quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Curta Sergipano será exibido na 8a Mostra Cinema e Direitos Humanos na Amércia do Sul

A diretora Everlane Moraes está rindo à toa. Motivo não falta, já que seu curta-metragem “Caixa D’Água: Qui-lombo é esse?” fará parte da programação da 8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul,  iniciada no último dia 26 de novembro em 26 cidades brasileiras e no Distrito Federal (em Aracaju, o evento acontecerá de 17 a 22 de dezembro, no Museu da Gente Sergipana).

O documentário, que mostra a importância cultural e histórica do bairro aracajuano Getúlio Vargas, através de depoimentos de moradores da comunidade remanescente quilombola Maloca, não só constará da programação oficial da Mostra, como também compõe o kit do evento- juntamente com os filmes “Doméstica”, “Kátia”, “Brasília Segundo Feldman” e “As Hiper-mulheres”- a ser distribuído para cerca de 500 instituições (entre pontos de cultura, instituições federais, cineclubes, museus, bibliotecas, etc.).

Para a diretora, que é funcionária da Fundação Aperipê e graduanda em Artes Visuais pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), a inserção de seu filme nessa Mostra que se dedica a apresentar filmes sul-americanos que discutem temas atuais de Direitos Humanos no nosso continente, é uma excelente oportunidade de difundi-lo pelo país. 

“Soube que estavam abertas as inscrições no edital que selecionaria filmes de vários lugares para compor a 8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul e que estes integrariam o kit. Como eu já conheço essa mostra e sei de sua importância, inscrevi-me e esperei, sem imaginar que seria selecionada, pois ela é bastante concorrida. Fiquei muito feliz com o resultado, não só porque ‘Caixa D’Água’ será exibido nas capitais brasileiras e em várias outras cidades que receberão o kit, como concorrerá a R$ 8 mil reais, caso seja escolhido como melhor curta, pelo voto popular”, diz Everlane.

Desde que foi lançado no final do ano passado, no Museu da Gente, como um dos filmes contemplados pelo edital de Apoio à Produção de Obras Audiovisuais Digitais de Curta-metragem (mais conhecido como Edital Orlando Vieira) pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), “Caixa D’Água: Qui-lombo é esse ?” tem feito uma bela carreira.

Ao todo, já participou de 15 eventos (entre mostras e festivais), tendo sido o vencedor da Mostra Nordeste (júri oficial) do SERCINE 2013; o filme de abertura da 7ª edição do Festival Visões Periféricas (RJ) e vencedor do Curta-SE 2013, na categoria Melhor Vídeo Sergipano (voto popular). Agora, além de constar na programação da 8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos da América do Sul, o curta foi selecionado para a Mostra Olhos Negros V (RJ) e 9ª Mostra Pluriartística Novembro Negro (SE).

Talvez, o grande sucesso do filme de estreia de Everlane Moraes, seja o fato dele fugir às fórmulas pré-estabelecidas de um documentário e fazer um belo alinhavo da história dos descendentes de escravos que vivem num dos bairros mais tradicionais de Aracaju. Sendo um misto de doc-ficção, o curta explora a oralidade dos moradores da comunidade, abandonando a tradicional entrevista no estilo “um banquinho, um microfone”, onde os depoimentos em voz off é que dão o tom da narrativa e agrega às imagens dos moradores, as poéticas cenas ficcionais de um ex-escravo chegando à capital sergipana.

Uma das cenas mais emocionantes do curta é parte da entrevista do cantor Irmão concedida ao programa Aperipê em Memória (1991) e resgatada pela diretora (sobrinha do artista). Na imagem de arquivo, após uma breve fala, ele entoa uma canção que fez em homenagem à sua comunidade e emenda com um rap que embala o final de “Caixa d’Água: Qui-lombo é esse ?”.

