sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

"Rock Brasília" no Final de Ano do Cine Cult

Rock Brasília_cartaz

Depois do bem sucedido "Cartaz Solidário", ocorrido na sexta passada, na soparia Sopa Mágica, hoje Roberto Nunes (leia-se Cine Cult) promove o Final de Ano do Cine Cult com exibição do documentário "Rock Brasília-Era de Ouro" do paraibano Vladimir Carvalho e confraternização, logo após, no Sopa Mágica.

Vencedor do Festival Paulínia de Cinema na categoria Melhor Documentário, "Rock Brasília" mostra a geração do roqueira dos anos 1980, com ênfase nas bandas Capital Inicial, Plebe Rude e Legião Urbana. O espectador conferirá raros depoimentos de grandes protagonistas do período, a exemplo de Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá, Dinho Ouro Preto e os irmãos Fê e Flávio lemos e Philippe Seabra.
O filme é a terceira parte de uma trilogia inciada por Vladimir com "Conterrâneos Velho de Guerra" (1991) e "Barra 68" (2000).

A sessão está marcada para acontecer às 19h30, no Cinemark Jardins e depois haverá  uma confraternização na soparia Sopa Mágica (Rua Luiz Cordeiro de Morais, 748- Conjunto dos Motoristas). Os ingressos para o filme/confraternização já estão à venda ao preço de R$ 10 (preço único), na Tools Company do Shopping Jardins (vizinho à Casa da Cópia).

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Quem tem medo de (ler) Virginia Woolf ?




 Por Margueritte Durrel

Quem nunca teve uma vontade enorme de ler um escritor considerado clássico e desistiu ou adiou a leitura por causa de comentários de que o autor é muito complexo e suas estórias são de difícil compreensão? E ao final, complementam, precisa-se de preparo intelectual e psicológico para enfrentar tal escritor. 

Já me defrontei com essa situação e, confesso, relutei em seguir adiante. Este ano, entretanto, decidi me dedicar à leitura de Virginia Woolf, uma escritora respeitada pela crítica e muito valorizada pela academia, mas geralmente tachada de difícil. Não elaborei nenhum roteiro especial nem fiz qualquer preparação teórica. Apenas segui a ordem cronológica em que foram escritas as suas obras. Gostaria aqui de relatar minhas impressões sobre essa experiência, mas antes farei um breve relato sobre quem foi essa escritora. 

Virginia (Adeline V. Stephen) Woolf nasceu em Londres, em 1822. Filha de editor, crítico e historiador Sir. Leslie Stephen, teve uma educação refinada e freqüentou cedo o mundo literário. Em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem funda, em 1917, a Hogarth Press, editora que publicou obras de grandes escritores como Katherine Mansfield, T. S. Eliot, Freud, Proust, dentre outros. Participou do grupo Bloomsbury, círculo de intelectuais requintados que, após a I Guerra Mundial, atacariam as tradições literárias, políticas e sociais da era vitoriana.  

Virgínia começou a escrever artigos de crítica e contos em 1905. Escreveu A Viagem, seu primeiro romance, em 1915. Suas obras consideradas mais importantes são Mrs. Dalloway, Orlando, As Ondas, Passeio ao Farol e Entre os Atos. Também escreveu ensaios (O Leitor Comum, Cenas Londrinas, Um Teto Todo Seu). Ela é considerada uma escritora inovadora, pois, aboliu a exposição linear da ação e do enredo e subverteu o conceito do tempo literário. É considerada a “Proust inglesa”. Em 1941, vítima de grave depressão, suicida-se. 

Tive a oportunidade este ano de me deleitar com quase a totalidade de sua obra e descobri inúmeras/múltiplas Virginias. Alguns dos seus romances são bastante convencionais e podem ser lidos sem nenhuma dificuldade, como  A Viagem e Noite e Dia. Outros são bastante  experimentalistas, neles não há enredo e ação, apenas vida interior, pensamentos e sentimentos dos personagens. Algumas dessas obras lembram um quadro impressionista como é o caso de O Quarto de Jacob e Os Anos. Outras são verdadeiros romances-poemas, como As Ondas.  

