Dando um tempo nas postagens sobre Paris (é tanta coisa ainda para falar, mas estou tentando organizar as fotos e os últimos assuntos para finalizar o escritos sobre a viagem), volto a divagar sobre os filmes que, vez por outra, vou conferir em Salvador.
Já fazia um tempinho que não ia à capital baiana com esse intuito, mas a programação local não me dá outra alternativa. Então, só me resta desembolsar cerca de R$ 180 de passagem, mais R$ 150 de hospedagem, para desfrutar do mais importante: 7a Arte de qualidade. Fazer o quê?
As opções eram muito boas, com direito até à pré-estreia de "A Pele que Habito" do Pedro Almodóvar, no Cine VIVO, mas preferi apostar em filmes que já estavam em cartaz há um bom tempo e com risco de não passar mais que uma semana até eu retornar por lá, a exemplo do argentino "Medianeras".
E que achado...De longe, o roteiro mais inteligente que conferi este ano nas telonas. Com bom humor, o diretor Gustavo Taretto conduz o espectador a conhecer a história de Martin e Mariana, dois jovens vizinhos, solitários, que por conta de desilusões amorosas, desenvolvem fobias sociais.
Ele é web designer e sua maior companhia- tirando o cão que sua ex-namorada abandonou- é o PC de mesa. Martin (Javier Drolas) só começa a sair de casa por conta do animal de estimação, que precisa dar uma "arejada". Ele mesmo, depois de descobrir que está com um problema de coluna, decide fazer natação. A partir daí, Martin sai de seu casulo e permite viver um pouco mais da realidade que está bem ali, ao seu alcance.
Por outro lado, Mariana (Pilar Lopez), que é arquiteta, mas trabalha montando manequins em lojas, tem claustrofobia e prefere subir 8 lances de escadas duas/três vezes ao dia, que se aventurar num elevador. Cada um com seus medos, anseios e carências, vai convergindo para uma direção, onde o encontro entre eles será inevitável, ao final.
O grande trunfo de "Medianeras" é contar uma história aparentemente corriqueira de forma extremamente criativa. Além dos dois atores que estão muito bem, a cidade de Buenos Aires também funciona como personagem dessa comédia romântica, que foge dos clichês habituais do gênero. Só a abertura da película, já vale o ingresso. E para quem é fã de Woody Allen, o diretor portenho, em seu primeiro longa-metragem, faz uma bela homenagem ao diretor norte-americano.
Antes de conferir "Medianeras", assisti a "Capitães da Areia" de Cecília Amado. A neta do escritor baiano, Jorge Amado, em seu primeiro trabalho cinematográfico, não decepciona. É bem verdade, que o filme derrapa nos momentos em que artifícios publicitários são utilizados para agilizar a narrativa, mas como não li o livro ainda, não podendo compará-lo à obra escrita, penso que o resultado, como "cinema" está acima da média dos nacionais que tenho visto ultimamente.
Pontos positivos: As atuações "profissionais" de algumas crianças como Ana Graciela (Dora), Roberio Lima (Professor) e Paulo Abade (Gato), na sua maioria, estreando no cinema; a bela fotografia assinada por Guy Gonçalves; a trilha sonora composta por Carlinhos Brown.
Pontos Negativos: A dicção dos garotos que precisava ser melhor trabalhada; os maneirismos de videoclipes que se funcionam bem em "Cidade de Deus", aqui ficam um tanto deslocados; a trama não é consistente e o tecido narrativo torna-se, por vezes, esgaçado; falta densidade dramática.
Da Bahia, para o Rio de Janeiro. Pelo menos, na referência de sua praia internacionalmene famosa. Assim é "Copacabana", filme de Marc Fitoussi e que conta com Isabelle Huppert como protagonista. Não há uma cena sequer filmada em Terra Brasilis, mas nem por isso o país da América do Sul, que está no imaginário de tantos gringos, deixa de ser exaltado, principalmente na trilha sonora composta por deliciosas bossas.
Huppert interpreta a estabanada Babbou, que foge totalmente às regras impostas pela sociedade capitalista. Morando só, com a filha Esmeralda (Lolita Chammah), Babbou sonha em conhecer o "país tropical", mas antes disso, precisa arrumar um emprego (tarefa das mais árduas). Para completar a lista de dificuldades a enfrentar, é comunicada pela filha, que esta irá se casar, mas não faz a mínima questão que a genitora compareça à cerimônia.
Depois do 'golpe', Babbou decide arriscar suas fichas num trabalho em Ostend, balneário belga. A cinquentona encara a função de entregadora de panfletos deum complexo de apartamentos e, por conta de 'amizades influentes', consegue ascender rapidamente no emprego. O problema é que a ingenuidade de Babbou acrescida à sua maneira despretensiosa de viver levam-na a perder o emprego, mas um lance de sorte faz com que ela reate com a filha e ainda realize o sonho de conhecer de perto um pouco da cultura brasileira.
O filme vale sobretudo pela interpretação sempre impecável de Huppert, mostrando-se versátil nesse novo papel, e pela oportunidade de conferir as atuações de mãe e filha (na vida real), numa simbiose perfeita.
P.S. Na próxima postagem falarei sobre o filme "A Missão do Gerente de Recursos Humanos" de Eran Riklis
O filme vale sobretudo pela interpretação sempre impecável de Huppert, mostrando-se versátil nesse novo papel, e pela oportunidade de conferir as atuações de mãe e filha (na vida real), numa simbiose perfeita.
P.S. Na próxima postagem falarei sobre o filme "A Missão do Gerente de Recursos Humanos" de Eran Riklis
Legenda da Foto 1: Cena de "Medianeras" que mostra as agruras do isolamento urbano com humor e criatividade
Legenda da Foto 2: Pedro Bala e Dora em um dos raros momentos amenos da tulmutuada trama de "Capitães da Areia"
Legenda da Foto 3: Lolita Chammah e Isabelle Huppert em cena no ótimo "Copacabana"
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