Além da Mostra Competitiva, da qual “Caixa D’Água: Qui-lombo é esse”? faz parte, a 8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul contará com Mostra Indígena, Mostra Homenagem- Vladimir Carvalho  e Programas Especiais. Confira a programação completa no site http://mostracinemaedireitoshumanos.sdh.gov.br/

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Espetáculo Chinês será apresentado no TTB


"Fu Yong" será apresentado hoje e amanhã no Tobias Barreto

Em comemoração ao Mês Cultural da China no Brasil, o San Xia Acrobatic Art Troupe e o Chongqing (Qianjiang) Ethnic Song and Dance Troupe uniram forças e trouxeram ao país, o espetáculo “Fu Yong – A Eterna Fortuna na Montanha Sagrada”, que estreou  no Rio de Janeiro em 1° de novembro.

Hoje e amanhã, às 20h30, no Teatro Tobias Barreto, os sergipanos poderão apreciar o espetáculo que traz acrobacia, dança e música para contar uma famosa lenda que retrata a vida de uma família pertencente à encantadora e misteriosa etnia Miao, a quinta mais populosa das 56 etnias oficialmente reconhecidas pela República da China. Tradições milenares, ritos religiosos, figurinos coloridos e paisagens deslumbrantes compõem a dinâmica da performance que proporcionará ao espectador, uma experiência reveladora das raízes civilizatórias chinesas.

O espetáculo aborda ainda, de forma mística, temas da vida cotidiana do povo Miao, tais como a relação entre passado e futuro, família e indivíduo, amor e casamento, nascimento, morte e o reencontro no Paraíso. Outro aspecto de destaque na apresentação é a relação do homem com a natureza ao seu redor. Os 37 artistas (21 dançarinos, 7 cantores e 9 acrobatas) exibem acrobacias de alta precisão mescladas com danças tradicionais, ritos religiosos e ritmos mitológicos que desvendarão toda a lendária cultura chinesa.

O espetáculo é uma criação do renomado diretor Deng Lin considerado o arauto do realismo poético chinês no campo da acrobacia e danças coreográficas. Especialmente, para a série de apresentações no Brasil, foi criada uma nova versão da obra, em parceria e sob a supervisão dos diretores Gao Sen e Jiang Xiaoping.

“A China tem uma forte ligação com suas histórias originais e culturais, sempre embebidas no misticismo, assim como o Brasil. Entretanto, apesar das raízes continuarem vivas, como a Montanha Sagrada e o Sol, as origens correm perigo à medida que o mundo busca um desenvolvimento cada vez mais rápido e agressivo. As futuras gerações podem perder a conexão com seus verdadeiros alicerces. Nosso trabalho está focado justamente no movimento inverso: o da preservação e valorização das tradições. Esta é nossa primeira turnê internacional que, por isso mesmo, apresentará o máximo de autenticidade. Nossos artistas nasceram e cresceram mergulhados nas etnias de Miao e Tujia, carregando desta forma a essência da Montanha Sagrada na alma” revela  Gao Sen.

Sobre os Artistas - Os grupos San Xia Acrobatic Art Troupe e Chongqing (Qianjiang) Ethnic Song and Dance Troupe foram criados em 2008, incentivados pelo governo de Chongqing. O principal propósito que norteia suas atividades é manter viva a chama das tradições surgidas há 5.000 anos e, por isso, o campo de atuação dos grupos é no próprio território chinês. Contabilizam cerca de 100 apresentações anuais e são reconhecidos como as mais engajadas instituições no fomento das antigas tradições, desenvolvendo relevante trabalho de preservação e difusão das culturas milenares das etnias chinesas.

Pelo trabalho desenvolvido, pela destreza e precisão dos movimentos e pelos inúmeros prêmios recebidos, o San Xia Acrobatic Art Troupe foi agraciado com a medalha de contribuição para o desenvolvimento da arte acrobática na China pelo Ministério da Cultura. A Mostra Cultural da China no Brasil terá importância ímpar na difusão cultural das tradições do país, pois será  a responsável pela primeira viagem ao exterior dos artistas San Xia Acrobatic Art Troupe e Chongqing (Qianjiang) Ethnic Song and Dance Troupe. FU YONG será, portanto, uma estreia mundial.

