sexta-feira, 13 de novembro de 2015

TOP 6 da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


"O Botão de Pérola": um dos melhores da 39a Mostra 

Oficialmente, a 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, encerrou suas atividades no dia 4 de novembro, mas, a já tradicional “repescagem”, contando com 27 títulos, foi encerrada na última quarta-feira, no acender das luzes da sessão de “A Grande Guerra” de Mario Monicelli, no CineSesc. Para quem desconhece, a “repescagem” é uma espécie de segunda chance que o evento cinematográfico paulista promove para os cinéfilos que não conseguiram conferir determinados títulos. Geralmente, esses filmes são os mais populares, mas também o espaço é dado para aqueles que, por alguma razão, não puderam ser exibidos na programação normal, caso do dinamarquês “Guerra” de Tobias Lindholm (inclusive, estava na minha lista inicial, mas tive que substituí-lo pelo “Nômade Celestial”, uma grata surpresa do Quirguistão).

Pena que eu voltei dois dias antes da Mostra acabar, porém, nos 11 dias de maratona, pude assistir a 42 filmes, das mais diversas nacionalidades e um punhado de títulos premiados, que tiveram os ingressos disputados pela crítica e pelos cinéfilos. Mas nem todos atenderam às expectativas do público. Alguns foram bem decepcionantes, como o vencedor da Palma de Ouro em Cannes, “Dheepan- o Refúgio” de Jacques Audiard; o brasileiro “Boi Neon” de Gabriel Mascaro, vencedor do Festival do Rio e Prêmio Especial do Júri na Mostra Horizontes; “A Ovelha Negra” de Grímur Hákonarson, vencedor da Mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes e “A Bruxa” de Robert Eggers, que foi bastante elogiado no Sundance Festival.

Na verdade, não teve um título que me “desestruturasse” (no bom sentido). Dois ou três filmes muito bons, alguns medianos e tantos outros desastrosos. A seleção de filmes que fiz, seguiu, basicamente, os seguintes critérios: premiação em festivais e diretores que eu já conhecia a filmografia e aprovo. Depois, foi na base das sinopses e trailers mais instigantes. O legal mesmo, é com o passar dos dias, você trocar ideias com os cinéfilos e colegas críticos. De repente dá para trocar “o certo pelo duvidoso”, mesmo assim, não dá para combinar seu gosto com o de todos, não é mesmo ?

Longe de querer criticar filmes de forma mais incisiva- como eu poderia fazer com os fracos “O Verão de Sangaile”, “A Jornada de Chasuke”, “Kurai Kurai” e “A Anos-luz”-, irei me deter nos seis títulos mais interessantes da minha modesta lista: “O Botão de Pérola” de patrício Guzmán, “O Filho de Saul” de László Nemes, “Desde Allá” de Lorenzo Vigas, “Pardais” de Rúnar Rúnarsson, “Ixcanul” de Jayro Bustamante e “O Culpado” de Gerd Schneider. Farei uma série de seis postagens, para analisar cada um separadamente.

Disparado “O Botão de Pérola” do chileno Patricio Guzmán é o mais elaborado de todos. Eu já tinha ficado impressionada com o primeiro filme de sua nova trilogia documental sobre a ditadura, “Nostalgia da Luz” (2010), em que faz um belo paralelo entre as descobertas empreendidas pelos astrônomos que trabalham no Deserto do Atacama e o grupo de mulheres abnegadas, que exploram o solo desse mesmo deserto, atrás de ossadas dos desaparecidos durante a Ditadura de Pinochet. Agora, em “O Botão de Pérola”, segundo filme dessa trilogia, Guzmán viaja ao extremo sul do Chile, na região da Patagônia atrás dos últimos remanescentes de etnias indígenas que habitaram o lugar inóspito até o final do século XIX. Nessa época, um nativo foi levado para a Inglaterra em troca de alguns botões. Seu nome ficou sendo Jemmy Button e ele simbolizou a derrocada das civilizações ancestrais daquele lugar, que começaram a ser dizimadas por navegadores e colonos criadores de gado.

