sábado, 29 de novembro de 2008

Curta Petrobras às Seis- O Retorno

Parece brincadeira, mas depois de postar a mensagem anterior, abro meu e-mail e me deparo com esta boa notícia: o retorno do Projeto Curta Petrobras às Seis.
A partir do dia 05 de dezembro, a programação: CURTA IMAGINÁRIO traz para os sergipanos os filmes "Até o Sol Raiá" de Fernando Jorge e Leanndro Amorim (PE); "Santa de Casa" de Allan Sieber (RJ); "Copo de Leite" de Jura Capela (PE) e "Um Caffé com o Miécio" de Carlos Adriano (SP).

O cinéfilo que acompanhar todas as programações do Curta Petrobras às Seis terá visto, gratuitamente, até o final da temporada, em novembro de 2009, 84 filmes, agrupados em programas temáticos, que permanecerão em cartaz durante 26 dias em cada cidade.

Nesta nova edição, além de Aracaju, o Curta Petrobras às Seis estará em cartaz em Niterói, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Juiz de Fora, São Paulo, Guarulhos, Brasília, Goiânia, Campo Grande, Natal, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, além de estrear nas cidades de Campinas, Santos e Vitória, totalizando 20 municípios e 22 salas.

Neste ano o projeto passa a contar com um site, que pretende, ao longo dos doze meses de exibição, ser um ponto de encontro de discussão do formato curta-metragem. O endereço é www.curtaasseis.com.br.

Só filmes, por favor...

Tem coisa mais chata do que ir para o cinema e aquele celularzinho tocar e o dono ficar falando com o indivíduo do outro lado, por minutos a fio? E a conversinha de pé do ouvido, do namorado (a) que fica explicando para o seu companheiro a trama extremamente engedrada da película?
Bom, senão bastasse tudo isso, agora a gente tem que aturar cerca de cinco ou seis propagandas que são veiculadas, obrigatoriamente, antes dos trailers.
Já que o multiplex anda arrecadando $ extra com publicidade, não seria a hora de baixar um pouco o preço da merenda ou do ingresso? Ai, que saudade do Canal 100!!!!
Existe uma lei para que antes de um longa, seja exibido um curta brasileiro. Alguém aí, já assistiu a algum filme nessas condições? Deixemos a publicidade para os outdoors, impressos, busdoor e TV. Que tal?

Texto: Suyene Correia

28a Bienal de São Paulo: Vazio Repleto ?


No próximo dia 06 de dezembro, será encerrada umas das mais polêmicas bienais paulistas. Considerada como a "Bienal do Vazio" por ter deixado o segundo piso completamente aberto, sem interferência de obras de arte- excetuando sua imponente arquitetura, claro- a 28a edição dividiu opiniões mais do que nunca.

Os pichadores sentiram-se atraídos e deixaram suas marcas no vão aberto logo no primeiro dia de visitação. Resultado: trabalho duro na segunda-feira, para que no dia seguinte, tudo estivesse limpo e sem as marcas do vandalismo.
Os visitantes acostumados ou não com o mega evento, depararam-se com um terceiro piso quase monocromático, com predominância da bege (cor dos suportes das obras e cadeiras ao redor de algumas delas) e sem a profusão de inventividade (ou a falta dela) comum às últimas bienais.

Os curadores Ivo Mesquita e Ana Paula Cohen justificaram a mudança radical, como um meio de se refletir com relação à produção artística da atualidade e a importância das bienais nos tempos atuais.

O problema é que para os debutantes em visitação de uma bienal (como eu) tornou-se uma grande frustração. Eu queria uma profusão de cores, de obras, de ousadia. Poucas foram as obras que me deixaram impactadas. Prá falar a verdade, quase nenhuma. Chamo a atenção da videoinstalação de Marina Abramovic; do Jornal Museumuseu de Mabe Bethônico; da instalação interativa de Armin Linke e da obra Song Remains The Same de Joe Sheehan.

