quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Mesmo Som...A Mesma Emoção???

Não poderia terminar o ano sem levantar uma questão: será que a música popular brasileira se resume a uma dezena de nomes?? Por quê o leque de opções do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Aracaju para animar as festas públicas é tão restrito?? Um nicho claudicante...

Seria interessante que o povo, independente da classe social, independente da cor e do intelecto, tivesse a oportunidade de conhecer novos sons, novas promessas, outros artistas. O Brasil é imenso e não se concebe que só aportem por aqui Simones, Jorges, Vanessas, Danielas e Margarethes.

Tem gente que gosta, tem gente que curte, mas também tem muito mais que gostaria de ver diversificadas as atrações que são pagas com o dinheiro público. Afinal, esses contratos são anuais??

Cadê a cultura democrática que vocês tanto falam?? Gostaria de apreciá-la no novo ano.
Até lá....

Texto: Suyene Correia

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Retrospectiva Cultural Sergipana 2009

No ano passado, iniciei o que chamo de Retrospectiva Cultural Sergipana, em que aponto o que aconteceu de bom e de ruim no cenário local das Artes. Claro, que a lista dos "Mais" e "Menos" não é fechada, mas um esboço do que mais significativo ou não aconteceu por aqui, seja no âmbito das artes plásticas, cênicas, música, dança e audiovisual.
Os seguidores do blog sintam-se a vontade para acrescentar à lista, fatos que minha memória deixou escapar.
A todos que contribuem para o engrandecimento das artes no Estado, um ótimo 2010 e que dias melhores venham logo. O Bangalô Cult agradece a participação de todos e espera novos internautas interessados em enveredar pelo mundo da blogosfera.

UP

- Depois de um ano e meio parada, a obra de construção do Centro Cultural Banese foi iniciada há cerca de dois meses e esperamos que no ano que vem, esse novo centro cultural já esteja aberto à comunidade sergipana.

- O Curta-SE 9 por pouco não acontece este ano, devido à prorrogação da liberação da verba da Petrobras, através do seu Programa de Editais Culturais. Restou a Rosângela e Deyse Rocha, as irmãs que comandam o festival,  "suarem muito a camisa" para driblar a falta de incentivos locais (público e privado) . No final das contas, o festival foi um sucesso com os convidados/realizadores elogiando muito o alto nível de qualidade dos filmes selecionados e a acolhida da equipe.

-Foi realizada pela Secretaria de Estado da Cultura, a I Conferência Estadual de Cultura com o intuito de levar propostas, através de delegados estaduais, à II Confereência Nacional de Cultura, a ser realizada em Brasília, em março do ano que vem.  Ponto para a nova secretária de cultura que a companhando as diretrizes nacionais, no que tange à politicas culturais, não deixa Sergipe correr  por fora. É torcer para que a inciativa, que por enquanto foi no âmbito das discussões, torne uma realidade na prática.

-A Galeria do SESC, com todas as suas dificuldades e limitações, foi um dos melhores espaços em 2009 para as artes plásticas. Diversificando as pautas, mesclando o moderno com o contemporâneo, o espaço sob a direção de Cristiane Barbosa agradou a "gregos e troianos", inovando, principalmente, com a linguagem visual que a Toy Art se propõe. Destaque para as Exposições "Pixel- Unidade da Ideia" organizada por Marcelo Prudente e "Toy Art + Humor" capitaneada por João Valdênio.

- Por falar em artes plásticas, Aracaju ganhou mais um espaço para exposições, com a iniciativa de Sayonara Viana em inaugurar a Galeria de Arte Sayonara Viana. Utilizando três cômodos do Espaço D' Época, a antiquarista amplia as possibilidades do público apreciador das artes de conferir de perto trabalhos de artistas populares e contemporâneos do Nordeste.

- Também merece aplausos as exposições "BRamante" de César Romero,  "Desfiando o Rosário" de artistas contemporâneos, a individual de Guel Silveira e  "Jenner 85 Anos" que aportaram na Galeria de Arte Jenner Augusto localizada na Sociedade Semear.

-Em matéria de música, destaque para Patrícia Polayne e Café Pequeno que lançaram seus primeiros discos, respectivamente, "O Circo Singular" e "Na Cozinha de Badyally".

-A música erudita local foi bem representada pela Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) que realizou  este ano, sua primeira turnê pelo Brasil, patrocinada pelo Instituto Banese.

-No TTB, Stanley Jordan e Armandinho fizeram história num show memorável. Palmas também para o Projeto Circular BR que deu vida ao Teatro Lourival Baptista e trouxe os grandes nomes da música instrumental brasileira.

-O Projeto Cine Olho, capitaneado pelo arte educador Wolney Nascimento, do SESC/centro deu um novo gás ao debate sobre o audiovisual. Espero que ano que vem, tenha continuidade essa inciativa salutar.

- O Grupo Imbuaça montou novo espetáculo este ano, "O Mundo Tá Virado, Tá No Vai ou Não Vai. Uma Banda Pendurada, a Outra em Breve Cai", que teve estreia no I Festival Nacional de Teatro de Rua de Porto Alegre. Depois foi apresentado em Terras de Ará, no palco e na rua, com bons resultados.


DOWN

- A reforma do Teatro Atheneu que ainda  não terminou após um ano e meio de espera e ninguém sabe quando irá acabar. Com certeza, por conta da sobrecarga do TTB, este é que irá parar, depois...

- O impasse entre a ENERGISA e a Secretaria de Estado da Cultura, por conta da Galeria Ana Maria ainda é uma incógnita. O que é de  conhecimento de todos, é que o elefante branco (já não tão branco assim, por conta da ação do tempo) continua fechado e daqui a pouco, estará caindo aos pedaços. Lamentável!!!

-A ASAP foi extinta no mês passado, mas em seu lugar, eis que surge a Associação dos Artistas Plásticos de Aracaju (AAPLASA). Espera-se que a nova associação se consolide e tenha vida longa. As artes plásticas sergipanas agradecem...

- A Casa Curta-SE teve seu pontão de cultura aprovado, tendo a responsabilidade de gerir o antigo Cine Vitória, localizado à Rua 24 h. O problema é que as obras públicas de reforma naquele local estão atrasadas e o prazo de entrega para o início de 2010, provavelmente terá que ser prorrogado. Êta burocracia!!!!

- Aracaju por enquanto fica de fora das capitais que dispõe de uma sala de Cinema 3D. O amigo e crítico  Ivan Valença, até que divulgou tempos atrás que teríamos esta oportunidade, mas o Cinemark parace ter dado para trás na decisão. Quem quiser ver "AVATAR" com seus efeitos superlativos, que se dirija à capital mais próxima.

- O Núcelo de Produção Digital Orlando Vieira, na sua quarta gestão, em três anos de existência, ainda precisa mostrar para que veio. A falta de uma grade curricular (de oficinas e cursos pré-estabelecidos) parece ser o grande empecilho para aquilo ali andar de fato e deixar de ser um espaço ocioso. Boa vontade até que os diretores  da instituição têm, o que parece emperrar é a burrice do setor público. Mais democratização, menos burocratização.

-O filme "O Senhor do Labirinto" dirigido por Geraldo Mota e com suas filmagens encerradas em Sergipe desde julho de 2008, ainda não tem data para estrear. Parece que o filme está em estágio de finalização (edição de som e imagem) e só no ano que vem (?) poderemos ver as peripércias de Arthur Bispo do Rosário na telona. Pena que toda a estratégia de lançá-lo este ano (100 anos de nascimento e 20 anos de morte) tenha descido ladeira abaixo...

- Lançados em 2007, pela Prefeitura Muncipal de Aracaju, através da FUNCAJU, os editais de audiovisual e de teatro foram muito bem vindos pela classe artística. Infelizmente, passados dois anos, ninguém falou mais na possibilidade de uma nova edição destes e ampliação para música, artes plásticas e dança.
E a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, serve para quê mesmo?

Texto: Suyene Correia

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dicas de DVD

Pessoal, para quem ainda não sabe, a partir de hoje, a seção Dicas de DVD no Portal Infonet volta a ser atualizada.
Eu fiquei com a incumbência de  indicar dois filmes por semana e, nesta estreia, sugiro uma conferida nos filmes "Coração Vagabundo" de Fernando Grostein e "Amargo Pesadelo" de John Boorman.

A ideia é sempre indicar um filme recém-lançado e outro mais antigo. Sou a favor de vez por outra, a gente rever um clássico ou descobrir preciosidades esquecidas pelo tempo. Espero que curtam e dêem sugestões.

Todas as sextas, pela manhã, a seção será atualizada. Fiquem ligados!!
O site é www.infonet.com.br

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Quando sai em DVD ???




Mal saí da sala 8 do Cinemark Jardins, onde está passando o filme "AVATAR" de James Cameron e fiquei me perguntando: quando sairá o DVD ? Sim. Já estou com vontade de tê-lo em meu acervo. Afinal, todo esse estardalhaço que a mídia vem fazendo em torno da película que custou mais de US $ 230 milhões não é em vão.

O filme é absurdamente magnífico em termos de efeitos visuais e sonoros!!! Fico imaginando o quanto aquela riqueza de detalhes toda não se sobressai com o suporte 3D. Ademais esse detalhe, a produção irá surpreender até os mais céticos em relação ao gênero ficção.

No planeta Pandora, os humanos (cientistas e militares) tentam entender e dominar - nesta ordem- o povo Na'vi que tem uma relação muito íntima com a natureza e tenta preservá-la. A trama não deixa de ser uma espécie de metáfora do que estamos passando atualmente, com essas tragédias naturais em todo o mundo e a falta de conscientização da humanidade para com o meio ambiente.

