maurier) que é descompensada emocionalmente. Sua rotina divide-se entre cuidar de uma pequena horta particular, as bebedeiras com amigos e o relacionamento com uma jovem, motorista de ônibus. 

Com a autoestima lá embaixo, Germain, vez por outra, relembra das humilhações que sofria na escola (por conta da dificuldade de ler e aprender) e em público, por conta da mãe sempre a zombar de seu exceso de peso e de sua desatenção. Mas o fanfarrão irá dar um novo rumo à sua vida, a partir do momento que conhece a nonagenária Margueritte (Gisèle Casadesus), uma aficionada leitora, que diariamente se aconchega num banco de paraça, para ler.

Se antes eram os pombos a sua "plateia", agora Margueritte conta com a atenção de Germain, que começa a se interessar pelos clássicos e torna-se seu admirador. À medida que o drama, com pitadas de comédia se desenrola, o espectador vai se encantando com o jeito meigo da velhinha e torcendo para que Germain, através da leitura, dê a volta por cima.

No entanto, Jean Becker derrapa no tom melodramático que imprime à trama, no 1/3 final da película, e ao desfecho meio óbvio. Mesmo assim, o resultado é superior a "Conversas com Meu Jardineiro", num duelo primoroso de interpretações da dupla principal.

Legenda da Foto : Literatura une Margueritte (Casadesus) e Germain (Depardieu)

Enquanto o novo CD não chega....



No início do ano, postei aqui comentário sobre essa cantora inglesa, Sarah Joyce, mais conhecida como Rumer, que lançou no finalzinho do ano passado, seu primeiro disco "Seasons of My Soul".  Contendo 10  faixas autorais, uma de David Gates ("Goodbye Girl") e duas regravações - "Alfie" de Burt Bacharach e Hal David e "It Might Be You" (Theme From Tootsie) de Alan Bergman, Marilyn Bergman e Dave Grusin-, Rumer não parou de realizar shows na Inglaterra e até fora do país, a fim de divulgar seu trabalho de estreia.
No meio dessa agitação toda, ela ainda encontrou um tempinho para compor "I Believe in You", canção dos créditos de "Johnny English Reborn".

Enquanto aguardo, ansiosamente, um novo disco da cantora- cujo timbre de voz se assemelha, em determinadas notas, ao de Karen Carpenter- vou garimpando interpretações dela de clássicos dos anos 1960/70 como "Remember" de Harry Nilson; "Wedding  Bell Blues" de Laura Nyro e "Come Saturday Morning" de Dory Previn e Fred Carlin.

Aos interessados, o CD "Seasons of My Soul" pode ser encontrado nas melhores lojas do ramo (Livraria Escariz, Saraiva). As canções que mais curto são "Slow", "Am I Forgiven", "Come To Me High", "Aretha" e "Healer". Acho que essa garota ainda vai longe...


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ORSSE executa "O Messias" de Handël



O ano de 2011, sem dúvida, foi um dos melhores na história da Orquestra Sinfônica De Sergipe (ORSSE). Durante a temporada deste ano, cujos concertos foram realizações da Secretaria de Estado da Cultura e contaram com o patrocínio do Instituto Banese, a ORSSE conseguiu trazer para o Estado uma gama de artistas convidados, de renome internacional, como André Mehmari, multi-instrumentista, aclamado em diversos países, o pianista Jean Louis Steuerman; Emmanuele Baldini; Daniel Guedes; Mario Ullôa; Gabriela Queiroz; Eduardo Monteiro; Amaral Vieira e Gabriel Marin, além de ter realizado a primeira apresentação fora do país, no Festival Internacional de Música Barroca, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), onde apresentou a Ópera La Bohème, em forma de concerto.

Para encerrar em grande estilo a temporada 2011, a Orquestra Sinfônica de Sergipe, sob a regência do maestro Guilherme Mannis, apresentará, de forma inédita no Estado, “O Messias” Oratório, HWV 56  , de Georg Friedrich Händel, com participação do Coro Sinfônico da ORSSE e dos solistas Edna d’Oliveira (soprano), Paulo Mandarino (tenor), Ariadne de Oliveira (contralto) e Cláudio Alexandre (baixo). Os concertos ocorrerão amanhã e quinta-feira, a partir das 20h30, no Teatro Tobias Barreto.

O oratório foi estreado em Dublin, em 1742. Nessa ocasião celebrava-se o período da Páscoa. Ainda assim, o texto sobre o qual se desenrola a partitura permite adequar-se de igual modo à época natalina. Possui uma criteriosa seleção de escrituras bíblicas recolhidas no antigo e novo testamento e divide-se em três partes. Na primeira são evocadas profecias e aclama-se a encarnação do Messias. Preenche-se deste modo quase metade da obra, em plena consonância com a temática religiosa que substancia a celebração do Natal. Depois, na segunda parte, relata-se a paixão e a ressurreição de Cristo. Já nos últimos números, a terceira parte, comemora-se o triunfo, a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. 

“Todo este trabalho é fruto de muita dedicação e profissionalismo de nossos músicos, o carinho e emoção de nosso público e, sobretudo, o compromisso que o Governo do Estado de Sergipe tem com o crescimento cultural do seu povo, através da Secretaria de Cultura e o apoio vital do Instituto Banese. A ORSSE proporcionou um reconhecimento nacional da música produzida no Estado. Agora pensamos em novo tempo, em criar uma perspectiva de futuro musical aos nossos jovens.” compartilha o maestro Mannis, que no concerto de “O Messias” contará com o auxílio do maestro Daniel Freire, regendo o  Coro Sinfônico da ORSSE.

Os ingressos para a apresentação já se encontram à venda na bilheteria do teatro (das 13 às 20h) ao preço de R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).

Legenda da Foto: Guilherme Mannis regendo a ORSSE, com Coro Sinfônico ao fundo

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um Argentino e Um Chinês

Um Conto Chinês_filme
A Árvore do Amor_filme
Dois dias na capital baiana e já consigo me recuperar da escassez de filmes interessantes, que teima em rondar os cinemas aracajuanos. Não que "Os Muppets", "Operação Presente" e "Gato de Botas" não devam ser conferidos, mas entre uma overdose de animação e outra de emoção, prefiro a segunda.

No primeiro dia, em Salvador, assisto logo ao bem criticado "Um Conto Chinês" de Sebastián Borensztein. A co-produção Argentina/Espanha conta a história de Roberto (Ricardo Darín), um ermitão e proprietário de uma loja de ferragens, que imerso num mundo idiossincrático, apresenta dificuldades em se sociabilizar. Seu cotidiano, no entanto, sofrerá mudanças radicais, a partir do momento que dá guarida ao jovem chinês Jun (Ignacio Huang).

Depois de ter sido vítima de uma tragédia surreal, Jun, decide partir para Buenos Aires, atrás do tio que há muito não tem notícias. O problema é que sem falar uma palavra em espanhol, ele foi vítima de assaltantes e viu-se "salvo" por Roberto, que se empenha em ajudá-lo. Mas se arrependimento matasse, Roberto estaria morto nos primeiros 20 minutos de projeção.

Como isso não ocorre nem na ficção, somos fisgados pelo engenhoso roteiro assinado por Borensztein, que apesar de tratar um tema já muito explorado no cinema (o surgimento da amizade entre personalidades tão díspares), conta com o suporte das ótimas interpretações da dupla central- Darín e Huang. "Medianeras" e "Um Conto Chinês" foram os dos melhores filmes argetinos que conferi neste ano. Que venham mais...

Logo em seguida, não estando contente com um chinês no título da produção Argentina, emendei a sessão com o mais novo filme de Zhang Yimou (leia-se "Lanternas Vermelhas", "Nenhum a Menos", "O Clã das Adagas Voadoras"). Confesso que fiquei surpresa com o tom melodramático desse romance, pegada pouco usual do diretor. Mas se Zhang Yimou parece estranho à primeira vista, à medida que a trama se desenrola, percebemos elementos comuns aos seus filmes anteriores, como a crítica ao sistema repressor da China na época da Revolução Cultural, a condição da mulher naquele país, o esmero com a fotografia e o olhar aguçado em descobrir novos talentos, entre outros.

A estreante atriz Zhou Dongyu,convence muito bem no papel de Jing, uma ingênua garota que após a prisão do pai,por questões políticas, vê-se com a responsabilidade de sustentar os irmãos pequenos e a mãe. A única saída para jovens como ela, filha de um dissidente, é se engajar no "espírito" da Revolução Cultural e através da "reeducação", conseguir um empreo de professora.