Afinal, a crise é só de criatividade ou financeira também?
Bom, mas não há nada que seja de todo ruim. E o que percebi de ponto positivo nessa bienal, foi a programação paralela com exibição de filmes, conferências (não só com críticos de arte, mas também com alguns dos artistas participantes desta edição), performances e a transformação do piso térreo em um grande espaço de sociabilização.
Sorte daqueles que estão em São Paulo, podendo acompanhar tudo isso. Porém, para os outros que só puderam conferir a exposição propriamente dita (meu caso), fica o gostinho de que na trigésima edição, em 2010, o circuito das artes já tenha ganho um novo fôlego.

Foto 1: Videoinstalação que traz as magníficas performances da atriz Marina Abramovic

Foto 2: Contracapa da "Agenda do Fim dos Tempos Drásticos" de Javier Peñafiel

Texto: Suyene Correia


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Circuito Cultural BB traz Zuenir Ventura a Aracaju




Depois de quatro anos sem aportar em Terras de Ará, o Circuito Cultural Banco do Brasil, retorna a Aracaju, com uma programação cultural extensa- até a primeira quinzena de dezembro- onde música, literatura e cinema serão as artes contempladas.

Hoje, à noite, por exemplo, na Biblioteca Pública Epiphânio Dória, rolou um bate-papo interessantíssimo, com o jornalista e escritor, Zuenir Ventura (leia-se "Cidade Partida", "Inveja" e "1968: O Ano Que Não Terminou") promovido pelo projeto cultural do BB. Mediado pela jornalista Valéria Lamego, o encontro serviu não só para os presentes conhecerem o método de criação do escritor, como também, trocarem idéias sobre o futuro do jornalismo impresso, on-line, a reforma ortográfica, entre outras questões.
Apesar de um público reduzido (não sei onde as pessoas se escondem quando acontece uma oportunidade dessa), Zuenir e Valéria se mostraram contentes com o interesse dos espectadores. Para o escritor, que escreve semanalmente crônicas para o Jornal do Brasil, a experiência de participar dessa etapa do projeto em Aracaju (cidade que há muito tempo, não visitava) foi extremamente gratificante.
Ao final de duas horas de prosa bastante agradável, fica a constatação de que mais eventos dessa natureza, precisam acontecer em nossa capital. Quem sabe assim, a freqüência de eventos consiga formar mais adeptos de programas inteligentes como este.
Que o Banco do Brasil não se esqueça mais da gente e que também receba o devido apoio do poder público, a fim de tornar possível a inserção de Sergipe no roteiro cultural da instituição.

Oxalá aconteça!!!


Foto 1: Ventura e Valéria Lamego (Crédito: Renata Ouro)

Foto 2: Zuenir Ventura e a jornalista que vos escreve (Crédito: Renata Ouro)

Suyene Correia




quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Garota Prodígio??!! Ela não é o Robin...

Pessoal, como estou de férias do jornal, ando um pouco preguiçosa para escrever. Assunto não falta, mas coragem... Pois bem, aqui estou para discutir um assunto não tão novo assim, mas que também não é velho o bastante para ser descartado.
Trata-se do talento (ou a 'falta de') dessa adolescente chamada Mallu Magalhães. Desde que li a ENORME matéria com o título "Revolucionária aos 16 Anos", publicada na BRAVO ! do mês passado, que eu queria dedicar algumas linhas do Bangalô Cult para o trabalho dessa "garota prodígio" (é o que dizem por aí).
E porque li tantos elogios à mesma, decidi conferir o que é que esta multiinstrumentista (quantos instrumentos ela sabe tocar de fato?) tinha de tão revolucionário para sair em meio mundo de espaços midiáticos.
A resposta? Nada de mais. Nadica de nada. Ouvi as canções de sua autoria no myspace e a cada click, para abrir um novo aquivo de música, eu caía na risada. Ria da minha própria estupidez, em acreditar que tanto barulho poderia resultar em algo significativamente pulsante.
A vozinha de Mallu ( similar, mas inferior à da vocalista do grupo Frente- confira no youtube alguns clipes da banda) cantando "Tchubaruba", "Don't Look Baby", "J1", entre outras, só me convence de uma coisa: de que a garota deve ter escutado muitos discos do pai, colocado tudo no multiprocessador e....... T_C_H_U_M. Referências mil, autenticidade zero.
Mas a massa prefere o multiprocessador ao velho liquidificador com hélices extremamente cortantes. Nesse "País das Maravilhas", quem canta em 'silêncio' como Mariene de Castro, Ná Ozetti, Eliana Printes, Nilze Carvalho, Teresa Cristina, Mônica Salmaso, Ithamara Koorax, Bebel Gilberto, só para citar algumas vozes femininas, é que vale a pena ser ouvida.
Você por acaso já comprou um CD de alguma delas ou conferiu um clip no youtube? Tá esperando o quê?