Não é à toa, que enquanto os Na'vi querem preservar, os humanos só pensam em explorar e destruir o que o Planeta tem de melhor a oferecer. É a velha luta do bem contra o mal, com direito a "desertores" e tudo o mais.

Nesse caso, o desertor seria o ex-fuzileiro naval Jake Sully (Sam Worthington) que após ser incluído no projeto Avatar, capitaneado pela cientista Grace (Sigourney Weaver), em que sua mente é conectada a um corpo híbrido, geneticamente criado, que mantém suas feições, mas se parece com o dos Na'vi, decide passar para o lado dos humanóides.

O problema é que os Na'vi, em relação aos militares, são em menor número e possuem armas rudimentares. Jake vai ter que se esforçar muito não só para convencer os humanóides que ele não é um traidor, como também combater o exército que até bem pouco tempo, ele fazia parte.

Mas quem disse que isso é problema, quando o politicamente correto é prioridade? Então, é "apertar o cinto" e se divertir a valer nessa aventura, que em certos momentos até emociona. James Cameron voltou com força total e o Oscar 2010 já deverá ter algumas estatuetas reservada para sua nova criação.

P.S. Não saia antes dos créditos finais e ouça a bela canção "I See You" interpretada por Leona Lewis

Texto: Suyene Correia

Foto: O apuro visual aliado a uma bom roteiro trará a "Avatar" o sucesso garantido

domingo, 13 de dezembro de 2009

Uma Ode ao Mar

Uma Ode Ao Mar. Assim poderia ser muito bem o slogan da 12a edição do SESCANÇÃO, que aconteceu ontem no Espaço EMES. Isso porque das 15 selecionadas (excetuando as três instrumentais), quase que a totalidade das canções traziam na letra, a palavra mar. Nada contra o mar (Maresia, Maré, Oceano ou outros similares), mas sim,  à falta de criatividade na composição da rima ou mesmo nos arranjos, como foi o que predominou nesta mostra.

Muitas homenagens foram prestadas a amigos, amores, cidades, instituições e até, instrumentos musicais, direta ou indiretamente, pelos autores selecionados.  Os amigos Gilton Lobo e Álvaro Müller homenagearam o jornalista Cleomar Brandi, com a canção "Cleomar" (para mim, a melhor da noite).  Para quem conhece o jornalista de perto como eu, que trabalho com ele no JORNAL DA CIDADE, cada verso milimetricamente bem elaborado pela dupla de compositores, traduzia ipsis litteris o jeito Cleomar de viver.

Já Hércules Valadares, que compôs "Eu Sou de A" e foi a segunda canção da noite a ser apresentada, tentou homenagear Aracaju, mas sua "Salada Russa em Paris", ao final já estava se remetendo a Sergipe,
(com citações de Abaís, Pirambu e Caueira) e até à Bahia. Com certeza, a música mais sem sentido da noite...

Logo em seguida, subiu ao palco a cantora Ronise Ramos para defender a canção "Cadê a Severina". Em ritmo de baião, a música contagiou a plateia, que acompanhou a letra pelo telão e apoiou a intérprete num refrão uníssono. Bem que poderia virar um hino, tal qual "Coco da Capsulana"...

"Renascer" foi a quarta selecionada e apresentada pelo seu autor, José Carlos Barreto. Instrumental, pode-se dizer que a música é um choro e foi muito bem executada pelo autor ( flautista ) juntamente com a banda base, comandada pelo maestro Mosquito.

Depois vieram "Deixa a Lágrima Correr" com a execução do grupo Na Ponta da Língua; "Semente no Chão" de Antônio Melo, que me lembrou uma daquelas músicas do Chiclete com Banana em ritmo de forró; "Cafés, sonhos e Poesias", um rock clichê de Ludi, interpretada pelo próprio e "Baião Inteiro" de José Gentil.

"Transversal" foi a paixão declarada por Celda Mota à flauta. Detalhe: sua voz miúda foi bem prejudicada pela péssima equalização do som. Depois vieram "Pontal" interpretada por Érica Fernanda (olha o mar de novo aparecendo aqui...); "Vista Para o Mar", um samba-xote interpretado por Saulo Sandes (ai que saudades de Ivan Reis...); "SOFISE" outra instrumental de Odir Caius (flautista) em homenagem à escola de música de mesmo nome; "Meu Menino" de Tânia Maria (que de tão apressada para entrar no palco, esqueceu de tirar o crachá); "Caixeiro da  Esperança", uma canção sem pé nem cabeça de Fabrício Menezez (rima paupérrima e melodia prá lá de descompassada) e, por fim, "Amo Você" de Lena Oliver.

Resumo da "ópera": as instrumentais foram bem melhores que as cantadas; os intépretes, em sua maioria, aspirantes a cantora, estragaram suas pórprias canções;  a acústica do local não ajuda muito à limpeza do som; ainda assim, a escolha do técnico da mesa de som não foi das mais felizes.

Enfim, o SESCANÇÃO não pode acabar. Acho válida a proposta do projeto, mas que da próxima vez, os compositores se estimulem a participar do evento e se inspirem mais, "facilitando" o trabalho do júri e proporcionando ao público momentos de prazer musical.

Texto: Suyene Correia


sábado, 12 de dezembro de 2009

Por Quê os bichos têm que Virar Gente???


Por pouco eu não ovacionava "A Princesa e o Sapo" , na tarde de hoje, assim que o filme estava prestes a acabar na sala 6 do Cinemark Jardins. A nova animação da Disney, que foi vendida aos quatro cantos do planeta como "a primeira animação que traz uma princesa negra", poderia realmente superar as últimas produções do estúdio (mesmo com a parceria da Pixar), se não fosse por um detalhe: insistir no politicamente correto.

Ter uma princesa negra como protagonista, nos tempos atuais, em que Obama é presidente dos E.U.A. não parece ser grande coisa, mas se os sapos pudessem viver juntos e felizes para sempre (como anfíbios), aí sim,  seria maravilhoso...Por quê a Fera tem que virar Príncipe ? Por quê os sapos têm que virar realeza?

Bom, tirando essa "pequena grande" derrapagem, a animação é muito boa. Muito bem elaborada no que tange ao traço (tradicional), composição de cores e personagens, ambientação da estória. Colocar como pano de fundo uma New Orleans dos Anos 20, com todo o seu magnetismo, explorando o Rio Mississipi, a música jazzística e a gastronomia francesa (como a culinária tem invadido os filmes em geral nos ultimos anos, hein?) se configurou como um tiro certeiro, principalmente para o público adulto.

Além do que, temos a rara oportunidade de conferir a morte de um dos personagens, com direito a um cortejo fúnebre de arrepiar (confesso que derramei algumas lágrimas, para variar) e a abordagem de um assunto um tanto tabu, como é o caso da prática Voodo. Mas o ritmo um pouco lento (no meio da trama), alguns clichês aqui e acolá e o desfecho óbvio é que me fizeram recuar na vibração esfuziante e ter saudades da Dreamworks, com o seu irreverente Shrek

De qualquer forma, a animação, dirigida por Ron Clements e John Musker, impressiona e cativa pelos seus personagens principais e secundários (principalmente, o vaga-lume e o crocodilo), além do que parece contar com uma trilha muito boa (ouvindo as canções traduzidas, tudo soa meio deturpado).

Na versão legendada (que não chega por aqui), é possível conferir as vozes de Anika Noni Rose de "Dream Girls" como Tiana (a princesa negra), Jennifer Lewis (Mama Odie), Príncipe Naveen (Bruno Campos), Keith David (Dr. Facilier) e Charlotte (Jennifer Cody). A canção principal "Never Nkew I Needed" é interpretada pelo cantor Ne-Yo (não saiam antes dos créditos finai porque ela é tocada na íntegra).

Para um fim de ano de atrasos de estreias cinematográficas na cidade, vale a pena ver e rever "A Princesa e o Sapo", ainda que a "Revolução dos Bichos" aqui, não seja páreo para a decisão dos Estúdios Disney.

Texto: Suyene Correia

Foto: Um par perfeito, se não fosse a Disney

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

SESCANÇÃO vai acontecer no Espaço EMES

É pessoal, com o Teatro Atheneu fechado para reforma (lá se vão 14 meses de obras), restou ao SESC realizar seu tradicional SESCANÇÃO no Espaço EMES. Talvez seja grande demais a dimensão do lugar, para o evento, mas para uma Mostra Sergipana de Música como esta, tão tradicional, é melhor prevenir do que remediar.

Neste sábado, a partir das 20h, com entrada franca, o público que comparecer à casa de show, conferirá as 15 canções selecionadas de um total de 75 inscritas. A grande novidade desta 12a edição, é que músicas instrumentais e de origem indígena, por exemplo, foram aceitas na inscrição encerrada na semana passada.

Inclusive, duas instrumentais, "Baião Inteiro" e "SOFISE" estarão concorrendo nesta finalíssima. As outras canções selecionadas foram "Cadê a Severina", "Eu Sou de A", "Deixe a Lágrima Correr", "Renascer", "Cleomar", "Amo Você",  "Meu Menino", "Semente no Chão", "Pontal", "Caixeiro da Esperança", "Cafés, Sonhos e Poesias", "Transversal" e "Vista para o Mar".

Na ocasião, o SESC irá prestar uma homenagem à musicista Maria Olívia e apresentar ao público aracajuano, o concerto da Orquestra Sinfônica Vale do Cotinguiba, formada por adolescentes do município de Nossa Senhora do Socorro.