Guzmán, então, avança várias décadas e mostra como no governo de Salvador Allende (1970-1973), os poucos nativos do sul do país conseguem alguma voz. Ao mesmo tempo, logo após a tomada do governo, pelo general Pinochet, as terras distantes do sul, mais precisamente, a ilha de Dawson, vai servir de prisão para vários que se rebelavam contra a Ditadura. O diretor também aborda como as forças armadas se desfizeram de centenas de corpos no Oceano Pacífico. Partindo do caso específico do corpo de uma mulher, vítima de tortura e encontrada numa praia, ele alinhava a história do botão de pérola daquele nativo que não conseguiu se readaptar à sua terra natal com a de outro botão, encontrado no fundo do mar, preso a um dos trilhos de trem, que servia de peso para afundar os corpos dos  desaparecidos políticos. 

Com maestria, Guzmán sabe narrar como ninguém, as histórias dolorosas do Chile com poesia e rara beleza. Obrigatório!

    

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Festival de Artes Cênicas 2015 prossegue até 13 de setembro

Vulcão_foto Manoela Veloso_http://bangalocult.blogspot.com
"Vulcão": hoje, às 20h, no TTB


Senhora dos Restos_foto de maria Odília_http://bangalocult.blogspot.com
Isabel Santos interpreta "Senhora dos Restos"

Começa hoje, mais uma edição do Festival de Artes Cênicas, promovido pela secretaria de Estado da Cultura juntamente com o Instituto Banese. O evento, que envolve o V Festival Sergipano de Teatro  e a IX Semana de Dança, também contempla espetáculos circenses e prossegue até o dia 13 de setembro, com apresentações gratuitas nos teatros Atheneu, Lourival Baptista e Tobias Barreto; Museu da Gente Sergipana; Viaduto do DIA e Praça Fausto Cardoso.


Ao todo, foram contemplados 29 projetos, sendo três de circo, sete de dança e 19 de teatro. Será uma ótima oportunidade para o público rever alguns espetáculos- a exemplo de "O Amor de Filipe e Maria e a Peleja de ZeRRamo e Lampião", "Ananse, uma Lenda Africana", "Vulcão" e "Senhora dos Restos" ou conferir pela primeira vez. 

Na abertura, de logo mais, às 20h, no Teatro Tobias Barreto, a atriz Diane Veloso apresentará o monólogo "Vulcão". O texto escrito pela dramaturga Lucianna Mauren foi elaborado a partir de fragmentos da vida da própria atriz, mas não apenas por isso, pois seus acontecimentos e sentimentos foram sublimados em uma narrativa não cronológica com intensa carga poética. O espetáculo dirigido por Sidnei Cruz ficou em cartaz durante os últimos três meses, na Intera- Arte Economia Criativa.


Para quem não viu ainda "Senhora dos Restos", monólogo interpretado pela atriz Isabel Santos, o espetáculo será apresentado amanhã, a partir das 20h, no Teatro Lourival Baptista. Trata-se da história de uma idosa, moradora do Mercado Municipal de Aracaju, que ao longo de 50 minutos, apresenta um discurso carregado de conteúdo social, onde a fome, a miséria, a valorização da mulher e o respeito ao meio ambiente terão destaque.

Com texto de Euler Lopes e direção de Iradilson Bispo,"Senhora dos Restos" estreou em agosto, do ano passado no Teatro Atheneu, ficou três meses em temporada na Casa da Rua da Cultura e abriu a Temporada Mariano de Artes Cênicas desse ano.