Suyene Correia

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Galeria de Arte da Mostra Aracaju abriga exposição de Ricardo Teixeira




Ontem, foi aberta mais uma exposição na Galeria de Arte da Mostra Aracaju, sob a curadoria de Sayonara Viana. Trata-se de Sempre Juntos..., mostra que traz trabalhos do paulistano Ricardo Teixeira, figura de destaque nacional entre os que participam da Off Bienal de São Paulo.
Os trabalhos de Teixeira podem soar estranho aos que só conhecem o que é produzido no meio artístico local. Mas ao mesmo tempo, o cuidado com que o artista teve em ser minimalista e aproximar sua arte do visitante, faz com que os mais conservadores não se esquivem dos seus casulos enclausurados.
Alguns dos trabalhos dessa mostra fizeram parte da exposição Na Ausência da Consciência, que esteve em cartaz no final de 2006, na B&L Galeria de Arte em Salvador, mas para a maioria dos visitantes da Galeria de Arte da Mostra Aracaju, soarão inéditos.
Projetada pelo arquiteto Murilo Lacerda, a galeria abriga até a próxima quarta-feira, Sempre Juntos...

Texto: Suyene Correia

Foto 1: A coordenadora da Mostra Aracaju, Mercês, o arquiteto Murilo Lacerda, Sayonara Viana e Ricardo Teixeira (Crédito: Júnior Nascimento)
Foto 2: O poeta, Araripe Coutinho, Ricardo Teixeira, a jornalista Renata Ouro e a jornalista que vos escreve (Crédito: Júnior Nascimento)

Itaú Cultural abriga "Cinema Sim- Narrativas e Projeções"






Até o dia 21 de dezembro, quem for a São Paulo, não pode deixar de visitar a exposição em cartaz no Instituto Itaú Cultural (localizado na Av. Paulista, 149) que aborda a instalação- filme, linguagem que potencializa a relação histórica do cinema com as artes visuais.

Na exposição "Cinema Sim-Narrativas e Projeções", o espaço expositivo integra-se ao espaço fílmico e vice-versa e dessa imbricação de funções surge uma expansão sobre o que se entende e se define por cinema.

Vários trabalhos presentes nesta exposição me chamaram a atenção. O primeiro deles foi o vídeo 89 Seconds at Alcázar de Eve Sussman & Rufus Corporation que cria os momentos anteriores e seguintes à cena retratada na obra As Meninas de Velázquez. A video-artista participou de um seminário- Ainda Cinema- ligado à exposição, e contou como surgiu a idéia de compor esse vídeo.

Também presente nesta mesa, estavam o Hiraki Sawa, um japonês que mora em Londres, e através de suas coleções de pequenos objetos, como aviões e cavalos de balanço, cria trabalhos surreais. É o caso de Going Places Sitting Down, em que cavalinhos de balanço ganham vida e se deslocam pelo ambiente da residência, em cenas inusitadas.

Completando a mesa, estava Anthony McCall, que discorreu sobre You and I, Horizontal III , uma das instalações da série Solid Ligth Films que o artista desenvolve desde 1973.