Mas no caminho de Jing surgiria o belo Sun (Shawn Dou). Jovem geólogo, trabalhando no campo, próximo à casa onde Jing ficaria hospedada por um tempo, Sun se apaixona pela adolescente, que aos poucos vai sendo conquistada pela sua extrema dedicação. No entanto, não será fácil Jing convencer a mãe das boas intenções do rapaz, oriundo de uma família abastada. Quando ela consegue afinal, a vida já reservou um triste destino para ambos.


Yimou confirma seu esmero com a produção, mantendo a parceria de longa data com o fotógrafo Zhao Xiaoding, escolhendo bem os protagonistas, mas derrapa com o uso exagerado de legendas explicativas e fades, dando um aspecto didático à narrativa, totalmente desnecessário.

Legenda da Foto 1: Roberto (Ricardo Darín) e Jun (Ignacio Huang) tentam lidar com a incomunicabilidade em "Um Conto Chinês"

Legenda da Foto 2: Cena do filme "A Árvore do Amor", que apesar de melodramático, tem momentos de singeleza ímpares

domingo, 18 de dezembro de 2011

O ator, a cantora e o carnavalesco

Cheguei hoje de Salvador, e depois de ficar quase três dias sem acessar a internet, de ligar muito pouco a TV, e só saber dos acontecimentos do mundo através dos jornais (rapidamente lidos), chego à triste conclusão de que alguns impressos, de fato, vão mal das pernas.

Senão vejamos: compro o Globo e o Estado de São Paulo de hoje e não consigo encontrar uma linha sequer sobre a morte da cantora caboverdiana, Cesária Évora, no diário carioca. No "Estadão" é possível ler um breve resumo da carreira da artista, que despontou mundialmente, no final dos anos de 1980, início de 1990.

Não me lembro direito como conheci o talento de Cesária. Se algum amigo me indicou o som ou se eu mesma, garimpando novos talentos nas lojas de discos, deparei-me com aquela voz possante e ao mesmo tempo acolhedora. Só sei que me arrependo horrores, de não ter ido a Salvador, uma certa feita, para assisti-la, no Farol da Barra, dentro da programação do 1o festival África Brasil (última vez que se apresentou no país). Depois dessa possibilidade, só pude consumir seus discos um a um, até me deleitar .

Mas voltando à questão da mídia, de que falava anteriormente, como se isso fosse pouco, o desdém da imprensa carioca, não poupou Joãosinho Trinta. No Jornal O Globo de hoje, no canto superior esquerdo da 1a Página, vê-se a foto do ator Sérgio Britto também morto ontem, aos 88 anos, e do carnavalesco maranhense, de 78, anunciado no obituário. Ao abrir a referida página 38- do Obituário- cuja metade já estava ocupada pelo "O Tempo no Globo" (seção metereológica), vi que não tinha sido escrito mais do que um parágrafo sobre João Clemente Jorge Trinta. 

O espaço reservado ao ator Sérgio Britto foi digno, respeitoso, justo, mas penso que Joãosinho Trinta merecia espaço similar, como foi o reservado para ele na edição de hoje do Estado de São Paulo, na seção Memória. Não sei se estou me precipitando, talvez amanhã, saia até uma matéria caprichada em O Globo sobre o maranhense que revolucionou o Carnaval do Rio de Janeiro, modernizando a tradicional festa brasileira, com enredos arrojados (muitos impensáveis de ser colocados na avenida) que deram muitas conquistas ao Salgueiro, Beija-Flor e Viradouro.

Mas o fato é que hoje, um dia após a morte do carnavalesco, a repercussão no jornal foi pífia. Pena que o Jornal do Brasil, seu grande concorrente, deixou de rodar há pouco mais de um ano e, agora, só possa ser lido na tela de um computador. Espero que O Globo não prove no futuro de seu próprio veneno, quando deixar de circular também nas bancas de jornais: o de ser esquecido.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Cândido Faria (1849-1911)

Cândido Faria_foto


Cândido Faria_cartaz

Cartaz de autoria de  Cândido Faria

Neste sábado, comemora-se o Centenário de Morte do laranjeirense, Cândido Aragonez de Faria (1849-1911), um dos mais representativos artistas sergipanos. Chargista, cartazista e artista plástico completo, o nome de Cândido Faria pode soar desconhecido para a maioria dos sergipanos, mas na história da Caricatura Brasileira e dos primórdios da Sétima Arte, sempre foi uma referência.

 Responsável pela criação de mais de 300 cartazes de filmes produzidos pela famosa Casa Pathé, o sergipano antes de escolher a capital francesa como derradeira residência, morou no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Buenos Aires. Filho do médico José Cândido Faria e da espanhola Josefa Aragonez, Cândido Faria nasceu em Laranjeiras em 1849, mas por conta da morte do pai, vítima de cólera num surto ocorrido no Estado em 1855, não demorou muito para se mudar com a mãe e os irmãos para o Rio de Janeiro, onde viviam parentes maternos.

Lá cursou o Liceu de Artes e Ofício e a Escola de Belas Artes, mostrando vocação para o desenho. Juntamente com o irmão Adolfo, que viria a se tornar famoso fotógrafo em Paris, Cândido fundou o seu primeiro jornal- O Mosquito- dando início aos empreendimentos na área jornalística. Mais tarde, mudando-se para Porto Alegre, funda dois jornais- Diabrete e Fígaro- e monta seu primeiro ateliê, oferecendo curso de arte. 

Vai morar em seguida, em Buenos Aires, onde também atua no ramo editorial, desta vez com o jornal e a revista La Cotorra e, em 1882, então com 33 anos, segue em direção a Paris, onde posteriormente, transforma-se num dos mais requisitados desenhistas e cartazistas, do final do século XIX e início do século XX.

Segundo o pesquisador Luiz Antônio Barreto, juntamente com o conterrâneo Horácio Hora, pintor que fez fama na capital francesa, Cândido Faria é um dos artistas mais representativos do Estado, tendo em vista o trabalho desenvolvido no exterior. “Eles foram até contemporâneos num determinado momento, sendo seus ateliês vizinhos na França. Mas ao contrário de Horácio Hora, que sempre vinha a Sergipe, mesmo morando no exterior, não tenho conhecimento de Cândido ter voltado à sua terra natal, depois de estabelecido residência em Paris”.

O pesquisador, inclusive, teve um maior contato com a obra do cartunista, na década de 1990, quando chegou em suas mãos, uma carta de Felipe Aragonez de Faria, único neto de Cândido. Na época, Luiz Antônio Barreto era secretário de Cultura do Estado e começou a dialogar com o descendente francês, a fim de lhe auxiliar sobre documentos ligados a seu avô.

“Desde então, ele tem vindo com uma certa frequência a Sergipe, a fim de pesquisar dados sobre seus tataravós e finalizar um projeto que envolve o lançamento de três livros: um sobre a família Aragonez, outro sobre o médico José Cândido Faria e, por fim, uma obra sobre Cândido Faria”, diz Barreto.

Enquanto, aguarda a chegada do octogenário Felipe Aragonez de Faria em Aracaju, a fim de realizar uma exposição de cartazes originais, comemorativa aos 100 anos de morte do famoso cartunista, Luiz Antônio Barreto presta uma homenagem ao ilustre desenhista, no Instituto Tobias Barreto, sediado na Biblioteca da Universidade Tiradentes, Campus Farolândia.

Numa sala interativa do Instituto, é possível conhecer um pouco mais sobre a história de Cândido Faria, através de banneres que trazem uma biografia resumida e reprodução de cartazes criados pelo sergipano. 

Legenda da Foto 1: Foto de Cândido Faria

Legenda da Foto 2, 3 e 4: Cartazes de eventos culturais produzidos pelo cartunista em Paris

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"A Casa do Zé" se apresenta no Oceanário

Neste domingo, a Casa do Zé convida a todos para o show de ‘Dona Carochinha & Outras Histórias’. A festa será realizada no Oceanário, na Orla de Atalaia, a partir das 17h. O evento encerra a temporada de 2011 e traz no set list, além das canções do CD "Maria Anita" e do EP "Dona Carochinha", músicas que farão parte do novo trabalho "Maré de Peixe". Os ingressos estão à venda na Levi's do Shopping Jardins ao preço de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada).

Sobre A Casa do Zé- No trem da imaginação que alimenta nossos destinos, encontramos personagens, animais e elementos constituintes de uma beleza simples, porém verdadeira. A pureza da infância revelada através do espetáculo do Grupo Musical A Casa do Zé traduz na presença da plateia (família completa: do vovô aos netinhos), a mudança por dias melhores na música dedicada à petizada.