Há também a Virginia ensaísta, crítica literária de O Leitor Comum, como também a de em Um Teto Todo Seu, um ensaio crítico de ironia fina, onde ela diz, com sabedoria:  "Seria mil vezes lastimável se as mulheres escrevessem como os homens, ou vivessem como os homens, ou se parecessem com os homens, pois se dois sexos são bem insuficientes, considerando-se a vastidão e a variedade do mundo, como nos arranjaríamos com apenas um? Não deveria a educação revelar e fortalecer as diferenças, e não as similaridades? Pois atribuímos às semelhanças um valor exagerado". 

Mas, se ainda assim, houver medo ou insegurança em se deleitar com as obras dessa escritora, não desista e procure a bem-humorada e deliciosa estória de Flush – Memória de um Cão. As aventuras de Flush, um cocker spaniel que ama raios de sol, pedaços de rosbife, a companhia de cadelinhas e de seres humanos, baseou-se na correspondência dos poetas vitorianos Elizabeth Barret e Robert Browning, onde falam sobre seu cão de estimação. 

Para terminar esse texto só me resta reproduzir trechos do artigo Como se deve ler um livro? Incluído no livro O leitor comum: O único conselho, de fato, que uma pessoa pode dar a outra  sobre o ato de ler é não seguir conselho algum, seguir seus próprios instintos, usar  suas próprias razões, chegar a suas próprias conclusões. (...) Admitir autoridades, mesmo austeramente  engomadas e togadas, em nossas bibliotecas e deixá-las nos dizer como ler, o que ler, que valor atribuir ao que lemos, é destruir o espírito de liberdade que é o exigênio desses santuários.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Margueritte Durrel estreia no Bangalocult

A partir de hoje, o Bangalocult, contará com a colaboração preciosa de uma leitora frenética, Marguerrite Durrel. Nascida no Brasil, na década de 1960, com pouco mais de três anos  foi morar em Paris, sortuda que é, terra de seus ídolos, como Flaubert, Simone de Beauvoir, Montaigne, entre outros. Ainda adolescente, começou a frequentar a Shakespeare and Company, fundada por Sylvia Beach e aprendeu a apreciar também, a literatura de língua inglesa tão bem representada por figuras como James Joyce, F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway.

Atualmente, a poliglota aposentada, divide o tempo em viagens pelo mundo e garimpando novos escritores (por novos entenda-se, aqueles que ainda não tem um título no seu acervo de quase cinco mil livros de vários idiomas). Da terra natal, que visita a cada dois anos, aprecia mais a riqueza literária (Drummond, Lispector, Lygia Fagundes Telles, Graciliano Ramos e Machado de Assis) do que propriamente o clima tropical (só visita as bandas de cá, durante o inverno). Também, na sua discoteca imensurável, é possível encontrar desde trilhas sonoras e música erudita, a muito jazz, música francesa e MPB (ama a Bossa Nova).

Foi a partir de minha viagem a Paris, em outubro, que ficamos amigas. E depois de muito insistir, ela aceitou o desafio de escrever (quando puder) sobre suas leituras, que cada vez mais privilegiam histórias tupiniquins.


PROCURA-SE JOÃO GILBERTO DESESPERADAMENTE

Por Margueritte Durrel

Amantes das letras e da boa música, e, principalmente, fãs ardorosos de João Gilberto, terão sorte se algum amigo secreto presenteá-lo nesse Natal com o livro do escritor e jornalista alemão Marc Fischer, “Ho-ba-la-lá – À procura de João Gilberto”, publicado recentemente pela Companhia das Letras.

Marc Fischer apaixonou-se por João Gilberto e pela bossa nova logo após ser apresentado ao disco “Ho-ba-la-lá”, de 1959, por um amigo japonês. A paixão foi tanta, que o levou ao Rio de Janeiro à procura do artista. Queria ouvi-lo cantar “Ho-ba-la-lá”.

Mas quem conhece João Gilberto sabe da dificuldade da empreitada.  Sua fama de irascível, misantropo e de não comparecer aos shows é tão grande quanto a idolatria dos admiradores. Conseguirá o autor encontrá-lo?