A turnê conta com apoio do Ministério da Cultura, patrocínio master da State Grid Brazil Holding e patrocínio da E M S Pharma. Os ingressos para o espetáculo já estão à venda na bilheteria do teatro (aberta das 13 às 18h), ao preço de R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia), na plateia; R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) no mezanino. Clientes Banese Card, Unimed, Porto Seguro têm 50% de desconto (na inteira). Os ingressos podem ser adquiridos através do Banese Card.

The Wrong- Bienal de Arte Digital

Com a missão de incentivar e promover a arte digital para uma ampla audiência ao redor do mundo, o projeto The Wrong reúne o melhor desse universo, ao mesmo tempo que acolhe os jovens talentos desta rica cena contemporânea.

 Até 31 de dezembro de 2013, a web e eventos ao vivo em algumas cidades do mundo, irão sediar a primeira bienal online envolvendo grandes talentos da arte digital nacionais e internacionais. O projeto foi idealizado por David Quiles Guilló, espanhol residente no Brasil, e por sua esposa, a brasileira Graziela Calfat. Ambos são responsáveis pela Rojo, produtora de novos formatos de expressão cultural.

Uma equipe de 30 curadores foi selecionada para apresentar o melhor desse universo. A bienal será dividida em pavilhões, espaços virtuais em que se expõem as obras selecionadas. No total serão 30 pavilhões online, incluindo um pavilhão ilimitado aberto à participação pública e um “meta” pavilhão com o trabalho dos curadores. A única bienal totalmente acessível e gratuita a um “clickway” dos visitantes.

Cada um dos pavilhões online terá um curador responsável e reunirá, no mínimo, dez artistas. Já o pavilhão aberto ao público funciona da seguinte forma: artistas e interessados em participar do evento, que não foram convidados por nenhum curador, podem enviar sua obra aos dois curadores desse espaço. Desde abril deste ano foi disponibilizada uma “open call” que ficará aberta até o último dia do evento, permitindo que cada pessoa tenha a chance de submeter sua obra.  O conteúdo deste pavilhão é renovado diariamente durante o evento.

O “meta” pavilhão tem como curador o diretor criativo do projeto, David Quiles Guilló, que selecionou os 30 curadores do The Wrong. Ele também é o diretor criativo e criador da Rojo, organização responsável pela concepção e produção do evento.

Além disso, diversas cidades ao redor do mundo, como Barcelona, Rio de Janeiro, Los Angeles, Brooklyn e Montevidéu, terão embaixadas do The Wrong, onde haverá a experiência física da Bienal Digital, com shows ao vivo, workshops e exposições.

Ao final do projeto, um livro, The Wrong Book, será compilado com uma seleção de obras de arte digital submetidas por todos os participantes. Todas as cópias serão encadernadas em formato randômico, fazendo cada uma delas única. O livro estará disponível para pedidos online em Janeiro de 2014.

Acesse os 30 pavilhões online pelo endereço http://thewrong.org

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Filme de James Franco abre o Festival Mix Brasil de Cultura 2013

Cena de "Interior.Leather Bar." co-dirigido por James Franco



O polêmico e inédito no Brasil “Interior. Leather Bar.” dirigido por James Franco, em parceria com Travis Mathews, abrirá o 21° Festival  Mix Brasil de Cultura da diversidade em São Paulo e no Rio de Janeiro. O evento acontece de 07 a 17 de novembro em São Paulo e no Rio de Janeiro de 14 a 21 de novembro.