Durante 1 hora e 20 minutos crianças e adultos não param, ficam rodopiando, batendo palmas, dançando nas poltronas do teatro num ato de liberdade e leveza, igualando naquele momento a faixa etária de todos os presentes. A Casa do Zé baseia seu repertório em pesquisas realizadas por seus componentes e nas releituras de músicas que o grupo acredita que podem ser ouvidas por diferentes faixas de idade.

Basicamente, o seu show visa a atingir o público infantil utilizando o recurso de contar histórias, realização de truques de mágica e utilização de cenários lúdicos e coloridos que remetem à cultura popular.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Livraria Saraiva abrirá hoje

Seria amanhã, mas por algum motivo desconhecido ( e bem vindo), a Livraria Saraiva do Shopping Riomar, antecipou sua inauguração para, logo mais, às 14h. Ótima oportunidade para quem não tem muito o que fazer nesse feriado: perambular pela loja e comparar, de pronto, se a filial de Aracaju estará à altura das lojas de outras capitais vizinhas, como as existentes em Salvador, por exemplo.

A propósito, um outro programa interessante para esse feriado é visitar o Museu da Gente Sergipana (não consigo me acostumar com esse nome), localizado na avenida Ivo do Prado (próximo ao INSS). O Museu é exuberante, totalmente interativo e como foi inaugurado na última terça-feira, ainda não teve seu público esperado. Hoje, talvez, a visitação seja mais intensa.

Além de uma loja de produtos da terra- o Ateliê de Artes, comandada por Mônica Schneider- outro espaço que merece ser conhecido no Museu é o Café da Gente, capitaneado por Adriana Hagenbeck (leia-se Restaurante Mãe Preta). Num ambiente aconchegante e de excelente bom gosto, é possível degustar iguarias deliciosas, como a linguiça caramelizada, mousse de mangaba eo cachorro quente do parque. Com almoço e petiscos para o happy hour, o local oferece ainda um chopp Heineken geladíssimo. 

O acesso ao Museu da Gente Sergipana é gratuito e a visitação pode ser feita de terça a domingo (inclusive feriados), das 10h às 19h.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Raquel Cozer fará hoje debate sobre Jornalismo Cultural

A repórter da Ilustríssima (Suplemento Cultural Dominical do Jornal  Folha de S. Paulo) , Raquel Cozer, estará logo mais, às 18h30, no Centro de Convenções de Sergipe, proferindo palestra sobre o Jornalismo Cultural no Contexto Brasileiro.

O evento faz parte da programação do Encontros de Literatura- uma parceria da Secretaria de Estado da Cultura e do Fórum permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe-, que se iniciou na última quarta-feira e será encerrado hoje, com lançamento de livros e leitura de poemas, logo após o debate com a jornalista carioca.
A blogueira estará mediando o bate papo com o público e a expectativa é que o auditório do CIC lote suas dependências como na noite de abertura, quando Xico Sá falou de sua experiência como jornalista e escritor.

O acesso é gratuito e muito dos escritos de Raquel Cozer podem ser conferidos no blog
http://abibliotecaderaquel.folha.blog.uol.com.br

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sucessos de Michael Jackson na voz de Traincha


CD Never Can Say Goodbye_cantora Traincha

Comprei há alguns meses, na Escariz do Shopping Jardins, o CD  "Sundays in New York" (2011) da cantora Traincha (o verdadeiro nome dessa holandesa é Judith Trijntje Oosterhuis). Não conhecia a artista, achei até o nome estranho, mas por conta da indicação de um dos vendedores da loja (aliás, o time de funcionários dessa seção é de "tirar o chapéu"), terminei dando uma conferida e decidi levar. 

O disco é muito bom, com Traincha sendo acompanhada por Clayton-Hamilton Jazz Orchestra em clássicos como "You and I", "Try a Little Tendernes's", "Crying Over You", entre outros. Na ocasião, fiz uma pesquisa e descobri que ela havia gravado há quatro anos o songbook  "Look of Love" em que canta os grandes sucessos de Burt Bacharach. Como amo o trabalho do maestro e compositor Bacharach, fiquei na expectativa de conseguir esse disco, cujas performances de Traincha juntamente com a Metropole Orchestra não deixam a desejar àquelas da diva Dionne Warwick.

Como este registro ainda não chegou por aqui, decidi me arriscar novamente, num trabalho de Traincha que não conhecia, apesar dela ter lançado há dois anos "Never Can Say Goodbye". Dessa vez, o homenageado é Michael Jackson  e a cantora explora todo seu potencial vocal em impecáveis interpretações de "Never Can Say Goobye", "One Day in Your Life", "Human Nature", "I'll Be There", "Rock With You" e "I Just Can't Stop Loving You" entre outras.

Somente embalada pelo precioso e elegante violão de Leonardo Amuedo (uruguaio "descoberto" por Ivan Lins durante passagem pela Holanda), Traincha emociona nas interpretações dos clássicos do "Rei Pop", com sua voz aveludada, sempre controlando de forma inteligente as notas mais agudas. Para os fãs de Michael Jackson e para aqueles que não curtiam muito o cantor americano, ouvir "Never Can Say Goodbye" é uma ótima experiência sensorial. 

OBS: Apesar de constar 14 faixas listadas, o CD traz uma canção extra, que não consegui identificar.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Pianista russo realiza concerto em Aracaju

Neste sábado, o auditório da Biblioteca Pública Epifânio Dória receberá uma das revelações do Concurso Internacional BNDES de Piano do Rio de Janeiro. Trata-se do pianista russo, Evgeny Brakhman, que apresentará um repertório com obras de Bach, Rachmaninov, Brahms e Prokofiev. O recital faz parte do Festival Internacional BNDES de Piano do Rio de Janeiro e será às 19h30, com estrada franca.

As muitas premiações na carreira, principalmente, nos concursos de Cleveland, de Tiflis e do Rio de Janeiro, conduziram Brakhman a palcos e orquestras famosos: o Severance Hall em Cleveland, Teatre de la Ville em Paris, o Grand Hall do Conservatório de Tiflis, e o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Como solista atuou com as orquestras de Cleveland, Nacional Russa, Nacional da Georgia e a Sinfônica Brasileira. No ano Schumann e Chopin tocou em Verona e Pádua, Itália e em Zelazowa Wola, Polônia.

Em 2011, fez turnês com os violinistas Graf Mouja e Sergei Ostrovsky na França e em Israel. Seus próximos concertos na Rússia serão com o trompetista Sergei Nakariakov e o violista Daniil Grishin. Apresenta-se com regularidade em Moscou, Ekaterinburgo, Kostroma e diversas outras cidades russas.

Lançamento de livro- Na oportunidade, também será lançado o livro “Guiomar Novaes do Brasil”, escrito pelos jornalistas Luciana Medeiros e João Luiz Sampaio, que acompanha a carreira de Guiomar Novaes nos Estados Unidos, com ênfase em sua trajetória em Nova York. O conteúdo, levantado em pesquisas e entrevistas no Brasil e nos Estados Unidos, procura relacionar Guiomar e sua época, seguindo a linha de sua carreira americana que foi de 1915 a 1972, sempre aclamada como soberana do piano mundial pelos críticos e pelo público. 
O livro da editora Kapa ainda conta com dois CDs com gravações da pianista, juntamente com a Filarmônica de Nova York. São registros da década de 1950, com ótima qualidade sonora, pinçados de três concertos gravados ao vivo no Carnegie Hall, onde a pianista executa obras de Schumann, Beethoven e Chopin. O preço sugerido do livro + 2 CDs é de R$ 80.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Não seria melhor "Banese Cultural" ?

Sábado, Sergipe ganhou o seu primeiro Museu High Tech: o Museu da Gente Sergipana. Confesso que não gostei da escolha do nome, porque me remete logo ao Museu da Pessoa (museu virtual) e aí, fico achando que faltou um pouco de originalidade. Talvez, "Banese Cultural" ou "Centro Cultural Banese" soasse melhor aos ouvidos, seria mais autêntico. Porém, há quem vá discordar de mim, alegando ser um nome óbvio demais, num manancial de possibilidades. Escolheu-se, então, "Museu da Gente Sergipana".

Um belíssimo museu, por sinal, nível de grande metrópole, mas que só pode ser conhecido, de fato, após uma hora de atraso para o início da solenidade de inauguração e mais duas horas de exaustivos discursos por parte das autoridades (só o Gorvenador falou por mais de uma hora). Ou seja, marcada para às 19h, a inauguração, foi acontecer com o descerramento da placa, por volta das 22h15. Um verdadeiro teste de paciência...