Fique por dentro dos outros espetáculos contemplados:


UM QUE DE NEGRITUDE- "ÁGUAS" (01/09, às 20h, Atheneu)

TRÊS MARIAS- ÁGUAS" (13/09, às 19h40, Viaduto DIA)

CIRCO GOLD STAR- "CIRCO GOLD STAR: A ARTE NO PICADEIRO" (09/09, às 18h, no Circo Fernando Collor)

CIGARI- CIA DE ARTES INTEGRADAS- "O CIRCO SEM LONA"

CIA NELSON SANTOS- "SENTIDO PRÓPRIO" (04/09, às 20h, Tobias Barreto)

ESPAÇO LISO DE DANÇA- "DEVIR" (30/08, às 21h, Atheneu)

CIA DE DANÇA LOUCURAT- "A ROSA E O VENTO" (03/09, às 20h30, Atheneu)

CIA CONTEMPODANÇA- "RITUAL DE FOGO" (02/09, às 21h, Tobias Barreto)

JULIA MINHA DANÇA- "DOMUM" (13/09, às 20h, Tobias Barreto)

IRMÃOS DE RUA- "DESABAFO" (03/09, às 20h, Atheneu)

CIA CARPE DIEM- "SERGIPE MINHA TERRA" (04/09, às 21h, Tobias Barreto)

COMPANHIA UAAAU!- "BR 00 - SALTIMBANCOS NA ESTRADA" (30/08, às 17h, Atheneu)

MAIA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS- "ANANSE, UMA LENDA AFRICANA" (28/08, às 17h, Atheneu)

QUIPROCÓ (MG)- "TRÊS FLORES" (28/08 e 29/08, às 21h, Atheneu) 

GRUPO MONTECOURT DE TEATRO- "O CHÁ" (31/08, às 21h, Atheneu)

COMPANHIA PONTO DE TEATRO- "FAZ DE CONTA" (10/09, às 16h, Museu da Gente)

CIA STULTIFERA NAVIS- "O DOENTE IMÁGINÁRIO" (06/09, às 20h, Tobias Barreto)

COLETIVO NOSNAESTRADA- "NA CENTRAL DO BRASIL" (08/09, às 20h, Atheneu)

GRUPO DE TEATRO A TUA LONA- "MENINA MIUDA" (13/09, às 20h30, Tobias Barreto)

GRUPO TEATRAL BOCA DE CENA- "COMO NASCE UM SANTO" (02/09, às 16h, Pça. Fausto Cardoso)

EITCHA COMPANHIA DE TEATRO- "DANDO NÓ EM PINGO D'ÁGUA" (01/09, às 16h, Pça. Fausto Cardoso)

TEATRO DE CORDEL DA RABECA- "O AMOR DE FILIPE E MARIA E A PELEJA DE ZERRAMO E LAMPIÃO" (09/09, às 16h, Museu da Gente Sergipana)

CÉSAR LEITE- BOI DE BARRO FRAGMENTOS (29/08, às 20h, Atheneu)

CIA DE TEATRO HISTÓRIA EM CENA- "CONTO DE GRIÔ: CABANA PAI THOMAZ" (27/08, às 21h, Atheneu)

CIA COBRAS E LAGARTOS- "DESCORTINANDO SERGIPE" (10/09, às 16h30, Museu da Gente)

GRUPO DE TEATRO OITEIROS- "FARRATATAIA SERGIPANA" (11/09, às 16, Museu da Gente Sergipana)

CIA DE TEATRO VINHO E ALMA (SP)- "PASSAGEM DAS HORAS" (11 e 12/09, às 20h, Lourival Baptista)

MAMULENGO DE CHEIROSO- "O FILHO DA FIGUEIRA" (08/09, às 16h, Atheneu)

CIA NOVA ERA- "ENIGMA" (02/09, às 20h, Tobias Barreto)

IMBUAÇA- "A FARSA DOS OPOSTOS" (03/09, às 16h, Pça. Fausto Cardoso)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Café Pequeno lança CD "Voz de Dentro"

Já não era sem tempo. Quando foi mesmo que o Grupo Café Pequeno lançou o primeiro disco ? Não lembro bem, mas parece que foi em 2009, quando tivemos  oportunidade de colocar no CD Player  "Café Pequeno na Cozinha de Badyally" que trazia composições autorais, entre outras releituras de clássicos da MPB. 