Texto: Suyene Correia

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Simonal" em som Mono

Frustração. Esta foi a sensação que tomou conta de mim, após a exbição do documentário "Simonal- Ninguém Sabe o Duro Que Dei" na última Sessão Notívagos, que aconteceu no sábado passado. Não que o filme  não seja bom. Pelo contrário. Para quem  não conheceu a figura carismática e ao mesmo tempo irreverente do cantor/apresentador de programas de auditório,  ele chega a ser revelador.
Mas é que por conta de problemas da mídia digital enviada para cá, pela distribuidora, os expectadores não puderam conferir o som do filme em dolby digital na sala 8.

Baseado em depoimentos de figuras ilustres- como Chico Anysio, Nélson Motta, Miéle e Tony Tornado- além de amigos (Pelé, era um deles) e muitas imagens de arquivo, o filme delinea o perfil do cantor que tinha um potencial vocal muito peculiar (mostrado no sublime duo com Sarah Vaughan, em "The Shadow of Your Smile", num programa da TV Tupi) e comandava as multidões, como ninguém.

Um desses episódios é de arrepiar: ele abriu o show de Sérgio Mendes num Maracananzinho lotado, que num uníssono coro acompanhava a canção "Meu Limão, Meu Limoeiro". Com a entrada da atração principal, seguiram-se vaias e Simonal teve que voltar ao palco para dividir uma música com Sérgio Mendes, na esperança de "acalmar" a plateia. Ali, consagrava-se o cantor negro, de voz afinada e com jeitão de malandro, que conquistava a cada apresentação, novos admiradores.

Mas, pouco tempo depois, sua imagem ficaria manchada para sempre num episódio até hoje mal explicado, envolvendo o cantor, seu ex-contador Raphael Viviani (acusado de roubá-lo), e o Dops (alguns dos seus funcionários teriam torturado o contador e as acusações de mando teriam caído sobre Simonal). O ponto alto do documentário é justamente o depoimento do ex-contador, que deixa aquela dúvida ainda pairando no ar: afinal, Simonal era delator, de direita, ou um ingênuo ?

Independente disso, o filme nos oportuniza conhecer e entender o porquê de tanta bajulação da mídia e do público carioca para com ele no anos 60. Ao mesmo tempo em que  nos  entristece, ao mostrar o poder da mídia em destruir uma carreira, como  aconteceu com a de Simonal, talvez por conta de uma fraca apuração dos fatos reais.

O filme já pode ser encontrado em DVD, ao preço de R$ 46,50 (www.2001video.com.br) e a trilha sonora, se ainda tiver nas Americanas do Shopping Jardins, custa em torno de R$ 20.

Texto: Suyene Correia

OBS: A noite ainda foi regada pelo som do Ferraro Trio que mandou ver com composições próprias e novas versões de clássicos como "Beat It" do Michael Jackson. A Sessão Notívagos tem a proposta de unir cinema e música, com projeção de filme seguida de apresentação musical no hall do Cinemark Jardins.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Overdose de Excelente Música Instrumental




Decididamente, este  final de semana ficará na história. Não me lembro de quando assisti a tanto show bom, em tão pouco tempo. Talvez no último Festival de Jazz que aconteceu em Aracaju. Ou mesmo no que fui conferi na Praia do Forte, no primeiro semestre. Mas eram eventos de mais de uma dia e, sendo assim, não conta.

Agora, shows diferenciados e do nível que está acontecendo em Aracaju em 48 horas...Talvez tão cedo, não ocorra. Depois do ÊXTASE de ontem, com o guitarrista Stanley Jordan e Armandinho, hoje foi a vez de Marcel Powell mostrar que "filho de peixe, peixinho é". Pelo menos, se não toca com a "limpeza" que o pai, Baden Powell, executava o instrumento- violão- talento ele traz no DNA.

Com um repertório prá lá de eclético, Powell mostrou em pouco mais de uma hora de show, o seu talento para com os arranjos e a sincronia perfeita com os músicos Josias Pedrosa (baixo) e Sandro Araújo (bateria). "Essa Mulher" de Joyce e Ana Terra, "Samba de Uma Nota Só" de Tom Jobim e Newton Mendonça e "Cry Me a River" de Arthur Hamilton foram apenas algumas das pérolas que o trio apresentou maravilhosamente bem.

Como se não bastasse, no show do Projeto Circular BR, o público ainda pode contar com a presença de Victor Biglione, experiente guitarrista, que depois de duas performances com Powell, confessou estar muito feliz em retornar a Aracaju, depois de mais de 30 anos.

Ainda fizeram parte do repertório "Deixa", "Só Danço Samba", "Manhã de Carnaval", "As Rosas Não Falam", Serra da Boa Esperança", "Guerreiro Menino" e "Apanhei-te Cavaquinho", além de dois pout pourris.

O único porém do show, que aconteceu no Teatro Lourival Baptista, foi a pane que ocorreu com a ilminação do palco, na metada final do bis. Os músicos não perderam a concentração e tocaram cerca de dois minutos no escuro. A plateia soube contornar o "apagão" surpresa e "viajou" no desempenho da trupe. Antes uma pane na luz, que no som...

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Marcel Powell no início do show do Circular BR

Legenda da Foto 2: O baterista Sandro Araújo já trabalhou ao lado de Beth Carvalho, João Donato, Zélia Duncan, entre outros

Legenda da Foto 3: O baixista Josias Pedrosa mandou bem fazendo a base das músicas

Legenda da Foto 4: Biglione e Powell mostraram bom entrosamento no duo de vários clássicos da MPB

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Café Pequeno lança "Na Cozinha de Badyally"



O sonho era antigo, mas só agora pode ser realizado. Depois de cinco anos de existência tocando e encantando o público sergipano, em vários redutos de música instrumental de primeiríssima qualidade, o terceto Café Pequeno lança seu primeiro disco, intitulado “Na Cozinha de Badyally”.


O show de lançamento acontece, amanhã, às 23h, no Capitão Cook, ocasião em que os presentes poderão conferir, em primeiro mão, o repertório do CD- a maioria das composições são de autoria dos integrantes do grupo-  além de clássicos consagrados da MPB.


Ao longo do último ano, as apresentações do Café Pequeno, formado por Guga Montalvão (violão), Júlio Rêgo (gaita) e Pedrinho Mendonça (percussão), deram lugar ao trabalho de finalização do disco que conta com nove faixas, entre as quais, “Última Batalha” de Guga Montalvão, “Por Jaco” de Júlio Rêgo, “Maneiroso” de João Rodrigues e “Iara na Cozinha” de Pedrinho Mendonça.


Também pode ser conferida no produto fonográfico "Café Pequeno" de autoria do grupo e "Bebê" de Hermeto Pascoal que deram o formato à primeira Demo do grupo.  Com projeto gráfico de Dudu Prudente e fotografias de Lúcio Telles, o disco será comercializado ao preço de R$ 10 e quem quiser conferir o show, basta levar um brinquedo (que será doado posteriormente a uma instituição carente).


O Capitão Cook fica localizado no Bairro Coroa do Meio, próximo ao farol.


Texto: Suyene Correia
Foto da capa do disco: Lúcio Telles

Êxtase e delírio no TTB



Acabei de chegar do show dos "feras" Stanley Jordan e Armandinho e, simplesmente, estou em estado de ÊXTASE. Desde que o Teatro Tobias Barreto foi inaugurado há sete anos, nunca tinha presenciado uma catarse dessa magnitude. E tudo por causa do norte-americano Jordan, que toca guitarra de uma maneira bem peculiar e é considerado um virtuose do jazz contemporâneo.

Com seus arranjos impressionantes, Jordan, que nasceu em Chicago e completou esse ano, meio século de vida, foi hipnotizando a platéia presente no Teatro Tobias Barreto pouco a pouco, a cada performance. Ora solando, ora acompanhado dos músicos Ivan "Mamão" Conti (bateria) eDudu Lima (baixo).

Quando chamou ao palco o guitarrista Armandinho Macedo, a emoção chegou ao ápice. Eles executaram entre outras canções, "Eleanor Rigby" dos Beatles, "Trenzinho Caipira " de Heitor Vila-Lobos e um clássico do Jimi Hendrix, "Little Wing". Nesta última, acompanhado dos músicos, o duo fez o público delirar com os arranjos primorosos, ainda que numa atuação improvisada (como bem falou Armandnho nos bastidores).

A surpresa ainda estava por vir, com o luthier sergipano Elifas Santana (hoje idealizador da melhor guitarra baiana), presenteando o norte-americano com um desses instrumentos fabricados em sua empresa. Pena, que Jordan não tenha se arriscado a tirar umas notas com o "presentinho" para o público que quase lotou as dependências do teatro conferir em primeira mão.

Inteligente e sensato, ele preferiu fechar um dos melhores shows que os sergipanos já presenciaram no TTB, com um solo de "Noite Feliz", prá lá de modificada. Deixou todo mundo boquiaberto e "encantado" com os acordes tirados de sua guitarra, num misto de delírio e êxtase. Que volte logo esse mister da música contemporânea. Aracaju precisa de mais espetáculos como este !!!!

Texto e fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Stanley Jordan "aquecendo" a platéia com sua performance solo

Legenda da Foto 2: Não menos instigante é sua atuação em trio com músicos renomados

Legenda da Foto 3: Ponto alto do show, fazendo duo com Armandinho

Legenda da Foto 4: Detalhe do bandolim e da guitarra, respectivamente, de Armandinho e Jordan

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"As Aventuras de Seu Euclides- Chegança" tem exibição no SESC

O SESC lança amanhã, às 19h, no auditório da Unidade Centro, o curta-metragem “As Aventuras de Seu Euclides - Chegança” de Marcelo Roque Belarmino. O filme relata as façanhas marítimas dos portugueses durante o Império de Portugal, em especial, a vitória dos cristãos sobre os mouros invasores de Portugal.