Para contar sua estória, o jornalista cria um clima de suspense e, juntamente com o seu Watson – na verdade, sua amiga Rachel – sai em busca dos amigos e companheiros de bossa nova do supostamente inalcançável artista. 

As conversas descontraídas com João Donato,  Marcos Valle, Miúcha, Roberto Menescal, bem como a jornalista Claudia Faissol, com quem João Gilberto tem uma filha, entre outros, faz emergir um perfil complexo. Em alguns momentos surge um João Gilberto enigmático, profundamente sensível e espiritualizado; em outros vê-se a face do artista atormentado, até mesmo egocêntrico e  vampiresco.

Em sua busca, o escritor não mede esforços, viaja a Diamantina para conhecer a casa onde o artista morou com a irmã na década de 1950. Tranca-se no  banheiro cuja  acústica era capaz de produzir o som “perfeito” e conhece personagens pitorescos que até hoje se recordam do tão ilustre morador.

Não conto mais, para não estragar o prazer da leitura. Porém, não posso encerrar sem dizer que o livro, além de ser um tributo a João Gilberto é um belo exemplo de Jornalismo Literário. A narrativa remete ao texto “Frank Sinatra está resfriado”, perfil realizado pelo escritor e jornalista Gay Talese, do cantor Frank Sinatra, após inúmeras tentativas frustradas de fazer uma entrevista com o mesmo.

Um dado inusitado, é que o autor morreu dias antes de ser lançado, em alemão, "Ho-ba-la-lá- À procura de João Gilberto".

Depardieu em grande forma (artística)

Minhas Tardes com Margueritte_filme

 O diretor Jean Becker, responsável pelo longa "Conversas com Meu Jardineiro", não me convenceu muito com esse drama protagonizado por Daniel Auteuil e Jean-Oierre Darroussin. No entanto, em "Minhas Tardes com Margueritte", ele volta ao tema da amizade/cumplicidade, de forma mais tocante e envolvente. 

Não é difícil o público simpatizar com Germain (Gérard Depardieu inspiradíssimo, apesar de extremamente obeso), um homenzarrão de coração nobre, que mora num trailer, vizinho à da mãe (Clarie Maurier) que é descompensada emocionalmente. Sua rotina divide-se entre cuidar de uma pequena horta particular, as bebedeiras com amigos e o relacionamento com uma jovem, motorista de ônibus. 

Com a autoestima lá embaixo, Germain, vez por outra, relembra das humilhações que sofria na escola (por conta da dificuldade de ler e aprender) e em público, por conta da mãe sempre a zombar de seu exceso de peso e de sua desatenção. Mas o fanfarrão irá dar um novo rumo à sua vida, a partir do momento que conhece a nonagenária Margueritte (Gisèle Casadesus), uma aficionada leitora, que diariamente se aconchega num banco de paraça, para ler.

Se antes eram os pombos a sua "plateia", agora Margueritte conta com a atenção de Germain, que começa a se interessar pelos clássicos e torna-se seu admirador. À medida que o drama, com pitadas de comédia se desenrola, o espectador vai se encantando com o jeito meigo da velhinha e torcendo para que Germain, através da leitura, dê a volta por cima.

No entanto, Jean Becker derrapa no tom melodramático que imprime à trama, no 1/3 final da película, e ao desfecho meio óbvio. Mesmo assim, o resultado é superior a "Conversas com Meu Jardineiro", num duelo primoroso de interpretações da dupla principal.

Legenda da Foto : Literatura une Margueritte (Casadesus) e Germain (Depardieu)

Enquanto o novo CD não chega....



No início do ano, postei aqui comentário sobre essa cantora inglesa, Sarah Joyce, mais conhecida como Rumer, que lançou no finalzinho do ano passado, seu primeiro disco "Seasons of My Soul".  Contendo 10  faixas autorais, uma de David Gates ("Goodbye Girl") e duas regravações - "Alfie" de Burt Bacharach e Hal David e "It Might Be You" (Theme From Tootsie) de Alan Bergman, Marilyn Bergman e Dave Grusin-, Rumer não parou de realizar shows na Inglaterra e até fora do país, a fim de divulgar seu trabalho de estreia.
No meio dessa agitação toda, ela ainda encontrou um tempinho para compor "I Believe in You", canção dos créditos de "Johnny English Reborn".