O empreendimento que custou ao Banese, em parceria com o Governo do Estado, aproximadamente, R$ 22 milhões é o carro chefe das comemorações do cinquentenário de criação do banco estatal. O prédio escolhido para abrigar o museu do povo sergipano, foi o Colégio Atheneu Dom Pedro II- também conhecido como Atheneuzinho- que há anos agonizava na Av. Ivo do Prado, apesar da edificação ter sido tombada pelo Estado, em janeiro de 1985.

Após dois anos de restauro do prédio e adequação de seu interior para expor um acervo composto pelo patrimônio cultural, material e imaterial do povo de Sergipe, através de instalações em multimídia interativa e exposições itinerantes, finalmente, um seleto grupo de convidados pode conferir em primeira mão, o arrojado trabalho de designer e expografia de Marcello Dantas (leia-se Museu da Língua Portuguesa).
O "mago" carioca sabe como ninguém, utilizar recursos interativos como porta de entrada para o aprendizado de conhecimentos históricos. De forma lúdica, é possível aprender sobre as manifestações folclóricas do Estado (jogando amarelinha) ou conhecer sobre objetos tradicionais de nossa cultura ou da nossa culinária, (através do jogo de memória).

Em cada ambiente, uma surpresa sensorial. No térreo, além da loja do museu (contando com uma ambientação bastante adequada), do auditório (que pasmem, serve de sala de exibição de filmes) e da galeria para exposições temporárias, é possível se deparar com uma instalação sonora no centro do pátio. 

No 1º  andar (que pode ser acessado através de escada ou elevador), vários ambientes como a midiateca, o túnel 360 graus (por onde percorremos de barquinho através do semi-árido e sertão, conhecendo os biomas), mesa gastronômica, cordelteca, ambiente dos repentistas, feira livre, entre outros.

Descendo para o térreo e encaminhando-se para a parte final do prédio, deparamo-nos com a sede do Instituto Banese, que tem como diretor superintendente, José Leomarques Bomfim e como diretor de Programas e Projetos, o arquiteto Ezio Déda.

Ao lado da sede do Instituto Banese, funcionará o Café da Gente, capitaneado pela gastrônoma Adriana Hagenbeck (leia-se " Restaurante Mãe Preta"). Segundo Hagenbeck, o cardápio da cafeteria será inspirado na gastronomia sergipana e o local funcionará das 9 às 21h, oferecendo aos clientes as opções de brunch  e petiscos (happy hour).

A partir do dia 06 de dezembro, os sergipanos e turistas que aqui estiverem, já poderão usufruir das deliciosas opções de receitas do Café da Gente, bem como do acervo digital do Museu da Gente Sergipana.
Só espero que o Museu da Gente Sergipana não tenha o mesmo destino que o Palácio-Museu Olímpio Campos, um espaço mal aproveitado culturalmente falando, tendo em vista os promissores projetos  colocados em prática nos primeiros meses de seu funcionamento e, hoje, totalmente descartados.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

"Encontros de Literatura" acontecerá no Centro de Convenções

De 30 de novembro a 2 de dezembro será realizada no Centro de Convenções de Sergipe (CIC), a 1ª edição do "Encontros de Literatura". Trata-se de um projeto executado pelo Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em parceria com o Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe, que visa discutir temas fundamentais para a área da literatura, livro, leitura e bibliotecas.

A situação atual do mercado livreiro, jornalismo cultural e imprensa alternativa são algumas das temáticas que entrarão da pauta de discussão entre os debatedores. Além disso, serão realizadas duas oficinas de discussão e elaboração do Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PELLLB).

De acordo com o coordenador geral do Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe e poeta, Marcílio Medeiros, o Encontros de Literatura será responsável pelo estabelecimento de diálogo entre agentes envolvidos nas cadeias criativa da literatura, produtiva do livro e mediadora da leitura.

“O encontro é imprescindível para que se avance nas políticas setoriais de literatura, livro e leitura, por criar um espaço público de diálogo e amadurecimento de questões atuais da agenda local e nacional das cadeias criativa, produtiva e mediadora do livro. A retomada do processo de elaboração do PELLLB é necessária para que Sergipe participe de modo mais efetivo das atividades e compromissos assumidos em todas as esferas governamentais”, diz Marcílio.

O evento será voltado para todos os agentes envolvidos nas cadeias criativa da literatura, produtiva do livro e mediadora da leitura, tais como escritores, editores, mediadores de leitura, gestores culturais, bibliotecários, cordelistas, livreiros, professores e alunos. Além disso, segundo Marcilio, estão sendo firmadas parcerias com todas as instituições de ensino superior que têm cursos de Letras, Pedagogia e Comunicação Social.

A entrada é gratuita e não haverá a necessidade de inscrição prévia, mas o acesso respeitará a capacidade do local de realização.

Confira a programação completa:


Dia 30/11/11 – Auditório Terra Caída (Centro de Convenções) – 234 lugares


19 horas


Abertura oficial

Palestra do escritor e jornalista Xico Sá (GNT, TV Cultura e Folha de São Paulo)
Sessão de autógrafos do livro Chabadabadá


Dia 01/12/11 - Auditório Abaís (Centro de Convenções) – 178 lugares


09 às 12 horas


Oficina: Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de Sergipe (PELLLB)

Maria Sonia Santos Carvalho (Diretora da Biblioteca Pública Epifânio Dória)

Escritor Marcílio Medeiros (Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe)


15 horas

Imprensa alternativa, blogagem e outros exercícios de resistência cultural


Amaral Cavalcante (editor do jornal Folha da Praia)

Ilma Fontes (editora do jornal O Capital)

André Teixeira (Blog PROgCult)

Mediação: Rian Santos (Jornal do Dia e blog Spleen & Charutos)


16h30 horas


Bibliotecas e museus como palcos abertos para a literatura em ação


Terezinha Oliva (Superintende do IPHAN/SE)
Thiago Fragata (Diretor do Museu Histórico de Sergipe/Secult) 
Gildevania Ferreira (Diretora da Biblioteca do Sesc/SE)

Mediação: Maria Sonia Santos Carvalho (Diretora da Biblioteca Pública Epifânio Dória)


18h30

Bate papo com Maria Alice Amorim: Literatura de cordel - cibercultura e tradição

Mediação: Escritor Marcilio Medeiros, coordenador geral do Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe

Sessão de autógrafos com a autora do livro "No Visgo do Improviso ou A Peleja Virtual entre Cibercultura e Tradição"


Dia 02/12/11 - Auditório Abaís (Centro de Convenções) – 178 lugares

09 às 12 horas

Oficina: Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de Sergipe (PELLLB)

 Mileide Flores
(Representante do Nordeste no Colegiado do Livro, Leitura e Literatura no CNPC/Rede NE de LLL)

Prof. Ricardo Nascimento (Secretaria de Estado da Cultura)

Escritor Marcílio Medeiros (Fórum Permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe)

 15h

Mercado editorial em Sergipe e no Brasil – perspectivas

Prof. Jorge Nascimento (Diretor-Presidente da Segrase)

Prof. Péricles Morais de Andrade Júnior (Diretor da Editora da UFS)

Mileide Flores (livreira e coordenadora geral do Fórum de Literatura, Livro e Leitura do Estado do Ceará)

Mediação: Kadydja Albuquerque (diretora de Integração e Projetos Culturais da Secult/SE)

16h30 horas

Barracoteca: a experiência do 'livreiro do Alemão”

Otávio Júnior (autor do livro O Livreiro do Alemão e criador da Barracoteca Hans Christian Andersen, no Complexo do Alemão – Rio de Janeiro)

Mediação: Jozailto Lima (Diretor de Jornalismo do Jornal Cinform)


18h30 horas

Jornalismo cultural no contexto brasileiro

Raquel Cozer (jornalista do caderno Ilustríssima da Folha de São Paulo)
Mediação: Suyene Correia (Jornal da Cidade e blog Bangalô Cult)

20h

Lançamentos de livros

Leitura de poemas

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"Escritos em Verbal de Ave" é o novo livro de Manoel de Barros

Escritos em Verbal de Ave_Manoel de Barros

 As palavras inocentes e o lirismo doce de Manoel de Barros retornam às livrarias com a sua nova obra, “Escritos em Verbal de Ave”, que será lançado este mês pela editora LeYa Brasil, em uma edição para colecionadores.

 O livro traz de volta Bernardo, personagem importante de diversos poemas de Manoel, como “O Guardador de Águas”, “Livro de pré-coisas” e o mais recente, “Menino do Mato”. Em “Escritos em Verbal de Ave”, o poeta retrata a morte de Bernardo com a sutileza intrínseca à sua poesia. 