Também fiquei estupefata com as máquinas de projeção Repellus de Peter Fischer, em que a imagem de um vídeo é projetada em uma espécie de chuva de gotas de vidro e I Fly II do mesmo inventor, em que uma imagem é projetada numa bruma de vapor. Ao todo são 11 artistas com obras instigantes que nos faz perceber o cinema-arte, sob um novo olhar.

A exposição se completa com a "Mostra O Visível e O Invisível" que prossegue até o dia 23 de novembro, com exibição de trabalhos de 18 artistas, entre os quais Gustav Deutsch, Jenny Perlin, Patrícia Esquivias, Fiona Tan, entre outros.

A programação é gratuita, sendo que para assitir aos trabalhos da "Mostra O Visível e O Invisível" é preciso retirar o ingresso na bilheteria com meia hora de antecedência.

Mais informações pelo site http://www.itaucultural.org.br/

Foto 1: Frame de 89 Seconds at Alcázar de Eve Sussman
Foto 2: Projetores inusitados de Peter Fischer

Texto: Suyene Correia




terça-feira, 4 de novembro de 2008

O "The Best" da Mostra de Cinema

Se os internautas se atentarem para a minha primeira postagem sobre a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, logo quando cheguei a Sampa, vão perceber que fiquei devendo minhas considerações sobre os filmes que assisti no segundo dia de minha estadia por lá.
Justamente, no sábado, dia 25 de outubro, assisti ao The Best da minha lista, "O Estranho Em Mim", de Emily Atef.
Coincidentemente, foi o vencedor da 32a Mostra de Cinema, escolhido pelo Júri Internacional. O filme trata de depressão pós-parto como nunca vi antes, abordado num cinema. Mérito não só da jovem diretora, mas também da estupenda atriz, Susanne Wolff- vencedora do prêmio de Melhor Atriz, concedido pelo Júri Oficial- que encarna Rebecca, a mãe de primeira viagem que rejeita seu filho, poucos dias depois do nascimento.
Sua aversão ao bebê se estende ao marido, Julian, e daí em diante, Rebecca mergulha num mar revolto onde a angústia, o medo e o ódio se misturam. A partir do momento que a depressão é diagnosticada, Rebecca inicia um tratamento, mas para conquistar a confiança do marido e de sua família, o percurso será árduo.
Outro filme que me marcou muito neste festival, foi o documentário "Só Dez Por Cento é Mentira", de Pedro Cezar. O cineasta teve a feliz idéia de enfocar a poesia do mato-grossense Manoel de Barros, de uma maneira pouco trivial (em se tratando de um documentário) e bastante poética.
Ao invés de uma enxurrada de depoimentos, o espectador se deleita com a poesia desse nonagenário, que apesar de já ter lançado cerca de 20 livros e ser o poeta brasileiro que mais vende, ainda é pouco conhecido.
Impressionante como a sessão que conferi, não tinha muita gente. Já a seguinte, quando foi exibido "Loki-Arnaldo Baptista" de Paulo Henrique Fontenelle, sobre a vida do ex-Mutantes, o cinema de 205 lugares, ficou visivelmente, sobrecarregado.
Nada contra a figura de Arnaldo Baptista, mas que "Só Dez Por Cento é Mentira" é infinitamente superior, isso é.
Quando puderem, confiram.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