Passados seis anos (que parecem uma eternidade), eis que Guga Montalvão (violão), Julio Rego (gaita) e Pedrinho Mendonça (percussão) prometem um grande show de lançamento do segundo CD, "Voz de Dentro", amanhã, às 19h, no auditório do Museu da Gente Sergipana. O disco, na verdade, foi lançado virtualmente em março desse ano, mas os rapazes decidiram se render ao produto "físico" e realizar uma apresentação especial.

Para quem ainda não teve a oportunidade de ouvir o material fonográfico, a filosofia é a mesma do disco de estreia: compor músicas universais, com o tempero sergipano. As referências e homenagens são muitas, passando por Guinga ("Nó na Garganta"), Cobra Verde ("Cobra e o Duende"),  João Rodrigues ( "O Comodista"), Dona Nadir ("Brincante") e Arthur Bispo do Rosário (faixa homônima).

O Museu da Gente Sergipana localiza-se à av. Beira Mar, 398 e a entrada é gratuita.

Grupo Bagaceira de Teatro apresenta "Interior" em Aracaju


Grupo Bagaceira de Teatro_Estúdio Pã_foto Henrique Kardozo_http://bangalocult.blogspot.com


Grupo Bagaceira de Teatro_Estúdio Pã_foto Henrique Kardozo_http://bangalocult.blogspot.com
Bagaceira de Teatro apresenta "Interior" no Espaço Imbuaça 

O Grupo Bagaceira de Teatro apresenta hoje, às 18 e 20h, no Espaço Imbuaça, o espetáculo "Interior" fruto de uma pesquisa de dois anos por quatro cidades do  Ceará ( Beberibe, Icó, Itarema e Tauá). Nessa imersão, o Grupo encontrou brincantes de reisado, atores de teatro e índios e produziu  um trabalho muito especial, que teve como parceiros, o ator do Theatre Du Soleil ,Maurice Durozier e a atriz e diretora paulista Georgette Fadel.  

Como seria impossível dar conta de tantas histórias lindas, o Bagaceira resolveu trazer para a cena duas velhinhas que insistem em não morrer. Essas velhinhas já cruzaram diversas gerações e sabem tudo a respeito da vida. Elas, sim, dão conta de todas as histórias possíveis e impossíveis.

O resultado é um espetáculo irreverente e ao mesmo tempo singelo. Cheio de afeto, que nem o bolo das avós. Uma peça que busca aconchegar, fazendo com que o público se sinta em casa. Uma homenagem do Grupo Bagaceira de Teatro aos artistas e à cultura do interior.

Com texto de Rafael Martins, direção de Yuri Yamamoto e um elenco contando com Samya de Lavor, Tatiana Amorim, Rafael Martins e Rogério Mesquita, "Interior" representou o Brasil na Quadrienal de Praga 2015, o maior evento de cenografia do mundo e agora, chega a Aracaju, em duas únicas apresentações gratuitas. O Espaço Imbuaça localiza-se à rua Muribeca, 4- Bairro Santo Antônio.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Zezita Matos, naturalmente, Atriz



Zezita Matos_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com
A atriz Zezita Matos passou duas semanas em Aracaju...
Foi no Curta-SE do ano passado, após a sessão de "A História da Eternidade", que tive o prazer de trocar rápidas palavras com a atriz paraibana Zezita Matos. Juntamente com a atriz cearense Débora Ingrid, ela tinha vindo a Aracaju, a fim de representar o filme do diretor pernambucano Camilo Cavalcante, que competia na Mostra de longa-metragem. Porém, devido a compromissos, em João Pessoa, Zezita viajaria na madrugada do dia seguinte, frustrando minha expectativa de entrevistá-la, naquela ocasião.

Ao final do festival, ambas foram premiadas com o troféu Ver ou Não Ver, por conta de suas atuações em "A História da Eternidade", mas para mim, não foi nenhuma surpresa a tarimbada "Primeira Dama do Teatro" (ela prefere ser chamada de "Operária do Teatro"), acumular mais um troféu na estante, tendo em vista suas performances nos longas "Mãe e Filha" de Petrus Cariry, "O Céu de Suely" de Karim Aïnouz e o curta-metragem "Azul" de Eric Laurence. Eis que o tempo conspirou a meu favor e, quase um ano depois, Zezita me avisa que está retornando à capital sergipana, para apresentar "Memórias de um Cão", novo espetáculo do Coletivo de Teatro Alfenim, do qual faz parte há nove anos.