Em uma manhã, feito um passarinho, Bernardo se vai e o leitor só fica sabendo quando o deixam em sua sepultura. Mas a história não acaba assim. Bernardo escrevia. Escrevia em verbal de ave e seus escritos são encontrados. A voz inocente, a mania de “luxúria das palavras”, a paixão pela natureza e compreensão dos animais estão em seus escritos. Bernardo morreu, mas não foi embora. O deserto deixado pela sua ausência é preenchido com os verbais de ave.

Manoel de Barros, finalista do Prêmio Jabuti 2011, por sua “Poesia Completa”, lançada em 2010 pela LeYa, não só homenageia Bernardo em seu novo livro, como presenteia os leitores com mais uma obra delicada, uma mistura de sonhos, invenções e palavras como só o poeta consegue combinar.

Para quem ainda não está familiarizado com a obra do matogrossense, um belo meio introdutório de conhecer sua poesia única, é conferindo o documentário "Só Dez Por Cento é Mentira" de Pedro Cézar.  O cineasta que também assinou a direção de "Fábio Fabuloso", convida-nos a mergulhar no universo onírico dos versos de Manoel e constrói uma 'desbiografia do escritor" como só ele mesmo desejaria.


Sobre o autor- Manoel de Barros, 95 anos, publicou seu primeiro livro em 1937, “Poemas Concebidos Sem Pecado”. Também advogado e ex-fazendeiro, Manoel ganhou em 1966 o prêmio nacional de poesias com “Gramática Expositiva do Chão”. Em 1998, recebeu o Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra. Seus livros foram publicados em Portugal, Espanha, França e Estados Unidos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Maratona Cinematográfica em Salvador (Parte II)

Late Bloomers_filme de Julie Gavras

Como eu voltaria no domingo, às 13h, tinha que ver tudo que quisesse, no sábado. Saí, do Cine VIVO (Paseo Itaigara) após o "porradão" "Tarde Demais" e segui para o Cinema do Museu (Corredor da Vitória),a  fim de assistir a  "Late Bloomers- O Amor Não Tem Fim" de Julie Gavras e "Isto Não é um Filme" de Jafar Panahi.

O primeiro teve sessão quase lotada. Já fazia muito tempo que não via um filme com Isabella Rossellini (apesar dela aparecer em "Marido Por Acaso" (2008)) e estava ansiosa para conferir sua performance em outro papel principal ( na minha mente, ao ler seu nome no cast desse filme de Gavras, só vinha as imagens de "Veludo Azul" (1986)).

Pois bem, passaram-se 25 anos, mas a filha de Ingrid Bergman com Roberto Rossellini, continua linda. Talvez até mais bonita, agora. Em "Late Bloomers", ela vive a personagem Mary casada com Adam (Wiliam Hurt) há 30 anos. Ambos entrando na "terceira idade", cada um a seu modo, vai enfrentar essa nova etapa da vida, arcando com o ônus e o bônus do envelhecimento.

Como já demonstrou antes em "A Culpa é de Fidel", a diretora Julie Gavras é bem mais amena ao tratar de temas pesados, se comparado a seu pai Constantin Costa-Gavras. Deixando a temática política de lado, mas voltando à questão dos personagens encontrarem seu espaço no mundo, no seio familiar,  dessa vez, ela envereda pelo terreno do amor, das relações interpessoais, numa idade que é vista por muitos como o "início do fim".

Oscilando entre o drama e a coméda romântica, "Late Bloomers" não tem um roteiro primoroso como "A Culpa é de Fidel", mas reforça como a diretora (em uma obra um tanto autobiográfica, ela seria a filha do meio do casal Mary e Adam) sabe tratar com bom humor e elegância, assuntos tão delicados, como o envelhecimento e a morte. 

* Repare nos diálogos impagáveis da mãe de Mary, vivida pela atriz Doreen Mantle. Vale metade do ingresso. A outra metade é pelas atuações de Hurt  e Rossellini.

Isto Não é um Filme_Jafar Panahi

Faltavam pouco minutos para às 20h30, horário do terceiro filme do dia, que eu iria assistir, e ainda estava saindo da mesma sala, que dali a pouco eu entraria novamente. A sessão de "Late Bloomers" estava quase lotada, enquanto que contei apenas 28 espectadores para "Isto Não é um Filme". Será que o público levou ao pé da letra o título do mais novo trabalho se Jafar Panahi e decidiu tomar uma cervejinha ?

Não sabem o que perdeu. Um verdadeiro libelo à censura, à intolerância e, ao mesmo tempo, uma bela declaração de amor ao fazer cinematográfico. Proibido de filmar nos próximos 20 anos e ainda cumprindo pena de seis anos (prisão domiciliar)- por ter feito um filme sem autorização e incitado protestos oposicionistas ao atual governo iraniano- o dia a dia de Jafar Panahi é uma tortura só.

Ele então teve uma ideia: convidar um amigo com uma câmera, para registrar quase 24 horas de sua vida reclusa. Já que não pode "dirigir", Jafar se deixa filmar, faz leitura do roteiro de um "futuro" filme, torna-se o personagem principal desse documentário, que "não sendo um filme seu", pode ser visto mundo afora.
É bem verdade, que o doc, até pelo seu caráter caseiro, tem limitações. Por vezes, torna-se maçante (motivo pelo qual, houve uma evasão de 40 % do público pagante), mas a paixão do diretor pela arte que abraçou e sua necessidade vital de se expressar através de uma câmera, emociona.

Se não fosse pela esperteza do diretor, em enviar um pen drive, com o conteúdo do filme, camuflado num bolo até Cannes, jamais teríamos acesso a essa pequena obra-prima, assinada em conjunto por Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb. Quem venham mais produções do cineasta de "O Balão Branco", "O Espelho" e "O Círculo". Os cinéfilos agradecem.

Legenda da Foto 1:  Rosselini e Hurt, apesar da idade, estão em ótima forma no filme "Late Bloomers"

Legenda da Foto 2: Jafar Panahi em cena de "Isto Não é um Filme" com o "bichinho" de estimação

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Maratona Cinematográfica em Salvador

O final de semana poderia ser mais proveitoso, em termos cinematográficos, se os filmes exibidos no 7o Festival Internacional de Cinema de Salvador fossem melhor distribuídos. As sessões só iniciavam às 18h30, tendo mais duas ou três opções (às 20h30 ou às 22h30) dependendo da sala. Cinema da UFBA, Cinema do Museu e Cine XIV foram os locais escolhidos pelo Circuito Sala de Arte para abrigar o Festival.
Mas cá entre nós, bem que poderiam ter pego uma das salas do Cine VIVO, no lugar do Cine XIV, porque a localização deste último, é meio sinistra...

Resultado, chegando a Salvador no início da tarde de sexta e retornando a Aracaju, no ínício da tarde de domingo, só consegui ver quatro filmes, sendo apenas "Isto Não é Um Filme" do Jafar Panahi constando na programação do festival. Os outros três foram "O Garoto da Bicicleta" de Jean-Pierre e Luc Dardenne; "Tarde Demais" de Shawn Ku e "Late Bloomers- O Amor Não Tem Fim" de Julie Gavras. Vou falar primeiro dos dois primeiros e depois farei uma postagem, separadamente, do filme de Jafar Panahi e de Julie Gravas.

O Garoto da Bicicleta_filme dos Irmãos Dardene


Começando pelo "Garoto da Bicicleta", posso adiantar que é um dos mais otimistas da filmografia dos irmãos Dardenne. Para quem conferiu "A Criança" ou "O Silêncio de Lorna", ambos dos mesmos diretores, sabe como a dupla não poupa o expectador, mostrando a frieza e crueza de alguns dos personagens de seus filmes, cada vez menos solidários e mais egoístas.
Veremos um pouco dessas características no pai do garoto, Cyril (Thomas Doret). Ele (Jérémie Renier) abandona o filho num internato e mesmo sendo procurado pelo pré-adolescente, despreza-o. Resta à cabeleireira  Samantha (a sempre graciosa Cécile De France), após um desses encontros inusitados, acolher Cyril em sua casa nos finais de semana, servindo de "guardiã" do garoto.

Inicialmente, arredio, Cyril vai se adaptando às regras da nova morada. Mas antes que pareça fácil demais o convívio entre os dois estranhos e solitários personagens, os irmãos Dardenne nos presenteia com momentos de tensão, em que o garoto passará por situações limites. 