Segundo o diretor, Marcelo Roque Belarmino, esse é o segundo vídeo dessa série. O primeiro foi “As aventuras de Seu Euclides- Parafusos”, produção de 2007, classificado em seis festivais de cinema pelo Brasil. “O segundo é marcado com vários cenários e com bonecos de manipulação tendo como protagonista seu Euclides um velho contador de histórias. O curta-metragem materializa as raízes culturais e traça uma abordagem dinâmica com o telespectador que muitas vezes desconhece a base histórico-social que compõe as lendas de cunho popular do Nordeste”, disse o diretor.

O  lançamento oficial do projeto aconteceu no Centro de Criatividade, em agosto, com grande público, trazendo novas discussões e conhecimentos a respeito do audiovisual e a cultura sergipana. Depois da exibição de amanhã, que encerra o Projeto Cine-Olho desenvolvido pelo arte-educador, Wolney Nascimento, haverá debate com o diretor do filme além de Anselmo Seixas (criador dos bonecos), Everlane Morais (direção de arte), Isaias Nascimento (dublagem). O acesso é gratuito e a unidade do SESC/centro está localizada à rua Dom José Thomaz, 235.

Texto: Suyene Correia

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Tem um tempinho, aí ????




O sergipano notívago não poderá reclamar da avalanche de eventos que acontece esta semana na cidade. Em Aracaju é assim. Para uma cidade relativamente pequena e com algumas privações em nível de produções culturais, quando ocorre mais de uma, no mesmo dia, a gente fica meio sem saber para onde ir.
Pelo menos, durante três dias isso irá acontecer, mas com um ótimo "jogo de cintura", tiraremos de letra os choques de horário.

Nesta quarta-feira, haverá no Teatro Tobias Barreto, o espetáculo humorístico "Os Cafajestes". Sob a direção de Fernando Guerreiro, os machistas Onório, Alencar, Alfredinho e Estevão pretendem botar a platéia para sorrir , às custas de muitos episódios envolvendo as mulheres. Os ingressos antecipados para o musical estão sendo vendidos ao preço de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Sendo que no dia do espetáculo, marcado para iniciar às 21h, a entrada custará R$ 40 e R$ 20 (meia).

Nesta mesma noite, o artista plástico Adauto Machado (mais conhecido pelos seus cavalos pintados)  abrirá no Centro de Arte e Cultura J. Inácio (Orla de Atalaia) a exposição "Do Ocre Aos Pastéis". Serão cerca de 40 obras pintadas pelo artista dorense, entre 2004-2009. Como novidade, Adauto mostrará alguns temas ainda não muito explorados por ele, como o futebol, marinhas e o folclore sergipano.
No vernissage, marcado para às 20h, o Grupo Imbuaça estará realizando uma performance. A exposição que prossegue até o dia 20 de dezembro, teve apoio cultural da Secretaria de Estado da Inclusão, Asistência e do Desenvolvimento Social, SEGRASE e Bar e Restaurante Parati.

Na quinta-feira, a partir das 21h, dois gigantes da guitarra (cada uma a seu modo) realizam apresentação única no palco do Teatro Tobias Barreto. Trata-se do baiano Armandinho Macedo e do norte-americano Stanley Jordan. Armandinho que já proporcionou um show inesquecível no TTB, juntamente com Yamandu Costa, há três anos, agora parece preparado para repetir a dose com o peso-pesado do jazz contemporâneo. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).


Na mesma noite, possivelmente enluarada, a Galeria de Arte Sayonara Viana abrirá suas portas para a exposição "Cromáticas Inacianas". Uma homenagem antecipada  ao artista plástico  J. Inácio que, se vivo, completaria 100 anos em 2011. Além de telas do artista do artista, que abrange sua produção nos últimos 40 anos (até 2005, ano que antecedeu sua morte) será possível constatar a arte em grafite do Coletivo Cabrunco idealizada por Marcos Vieira, Alan Adi e Fábio Sampaio.

Na oportunidade, o poeta Marcelo Ribeiro estará lançando seu mais recente livro, "Algum Poema de Nós". O vernissage está marcado para às 20h, sendo que a Galeria de Arte Sayonara Viana localiza-se à Rua Itabaiana, 740. A exposição prossegue até o dia 03 de janeiro.

Já na Suburb!a, quem dar o ar da graça é o cantor Leoni. O ex-integrante do Kid Abelha faz o show de aniversário da casa noturna em grande estilo. O ingresso custa R$ 40 e pode ser adquirido antecipadamente na Loja Stalker (Shopping Jardins).

Na sexta-feira, a boa opção de lazer fica por conta do Projeto Circular BR, que une no mesmo palco do Teatro Lourival Baptista, o violonista Marcel Powell (filho de Baden) e o guitarrista Victor Biglione. No repertório, canções como "Chora Violão", "Deixa" e "Só Danço Samba". Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia).

No sábado, a Sessão Notívagos que acontece às 23h59, no Cinemark Jardins apresenta o filme "Simonal- Ninguém Sabe o Duro que Dei" (já falei da trilha sonora aqui no blog). O documentário realizado por Cláudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer já deu muito o que falar Brasil afora, mostrando a ascensão e queda do cantor Wilson Simonal. Após a sessão de cinema, apresentação no hall do Cinemark do Ferraro Trio, formado por Robson Macaxeira (baixo), Saulinho (guitarra) e Rafael Jr. (bateria).  O ingresso para o evento (filme + show) custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

E haja fôlego para encarar tudo isso...

Texto: Suyene Correia

Legenda da Foto: Marcel Powell sobe ao palco do Teatro Lourival Baptista para apresentar  composições de seu pai Baden Powell

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Exposição Fotográfica homenageia "BB"




No próximo dia 09 de dezembro, na Galeria Lourdina Jean Rabieh, será aberta a "Mostra Fotográfica Brigite Bardot", que reúne fotos inéditas e originais (com tiragem de sete fotos cada) da diva, clicada por Marcello Geppetti, um dos precursores do termo paparazzi.

A mostra revela 15 fotografias em grande formato da atriz francesa que comemorou este ano, seu 75o aniversário. A exposição que já pasou por vários países, acontece pela primeira vez no país e prossegue até 23 de dezembro.

Quem quiser levar uma fotografia para casa da estrela de cinema que despontou para o mundo, com o filme "E Deus Criou a Mulher", prepare o bolso. Cada foto varia de R$ 8 a 15 mil reais. A Galeria está localizada na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 147, São Paulo.

Polayne e seu "Circo Singular"





Pessoal, depois de uma semana sem escrever uma linha sequer ( o final das férias está me deixando mais amuada...), venho falar um pouquinho sobre o novo disco da Patrícia Polayne- "O Circo Singular"- que foi lançado na última quarta-feira, em pleno Circo Estoril.

Primeiro disco da cantora sergipana, que passou um bom tempo de sua existência na "ponte" Rio-Aracaju, "O Circo Singular" é um achado.  Com esse "primogênito", Patrícia se consolida como uma artista de nível nacional, que bem  poderia  realizar uma turnê pelos quatro cantos do país. Experiência ela tem de sobra. Agora, que conta com um produto fonográfico nas mãos, que entre em campo para divulgar seu trabalho além Terras de Ará.

Das 10 canções presentes no CD, patrocinado pela FUNARTE e que teve a capa fotografada por Vinícius  Fontes, apenas duas, "Lentes de Contato" e "Dote da Donzela", não são de sua exclusiva autoria. A primeira é uma parceria de Kleber Melo e Bruno Montalvão, enquanto que a segunda, Polayne assina junto com a amiga Marta Mari.

E diga-se de passagem, a poesia que emana do produto fonográfico é sublime. Uma poesia que não se limita às letras das canções, mas sobretudo à musicalidade das mesmas. Os arranjos bem produzidos pela própria cantora, juntamente com os músicos que a acompanham, é que dá o toque especialíssimo a "Quintal Moderno" (para mim, a mais bela canção do disco), "Sapato Novo" e "Rio Sim" (esta última, com um quê das canções de Bebel Gilberto).

Já em "O Circo Singular" (canção que abre o disco), "Arrastada" e "Aparelho de Memoriar", a intenção parece ser chamar a atenção para nossas origens (negra e indígena) com uma percussão forte e um ritmo envolvente. A tradição aqui, acompanha sem descompasso a contemporaneidade. O som sintético combina direitinho com o som emitido pelas alfaias e o pandeiro tocados por Pedrinho Mendonça.

Realmente, este " O Circo Singular" é de encher os ouvidos e que Patrícia Polayne saiba fazer por onde alavancar sua carreira artística. O disco promocional foi vendido a R$ 5 e deverá ser comercializado hoje, no show que acontece na UFS e amanhã, em Laranjeiras.

Por falar em show, o que aconteceu na última quarta-feira contou com um bom público. Gratuito, ele foi idealizado para acontecer no picadeiro do circo por conta da gravação da TV Aperipê. A emissora irá veicular  o espetáculo no próximo mês, em data a ser confirmada. Acredito que por conta dos ajustes técnicos dessa gravação, é que o público presente teve que esperar por mais de uma hora e meia para o início do espetáculo. Um erro imperdoável, tendo em vista a alta temperatura dentro do espaço circense.

Mas depois que Polayne entrou no picadeiro e assumiu os vocais, o público ficou hipnotizado com sua performance. Com um figurino belamente assinado pelo estilista Altair Santo, a cantora rodopiou, fez caras e bocas e soltou a voz para interpretar suas composições. A banda que a acompanhou estava afinadíssima e  ninguém saiu do tom. O único porém, talvez seja o excesso de solfejos que a cantora executa. É marca registrada dela, mas não estaria na hora de diminuir um pouquinho essa frequência ?