O longa é uma releitura de “Parceiros da Noite” (Cruising) filme de 1980 estrelado por Al Pacino do qual supostamente foram cortados 40 minutos de sadomasoquismo entre homens para que não fosse classificado como pornográfico. Protagonizado pelo ator Val Lauren, “Interior. Leather Bar.” é uma mistura de documentário e ficção com cenas de sexo gay reais.

A 21a edição do Festival Mix Brasil de Cultura de Diversidade apresenta a maior programação de sua história. Em 2013, serão exibidos mais de 140 filmes de diversos países como, Polônia, Cuba, Dinamarca, Palestina, Coréia do Sul, Eslovênia, Hungria, Camboja, Macau entre outros. Além de 36 atrações que envolvem teatro, música, leitura dramática, performances, karaokê, dança e intervenções culturais.  

O maior festival LGBT da América Latina traz uma retrospectiva completa do diretor Travis Mathews exibindo, além de "Interior. Leather. Bar", os filmes “I Want Your Love”, “In Their Room: Berlin”, “In Their Room: San Francisco” e o seu mais novo “In Their Room: London”.  O diretor americano ainda fará parte do Júri da Mostra Competitiva Brasil junto com o ator e diretor John Cameron Mitchell, o representante do Festival de Cinema Berlim Michael Stütz, a cineasta brasileira Claudia Priscilla e a diretora adjunta do Festival Internacional de Curtas de São Paulo, Beth Sá Freire.

Na mostra Competitiva Brasil de curtas-metragens foram selecionados 12 filmes de cinco Estados e divididos em dois programas que representam o melhor dessa produção. Os vencedores levarão o Troféu Coelho de Ouro, para o melhor filme, Troféu Coelho de Prata, para melhor direção, melhor interpretação, melhor roteiro, melhor fotografia e melhor direção de arte.

Os destaques do Panorama Mundo Mix deste ano ficam por conta das produções alemãs, em comemoração ao ano Alemanha + Brasil 2013. Nessa homenagem serão exibidos curtas do diretor Rosa Von Praunheim, cuja obra e história se confundem com a história do cinema alemão, da militância gay e de Berlim e também uma seleção de curtas do “Teddy Award Berlin” vencedores do Oscar do cinema gay. O Panorama ainda exibe os documentários “Born This Way” (2013), de Deb Tullmann e Shaun Kadlec, “Naked Opera” (2013) de Angela Christlieb, “Out in East Berlin” (2013) de Andreas Strohfeldt e os o longas “Perdendo a Cabeça” (2013) de Patrick Schuckmann e Stefan Westerwelle e “Queda Livre” (2013) de Stephan Lacant.

O Panorama Internacional, seção do evento dedicada à exibição de novas produções, apresenta longas-metragens e documentários que estão circulando em festivais internacionais de cinema e no circuito LGBT. Destaques para "I am Divine " (EUA/ 2013) de Jefrey Schwar, "Noites Brancas" (Coréia do Sul/ 2012) de Hee-il Leesong, “A Paixão de Verónica Videla” (Argentina/ 2012) de Cristian Pellegrin, “Quebranto” de Roberto Fiesco (México/2013),  “Gerontophilia” de Bruce La Bruce (EUA”/2013), "Além da Fronteira” de Michael Mayer (EUA, Israel, Palestina/ 2012), o filme em 3D “AB” de Iván Fund, Andreas Koefoed   (Argentina, Dinamarca/ 2013) e “Um Estranho no Lago” de Alain Guiraudie (França/ 2013). Este último ganhou o “Queer Palm” no festival de Cannes deste ano.