Ponto para os atores Thomas Doret e Cécile De France (em ótimas interpretações) e para os Dardenne, que apesar do tema focado, faz com que "O Garoto da Bicicleta" passa longe do melodrama. O filme foi o vencedor do Prêmio da Crítica e Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes deste ano.

Tarde Demais_filme

Já era tarde de sábado quando entrei no cinema para conferir "Tarde Demais", uma produção americana, dirigida pelo coreógrafo/ator, Shawn Ku, iniciante nesta arte, mas extremamente convincente no seu novo ofício. Não é de hoje que diretores exploram o tema: garoto desajustado/introspectivo-delinquente ou assassino-promovem tragédia social/familiar. No entanto, em quase a totalidade desses filmes, o roteiro não se detém no olhar dos pais para com a tragédia não anunciada.
Em "Tarde Demais", vemos Bill (Michael Sheen) e Kate (Maria Bello) vivendo um casal à beira do divórcio. Agora, só o silêncio os une. O filho Sammy (Kyle Gallner), que até pouco tempo perambulava pela casa, está no seu primeiro ano da Universidade, estudando Literatura. Sentindo-se um estranho no novo ambiente escolar e sem  perspectivas de conviver com os pais novamente, Sammy decide tomar uma atitude trágica.

É a partir do massacre que ele provoca e de sua própria morte, que acompanharemos a queda para "o inferno" do casal. O "the day after" da tragédia não será fácil de assimilar e para fugir da imprensa, dos desagradáveis curiosos, da espetacularização do grotesco, o melhor é se refugiar na casa de um parente próximo.

Quem dá guarida para o casal desagregado é Eric (Alan Tudyk), irmão de Kate. Morando com sua esposa e um filho pequeno, ele tenta segurar a barra da irmã e do cunhado enquanto pode, mas parece que a superação da dor terá que vir com mais sofrimento e a tentativa de entendimento entre Bill e Kate ocupará a segunda parte da trama.
Em atuações estupendas, Michael Sheen e Maria Bello constróem, com sobriedade, dois personagens à beira do abismo, que tentam sobreviver à histeria coletiva que os punem, juntamente com o filho assassino. 
Premiado no Festival de Toronto, pela Federação Internacional dos Críticos de Cinema, "Tarde Demais" merece ser conferido sim, apesar da atmosfera um tanto densa e tensa.

Legenda da foto 1: Cyril e Samantha em momento de descontração no drama "O Garoto da Bicicleta"

Legenda da Foto 2: Bill e Kate (à esquerda) tentando superar a dor da perda do filho assassino

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Hinos e Canções Comemorativos de Sergipe

Maria Olga Andrade, presidente da Sociedade Filarmônica de Sergipe (Sofise) lança na tarde de hoje, às 16h, no Palácio-Museu Olímpio Campos, o livro “Hinos e Canções Comemorativos de Sergipe”. O livro é uma coletânea, assinada pela pesquisadora, que reúne  os quatro hinos pátrios, oito composições de hinos e canções comemorativas  do Estado de Sergipe e 12 peças do Hymnário Escolar sergipano de 1913. 

Cada composição vem acompanhada da sua história com partituras, poesia e uma pequena biografia dos seus autores. A coletânea traz, também,  algumas fotos e um CD com as 24 músicas interpretadas por corais, solistas, bandas e piano. Segundo a autora, o livro visa eternizar momentos importantes do Brasil e de Sergipe, especialmente entre as crianças e estudantes sergipanos. “São cânticos festivos para glorificar um ideal, um momento, um acontecimento de interesse de todos”.

O Palácio-Museu Olímpio Campos localiza-se à Praça Fausto Cardoso, s/n. Acesso gratuito.

Sobre a autora:

Natural de Capela, Maria Olga de Andrade estudou piano e teoria musical com o patrono da Sofise,  Maestro Leozírio Guimarães. É graduada em Letras pela faculdade Católica de Filosofia de Sergipe e mestre e doutora pela University of New México (USA) na área de educação. Foi professora da UFS e membro do Conselho de Cultura Estadual.  Atualmente, preside a Sofise, entidade criada em 1971 com o objetivo de formar músicos e difundir a boa música de Sergipe por meio de recitais e concertos de músicos sergipanos.

Também, são de sua autoria os livros: “O Alfabeto em Seu Corpo”; “Leozírio Guimarães – uma caminhada musical”; “Sergipe Musical – músicos e composições – séculos XIX e XX".

Dicionário Cinematográfico Atualizado

Será lançado na próxima semana, a 2ª edição, totalmente revista e atualizada, do "Dicionário de Filmes Brasileiros – Curta e Média Metragem", de Antônio Leão da Silva Neto. Trata-se do mais completo levantamento já feito sobre a produção brasileira de curtas e médias, englobando obras realizadas tanto em película (Super-8, 16mm e 35mm) como também em formato digital.

O autor se debruçou durante 10 anos, para catalogar 21.686 filmes e mais de cinco mil diretores, com sinopses e ficha técnica completa, incluindo técnicos, elenco, argumento, participações em festivais, premiações, comentários, curiosidades, enfim, tudo que foi possível informar nesse incrível e árduo trabalho de pesquisa editado em 1.270 páginas.

O "Dicionário de Filmes Brasileiros – Curta e Média Metragem" aborda desde o início do cinema no Brasil (quando Affonso Segreto, de volta da França com uma câmera na mão adquirida dos irmãos Lumière, realiza as primeiras imagens da Baía da Guanabara), caminha pela longa produção oficial do INCE, depois INC e posteriormente Embrafilme, enfoca os ciclos regionais e os curtas clássicos, até chegar aos dias de hoje, com a explosão da produção digital.

Editado pelo IBAC - Instituto Brasileiro Arte e Cultura, com patrocínio do FNC - Fundo Nacional de Cultura, órgão ligado a Secretaria do Audiovisual e ao MinC - Ministério da Cultura, com o apoio da Escola da Cidade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, o Dicionário de Filmes Brasileiros – Curta e Média Metragem tem apresentação da produtora e curadora Raquel Hallak, o prefácio do cineasta e produtor cultural  Francisco César Filho (Chiquinho) e a orelha da capa do cineasta e jornalista Alfredo Sternheim.

Lançamento da Biografia de Cruz e Sousa


Para comemorar os 150 anos de nascimento do poeta Cruz e Sousa e dar continuidade ao projeto Retratos do Brasil, o Selo Negro Edições, estará lançando na próxima segunda-feira, à noite, na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509) em São Paulo, a biografia Cruz e Sousa, escrita por Paola Prandini.

Ao resgatar a história de Cruz e Sousa, o livro faz um panorama histórico de sua época, reproduz o texto de cartas que ele enviou a amigos e compila toda a sua produção literária. Trata-se, portanto, de um retrato fiel de um dos nossos maiores escritores.

Nascido em Desterro (atual Florianópolis), o poeta teve uma infância pobre. O pai ainda era escravo quando ele nasceu. A mãe, que fora libertada por volta de 1870, trabalhava como doméstica na casa de um importante militar da cidade. Esse vínculo permitiu a Cruz e Sousa ter uma educação razoável, e desde a adolescência ele sonhava em ser poeta. Porém, concretizar tal sonho não seria nada fácil: a cor de sua pele acabou impedindo que ele ascendesse socialmente.

Depois de formado, Cruz e Sousa trabalhou como professor particular e vendedor, mas logo se aproximou do grupo literário Ideia Nova, que pretendia renovar as letras catarinenses. Cruz e Sousa então se juntou à Companhia Dramática Julieta dos Santos, com a qual viajou por diversos estados brasileiros. Esse contato com os rincões do país influenciou sua produção literária e permitiu-lhe conhecer as mazelas do povo. Em 1885, foi efetivado como redator no jornal catarinense O Moleque. Depois da extinção de O Moleque, ele passou a trabalhar no Abolicionista, que, como o próprio nome diz, fazia campanha pela libertação dos escravos.

Em meados de 1888, depois da abolição da escravatura, Cruz e Sousa mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em diversos jornais. Em 1892, publicou suas duas primeiras obras individuais, Missal (com poemas em prosa) e Broquéis (com poemas), mas infelizmente sua situação financeira continuou periclitante. Em novembro de 1893, o poeta casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, seu grande amor, e foi trabalhar como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil. Alguns meses depois, porém, Gavita começou a demonstrar sinais de demência, provavelmente por causa da situação precária em que ela e o marido viviam. Tiveram quatro filhos: os três primeiros faleceram de tuberculose; o último viveu apenas até os 15 anos.