Texto e Fotos : Suyene Correia

Fotos: Alguns momentos do show de lançamento do disco "O Circo Singular" de Patírica Polayne que aconteceu no Circo Estoril

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Que tal um musical inteligente no TTB ?




Pois é, estava falando ao telefone ontem, com um amigo que trabalha com produções locais ( espetáculos teatrais) e reclamei dos que têm aportado por aqui ultimamente. Já fiz uma crítica aqui no blog, aos chamados espetáculos de "humor inteligente"- esses do tipo stand up comedy- porque para mim, de inteligente, eles não têm nada. Mas quem aposta nesse tipo de espetáculo que, diga-se de passagem, dá lucro, parece não enxergar o outro lado da moeda, as outras possibilidades que existem por aí.

Tive a oportunidade de conferir em São Paulo, um musical de primeiríssima qualidade, inteligente até a "tampa",  que bem que poderia chegar por aqui. Trata-se de "Avenida Q", dirigido por Charels Möeller e adaptado para o Brasil por Cláudio Botelho.

Originalmente, "Avenida Q" é um espetáculo elaborado por Robert Lopez e Jeff Marx, que estreou no Vineyard Theatre na Off-Broadway em 2002, e após sucessivos adiamentos do término da temporada, transferiu-se para a Broadway em 2003. Até hoje em cartaz na Broadway e há três anos no West End em Londres,  o espetáculo americano ganhou uma versão brasileira que pode ser conferida em São Paulo, no Teatro Procópio Ferreira, até 06 de dezembro.

O maior trunfo do espetáculo ( que já passou no Rio de Janeiro com imenso sucesso) é sua versatilidade e seu humor cáustico. Apesar de 16 bonecos (parecidos com os dos Muppet Show) entrarem em cena, manipulados por oito atores-cantores, o musical não é voltado para crianças, que se muito pequenas, nem irão entender as piadas de duplo sentido e a inteligência do texto escrito por Jeff Whitty.

Basicamente, a estória gira em torno de Princeton, recém saído da Faculdade, que muda-se para a Avenida Q, para resolver seu maior dilema: encontrar seu verdadeiro rumo na vida. Lá, ele é conduzido numa aventura de autoconhecimento  por um grupo de vizinhos estranhos, alguns adoráveis, outros neuróticos, alguns humanos, outros peludos, mas que também como ele, ainda t~em muito o que aprender da vida.

Entram em cena os atores André Dias, Sabrina Korgut, Fred Silveira, Renata Ricci e Gustavo Klein  que manipulam, respectivamente, os bonecos Princeton/Rod; Kate Monstra/Lucy De Vassa; Nicky/Trekkie Monstro; Dona Coisa Ruim/Ursinha do Mal e Ricky; Ursinho do Mal/Recém-Chegado; além de Cláudia Netto (Japaneusa) Maurício Xavier (Gary Coleman)  e Renato Rabelo (Brian).

Nos bastidores, atrás do belo cenário assinado por Rogério Falcão tocam ao vivo, a banda formada por Zaida Valentim, (teclado 1) Heberth Souza (teclado 2), Cristiano Vogas (sub-teclado), Gustavo Ramanzini (percussão), Rodrigo Oliveira (contrabaixo), André Marques Porto (violão/guitarra e banjo) e Ederson Antônio Marques (sax/flauta/clarinete).

São pouco mais de duas horas de muita diversão, onde é possível curtir um repertório de 20 canções que colam rapidinho no ouvido. Tenho certeza que se viesse para cá, "Avenida Q" lotaria as dependências do Teatro Tobias Barreto. Alguém se habilita ?

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Depois do espetáculo, consegui bater um papo rápido com os atores André Dias... 

Legenda da Foto 2: ... e com Renata Ricci e Fred Silveira

Legenda da Foto 3: Cartaz do espetáculo com alguns atores que foram substituídos na temporada paulistana

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ben-Hur: Vitalidade aos 50 Anos



Exatamente há 50 anos, estreava nos Estados Unidos, o épico "Ben-Hur" dirigido por William Wyler. Mesmo sendo a terceira versão cinematográfica do livro homônimo de Lewis Wallace- que conta a estória de amizade e desavença entre o judeu Judah Ben-Hur (Charlton Heston) e o romano Messala (Stephen Boyd)-  o "Ben-Hur" de 1959 é o mais lembrado até hoje e o de maior opulência (existe uma versão curta de 1907 e outra longa, de 1925, ambas mudas).

Os números não negam: 11 Oscars, 212 minutos de duração, nove meses de filmagens (sendo três meses para a Corrida de Bigas), oito mil figurantes (reais), 100 mil peças de figurino e mais de 300 peças de cenário. Tudo isso, numa produção que custou cerca de US$ 15 milhões aos cofres da Metro-Goldwyn-Mayer, mas que faturou cinco vezes mais, salvando o estúdio da falência.

O que mais me impressiona a cada oportunidade que tenho de rever a película, é como ela não envelhece com o passar do tempo. Mesmo numa época em que a computação gráfica é a palavra chave quando o assunto é efeito especial, "Ben-Hur" consegue surpreender, por conta de um trabalho sem precedentes de cenografia e cenas de ação.

Lembro-me que há dois anos, quando fui dar uma palestra no Colégio Módulo, sobre Cinema, exibi os 20 minutos da Corrida de Bigas e os adolescentes de 13 e 14 anos, vibraram como ninguém ao final da cena. Minha intenção, frente aos estudantes da Era Digital, era justamente despertar neles, a emoção que o Cinema, em sua essência, pode provocar.  E para minha surpresa, consegui alcançar o objetivo.

Durante a exibição da cena, pude perceber diversas reações dos alunos- às vezes, de apreensão, outras  de surpresa- mas ao final, quando o personagem principal consegue vencer a corrida, a vibração foi geral, com aplausos, gritos de "uuh-ha" e uma satisfação que me invadiu as entranhas.

Afinal, não importa como foi feito o filme, em que época ele foi realizado: o velho e bom cinema, ainda consegue emocionar essa galera jovem,  que conhece pouquíssimas referências da Sétima Arte. Em se tratando de "Ben-Hur", então, uma dádiva. Mostra a vitalidade que esse filme de meio século tem e ainda terá ao longo de muito tempo.

Texto: Suyene Correia

Foto: Cena da famosa corrida de bigas, que levou três meses para ser realizada

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Finalmente, Os Bichinhos de Jardim na minha Estante




Acho que esse blog foi o primeiro ou o segundo que acrescentei aos meus favoritos. Realmente, "amo" Os Bichinhos de Jardim idealizado por Clara Gomes e, agora, tenho a possibilidade de tê-los (pelo menos, algumas das centenas de tirinhas já criadas pela petropolitana) na minha estante.

Um presente de Natal, meio que adiantado e muito bem vindo. Chegou hoje e já o devorei, quase que por completo. São pouco mais de 120 páginas com o melhor do Blog que foi o vencedor do Prêmio BlogBooks 2009- Quadrinhos. Diga-se de passagem, que os internautas  e admiradores de Caramelo, Brigitte, Genoveva, Joana, Mauro Minhoca e Meleca é que foram os responsáveis, de uma certa forma,  por essa publicação.

Através de uma eleição virtual, na categoria Quadrinhos, venceu o blog da Clara, uma design gráfica que começou a fazer tirinhas ainda adolescente e depois, em 2006, decidiu criar um blog. Desafio diário, que a jovem tira de letra, com muita criatividade, humor e sensibilidade.

Aconselho a quem ainda não visitou o blog da garota (amiga do ilustrador sergipano, Pablo Carranza), conferir de imediato. Difícil vai ser depois, não passar diariamente pela página virtual, para ver se tem novidades. E quanto ao livro, só uma queixa: poderia ser colorido do início ao fim (será que o meu veio com defeito de fábrica???).

Texto: Suyene Correia

Foto: Capa do livro que saiu pela Editora BlogBooks 

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Walker Evans: O Escritor de Imagens




Fechando o balanço de exposições que conferi em São Paulo no início deste mês, há de se comentar sobre a fotográfica de Walker Evans, em cartaz no MASP, até 10 de janeiro de 2010. Primeira retrospectiva do artista no Brasil, a mostra  traz 121 trabalhos do fotógrafo que registrou a Depressão Americana, como ninguém.

Pouco conhecia sobre o trabalho do fotógrafo, nascido no Missouri, em 1903, que por frustração com a literatura, envereda pela fotografia no final dos anos 20. Mas confesso que fiquei impactada com a força das imagens captadas por ele, sobretudo nas décadas de 30 e 40.

Depois de uma breve passagem em Paris (1926-1927), Evans retona aos Estados Unidos, mas precisamente para Nova York, onde se instala no Brooklyn e começa a registrar o cotidiano urbano e a arquitetura da cidade. Ao contrário da maioria dos colegas de profissão, ele preferia trabalhar com câmera de grande formato e isso lhe concede um status diferenciado, sobretudo quando fotografava tipos de uma sociedade à beira do caos (no caso da Depressão).

Walker Evans se notabilizou, inclusive, por conta do trabalho que prestou ao governo americano, na Era Roosevelt. Ele foi contratado para registrar imagens da Depressão no sul do país, entre 1935 e 1936. Os trabalhos expostos no MASP, em sua maioria, são dessa época, mas é possível ver também alguns dos seus primeiros trabalhos em 1920;  registros de Havana, quando a visitou em 1933 e as últimas fotos tiradas com uma Polaroid SX-70, dois anos antes de sua morte, em 1975.