Enquanto aguardo, ansiosamente, um novo disco da cantora- cujo timbre de voz se assemelha, em determinadas notas, ao de Karen Carpenter- vou garimpando interpretações dela de clássicos dos anos 1960/70 como "Remember" de Harry Nilson; "Wedding  Bell Blues" de Laura Nyro e "Come Saturday Morning" de Dory Previn e Fred Carlin.

Aos interessados, o CD "Seasons of My Soul" pode ser encontrado nas melhores lojas do ramo (Livraria Escariz, Saraiva). As canções que mais curto são "Slow", "Am I Forgiven", "Come To Me High", "Aretha" e "Healer". Acho que essa garota ainda vai longe...


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ORSSE executa "O Messias" de Handël



O ano de 2011, sem dúvida, foi um dos melhores na história da Orquestra Sinfônica De Sergipe (ORSSE). Durante a temporada deste ano, cujos concertos foram realizações da Secretaria de Estado da Cultura e contaram com o patrocínio do Instituto Banese, a ORSSE conseguiu trazer para o Estado uma gama de artistas convidados, de renome internacional, como André Mehmari, multi-instrumentista, aclamado em diversos países, o pianista Jean Louis Steuerman; Emmanuele Baldini; Daniel Guedes; Mario Ullôa; Gabriela Queiroz; Eduardo Monteiro; Amaral Vieira e Gabriel Marin, além de ter realizado a primeira apresentação fora do país, no Festival Internacional de Música Barroca, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), onde apresentou a Ópera La Bohème, em forma de concerto.

Para encerrar em grande estilo a temporada 2011, a Orquestra Sinfônica de Sergipe, sob a regência do maestro Guilherme Mannis, apresentará, de forma inédita no Estado, “O Messias” Oratório, HWV 56  , de Georg Friedrich Händel, com participação do Coro Sinfônico da ORSSE e dos solistas Edna d’Oliveira (soprano), Paulo Mandarino (tenor), Ariadne de Oliveira (contralto) e Cláudio Alexandre (baixo). Os concertos ocorrerão amanhã e quinta-feira, a partir das 20h30, no Teatro Tobias Barreto.

O oratório foi estreado em Dublin, em 1742. Nessa ocasião celebrava-se o período da Páscoa. Ainda assim, o texto sobre o qual se desenrola a partitura permite adequar-se de igual modo à época natalina. Possui uma criteriosa seleção de escrituras bíblicas recolhidas no antigo e novo testamento e divide-se em três partes. Na primeira são evocadas profecias e aclama-se a encarnação do Messias. Preenche-se deste modo quase metade da obra, em plena consonância com a temática religiosa que substancia a celebração do Natal. Depois, na segunda parte, relata-se a paixão e a ressurreição de Cristo. Já nos últimos números, a terceira parte, comemora-se o triunfo, a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. 

“Todo este trabalho é fruto de muita dedicação e profissionalismo de nossos músicos, o carinho e emoção de nosso público e, sobretudo, o compromisso que o Governo do Estado de Sergipe tem com o crescimento cultural do seu povo, através da Secretaria de Cultura e o apoio vital do Instituto Banese. A ORSSE proporcionou um reconhecimento nacional da música produzida no Estado. Agora pensamos em novo tempo, em criar uma perspectiva de futuro musical aos nossos jovens.” compartilha o maestro Mannis, que no concerto de “O Messias” contará com o auxílio do maestro Daniel Freire, regendo o  Coro Sinfônico da ORSSE.

Os ingressos para a apresentação já se encontram à venda na bilheteria do teatro (das 13 às 20h) ao preço de R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).

Legenda da Foto: Guilherme Mannis regendo a ORSSE, com Coro Sinfônico ao fundo

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um Argentino e Um Chinês

Um Conto Chinês_filme
A Árvore do Amor_filme
Dois dias na capital baiana e já consigo me recuperar da escassez de filmes interessantes, que teima em rondar os cinemas aracajuanos. Não que "Os Muppets", "Operação Presente" e "Gato de Botas" não devam ser conferidos, mas entre uma overdose de animação e outra de emoção, prefiro a segunda.