Em 1897, acompanhado da esposa, Cruz e Sousa partiu para uma pequena cidade na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, para tentar se curar da tuberculose. No entanto, não resistiu e faleceu em 19 de março, aos 36 anos. Os amigos angariaram doações para ajudar a viúva.

Depois de sua morte outros títulos foram publicados: "Evocações" (poemas em prosa, 1898); "Faróis" (poesia, 1900); "Últimos Sonetos" (poemas, 1905); e ainda "O Livro Derradeiro" (poesia, 1945).

Nas décadas de 1950 e 1960, Cruz e Sousa sofreu perseguição inclemente de alguns críticos, que desqualificaram sua produção. Somente há alguns anos os especialistas resgataram as obras de Cruz e Sousa, conferindo-lhe o devido reconhecimento. "Foi principalmente póstuma a celebração do poeta, que deveria ter sido honrado ainda em vida, mas que, por ter nascido filho de escravos, ser negro e ter morrido na miséria, não obteve reconhecimento de sua grandeza em vida", afirma a jornalista Paola Prandini.

Retratos do Brasil Negro

A Coleção Retratos do Brasil Negro, coordenada por Vera Lúcia Benedito, mestre e doutora em Sociologia/Estudos Urbanos pela Michigan State University (EUA) e pesquisadora dos movimentos sociais e da diáspora africana no Brasil e no mundo, tem como objetivo abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra. Outros volumes já lançados: Abdias Nascimento, João Candido, Lélia Gonzalez, Luiz Gama, Nei Lopes, Sueli Carneiro e Lima Barreto.

sábado, 12 de novembro de 2011

Buika embala "A Pele Que Habito"

En Mi Piel_CD de Buika

Adoro perambular pelas megastores atrás de novidades (nas seções de livros e discos) e de preços convidativos na ala de DVDs. Como ainda não temos a tão esperada Livraria Saraiva, que em breve abrirá no Shopping Riomar, a Livraria Escariz do Jardins tem feito o possível para não deixar seus clientes ávidos por bons sons,  tristonhos.

Acompanhando os lançamentos do mercado fonográfico, a livraria tem, na medida do possível, surpreendido os mais exigentes, como eu, no que tange ao imediatismo dos produtos que circulam Brasil afora. Pelo menos no setor de CDs, tenho me deparado com pérolas, a exemplo do disco "En Mi Piel" da cantora Buika.

Até uma semana atrás, nunca tinha ouvido falar nessa ótima cantora, nascida em Palma de Mallorca. Foi graças ao filme "A Pele Que Habito" de Almodóvar, em que a cantora apresenta quatro canções, dentre as quais 'Por El Amor de Amar' e 'Se Me Hizo Facil' que também fazem parte do seu último trabalho, lançado este ano, "En Mi Piel", que tive a oportunidade de pesquisar mais a fundo sobre sua carreira.

Com uma força interpretativa e uma voz peculiar, Concha Buika não faz feio à tradição das ótimas cantoras espanholas, entoando bulerías, canções com "pegadas" gitanas, baladas, mas também não deixa de parecer mais contemporânea na segunda parte do disco, onde explora ritmos mais dançantes dignos de uma boa coletânea de world music.

Acrescidas de algumas canções inéditas, "En Mi Piel" é uma espécie de compilação dos grandes sucessos da cantora, lançados nos discos anteriores "Buika" (2005), "Mi Niña Lola" (2006), "Niña de Fuego" (2008) e "El Último Tango" (2009).

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

7ª Edição do "Novembro Negro" segue a todo vapor

Tudo começou com a “1ª Mostra de Poesia Ilustrada Afro-Brasileira” quando corria o ano de 2001. De lá para cá, mudou-se o nome e a abrangência do projeto, que hoje é conhecido como “Mostra Pluriartística Novembro Negro: Educação, Cultura, Arte e Direitos Humanos”.

Até o dia 15 de dezembro serão realizadas exposições de artes visuais, saraus, mostra de filmes, seminários, shows musicais, contações de histórias, apresentações teatrais e oficinas temáticas em várias unidades do SESC, Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, Mirante da 13 de Julho, Cultart-UFS, Faculdade São Luís de França, Escola Estadual Cel. Francisco Souza Porto, entre outros.

No SESC/centro, SESC Comércio e SESC Socorro, desde a última segunda-feira, que estão sendo exibidos filmes como “Cafundó”, “Um Homem Que Grita”, “As Aventuras de Azur e Asmar”, “Garrincha, Alegria do Povo”, “Dom Helder Câmera- O Santo Rebelde”, “Isto é Pelé”, “Garapa”, entre outros, que priorizam os temas que tratam das questões afro-descendentes. 

Para se informar melhor sobre as datas, horários e locais de exibição, basta acessar o site http://www.sesc-se.com.br/novembronegro/programacao_novembronegro.pdf

A “ 7a Mostra Pluriartística Novembro Negro: Educação, Cultura, Arte e Direitos Humanos” é uma realização do Coletivo de Artistas Afro-Descendentes, Faculdade São Luís e Diretoria de Educação de Aracaju (DEA).

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Almodóvar revigorado

A Pele que Habito_filme de Almodóvar


Talvez Pedro Almodóvar seja um dos poucos cineastas nos tempos atuais, em que os cinéfilos ainda apostem suas fichas. Deixe eu me expressar melhor: ele pode ficar dois, três anos sem filmar, mas quando anuncia um novo projeto, ficamos ansiosos para conferir o que sairá de sua "caixa de pandora".

"A Pele Que Habito" é um típico Almodóvar, com sua temática girando em torno da construção de identidade,   personagens um tanto bizarros, a exemplo de Zeca/Tigre (Roberto Álamo), a presença de atores recorrentes nas suas obras, como Antônio Banderas e Marisa Paredes, a trilha sonora  marcada por canções de lamento (dessa vez, "Pelo Amor de Amar" de José Toledo e Jean Manzon, interpretada pela garota Ana Mena).

Ao mesmo tempo, surpreende o espectador acostumado com sua filmografia, tendo em vista que essa história é baseada no livro "Mygale" de Thierry Jonquet (geralmente, o cineasta espanhol cria seus próprios roteiros, outra exceção é "Carne Trêmula"), os cenários dessa vez são menos kitsch, a atmosfera de thriller que é retomada depois de muitos anos, como não se via desde "Matador".

Já sexagenário e com 17 longas nas costas, Almodóvar parece estar testando outras formas de conquistar o expectador, arriscando-se, inclusive, num distanciamento inical de seus personagens para com o público, mas que à medida que a trama se desenrola, não há como deixar de criar cumplicidade com eles. Acontece isso com Vicente (Jan Cornet). Se no início, temos uma postura um tanto arredia para com ele, no decorrer da projeção, esse sentimento se inverte completamente.

Apesar de às vezes, beirar a canastrice, Antônio Banderas está muito bem como o cirurgião plástico Roberto Ledgard, que depois de uma dupla tragédia em sua vida (o suicídio da esposa e da filha) decide trabalhar exaustivamente nas pesquisas de produção de uma pele artificial. Ainda que seus avanços na área científica gerem polêmica, por conta da transgênese com seres humanos, ele segue adiante nos experimentos em sua casa, utilizando como cobaia, a bela Vera (Elena Anaya) e tendo como cúmplice, a sua mãe Marília (Marisa Paredes).

Para ver e rever...sempre.

Legenda da Foto 1: "Os apaixonados" Vera e  Roberto Ledgard em cena de "A Pele Que Habito"

P.S. Em tempo, vale a pena dar uma lida no livro "Conversas com Almodóvar" de Frederic Strauss, lançado em 2008, por Jorge Zahar Editor. O livro é uma compilação de entrevistas feitas pelo escritor ao cineasta  que discorre sobre suas produções até  "Volver" de 2006.


"Niterói Rock Underground (1990-2010)" será lançado no Capitão Cook

O jornalista e escritor Pedro de Luna estará neste sábado, a partir das 23h, lançado no Capitão Cook, o livro "Niterói Rock Underground (1990-2010)". O livro traça a trajetória da cena independente niteroiense nas últimas duas décadas e é fruto de três anos de pesquisa do jornalista, que nesse tempo, também realizou muitas entrevistas e organizou um farto material imagético de seu próprio acervo.

Coordenador do coletivo Arariboia Rock e ex-locutor da extinta Rádio Fluminense FM, Pedro de Luna em suas andanças pelo país, acompanhando festivais de rock, marcou presença em 1998, no Festival Rock-SE. Agora, pela segunda vez no Estado, para realizar noite de autógrafos, ele garante que seu livro, por trazer um teor universal, deverá instigar o leitor a conhecê-lo, mesmo não sendo um frequentador da cena underground.