Não só eu teria a chance de vê-la em cena, como também de realizar a tão esperada entrevista. No espetáculo dirigido por Márcio Marciano, baseado nas obras "Quincas Borba" e "Memórias Póstumas de Brás Cuba" de Machado de Assis, Zezita explora sua versatilidade, interpretando várias personagens, em participações pontuais, porém marcantes. Mesmo para quem nunca viu outro trabalho da atriz antes, seja no teatro ou no cinema, não tem como negar a potência do seu olhar, do seu gestual. Herança adquirida de uma vida dedicada a arte de interpretar, que começou em 1958,  no Teatro Santa Rosa, interpretando "Prima Dona" de José Maria Monteiro e, pelo jeito, está longe de acabar.

Nossa conversa aconteceu no hotel onde os atores do Coletivo Alfenim ficaram hospedados durante duas semanas. Em pouco mais de uma hora e meia, Zezita traçou sua trajetória artística, elencando importantes papéis do seu vasto currículo e discorreu sobre política, educação, cinema, literatura e família.  Em 57 anos de exercício da arte de interpretar, ela acumula 36 espetáculos, pouco mais de uma dúzia de filmes, entre longas e curtas-metragens e uma infinidade de prêmios.  O cinema, porém, entrou com força total na sua vida, em 1999, quando Marcus Vilar a convidou para atuar em "A Canga". Antes, ela só havia trabalhado com Walter Lima Jr., em 1965, no longa-metragem "Menino de Engenho". Sobre a participação nesse filme de estreia de Lima Jr, como uma das costureiras de Maria Menina (Anecy Rocha), Zezita revela um fato inusitado durante a seleção. 

"O pessoal que iria escolher as atrizes, havia marcado um determinado horário, mas chegou muito tempo depois. Minhas colegas, à medida que foram sendo chamadas para o teste, interpretavam o texto decorado, que tinha sido dado pela produção. Na minha vez, eu reclamei da demora deles, perguntei o que eles pensavam que a gente era, para esperar tanto, enfim, improvisei. E desse improviso, desse desabafo, terminei sendo selecionada. Para mim, foi uma enorme felicidade, não só pelo fato de trabalhar com nomes como Walter Lima Jr., Anecy Rocha, Maria Lúcia Dahl, mas também, pela oportunidade de voltar a Pilar, minha terra natal e locação das filmagens", explica a conterrânea de  José Lins do Rego.

Atriz Zezita Matos_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com
... com a peça "Memórias de um Cão" do Coletivo Alfenim...  
Na cidade em que nasceu, distante 55 km de João Pessoa,  Severina de Souza Pontes, ou melhor, Zezita Matos morou até os seis anos de vida. Mudou-se, então para Campina Grande, onde estudou no Colégio das Damas (um colégio de freiras, com regime de internato) até os 16 anos. Em 1957, mudou-se para João Pessoa, estudando, inicialmente,  no Lins de Vasconcelos para, no ano seguinte, ingressar no Liceu.  Em agosto, conheceu o cenógrafo Breno Matos (seu futuro marido), que não só a levou para o teatro, mas também, para o Partido Comunista (ela chegou a ser secretária das Ligas Camponesas).  "Contrariando o dito que "agosto é o mês do desgosto', tenho muito o que comemorar, nesse mês. Além do meu aniversário", conta.

A carreira no teatro iniciou no Grupo Popular de Arte, ainda no final dos anos de 1950 e, a partir de 1964,  integrou outros grupos, como o de Cruz das Almas e do Teatro Santa Rosa. No início dos anos de 1980, Zezita se tornaria a primeira mulher a dirigir o Teatro Santa Rosa, ganhando o epíteto do amigo Everaldo Vasconcelos de "Primeira Dama do Teatro". Concomitantemente, à carreira de atriz, Zezita sempre esteve ligada à área de educação, tendo se graduado em Letras e administrado instituições de ensino estaduais.