No primeiro dia, em Salvador, assisto logo ao bem criticado "Um Conto Chinês" de Sebastián Borensztein. A co-produção Argentina/Espanha conta a história de Roberto (Ricardo Darín), um ermitão e proprietário de uma loja de ferragens, que imerso num mundo idiossincrático, apresenta dificuldades em se sociabilizar. Seu cotidiano, no entanto, sofrerá mudanças radicais, a partir do momento que dá guarida ao jovem chinês Jun (Ignacio Huang).

Depois de ter sido vítima de uma tragédia surreal, Jun, decide partir para Buenos Aires, atrás do tio que há muito não tem notícias. O problema é que sem falar uma palavra em espanhol, ele foi vítima de assaltantes e viu-se "salvo" por Roberto, que se empenha em ajudá-lo. Mas se arrependimento matasse, Roberto estaria morto nos primeiros 20 minutos de projeção.

Como isso não ocorre nem na ficção, somos fisgados pelo engenhoso roteiro assinado por Borensztein, que apesar de tratar um tema já muito explorado no cinema (o surgimento da amizade entre personalidades tão díspares), conta com o suporte das ótimas interpretações da dupla central- Darín e Huang. "Medianeras" e "Um Conto Chinês" foram os dos melhores filmes argetinos que conferi neste ano. Que venham mais...

Logo em seguida, não estando contente com um chinês no título da produção Argentina, emendei a sessão com o mais novo filme de Zhang Yimou (leia-se "Lanternas Vermelhas", "Nenhum a Menos", "O Clã das Adagas Voadoras"). Confesso que fiquei surpresa com o tom melodramático desse romance, pegada pouco usual do diretor. Mas se Zhang Yimou parece estranho à primeira vista, à medida que a trama se desenrola, percebemos elementos comuns aos seus filmes anteriores, como a crítica ao sistema repressor da China na época da Revolução Cultural, a condição da mulher naquele país, o esmero com a fotografia e o olhar aguçado em descobrir novos talentos, entre outros.

A estreante atriz Zhou Dongyu,convence muito bem no papel de Jing, uma ingênua garota que após a prisão do pai,por questões políticas, vê-se com a responsabilidade de sustentar os irmãos pequenos e a mãe. A única saída para jovens como ela, filha de um dissidente, é se engajar no "espírito" da Revolução Cultural e através da "reeducação", conseguir um empreo de professora.

Mas no caminho de Jing surgiria o belo Sun (Shawn Dou). Jovem geólogo, trabalhando no campo, próximo à casa onde Jing ficaria hospedada por um tempo, Sun se apaixona pela adolescente, que aos poucos vai sendo conquistada pela sua extrema dedicação. No entanto, não será fácil Jing convencer a mãe das boas intenções do rapaz, oriundo de uma família abastada. Quando ela consegue afinal, a vida já reservou um triste destino para ambos.


Yimou confirma seu esmero com a produção, mantendo a parceria de longa data com o fotógrafo Zhao Xiaoding, escolhendo bem os protagonistas, mas derrapa com o uso exagerado de legendas explicativas e fades, dando um aspecto didático à narrativa, totalmente desnecessário.

Legenda da Foto 1: Roberto (Ricardo Darín) e Jun (Ignacio Huang) tentam lidar com a incomunicabilidade em "Um Conto Chinês"

Legenda da Foto 2: Cena do filme "A Árvore do Amor", que apesar de melodramático, tem momentos de singeleza ímpares

domingo, 18 de dezembro de 2011

O ator, a cantora e o carnavalesco

Cheguei hoje de Salvador, e depois de ficar quase três dias sem acessar a internet, de ligar muito pouco a TV, e só saber dos acontecimentos do mundo através dos jornais (rapidamente lidos), chego à triste conclusão de que alguns impressos, de fato, vão mal das pernas.

Senão vejamos: compro o Globo e o Estado de São Paulo de hoje e não consigo encontrar uma linha sequer sobre a morte da cantora caboverdiana, Cesária Évora, no diário carioca. No "Estadão" é possível ler um breve resumo da carreira da artista, que despontou mundialmente, no final dos anos de 1980, início de 1990.