Texto: Suyene Correia

Fotos: Walker Evans

Legenda da Foto 1: Foto tirada em 1935, em West Virginia

Legenda da Foto 2: Foto tirada em Havana, em 1933

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os Bastidores de Criação de Rodin no MASP




Um visitante do bangalô, sugeriu que eu conferisse de perto a exposição "Auguste Rodin- Homem e Gênio", no Palacete das Artes, em Salvador, e irei fazê-lo, assim que tiver oportunidade. Pelo que li na mídia, esta exposição ficará em cartaz durante dois anos no espaço soteropolitano. Muitas águas ainda irão rolar...

No entanto, proponho a quem puder e for a São Paulo até o dia 13 de dezembro, conferir a exposição "Rodin do Ateliê ao Museu" que se encontra no 1o Piso do MASP. Para quem curte fotografia, como eu, a exposição é de arrepiar. Isso porque, além de algumas esculturas do francês- destaques para "Íris, Mensageira dos Deuses"; "Balzac, Penúltimo Estudo para o Monumento"; "O Beijo" e "As Três Sombras"  (soberba!!!)- o que predomina mesmo são as fotografias encomendadas pelo escultor aos seus fotógrafos entre 1877 a 1917.

Dentre os nomes dos profissionais ou amadores que tiveram a "honra" de registrar a genialidade desse escultor em seu reduto criativo, estão o de Gaudenzio Marconi, Charles Michelez, Charles Bodmer, Victor Pannelier, Eugène Druet, Ernest Bulloz e Jean Limet.  Mas tantos outros também tiveram a oportunidade de adentrar no ateliê de Rodin e, este, a partir de um determinado momento, expunha suas esculturas juntamente com essas fotografias.

Antes reticente à fotografia- ele teria dito certa vez que "O artista é que é verdadeiro, a fotografia é mentirosa"- Auguste Rodin rendeu-se à nova arte, que servia não só para documentar seu processo de criação como também, orientar o olhar do observador para algum ponto que achava fundamental.

Nessa exposição, é possível conferir quase 200 fotografias originais, além de 22 esculturas sublimes do artista, algumas nunca  antes vista em solo brasileiro. O mais interessante nisso tudo, é que mesmo criado em 1919 (dois anos após a morte do escultor), o Musée Rodin só foi se preocupar com a rica coleção fotográfica, em termos de identificação, inventariação e documentação, a partir da década de 70.

Bom, antes tarde do que nunca. E por conta desse trabalho brilhante é que a partir de então, o Musée Rodin inciou uma série de exposições de esculturas "casadas" com as fotografias. Agora, por conta das comemorações do Ano da França no Brasil, os brasileiros poderão admirar um pouco desse  conjunto precioso de peças, exposto pela primeira vez, em Paris, em 2007.  Um pouco do processo criativo  do artista pode ser entendido através de registros das obras em diferentes estágios : da argila ao mármore, do gesso ao bronze. Imperdível!!! 

Texto: Suyene Correia

Fotos: Reproduções do catálogo "Rodin do Ateliê ao Museu"

Legenda da Foto 1: A monumental escultura "As Três Sombras" que abre a exposição no MASP

Legenda da Foto 2: Retrato de Rodin com Gorro Preto feito por Alvin Langdon Coburn

domingo, 15 de novembro de 2009

"Matisse Hoje" e Sempre...




A exposição "Matisse Hoje" foi encerrada no último dia 2 (Dia de Finados), na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Estou me reportando a ela tardiamente, mas não poderia deixar de registrá-la. Fui conferi-la no dia 31 de outubro, pela manhã, único horário disponível numa agenda superlotada.
Saí cedo do hotel, cheguei por volta das 11h na Estação da Luz, e ao me dirigir à entrada principal da instituição percebi que não seria nada fácil conferir as cerca de 80 obras do artista- a primeira desta magnitude dedicada ao francês no Brasil- devido a uma multidão que já esperava para adentrar aos salões reservados para a retrospectiva.

Mas não me abati. Fui logo ver algumas fotos do pintor trabalhando em seu ateliê feitas nas primeiras décadas do século passado. Esse salão até que não estava muito disputado pelos visitantes, mas ao me dirigir para o subsolo, em direção à entrada dos salões que abrigavam suas obras, bem como as dos artistas Cécile Bart, Christophe Cuzin, Frédérique Lucien, Philippe Richard e Pierre Mabille, a situação era bem diferente.

Depois de uns 20 minutos andando a passo de lesma, consegui ultrapassar a porta principal e me deparar com centenas de pessoas reverenciando a obra do pintor, desenhista, escultor e gravurista Henri Matisse.
Confesso que não morro de amores pelo artista fauvista , conhecido pelas cores berrantes que escolhia para dar vida às paisagens, naturezas mortas e modelos que retratava. Contudo, emocionei-me ao me deparar com anônimos de A-Z, de diversas faixas etárias, reverenciando o artista plástico que no final da vida, criou os tão conhecidos papéis recortados.

Todo mundo de máquina em punho, para levar para casa um pouqinho daquela arte "ao vivo". Os dois painéis, "Oceania, o Céu" e "Oceania, o Mar" que  traduzem bem a ideia do recorte para o artista eram os mais requisitados, mas também não ficava para traz o interesse da massa para com "O Torso de Gesso" de 1919, "Odalisca com Calça Vermelha" de 1921 e "Natureza Morta com Magnólia" de 1941, um dos seus trabalhos preferidos (foi refeita 11 vezes).

Pequei em não ter levado a câmera comigo num primeiro momento, só pegando mais tarde, já fora dos salões da exposição. Mesmo assim, fiz alguns registros através do vidro, para não deixar passar em branco. O que eu queria mesmo era registrar as obras dos cinco artistas contemporâneos que de um jeito ou de outro dialogam com a arte de Matisse. Destaque para as obras de Philippe Richard e Frédérique Lucien.

Harmonia e serenidade era o que exalava das telas do pintor. Talvez por isso, ele faça ainda tanto sucesso hoje. Quem sabe, para sempre...

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Placa indicativa para a exposição "Matisse Hoje"

Legenda da Foto 2: Foto (através do vidro) da obra "Natureza Morta com Aparador Verde" de 1928

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Itaú Cultural mostra "A Invenção de Um Mundo"





É um prazer ir ao Itaú Cultural sempre que vou a São Paulo. Não só pela receptividade da amiga Larissa Corrêa, assessora de comunicação da instituição, como também por conta de ser um programa certeiro em matéria de conferir boas exposições.

No ano passado, tive a sorte de conferir "Cinema Sim- Narrativas e Projeções", sem dúvida, uma das melhores que a instituição já abrigou. Agora, o Itaú Cultural repete a boa performance, levando ao público 127 obras de 30 artistas do acervo da Maison Européenne de la Photographie, um dos principais centros de referência da fotografia contemporânea.

Sob a curadoria de Jean-Luc Monterosso, diretor da instituição francesa e do brasileiro Eder Chiodetto, a exposição mostra ao público um mundo aglutinado de pixels, que formam um universo surreal, onde é possível ver a neve queimando, no trabalho de Bernard Faucon; diferentes versões do rosto de Michael Jackson (aqui são sósias), captadas por Valérie Belin ou a ambiguidade dos personagens de Betina Rheims.

As imagens ultrapassam a fronteira da linguagem visual para mesclar realidade e ficção. Aqui, as fotografias não são necessariamente a representação do real, porque esse "real" não existe. Sim, há a cena montada, há a cena clicada, mas depois de tantas manipulações, o que se produz é um novo contexto para as imagens aprisionadas num cartão de "n" GB.

"O artista, aqui, é como um metteur en scène por excelência, pois cada fotografia é o resultado elaborado de uma concepção prévia, direção, produção, montagem cênica e pós-produção", observam em conjunto Chiodetto e Monterosso.

A exposição, que ocupa os três pisos do espaço expositivo do Itaú, está dividida em temas: "A Invenção da Memória"e "O Eu Reinventado" (ambos no mezanino); "Invenção de Um Sonho" (primeiro subsolo), "A Invenção da Forma" e "A Invenção das Certezas" (segundo subsolo).

Por esses três espaços confluem as obras de artistas como Christian Boltanski, Jorge Ribalta, Charles Matton, a dupla LawickMüller, Martial Cherrier, Pierre Molinier, Christian Carez, Vik Muniz, Joan Fontcuberta, Jan Saudek, Joel-Peter Witkin, entre outros.

Durante a primeira semana da exposição em cartaz, aconteceu uma série de seminários, aberto ao público, com a presença de alguns artistas da coletiva. "A  Invenção do Mundo" continuará até o dia 13 de dezembro.
Quem for a São Paulo não pode deixar de conferir. O Itaú Cultural funciona de terça a sexta, das 10 às 21h e sábados, domingos e feriados, das 10 às 19h.


Texto: Suyene Correia
Fotos de 1 a 3: Suyene Correia

Foto 4: Christina Rufatto

Legenda da Foto 1: Plano geral de um dos salões do subsolo

Legenda da Foto 2: Souvenirs de Guerre et de Solitude do fotojornalista belga, Christian Carez

Legenda da Foto 3: William Wegman utiliza seu weimaraner, Man Ray, como modelo de seus trabalhos

Legenda da Foto 4: Joel-Peter Witkin em workshop no Itaú Cultural

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"OS GÊNIOS" GEMEOS NA FAAP




Mais conhecido como OSGEMEOS, Otávio e Gustavo Pandolfo, bem que poderiam receber a alcunha também de OSGÊNIOS. Sua exposição "Vertigem", montada no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), na capital paulista, é de impressionante magnetismo. Até o dia 13 de dezembro, este universo onírico infinito pode ser conferido de perto. Mas antes é bom preparar o espírito.