"Meu  pai permitiu que eu fizesse teatro, contanto que eu me formasse e tivesse uma profissão paralela. Selei esse compromisso com ele e, de uma certa forma, isso pesou para que eu decidisse ficar perto da minha família e não aventurasse, na carreira de atriz, fora da Paraíba".  De toda forma, ainda que com três filhos pequenos (Oriêta, Dinaura e Breno Jr.) para educar, Zezita manteve uma frequência quase que ininterrupta nos palcos. "Só parei um ano, para me dedicar a uma especialização em São Paulo. Fora isso, sempre estive atuando. Até quando estava amamentando minha segunda filha, com um mês de vida, ensaiei "A Cotovia" com uma norte-americana, Leslie, em minha residência".

Outros trabalhos que a atriz destaca do seu currículo teatral são : "Judas em Sábado de Aleluia", "A Farsa da Boa Preguiça", "Brevidades", "O Milagre Brasileiro", "Quebra Quilos" e "As Velhas". Esse último foi marcante em vários sentidos, não só pelo fato de Zezita ter passando pelo processo de separação com Breno, na época da montagem, como o diretor, Ângelo Nunes, ter morrido num acidente de carro, antes da estreia. "Ainda sob o impacto da morte de Ângelo, nós decidimos levar o espetáculo adiante e Duílio Cunha, assistente de direção, assumiu o comando dessa peça escrita por Lourdes Ramalho. Por sorte, uma de nossas apresentações foi vista pelo pessoal do SESC, que gostou e nos convidou para percorrer o Brasil, dentro do projeto Palco Giratório. O espetáculo ficou em cartaz durante oito anos".

Nesta peça, Zezita interpreta uma mulher nordestina que sai em companhia dos filhos, à procura de seu marido, que fugiu com uma cigana. Ela perambula pelo Nordeste, durante anos, e quando o encontra, ele está preso a uma cadeira de rodas. "É uma história forte que eu me emocionei muito ao fazer". Assim como os espetáculos "O Milagre Brasileiro" e "Brevidade", ambos de autoria de Márcio Marciano (ex- Cia do Latão e fundador do Coletivo Alfenim). No primeiro, Márcio construiu uma metáfora de Antígona para contar a busca dos desaparecidos políticos durante a Ditadura Militar. Como Zezita teve muitos amigos presos, alguns torturados, durante o regime ditatorial no Brasil, não tinha como não se lembrar do passado. "É um  espetáculo lindíssimo! Sempre me emocionava em cena. O primeiro ensaio foi no Festival Latino-americano em SP".

Já "Brevidades", conta a história de uma atriz que sofre do Mal de Alzheimer que interage com a plateia, convidando o espectador a tomar chá em mesas postas no espaço de representação. "Márcio não quis montar um monólogo, daqueles tradicionais. Então, eu interajo com cada espectador que senta à mesa e as reações são diversificadas e inusitadas. Teve gente que chorou copiosamente no meio da apresentação e tive que contornar a situação, improvisando". 

Zezita Matos_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com
...num tempo livre,  falou do amor pelo teatro e pelo cinema
Mas nem só de trabalhos marcantes no teatro é alimentada a carreira de Zezita Matos. Ainda que tenha feito, relativamente, pouco trabalho no cinema, ela também relata suas experiências emocionantes na composição das personagens que já viveu. "Depois de fazer 'A Canga' com Marcus Vilar, recebi o convite do Marcelo Gomes para participar de 'Cinema Aspirinas e Urubus'. Quando li o roteiro, fiquei apaixonada pela história e disse-lhe,  que mesmo que não entrasse no elenco, após os laboratórios que fizemos em Recife, não tinha problema. Mas ele me presenteou com a Mulher da Galinha, e quando revejo o filme, acho a cena linda".