"CHE" mobiliza crítica e público na Mostra de Cinema de SP




Se teve um filme disputadíssimo nessa 32a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ele se chama "Che". O filme dirigido por Steven Soderbergh e produzido por Laura Bickford, que traz o ator porto-riquenho, Benício Del Toro, encarnado o guerrilheiro argentino foi exibido no último dia da Mostra (quinta-feira passada), pela primeira vez no Brasil em sessão aberta ao público. Na terça-feira anterior, houve sessão reservada para imprensa em uma sessão quase lotada. A maioria dos colegas jornalistas, que eu havia conhecido em Paulínia, por conta do I Festival Paulínia de Cinema, estavam surpresos com a adesão dos veículos de comunicação.
O filme que tem quatro horas de duração e foi dividido em duas partes ('Che' e 'Guerrilha'), com um intervalo de meia hora entre as duas exibições, causou-me enfado.
Não é que o filme seja ruim, pelo contrário. A direção de Soderbergh, as atuações de Del Toro e dos atores coadjuvantes, sobretudo Santoro (Raúl Castro), Demián Bichir (Fidel Castro) e Jorge Perugorría (Joaquín), fazem jus à expectativa toda criada em torno da película.
O problema é que o filme é um tanto didático, por vezes, verborrágico, e transcorridas três horas de exibição, a vontade que dá é de sair do cinema.
Terminei fazendo isso por outras razões (tinha outro filme programado para 13h30) e saí no meio da segunda parte- "Guerrilha" que parecia ser mais emocionante que a primeira. De qualquer forma, quando questionei os colegas dois dias depois na coletiva, o que acharam, a palavra "cansativo" perpassou em todas as opiniões. Excetuando Rosário Caetano que amou o filme e teceu elogios em seu "Almanakito", não ouvi tantas rasgações de seda assim.
Na coletiva ocorrida na manhã da última quinta-feira, tivemos a presença de Benício Del Toro, Rodrigo Santoro e a produtora Laura Bickford. Antes do blá-blá-blá, aconteceu a sessão de fotos e penei para conseguir bons registros em meio a um turbilhão de flashes. O problema é que não tínhamos autorização para fotografar durante a coletiva, e decidi seguir à risca a regra estabelecida, ainda que alguns ousados, tenham quebrado a regra pouco minutos depois.
Enfim, a conversa foi interessante, com Rodrigo contando como convenceu Soderbergh a colocá-lo no elenco, a estadia de um mês e meio em Cuba, para conhecer a cultura daquele país e o intensivão que fez com um professor cubano, residente em Petrópolis, a fim de aprender o espanhol peculiar da terra de Fidel.
Já Del Toro disse que a principal diferença entre esta película e as outras que abordaram o mito Che, é que esta tem Santoro (fazendo uma piada). Com um tom mais sério, explicou o trabalho de pesquisa exigido para este filme (cerca de cinco anos) bem como sua personificação com relação ao médico argetino que se transforma em guerrilheiro. Trabalho que lhe rendeu a Palma de Ouro em Cannes de Melhor Ator.
Bickford explicou porque o filme não pôde ser rodado em Cuba, bem como foram escolhidas as locações (México, EUA, Espanha e Bolívia). Disse ainda, que o casting foi escolhido, mesclando nomes já tarimbados, com novos atores latinos. E ainda acrescentou que se o filme não fosse subsidiado pela espanh, dificilmente sairia do papel.
Em fevereiro a primeira parte do filme deverá ser lançada nacionalmente, ficando a segunda parte para o mês de março. Agora, é esperar para revê-lo (na íntegra).


Fotos e Texto: Suyene Correia

domingo, 2 de novembro de 2008

"O Estranho Em Mim" conquista Prêmio da Mostra







Foi encerrada na noite da última quinta-feira, a 32a edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O evento, que aconteceu no Sesc Pinheiros, contou com um público expressivo que praticamente lotou as dependências do Teatro Paulo Autran. O ator Serginho Groissman, juntamente com os organizadores da Mostra, Leon Cakoff e Renata de Almeida, comandaram a entrega dos prêmios aos melhores desse ano.
O grande vencedor da noite, escolhido por unanimidade pelo júri internacional, foi o filme alemão “O Estranho Em Mim” de Emily Atef. Enfocando um tema difícil- a depressão pós-parto- a diretora conseguiu sensibilizar o público e os jurados com o drama vivido pela mãe (magistralmente vivido pela atriz Susanne Wolff) que rejeita seu filho recém-nascido e desenvolve uma aversão concomitante ao marido.
Apesar de não terem sido mães, ainda, Atef e Wolff devem ter feito uma pesquisa sem igual sobre o assunto, pois a impresão que se tem ao sair da sala de cinema, é que ela ou Wolff vivenciaram uma experiência similar. Atriz de teatro, mas estreante no cinema, Susanne Wolff foi premiada na categoria de Melhor Atriz na Mostra Internacional de Cinema.
O troféu Bandeira Paulista, idealizado por Tomie Othake, foi entregue à diretora pelo ator Benício Del Toro que estava no palco juntamente com Rodrigo Santoro e Laura Bickford (produtora do filme “Che” em que os atores participam e teve pré-estréia durante o festival).