A sensação que se tem, ao entrar no museu de forma circular, é que não teremos fôlego para registrar tanta informação. A cada passo que se dá, personagens fantásticos, de uma dimensão inimaginável, aparecem pintados em caixas de madeira, portas, janelas, todo tipo de suporte. Ao mesmo tempo que são puro sonho, são também realidade.

Realidade dali, do beco da esquina, da zona periférica urbana, do interior nordestino com suas cores mais berrantes. A afinidade que  OSGÊMEOS têm com esse universo, aparentemente tão distante deles, é contagiante. Há uma pesquisa ali, um alicerce teórico ou talvez, não. Mas sem dúvida nenhuma, a intuição, o feeling dos dois é que predomina.


Quando folheia-se o catálogo da exposição - que traz muito mais trabalhos que os presentes na exposição "Vertigem"- dá para perceber até onde consegue ir a imaginação da dupla. Ou seria impossível delimitar isso?
Ali, abre-se um mundo fantástico e lindamente inspirado que brota das mentes da dupla, que conseguiu transpor as barreiras das instituições artísticas fechadas (como museus e galerias seletas) e mostrar sua arte de rua (Grafite) num novo contexto.

Há uma mescla de ingenuidade, humor, tristeza e esperança nos olhares de seus personagens "cabeçudos" (que lembram de uma certa forma, alguns "cabeça-chatas" de Eurico Luiz) e é dessa mistura de sentimentos num só olhar que está a genialidade dos Pandolfo.

Se eu já não tinha dúvidas sobre a competência de ambos, só acompanhando as matérias da mídia, depois de ver tudo aquilo de perto, é incontestável minha admiração. Tanto assim, que um dia depois de visitar a exposição na FAAP, tive a oportunidade de conhecê-los pessoalmente num evento organizado pela revista DASARTES, na Pinacoteca, que reuniu alguns nomes da arte de grafitar

Pena que não deu tempo para vê-los falar (tinha que marcar presença no encerramento da Mostra de Cinema), mas valeu o registro da foto dos dois, na mesa redonda. Sucesso, garotos!! Vocês já foram longe demais...mas, e há limites para cabeças geniais ?

Texto: Suyene Correia

Legenda das Foto 1 e 2: Universo onírico d'  OSGÊMEOS

Legenda da Foto 3: A dupla em evento promovido pela revista DASARTES, na Pinacoteca, na quinta-feira passada (crédito: Suyene Correia)

Esmir e Ismael: Os Novos Irmãos Coen ?




Não, eles não são irmãos de verdade e nem fazem filmes ao estilo dos Coen. São amigos recentes e após assinarem juntos o roteiro de "Os Famosos e os Duendes da Morte"- filme vencedor do Troféu Redentor, no último Fest Rio- já estão trabalhando num novo projeto.
Pela interação dos dois ao conversarem comigo e pela simbiose entre ambos foi que os chamei de "Irmãos Coen". O diretor paulistano Esmir Filho, 27 anos e o escritor gaúcho Ismael Caneppele, 30, parecem ter um belo futuro pela frente. Pela energia que ambos demonstram ter quando envolvidos num trabalho e pelo resultado desse primeiro longa do Esmir -que será lançado nacionalmente em março de 2010, pela Warner- já dá para imaginar o que não vem por aí.

Mas enquanto isso, os dois mergulham de cabeça no lançamento de "Os Famosos e os Duendes da Morte" em festivais de cinema pelo país. Foi assim no Rio, depois em BH e, recentemente, na 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Lá, além do filme ter sido exibido algumas vezes, com grande procura de público, houve lançamento do livro homônimo de Caneppele (em versão "pirata") após as sessões. Saindo pela Editora Fina Flor, comandada pelas irmãs Cristiane Lisbôa e Nanda Tavares, o livro possui formato artesanal e é personalizado (em cada um, o escritor deixa uma mensagem diferente manuscrita para o leitor). Até agora, mais de 300 títulos foram comercializados a R$ 30.

Segundo Ismael, autor de "Música Para Quando as Luzes se Apagam", para chegar ao formato final, o livro foi modificado 17 vezes. Um desses esboços foi mostrado ao diretor Esmir Filho, que aprovou e decidiu filmar. Meio autobiográfico, o livro segue os escritos virtuais de um adolescente do interior do Rio Grande do Sul (Ismael é natural de Lajeado) que se comunica com o mundo através da internet.

Cheio de sonhos e perspectivas, ele se vê sufocado pelo isolamento em que vive, tendo como meio de fuga a relação que mantém com outros internautas através de um blog. Fã de Bob Dylan e com dificuldades de diálogo com a mãe,  o garoto de 16 anos, que usa o nickname de Mr. Tambourine Man (interpretado pelo estreante Henrique Larré) vê sua vida alterada com o retorno de um antigo morador da cidade, vivido pelo próprio Caneppele e com a morte da garota com quem mantinha contato virtual.

Para Ismael, é pelo novo olhar sobre o Brasil que o filme propõe, que deve ter conquistado o Júri do Fest Rio 2009. "O livro é uma viagem dentro da cabeça do protagonista e isso se constata na tela também. É um filme sensível, delicado e que mostra um Brasil pouco explorado pelo cinema nacional".

"É uma história do toque, do afeto e a 'viagem' do filme é não ter respostas; ser posível fazer muitas leituras do que se está contando", disse Esmir Filho, que parece saber como ninguém trabalhar com adolescentes. Basta ver seus curtas anteriores, "Alguma Coisa Assim" e "Saliva" para constatar isso. "Eu tenho uma ligação forte com a geração de agora, daí porque essa facilidade de lidar com os adolescentes".

Para Henrique Larré, que foi descoberto pelo diretor através do seu Fotolog, a experiência foi muito gratificante, já que a arte de interpretar, sempre fez parte de seus planos. "Quando li o recado do Esmir no Fotolog, não acreditei de imediato. Pensei ser brincadeira. Mas quando descobri que não era, fiquei muito feliz e a experiência de fazer esse filme foi maravilhosa".
Tanto assim, que o "guri" já se mudou para a capital gaúcha e mora perto do colega Samuel Reginatto, que interpreta seu amigo Diego, no longa. "Mudei-me para a capital para prestar vestibular, mas ainda não sei que curso irei seguir. Independente disso, pretendo me aperfeiçoar como ator", contou Larré.

Já Samuel Reginatto possuía experiência em TV e cineama e  foi chamado por Esmir, que já tinha conferido o seu trabalho como ator. "Eu também nasci numa cidade pequena, no caso Taquara, e entendo o drama vivido pelo personagem do Henrique", disse o jovem ator de 17 anos, que está completando o ensino médio.

Além  da direção segura, "Os Famosos e os Duendes da Morte" também tem mérito pela trilha sonora  assinada por Nelo Johan (vão atrás das músicas desse cara) e fotografia de Mauro Pinheiro Jr.). Uma viagem sem fronteiras num mundo real e virtual ao mesmo tempo que tomara, aporte por aqui.

Texto e fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: Esmir Filho e Ismael Caneppele em frente ao cartaz do filme que assinam o roteiro

Legenda da Foto 2: Caneppele em sessão de autógrafos do seu livro "Os Famosos e os Duendes da Morte"

Legenda da Foto 3: Henrique Larré e Samuel Reginatto tornaram-se amigos após as filmagens


 

sábado, 7 de novembro de 2009

Lágrimas e Chuva no Encerramento da 33a Mostra Internacional de Cinema de SP

Ainda estou cansada da maratona que foi cobrir os últimos sete dias da 33a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, organizada pelo Leon Cakoff e  Renata de Almeida. Mas valeu a pena!!!
Sempre vale a pena conferir de perto um evento dessa magnitude e ter a oportunidade de  trocar ideias com jornalistas gabaritados como Luiz Carlos Merten, Maria do Rosário Caetano, Neuza Barbosa, Sérgio Alpendre, Elaine Guerini, entre outros.

Sem contar, a chance de ver na telona filmes que dificilmente chegarão por aqui. Para se ter uma ideia, o vencedor do ano passado (que foi o meu favorito), "O Estranho em Mim" de Emily Atef até hoje não foi lançado no Brasil.

Na última quinta-feira, na Cinemateca (quem diria que aquele prédio pomposo, no passado foi um matadouro...) aconteceu a cerimônia de encerramento do evento, tendo como mestres de cerimônia, Serginho Groisman e Marina Person. O público que compareceu à festa, só pode , no entanto, saber os nomes dos vencedores, quase 60 minutos depois do horário previsto.

Atraso que custou caro aos realizadores, por conta da garoa que insistiu em cair durante alguns minutos sobre as cabeças dos convidados (o evento foi ao ar livre, ainda que a produção tenha se precavido com capas de chuva, distribuídas rapidamente aos presentes).

Em meio às gotas d'água caídas do céu, juntaram-se as lágrimas de alguns vencedores bastante emocionados, como foi o caso do diretor Andreas Arnstedt, que vibrou muito com os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Ator para seu filme "Os Dispensáveis". Também bastante feliz, estava o sul-coreano Cho Kyeong-Duk que ficou com o prêmio de Melhor Filme do Júri, pelo polêmico "Voluntária Sexual". Infelizmente, não assisti a nenhum desses. Vou ficar aguardando para ver se no Cine Cult, terei a oportunidade de ver.

Depois da cerimônia, foi exibido o filme "Lebanon" de Samuel Maoz. Confesso que estava louca para assisti-lo, mas devido ao cansaço e ao fato de no dia seguinte eu embarcar para Aracaju, desisti. Conversando com a jornalista Neuza Barbosa (cineweb) um dia antes, ela me falou que o filme- que venceu o Leão de Veneza- recentemente, é excelente. Para mim, que adorou "Valsa Com Bashir", acho que vai ser um prato cheio. Mas agora, só me resta esperar assistir em DVD ou no cinemão, quem sabe.