Já em "O Céu de Suely", quando Karim Aïnouz a convidou para participar do filme, não só Zezita ficou feliz, mas também o ator João Miguel. Ambos se conheciam de longa data, por conta de um período em que o baiano morou em João Pessoa e conviveu com os atores do Grupo Piollin, do qual faz parte Everaldo Pontes, irmão da atriz e um dos fundadores do grupo.

"O João Miguel ficou muito feliz quando soube que íamos trabalhar juntos. Encontramo-nos em Recife, num dia de laboratório para "O Céu de Suely". Falei para ele, que eu não acreditava em coisa do destino, mas João pensa, diferentemente, de mim. As filmagens começaram e, primeiro fomos a Triunfo e depois, seguiríamos para Patos. No dia de filmar em Patos, vou prá João Pessoa, pego o ônibus e sigo para a locação. Quando chego na rodoviária, lá está João Miguel, todo feliz. Me aproximo dele e ele me pega nos braços, rodopia assim e eu sem entender nada. Aí, ele me coloca no chão e me dá um jornal, que tinha uma entrevista  minha, de meses, talvez de um ano, onde eu dizia: 'eu acredito em sonhos. A utopia existe'. Ele tinha ido prá feira, comprar o pente que ele usa no filme  e o comerciante embrulhou o pente num  jornal, que tinha estampado o meu rosto. Diante da coincidência, João me disse: 'esse filme vai longe'. E foi mesmo".

Uma das coisas que mais encantou Zezita, durante o processo de trabalho com o diretor Karim Aïnouz, foi o fato dos personagens terem os mesmos nomes dos atores e eles não seguirem um roteiro. "Simplesmente o Karim passava prá gente uma situação e nós improvisávamos. Até, então, nunca havia trabalhado desse jeito e a experiência foi fantástica", diz entusiasmada.

Zezita foi encorpando o currículo cinematográfico e com papéis pequenos ou de protagonista, sempre ilumina a tela, quando está em cena. Paulatinamente, a crítica e os diretores foram observando suas atuações, sendo hoje uma figura constante nos festivais de cinema pelo país, abocanhando prêmios de interpretação. "Acho que o prêmio é bom, é válido, mas o mais importante é o que o trabalho reverbera no entorno. Isso vale tanto para o teatro como para o cinema". O mais recente deles veio de Rondônia, do 6o Curta Amazônia Mundi- Festival de Cinema, onde ganhou o prêmio de Melhor Atriz pelo curta "Olhos de Botão" de Marlom Meirelles.

Mesmo sendo uma cinéfila, desde a adolescência (ela se arrepende de ter jogado fora as edições que tinha da revista Cinelândia), Zezita é apaixonada mesmo pelo teatro. Segundo ela, o que lhe encanta nessa arte é o caráter efêmero e o contato direto com  o espectador. "Cada dia é uma experiência nova e a gente pode modificar ao logo dos dias, da temporada, nossa performance. Isso me fascina".

Admiradora da escrita de Mario Benedetti, Mia Couto e Gabriel García Marques, atualmente, Zezita Matos tem circulado por cidades do Nordeste com o espetáculo "Memórias de um Cão" do Coletivo de Teatro Alfenim, mas divide o tempo com atividades ligadas à área de educação (é coordenadora do programa de Responsabilidade Cultural do Unipê) e com o cinema. Em breve, ela estará no set de filmagem para a realização de dois novos curtas e, até o final do ano, deverá ser lançado o longa-metragem "Língua Seca" de Homero Olivetto, em que faz o papel de uma beata.

Quando questionada sobre a possibilidade de vir a Aracaju, participar de um curta sergipano, ela não pestanejou: "se for convidada, eu venho". Não seria nada mal, se Zezita se inspirasse numa das personagens de Antônio Carlos Viana, em "Jeito de Matar Lagartas" (livro que ela está lendo, fascinada), para sua performance. Fica dada a sugestão!