Já o Panorama Nacional exibirá os longas “Tatuagem” de Hilton Lacerda, que fará a sua pré-estreia no festival, “Simone” de Juan Zapata (Brasil, Colômbia, Espanha/2013), “Tudo que Deus Criou” de André Costa Pinto e os documentários “‘Sobre Sete ondas verdes espumantes" de Bruno Polidoro e Cacá Nazario, “Cassandra Rios - a Safo de Perdizes” de Hanna Korich, “A Primeira vez do Cinema Brasileiro” de Bruno Graziano, Denise Godinho e Hugo Moura, “Dizer e Não Pedir Segredo” de Evaldo Mocarzel,, “São Paulo em Hi-Fi" de Lufe Steffen – estes dois últimos farão a première mundial no Festival. Pela primeira vez haverá uma premiação para o Longa Nacional, escolhido pelo público do MixBrasil de São Paulo.

No Panorama Curtas Mix Brasil serão exibidos os programas “Além da Curva”, “Lado Obscuro do Sexo”, “Boyz 18+”, “Retratos Femininos”, “Fetisch Fim Festival Berlim”, “Heterodoxos”, “Mix Jovem”, “Novas Famílias”, “Transrevolução” e “Trios e Quartetos”.  Pela terceira vez o Festival MixBrasil traz o “Crescendo com a Diversidade” - uma programação de curtas direcionada ao público infantil, composta em sua maioria de animação.

Vários convidados internacionais estarão na 21° edição do Mix Brasil. Entre eles, Paul Dawson e PJ DeBoy, atores de “Shortbus”, Darren Stein, diretor de “Gay Best Friend”, Michael Mayer, diretor de “Além da Fronteira”, Mariana Arancibia, atriz de “La Pasion de Veronica Videla”, Fabían Suárez Ávila, diretor, poeta cubano e convidado da Balada Literária, entre outros.

Mais uma vez o Mix Brasil traz diversas atrações que envolvem teatro, dança, música, literatura e debates. Os destaques ficam por conta da peça “Um Porto para Elisabeth Bishop” com Regina Braga, “O Casamento” com Renato Borghi, Daniel Alvim e grande elenco; “Eu em Ti” da Cia. de Dança Sandro Borelli, Balada Literária com Thiago Barbalho, Hugo Guimarães e Jorge Antonio Ribeiro e o poeta chileno Pedro Lemebel e os shows com a banda Mattachine, Wanessa, Stop Play Moon, Cida Moreira, entre outros.

O tradicional Show do Gongo não poderia ficar de fora. As atrações serão submetidas ao júri popular e convidados comandos por Marisa Orth. Os interessados poderão se inscrever no balcão de credenciamento durante o festival ou até horas antes do início das gongadas, que acontece em São Paulo no dia 12 de novembro no Centro Cultural São Paulo.

Com direção de João Federici e André Fischer, o 21° Festival Mix Brasil é realizado através do patrocínio e em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo; Sabesp; Prefeitura do Rio de Janeiro, Sesc, Secretaria Municipal de Cultura São Paulo; Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo através da Coordenação de Políticas LGBT; Centro Cultural São Paulo e Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do Município do Rio de Janeiro.


Clássicos de Hitchcock causam frisson no IX Panorama Coisa de Cinema


Os Pássaros_http://bangalocult.blogspot.com
Melanie (Hedren) sendo atacada pelos "Pássaros"


Durante o último final de semana, tive a oportunidade de conferir alguns bons filmes (outros nem tanto) no IX Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador. Patrocinado pelo Governo da Bahia e pela Petrobras, o festival organizado pela dupla Cláudio Marques e Marília Hughes prossegue até amanhã, na capital baiana e na cidade de Cachoeira, quando serão divulgados os vencedores das mostras competitivas de longas, curtas, filmes internacionais e filmes baianos.

Contando com a exibição de 155 filmes, de diversos países, como Eslováquia, Islândia, Tailândia, Croácia, o festival teve como destaque as mostras Bruno Dumont e Hitchcock e os Panoramas Mexicano, Internacional, Alemão, Italiano, IndieLisboa e Brasil. Entre a Mostra Bruno Dumont- oportunidade rara de conferir quatro filmes do cineasta francês: “29 Palmos”, “Fora Satã”, “A Vida de Jesus” e “A Humanidade”- e a Mostra Hitchcock, o público preferiu rever (ou ver pela primeira vez em tela grande) os clássicos do Mestre do Suspense.