Não me lembro direito como conheci o talento de Cesária. Se algum amigo me indicou o som ou se eu mesma, garimpando novos talentos nas lojas de discos, deparei-me com aquela voz possante e ao mesmo tempo acolhedora. Só sei que me arrependo horrores, de não ter ido a Salvador, uma certa feita, para assisti-la, no Farol da Barra, dentro da programação do 1o festival África Brasil (última vez que se apresentou no país). Depois dessa possibilidade, só pude consumir seus discos um a um, até me deleitar .

Mas voltando à questão da mídia, de que falava anteriormente, como se isso fosse pouco, o desdém da imprensa carioca, não poupou Joãosinho Trinta. No Jornal O Globo de hoje, no canto superior esquerdo da 1a Página, vê-se a foto do ator Sérgio Britto também morto ontem, aos 88 anos, e do carnavalesco maranhense, de 78, anunciado no obituário. Ao abrir a referida página 38- do Obituário- cuja metade já estava ocupada pelo "O Tempo no Globo" (seção metereológica), vi que não tinha sido escrito mais do que um parágrafo sobre João Clemente Jorge Trinta. 

O espaço reservado ao ator Sérgio Britto foi digno, respeitoso, justo, mas penso que Joãosinho Trinta merecia espaço similar, como foi o reservado para ele na edição de hoje do Estado de São Paulo, na seção Memória. Não sei se estou me precipitando, talvez amanhã, saia até uma matéria caprichada em O Globo sobre o maranhense que revolucionou o Carnaval do Rio de Janeiro, modernizando a tradicional festa brasileira, com enredos arrojados (muitos impensáveis de ser colocados na avenida) que deram muitas conquistas ao Salgueiro, Beija-Flor e Viradouro.

Mas o fato é que hoje, um dia após a morte do carnavalesco, a repercussão no jornal foi pífia. Pena que o Jornal do Brasil, seu grande concorrente, deixou de rodar há pouco mais de um ano e, agora, só possa ser lido na tela de um computador. Espero que O Globo não prove no futuro de seu próprio veneno, quando deixar de circular também nas bancas de jornais: o de ser esquecido.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Cândido Faria (1849-1911)

Cândido Faria_foto


Cândido Faria_cartaz

Cartaz de autoria de  Cândido Faria

Neste sábado, comemora-se o Centenário de Morte do laranjeirense, Cândido Aragonez de Faria (1849-1911), um dos mais representativos artistas sergipanos. Chargista, cartazista e artista plástico completo, o nome de Cândido Faria pode soar desconhecido para a maioria dos sergipanos, mas na história da Caricatura Brasileira e dos primórdios da Sétima Arte, sempre foi uma referência.

 Responsável pela criação de mais de 300 cartazes de filmes produzidos pela famosa Casa Pathé, o sergipano antes de escolher a capital francesa como derradeira residência, morou no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Buenos Aires. Filho do médico José Cândido Faria e da espanhola Josefa Aragonez, Cândido Faria nasceu em Laranjeiras em 1849, mas por conta da morte do pai, vítima de cólera num surto ocorrido no Estado em 1855, não demorou muito para se mudar com a mãe e os irmãos para o Rio de Janeiro, onde viviam parentes maternos.

Lá cursou o Liceu de Artes e Ofício e a Escola de Belas Artes, mostrando vocação para o desenho. Juntamente com o irmão Adolfo, que viria a se tornar famoso fotógrafo em Paris, Cândido fundou o seu primeiro jornal- O Mosquito- dando início aos empreendimentos na área jornalística. Mais tarde, mudando-se para Porto Alegre, funda dois jornais- Diabrete e Fígaro- e monta seu primeiro ateliê, oferecendo curso de arte. 

Vai morar em seguida, em Buenos Aires, onde também atua no ramo editorial, desta vez com o jornal e a revista La Cotorra e, em 1882, então com 33 anos, segue em direção a Paris, onde posteriormente, transforma-se num dos mais requisitados desenhistas e cartazistas, do final do século XIX e início do século XX.