Os amigos pernambucanos Marcelo Pedroso e Gabriel Mascaro saíram da cerimônia rindo à toa. Diretores do documentário inusitado, “KFZ-1348”, eles ficaram com o Prêmio Especial do Júri na categoria Documentário. O título do filme se refere à placa de um fusca azul, fabricado em 1965. Os rapazes depararam-se com o velho automóvel em Recife e decidiram pesquisar a histórias dos ex-donos do carro.

Depois de um ano e meio de pesquisa, chegaram aos nomes dos ex-proprietários, partindo de São Paulo até chegar a Pernambuco. Gabriel e Marcelo, no entanto, chamam a atenção de que o fusca é apenas um vetor para mostrar o universo dos personagens. Para ambos, a história do filme começa com esse prêmio da Mostra e pretendem exibir o filme em outros festivais. Com produção de João Jr. (mesmo produtor de “Cinema, Aspirinas e Urubus”), “KFZ-1348” dará ainda muito o que falar.
Os outros premiados da Mostra foram, “Aquele Querido Mês de Agosto” de Miguel Gomes (Prêmio da Crítica); “Verônica” de Maurício Farias (Prêmio Juventude). Os premiados pelo público foram: Jodhaa Akbar de Ashutosh Gowariker (Melhor Longa- Metragem Estrangeiro de Ficção); Youssou Ndour: I Being What I Love” de Elizabeth Chai Vasarhelyi (Melhor Documentário Estrangeiro); Lóki- Arnaldo Batista” de Paulo Henrique Fontenelle (Melhor Documentário de Longa-Metragem Brasileiro) e “apenas o Fim” de Matheus de Souza (Melhor Longa Brasileiro de Ficção).
O Júri Oficial de Médias e Curtas-Metragens apontou como Melhor Curta-Metragem Internacional “Death Valley Superstar” de Michael Yaroshevsky; o Melhor Curta-Metragem Brasileiro ficou para “Monkey Joy” de Amir Admoni; melhor Média-Metragem Brasileiro para “Bode Rei, Cabra Rainha” de Helena Tassara e foi concedida uma Menção Honrosa para “Vidas no Lixo” de Alexandre Stockler.
O Júri Oficial de Documentários por sua vez concendeu Menção Honrosa a “Conhecendo Andrei Tarkovsky” de Dimitry Trakovsky e escolheu “Crianças da Pira” de Rajeh S. Jala como Melhor Documentário. Os filmes “Apenas o Fim”, “Monkey Joy e “Bode Rei, Cabra Rainha” receberam o Prêmio Teleimage de Finalização.
A cerimônia de premiação foi encerrada com o show insosso da atriz e cantora Maria de Medeiros. O espetáculo parecia algo experimental, de modo que foi difícil segurar o público até o final. Mas no todo, o saldo da Mostra foi muito bom em termos de qualidade dos filmes, bem como por conta da sua programação paralela, em que se destacaram os encontros com diretores e produtores, além dos "Filmes da Minha Vida", onde participaram entre outros, Hector Babenco, Marcos Bechis, Daniela Thomas, Leon Cakoff.

Legenda da Foto 1: A diretora Emily Atef arrebatou o Prêmio de Melhor Filme para o seu “O Estranho em Mim”
Legenda da Foto 2: Os amigos e diretores pernambucanos pós-premiação de “KFZ-1348”
Legenda da Foto 3: Leon, Renata e Serginho comandam a cerimônia de encerramento da 32a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Fotos e Texto: Suyene Correia (exceto a primeira foto/divulgação)