Com ingressos disputadíssimos, as sessões de “Psicose” e “Disque M Para Matar 3D”, no Cine Glauber Rocha, lotaram. Também foi bastante prestigiada a exibição de “Os Pássaros”, onde o público pode conferir em cópia restaurada, todo o terror vivido por Melanie (Tippi Hedren) por conta dos ataques inexplicáveis dos pássaros. Foi emocionante a experiência e ao mesmo tempo aterradora (com aqueles efeitos sonoros potencializados pelo som Dolby), ainda que para os mais jovens, algumas cenas soassem engraçadas.

Até hoje, pouco familiarizada com o 3D, não me furtei de assistir à primeira exibição na capital baiana, do único filme de Hitchcock feito neste formato. A engenhosidade da trama de “Disque M Para Matar” – baseada na peça de Frederick Nott- permanece inabalável apesar dos quase 60 anos de estreia nas telonas. Ray Miland vivendo o vilão Tony Wendice que arquiteta o assassinato de sua bela mulher, Margot (Grace Kelly), tem um dos seus melhores papéis no cinema. Mas os efeitos 3D são poucos e o que prevalece mesmo é o humor do inspetor Hubbard (John Williams). Não teve quem não se divertisse.

Já nas sessões de “A Vida de Jesus” e “29 Palmos” poucos se aventuraram a conferir o cinema de estética naturalista, um tanto fantástico, violento e seco de Dumont. Confesso que prefiro o mais recente dele “Camille Claudel 1915” estrelado por Juliette Binoche, à “Vida de Jesus”, primeiro longa do cineasta, lançado em 1997, e vencedor da Camera D’Or- Cannes 1997.

Do México, assisti a dois documentários bastante díspares. O verborrágico “O Prefeito” de Carlos Rossini, Emiliano Altuna e Diego Enrique Osorno sobre Maurício Fernandez, o polêmico prefeito de San Pedro Garza García, que para tornar sua cidade a mais segura e rica da América Latina, não hesita em seguir a máxima “olho por olho, dente por dente;  e o intimista “Fogo” de Yulene Olaizola, um filme perturbador sobre a solidão, onde a cineasta trabalha com atores amadores de um povoado remoto na Ilha Fogo, no Canadá.

Não menos perturbador foi o filme alemão “Finsterworld” de Frauke Finsterwalder. Ele segue aquele estilo de filme mosaico, com vários personagens mais cedo ou mais tarde se cruzando e causando efeitos indesejáveis (ou não), uns aos outros. Mas o artifício aqui não é gratuito e a crítica à sociedade alemã e às relações no mundo contemporâneo é contundente. Bastante providencial.

Da Panorama Italiana, destaco o mais novo filme de Bernardo Bertolucci, “Eu e Você” , drama delicado sobre as crises da adolescência, que conta com uma trilha sonora excelente e a presença da editora de som, Silvia Morais, brasileira atuante no cinema internacional.

Além de “Salvo” de Antonio Piazza, filme vencedor do Grande Prêmio e Troféu Revelação na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2013, que possui um plano- sequência nos primeiros minutos de projeção, de deixar qualquer cinéfilo extasiado. Explorando a temática da máfia, a trama foca o matador profissional, Salvo, que se apaixona por uma de suas potenciais vítimas que é cega. Milagrosamente a jovem volta a enxergar e Salvo decide protegê-la, mesmo que essa atitude ponha sua vida em risco.

Amanhã, às 20h, o público conhecerá os vencedores desta 9ª edição do panorama Internacional Coisa de Cinema. Logo após a premiação, serão exibidos “Claun – Parte 2: A volta das máscaras” de Felipe Bragança e “Depois da Chuva” de Cláudio Marques e Marília Hughes.

Próximo ano tem mais!