Segundo o pesquisador Luiz Antônio Barreto, juntamente com o conterrâneo Horácio Hora, pintor que fez fama na capital francesa, Cândido Faria é um dos artistas mais representativos do Estado, tendo em vista o trabalho desenvolvido no exterior. “Eles foram até contemporâneos num determinado momento, sendo seus ateliês vizinhos na França. Mas ao contrário de Horácio Hora, que sempre vinha a Sergipe, mesmo morando no exterior, não tenho conhecimento de Cândido ter voltado à sua terra natal, depois de estabelecido residência em Paris”.

O pesquisador, inclusive, teve um maior contato com a obra do cartunista, na década de 1990, quando chegou em suas mãos, uma carta de Felipe Aragonez de Faria, único neto de Cândido. Na época, Luiz Antônio Barreto era secretário de Cultura do Estado e começou a dialogar com o descendente francês, a fim de lhe auxiliar sobre documentos ligados a seu avô.

“Desde então, ele tem vindo com uma certa frequência a Sergipe, a fim de pesquisar dados sobre seus tataravós e finalizar um projeto que envolve o lançamento de três livros: um sobre a família Aragonez, outro sobre o médico José Cândido Faria e, por fim, uma obra sobre Cândido Faria”, diz Barreto.

Enquanto, aguarda a chegada do octogenário Felipe Aragonez de Faria em Aracaju, a fim de realizar uma exposição de cartazes originais, comemorativa aos 100 anos de morte do famoso cartunista, Luiz Antônio Barreto presta uma homenagem ao ilustre desenhista, no Instituto Tobias Barreto, sediado na Biblioteca da Universidade Tiradentes, Campus Farolândia.

Numa sala interativa do Instituto, é possível conhecer um pouco mais sobre a história de Cândido Faria, através de banneres que trazem uma biografia resumida e reprodução de cartazes criados pelo sergipano. 

Legenda da Foto 1: Foto de Cândido Faria

Legenda da Foto 2, 3 e 4: Cartazes de eventos culturais produzidos pelo cartunista em Paris

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"A Casa do Zé" se apresenta no Oceanário

Neste domingo, a Casa do Zé convida a todos para o show de ‘Dona Carochinha & Outras Histórias’. A festa será realizada no Oceanário, na Orla de Atalaia, a partir das 17h. O evento encerra a temporada de 2011 e traz no set list, além das canções do CD "Maria Anita" e do EP "Dona Carochinha", músicas que farão parte do novo trabalho "Maré de Peixe". Os ingressos estão à venda na Levi's do Shopping Jardins ao preço de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada).

Sobre A Casa do Zé- No trem da imaginação que alimenta nossos destinos, encontramos personagens, animais e elementos constituintes de uma beleza simples, porém verdadeira. A pureza da infância revelada através do espetáculo do Grupo Musical A Casa do Zé traduz na presença da plateia (família completa: do vovô aos netinhos), a mudança por dias melhores na música dedicada à petizada.

Durante 1 hora e 20 minutos crianças e adultos não param, ficam rodopiando, batendo palmas, dançando nas poltronas do teatro num ato de liberdade e leveza, igualando naquele momento a faixa etária de todos os presentes. A Casa do Zé baseia seu repertório em pesquisas realizadas por seus componentes e nas releituras de músicas que o grupo acredita que podem ser ouvidas por diferentes faixas de idade.

Basicamente, o seu show visa a atingir o público infantil utilizando o recurso de contar histórias, realização de truques de mágica e utilização de cenários lúdicos e coloridos que remetem à cultura popular.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Livraria Saraiva abrirá hoje

Seria amanhã, mas por algum motivo desconhecido ( e bem vindo), a Livraria Saraiva do Shopping Riomar, antecipou sua inauguração para, logo mais, às 14h. Ótima oportunidade para quem não tem muito o que fazer nesse feriado: perambular pela loja e comparar, de pronto, se a filial de Aracaju estará à altura das lojas de outras capitais vizinhas, como as existentes em Salvador, por exemplo.