"Niterói Rock Underground (1990-2010)" aliás, só foi publicado, por conta de um financiamento colaborativo. Sem ter apoio da iniciativa pública e privada, Pedro de Luna apelou para os amigos, através da internet, que bancaram a primeira tiragem de 200 exemplares. Em duas semanas foram pré-vendidos 120 livros e hoje, o escritor percorre o país, a fim de comercializar mais 500 unidades.

Como um evento dessa natureza combina com música de qualidade, as bandas Maria Scombona e Máquina Blues farão apresentações no Capitão Cook, neste sábado, dia 12. O ingresso custa R$ 10.

O lendário bar localiza-se no bairro Coroa do Meio, próximo ao farol.

sábado, 5 de novembro de 2011

Se Toda Empresa Tivesse um Gerente Desses...

A Missão do Gerente de Recursos Humanos_filme
 
Muita mais do que o título inusitado, o que me levou a assistir "A Missão do Gerente de Recursos Humanos" foi o fato dele ser dirigido por Eran Riklis (alguém consegue esquecer seu belo "Lemon Tree"?). Pois é, mas ao contrário do drama da viúva palestina que vai até as últimas consequências para defender seus limoeiros,  e que conquista fácil o espectador, esta co-produção de Israel/Alemanha/França peca por transitar entre drama e comédia e não envolver de todo, quem o assiste.

O ator Mark Ivanir vive o gerente de RH de uma panificadora de Jerusalém, que está prestes a ser difamada por um jornal local. Tudo porque uma funcionária romena, Yulia, foi vítima de um atentado a bomba e, segundo a imprensa, a empresa não tomou as mínimas providências como enterro, auxílio à família, etc.

O problema é que Yulia já não fazia mais parte do quadro de funcionários quando a tragédia ocorreu, mas não tendo como reverter a situação a tempo da publicação da matéria, a proprietária decide arcar com o ônus, e delega ao gerente a missão de levar o corpo da jovem até seu país natal. 

Até que não seria tão complicado fazer essa viagem, mas é que o gerente de RH está passando por problemas familiares, e a última coisa que poderia acontecer, naquele momento, é se ausentar de Jerusalém. Dividido entre o emprego e a família, ele tenta administrar essa última a milhas de distância, mas a tarefa não será fácil. Nem a de enterrar a morta, nem a de sustentar o casamento.

Mérito do roteiro (adaptado do livro "Uma Mulher em Jerusalém" de Abraham Jehoshua) que, em tempo de globalização, aborda o tema da  identidade e do pertencimento, mas confesso que próximo do final, fiquei frustrada com o andamento que a trama ganhou, apresentando soluções forçadas e exageradas.

Legenda da Foto: O ótimo Mark Ivanir, na pele do gerente em questão

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"Medianeras", "Capitães da Areia" e "Copacabana"

Medianeras_filme argentino

Capitães da Areia_cena do filme

Copacabana_filme francês

Dando um tempo nas postagens sobre Paris (é tanta coisa ainda para falar, mas estou tentando organizar as fotos e os últimos assuntos para finalizar o escritos sobre a viagem), volto a divagar sobre os filmes que, vez por outra, vou conferir em Salvador. 

Já fazia um tempinho que não ia à capital baiana com esse intuito, mas a programação local não me dá outra alternativa. Então, só me resta desembolsar cerca de R$ 180 de passagem, mais R$ 150 de hospedagem, para desfrutar do mais importante: 7a Arte de qualidade. Fazer o quê?

As opções eram muito boas, com direito até à pré-estreia de "A Pele que Habito" do Pedro Almodóvar, no Cine VIVO, mas preferi apostar em filmes que já estavam em cartaz há um bom tempo e com risco de não passar mais que uma semana até eu retornar por lá, a exemplo do argentino "Medianeras".

E que achado...De longe, o roteiro mais inteligente que conferi este ano nas telonas. Com bom humor, o diretor Gustavo Taretto conduz o espectador a conhecer a história de Martin e Mariana, dois jovens vizinhos, solitários, que por conta de desilusões amorosas, desenvolvem fobias sociais.

Ele é web designer e sua maior companhia- tirando o cão que sua ex-namorada abandonou- é o PC de mesa. Martin (Javier Drolas) só começa a sair de casa por conta do animal de estimação, que precisa dar uma "arejada". Ele mesmo, depois de descobrir que está com um problema de coluna, decide fazer natação. A partir daí, Martin sai de seu casulo e permite viver um pouco mais da realidade que está bem ali, ao seu alcance.

Por outro lado, Mariana (Pilar Lopez), que é arquiteta, mas trabalha montando manequins em lojas, tem claustrofobia e prefere subir 8 lances de escadas duas/três vezes ao dia, que se aventurar num elevador.  Cada um com seus medos, anseios e carências, vai convergindo para uma direção, onde o encontro entre eles será inevitável, ao final.
O grande trunfo de "Medianeras" é contar uma história aparentemente corriqueira de forma extremamente criativa. Além dos dois atores que estão muito bem, a cidade de Buenos Aires também funciona como personagem dessa comédia romântica, que foge dos clichês habituais do gênero. Só a abertura da película, já vale o ingresso. E para quem é fã de Woody Allen, o diretor portenho, em seu primeiro longa-metragem, faz uma bela homenagem ao diretor  norte-americano.

Antes de conferir "Medianeras", assisti a "Capitães da Areia" de Cecília Amado. A neta do escritor baiano, Jorge Amado, em seu primeiro trabalho cinematográfico, não decepciona. É bem verdade, que o filme derrapa nos momentos em que artifícios publicitários são utilizados para agilizar a narrativa, mas como não li o livro ainda, não podendo compará-lo à obra escrita, penso que o resultado, como "cinema" está acima da média dos nacionais que tenho visto ultimamente.

Pontos positivos: As atuações "profissionais" de algumas crianças como Ana Graciela (Dora), Roberio Lima (Professor) e Paulo Abade (Gato), na sua maioria, estreando no cinema; a bela fotografia assinada por Guy Gonçalves; a trilha sonora composta por Carlinhos Brown.

Pontos Negativos: A dicção dos garotos que precisava ser melhor trabalhada; os maneirismos de videoclipes que se funcionam bem em "Cidade de Deus", aqui ficam um tanto deslocados; a trama não é consistente e o tecido narrativo torna-se, por vezes, esgaçado; falta densidade dramática.

Da Bahia, para o Rio de Janeiro. Pelo menos, na referência de sua praia internacionalmene famosa. Assim é "Copacabana", filme de Marc Fitoussi e que conta com Isabelle Huppert como protagonista. Não há uma cena sequer filmada em Terra Brasilis, mas nem por isso o país da América do Sul, que está no imaginário de tantos gringos, deixa de ser exaltado, principalmente na trilha sonora composta por deliciosas bossas.
Huppert interpreta a estabanada Babbou, que foge totalmente às regras impostas pela sociedade capitalista. Morando só, com a filha Esmeralda (Lolita Chammah), Babbou sonha em conhecer o "país tropical", mas antes disso, precisa arrumar um emprego (tarefa das mais árduas). Para completar a lista de dificuldades a enfrentar, é comunicada pela filha, que esta irá se casar, mas não faz a mínima questão que a genitora compareça à cerimônia.

Depois do 'golpe', Babbou decide arriscar suas fichas num trabalho em Ostend, balneário belga. A cinquentona encara a função de entregadora de panfletos deum complexo de apartamentos e, por conta de 'amizades influentes', consegue ascender rapidamente no emprego. O problema é que a ingenuidade de Babbou acrescida à sua maneira despretensiosa de viver levam-na a perder o emprego, mas um lance de sorte faz com que ela reate com a filha e ainda realize o sonho de conhecer de perto um pouco da cultura brasileira.

O filme vale sobretudo pela interpretação sempre impecável de Huppert, mostrando-se versátil nesse novo papel, e pela oportunidade de conferir as atuações de mãe e filha (na vida real), numa simbiose perfeita.

P.S. Na próxima postagem falarei sobre o filme  "A Missão do Gerente de Recursos Humanos" de Eran Riklis


Legenda da Foto 1: Cena de "Medianeras" que mostra as agruras do isolamento urbano com humor e criatividade

Legenda da Foto 2: Pedro Bala e Dora em um dos raros momentos amenos da tulmutuada trama de "Capitães da Areia"

Legenda da Foto 3: Lolita Chammah e Isabelle Huppert em cena no ótimo "Copacabana"