O filme por questões alfandegárias demorou a chegar na Mostra e só, agora, na repescagem poderá ser conferido pelos cinéfilos. Confira abaixo a relação dos vencedores:

PRÊMIOS DO JÚRI - FICÇÃO

Melhor Filme: VOLUNTÁRIA SEXUAL (Coréia do Sul), de Cho Kyeong-Duk
Melhor Diretor: Andreas Arnstedt, por OS DISPENSÁVEIS (Alemanha)
Melhor Ator: Andrè Hennicke, de OS DISPENSÁVEIS (Alemanha)


PRÊMIOS DO JÚRI - DOCUMENTÁRIO

Melhor Filme: O INFERNO DE CLOUZOT (França), de Serge Bromberg e Ruxandra Medrea
Menção Honrosa: O ABRAÇO CORPORATIVO (Brasil), de Ricardo Kauffman


PRÊMIOS DA CRÍTICA

Melhor Longa-Metragem Estrangeiro: NINGUÉM SABE DOS GATOS PERSAS (Irã), de Bahman Ghobadi
Melhor Longa-Metragem Brasileiro: O SOL DO MEIO-DIA, de Eliane Caffé


PRÊMIOS DO PÚBLICO

Melhor Longa-Metragem Brasileiro: CARMO, de Murilo Pasta
Melhor Longa-Metragem Estrangeiro: ABRAÇOS PARTIDOS (Espanha), de Pedro Almodóvar e O ÚLTIMO DANÇARINO DE MAO (Austrália), de Bruce Beresford
Melhor Documentário em Longa-Metragem Brasileiro: DZI CROQUETTES, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Melhor Documentário em Longa-Metragem Estrangeiro: TOM ZÉ – ASTRONAUTA LIBERADO (Espanha), de Ígor Iglesias Gonzáles
Prêmio da Juventude: SAÍDA A NADO (Suécia), de Måns Herngren


PRÊMIOS ITAMARATY

Melhor Longa-Metragem de Ficção: ANTES QUE O MUNDO ACABE, de Ana Luiza Azevedo
(também recebeu os Prêmios Quanta e Teleimage)

Melhor Documentário em Longa-Metragem: DZI CROQUETTES, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez
(também recebeu os Prêmios Quanta e Teleimage)

Melhor Curta-Metragem: INSONE, de Marília Scharlach e Marina Magalhães
(também recebeu o Prêmio Teleimage)

Prêmio Especial - Homenagem pelo Conjunto da Obra: Paulo César Saraceni


PRÊMIO AQUISIÇÃO CANAL BRASIL

Melhor Curta-Metragem: O PRÍNCIPE ENCANTADO, de Sérgio Machado e Fátima Toledo

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Encerramento da 33a Mostra de Cinema de SP



Fiquei dois dias sem postar, mas cá estou de volta. Hoje, à noite, na Cinemateca acontece a cerimônia de encerramento da 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Lá, saberemos qual filme foi escolhido como melhor pelo Júri Oficial, além do prêmio da crítica. Diga-se de passagem, que somos nós, jornalistas convidados pela organização do evento, que votamos nos melhores (internacional e nacional).
Num café da manhã promovido pela Mostra, hoje, pela manhã, no Hotel Renaissance escolhemos nossos preferidos. Quem não pôde comparecer, enviou por e-mail suas indicações e vamos ver se o voto da maioria, confere com o meu.
Logo em seguida, fui assistir ao filme brasileiro (único do país que vi) "Os Famosos e os Duendes da Morte" do Esmir Filho, vencedor no último Fest Rio. Como tive uma conversa com o diretor, o roteirista, Ismael Caneppele e os atores Henrique Larré e Samuel Reginatto, dedicarei uma postagem especial ao filme no final da Mostra.

Nos últimos dias do evento, no entanto, fui tendo melhor sorte nas escolhas das películas. Na terça-feira, assisti ao iraniano " O Homem Que Comia Cerejas"- que não gostei tanto assim-  e ao italiano "A Pequenina". Esse sim, valeu a pena. Um pequeno filme, sem muitas pretensões, mas de uma sensibilidade...Não se vê aqui conflitos e nem é preciso. O filme se sustenta pela espotaneidade da atriz mirim- será que algum dos atores era parente dela?- e pelo carisma dos personagens.

Ontem, porém, os dois tiros foram certeiros. Primeiro vi o ótimo "Cúmplices" de Frederic Mermoud- que concorre ao Troféu Bandeira Paulista da Mostra-  uma co-produção França/Suíça. Um policial bem redondinho, com atores bem dirigidos e aquela vontade de estar na trama, ao lado deles. Destaque para o ator Gilbert Melki que vive o policial Heré Cagan (ele tem o mesmo jeitão de Al Pacino) e os jovens Cyril Descours (Vincent) e Nina Meurisse (Rebecca).

O segundo acerto no alvo foi "Shirin" de Abbas Kiarostami. Filme procuradíssimo nas filas das bilheterias "Shirin" é um exercéicio cinematográfico diferente. É muito mais um filme proposta que qualquer outra coisa. Mas que dá certo, na medida do possível. Apesar de uma certa evasão (contei cerca de 16 pessoas que deixaram a sal de projeção aolongo de seus 90 minutos), o novo filme de Kiarostami é interessante, à medida que o que se passa à nossa frente, nada mais e do que as reações de algumas dezenas de espectadoras numa sala de cinema, que veem ao clássico "Shirin".

Apenas entendemos a trama através das legendas e do som, além, é claro , das reações diversas que essas mulheres expõem a nós espectadores do lado de cá da tela. Até Juliette Binoche esta lá se emocionando com a clássica história iraniana escrita no século XII e o próprio Abbas também faz parte da platéia.
Mas o erro de Kiarostami e se alongar na história e de em ceros momentos, as reações da platéia tornar-se repetitiva. No entanto, vale como diferencial.

Texto: Suyene Correia

Legenda da Foto: Uma das espectadoras de "Shirin" de Abbas Kiarostami

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"A Fita Branca" Para Todos os Santos


Tenho muito o que contar sobre os filmes que assisti nesta 33a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mas para não me deter em filigranas ou mesmo falar de quem não merece (no caso, certos filmes), já que não tenho tempo a perder, irei aos fatos.

Já são quatro dias de evento e 12 filmes vistos. Já falei de alguns, mas os melhores até agora conferi  nos últimos dois dias. Destaque para "A Fita Branca"- grande sensação da Mostra, com sessões lotadas- e com direito a debate com o diretor de fotografia, Christian Berger. Filmado em preto e branco, o filme foi vencedor da Palma de Ouro deste ano e tem motivos de sobra.

Num vilarejo protestante no norte da Alemanha em 1913, às vésperas da I Guerra Mundial , uma série de acontecimentos bizarros começam a acontecer sem motivo aparente, envolvendo crianças num aparente ritual punitivo. O médico do vilarejo, a parteira, opastor e os camponeses são atingidos, cada qual de uma maneira diferente, instalando-se um clima de apreensão constante. O único que sai ileso da história é o professor da escola que, aos poucos, tenta desvendar o mistério.

Quem já viu outros filmes de Haneke, como "Funny Games", "A Professora de Piano", "Caché", entre outros, sabe como o diretor é hábil no que diz respeito a prender a atenção do espectador até o final da história com um clímax prá lá de eficiente. Mas parece que dessa vez, ele se superou. Pena que por conta de uma enxaqueca alimentar, não pude esperar pelo debate. Porém, não precisa conversar muito com Berger para saber que um dos seus ídolos é Sven Nykvist, diretor de fotografia de Ingmar Bergman. Estaria eu enganada?

Ontem, assisti ainda a  "Uma Vida Real"- último filho de Guillaume Depardieu, morto no ano passado por conta de uma pneumonia- e "O Menino Peixe", filme da badalada Lucía Puenzo, diretora de "XXY". Mas sinceramente, ambos bem comuns, sem muita coisa a dizer.

Hoje, meu dia foi premiado com os ótimos "Independência", um filme filipino que é um verdadeiro "achado"; "Samson e Delilah", filme australiano que ganhou o Prêmio Caméra d'Or deste ano, "Lágrimas de Abril", filme finlandês muito bem dirigido por Aku Louhimies e "Veneza Americana",um documentário de 1925, que mostra as obras de infraestrutura da cidade de Recife.
Apesar de mudo e com poucos recursos, este último vale pelo histórico, sendo um dos primeiros filmes da pioneira Pernambuco Film, produtora responsável pelo Ciclo do Recife.

Vou me deter um pouquinho no "Independência" porque esse se chegar a Aracaju, será uma verdaeira "independência" do nosso circuito cinematográfico. O filme esteticamente é um primor, porque apesar de estarmos em pleno século XXI, o diretor Raya Martin, vai buscar referências do início dessa arte, com uso de fundos pintados e uma narrativa prá lá de mítica.

Praticamente, o cenário se resume a uma floresta, onde uma mãe e o filho se refugiam, após a chegada dos americanos nas Ilhas Filipinas. Daí, o que vemos é o tempo passar e juntamente com ele, surgir uma série de acontecimentos em meio aquela selva toda, filmada belamente em preto e branco. Em meio às agruras do tempo -haja tempestades- uma nova família parece superar as dificuldades que a natureza impõe. O único inimigo, como sempre, é o próprio homem. Para detê-lo, só se libertando.

Logo mais, sigo com a maratona de exibições. Vamos ver as pérolas que ainda poderei assistir. Até mais...

Legenda da Foto 1: O diretor Warwick Thorton e os atores Marissa Gibson e Rowan McNamara no inesquecível "Samson e Delilah"

Texto: Suyene Correia