A propósito, um outro programa interessante para esse feriado é visitar o Museu da Gente Sergipana (não consigo me acostumar com esse nome), localizado na avenida Ivo do Prado (próximo ao INSS). O Museu é exuberante, totalmente interativo e como foi inaugurado na última terça-feira, ainda não teve seu público esperado. Hoje, talvez, a visitação seja mais intensa.

Além de uma loja de produtos da terra- o Ateliê de Artes, comandada por Mônica Schneider- outro espaço que merece ser conhecido no Museu é o Café da Gente, capitaneado por Adriana Hagenbeck (leia-se Restaurante Mãe Preta). Num ambiente aconchegante e de excelente bom gosto, é possível degustar iguarias deliciosas, como a linguiça caramelizada, mousse de mangaba eo cachorro quente do parque. Com almoço e petiscos para o happy hour, o local oferece ainda um chopp Heineken geladíssimo. 

O acesso ao Museu da Gente Sergipana é gratuito e a visitação pode ser feita de terça a domingo (inclusive feriados), das 10h às 19h.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Raquel Cozer fará hoje debate sobre Jornalismo Cultural

A repórter da Ilustríssima (Suplemento Cultural Dominical do Jornal  Folha de S. Paulo) , Raquel Cozer, estará logo mais, às 18h30, no Centro de Convenções de Sergipe, proferindo palestra sobre o Jornalismo Cultural no Contexto Brasileiro.

O evento faz parte da programação do Encontros de Literatura- uma parceria da Secretaria de Estado da Cultura e do Fórum permanente de Literatura, Livro e Leitura de Sergipe-, que se iniciou na última quarta-feira e será encerrado hoje, com lançamento de livros e leitura de poemas, logo após o debate com a jornalista carioca.
A blogueira estará mediando o bate papo com o público e a expectativa é que o auditório do CIC lote suas dependências como na noite de abertura, quando Xico Sá falou de sua experiência como jornalista e escritor.

O acesso é gratuito e muito dos escritos de Raquel Cozer podem ser conferidos no blog
http://abibliotecaderaquel.folha.blog.uol.com.br

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sucessos de Michael Jackson na voz de Traincha


CD Never Can Say Goodbye_cantora Traincha

Comprei há alguns meses, na Escariz do Shopping Jardins, o CD  "Sundays in New York" (2011) da cantora Traincha (o verdadeiro nome dessa holandesa é Judith Trijntje Oosterhuis). Não conhecia a artista, achei até o nome estranho, mas por conta da indicação de um dos vendedores da loja (aliás, o time de funcionários dessa seção é de "tirar o chapéu"), terminei dando uma conferida e decidi levar. 

O disco é muito bom, com Traincha sendo acompanhada por Clayton-Hamilton Jazz Orchestra em clássicos como "You and I", "Try a Little Tendernes's", "Crying Over You", entre outros. Na ocasião, fiz uma pesquisa e descobri que ela havia gravado há quatro anos o songbook  "Look of Love" em que canta os grandes sucessos de Burt Bacharach. Como amo o trabalho do maestro e compositor Bacharach, fiquei na expectativa de conseguir esse disco, cujas performances de Traincha juntamente com a Metropole Orchestra não deixam a desejar àquelas da diva Dionne Warwick.

Como este registro ainda não chegou por aqui, decidi me arriscar novamente, num trabalho de Traincha que não conhecia, apesar dela ter lançado há dois anos "Never Can Say Goodbye". Dessa vez, o homenageado é Michael Jackson  e a cantora explora todo seu potencial vocal em impecáveis interpretações de "Never Can Say Goobye", "One Day in Your Life", "Human Nature", "I'll Be There", "Rock With You" e "I Just Can't Stop Loving You" entre outras.

Somente embalada pelo precioso e elegante violão de Leonardo Amuedo (uruguaio "descoberto" por Ivan Lins durante passagem pela Holanda), Traincha emociona nas interpretações dos clássicos do "Rei Pop", com sua voz aveludada, sempre controlando de forma inteligente as notas mais agudas. Para os fãs de Michael Jackson e para aqueles que não curtiam muito o cantor americano, ouvir "Never Can Say Goodbye" é uma ótima experiência sensorial. 

OBS: Apesar de constar 14 faixas listadas, o CD traz uma canção extra, que não consegui identificar.