O diretor Jean Becker, responsável pelo longa "Conversas com Meu Jardineiro", não me convenceu muito com esse drama protagonizado por Daniel Auteuil e Jean-Oierre Darroussin. No entanto, em "Minhas Tardes com Margueritte", ele volta ao tema da amizade/cumplicidade, de forma mais tocante e envolvente.
Não é difícil o público simpatizar com Germain (Gérard Depardieu inspiradíssimo, apesar de extremamente obeso), um homenzarrão de coração nobre, que mora num trailer, vizinho à da mãe (Clarie Maurier) que é descompensada emocionalmente. Sua rotina divide-se entre cuidar de uma pequena horta particular, as bebedeiras com amigos e o relacionamento com uma jovem, motorista de ônibus.
Com a autoestima lá embaixo, Germain, vez por outra, relembra das humilhações que sofria na escola (por conta da dificuldade de ler e aprender) e em público, por conta da mãe sempre a zombar de seu exceso de peso e de sua desatenção. Mas o fanfarrão irá dar um novo rumo à sua vida, a partir do momento que conhece a nonagenária Margueritte (Gisèle Casadesus), uma aficionada leitora, que diariamente se aconchega num banco de paraça, para ler.
Se antes eram os pombos a sua "plateia", agora Margueritte conta com a atenção de Germain, que começa a se interessar pelos clássicos e torna-se seu admirador. À medida que o drama, com pitadas de comédia se desenrola, o espectador vai se encantando com o jeito meigo da velhinha e torcendo para que Germain, através da leitura, dê a volta por cima.
No entanto, Jean Becker derrapa no tom melodramático que imprime à trama, no 1/3 final da película, e ao desfecho meio óbvio. Mesmo assim, o resultado é superior a "Conversas com Meu Jardineiro", num duelo primoroso de interpretações da dupla principal.
Legenda da Foto : Literatura une Margueritte (Casadesus) e Germain (Depardieu)
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