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Centenário de Gerson Filho é comemorado no Cultart

Amanhã, às 19 h, no Centro de Cultura e Arte da UFS/Cultart, será aberta a exposição "Vida e Obra de Gerson Filho". O evento faz parte das comemorações alusivas ao centenário de nascimento do sanfoneiro dos "oito baixos" e contará também com uma palestra ministrada pelo pesquisador, radialista e especialista em música e cultura nordestina, Paulo Corrêa e pelo fundador e diretor artístico do Grupo de Teatro Mamulengo Cheiroso, Augusto Barreto.

A exposição abordará detalhes da obra do grande precursor da sanfona dos "oito baixos" nordestina em carreira profissional e também falará sobre a vida de Gerson, desde a sua infância no município de Penedo-AL, passando pelo difícil início de carreira e o momento em que ele conhece Clemilda, com quem se casou e teve dois filhos.

O evento é promovido pelo mandato da deputada estadual Ana Lúcia. O Cultart está localizado à Avenida Ivo do Prado, 612 (próximo ao SENAC).

terça-feira, 21 de julho de 2015

Coletivo de Teatro Alfenim encena "Memórias de um Cão" em Aracaju


"Memória de um Cão" baseia-se em "Quincas Borba" 

O Coletivo de Teatro Alfenim aporta em Aracaju, amanhã, para uma série de apresentações do espetáculo inédito "Memórias de um Cão", na sede do  Imbuaça. A breve temporada (de 22 a 26/07 e de 29/07 a 02/08) dessa peça, que parte do estudo da obra "Quincas Borba" de Machado de Assis, faz parte do  Projeto de Manutenção Figurações Brasileiras, patrocinado pela Petrobras. As apresentações de quarta a sábado, acontecem às 19h30 e, no domingo, às 17h. A entrada é gratuita, sujeita à lotação da sala.

"Memórias de um Cão" propõe uma abordagem crítica das estratégias de dissimulação, engodo e auto-engano que marcam no campo subjetivo e político as relações sociais do Brasil. Narra a trajetória de ascensão e queda de Rubião, um mestre-escola interiorano que, às vésperas da abolição da escravatura, se muda para a Corte, após receber uma herança de seu benfeitor, Quincas Borba, um típico escravocrata, autodenominado filósofo, que ocupa seus dias ociosos de proprietário e rentista com especulações amalucadas sobre a “natureza humana”. 

Como condição para usufruir a herança, o recém endinheirado deve cuidar do cão Quincas Borba, que tem o mesmo nome de seu benfeitor. Essa exigência testamentária, uma variante do pacto fáustico, traduz na prática as determinações do “Humanitismo”, espécie de doutrina heterodoxa criada por Quincas Borba, cujo princípio pode ser sintetizado na máxima “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”. 

Tornado capitalista da noite para o dia, Rubião irá flanar pelas ruas elegantes de um Rio de Janeiro em processo vertiginoso de modernização, buscando inserir-se num círculo de relações de favor, marcadas pelo preconceito de classe e pela futilidade de um mundo apartado do trabalho. Enquanto torra o dinheiro da herança, o mestre-escola experimenta uma vida de luxos e compensações imaginárias a tal ponto irreais, que pensa ser o próprio Imperador francês Napoleão III, numa clara alusão às pretensões da elite brasileira de tornar o Brasil uma nação do primeiro mundo, com a importação de um liberalismo fora do lugar e vistas grossas ao tráfico de escravos. 

A partir da leitura do romance "Quincas Borba", o Coletivo Alfenim propõe uma alegoria tragicômica da desfaçatez com que a elite econômica e cultural brasileira tenta isentar-se de sua responsabilidade histórica pela barbárie que marca o processo de modernização do país. Pautando-se pela ironia contida nessa espécie de anti-romance modelar, o espetáculo procura expor as contradições de uma sociedade em formação que almeja reconhecer-se no espelho da modernidade, sem abrir mão de prerrogativas de classe como a exploração da mão de obra escrava, a espoliação do incipiente trabalho livre e a apropriação da riqueza nacional por parte de sua elite econômica, a partir da instrumentalização das instâncias do poder público, numa nação recém saída da condição de colônia portuguesa. 

Com dramaturgia e direção de Márcio Marciano e contando com os atores Adriano Cabral, Lara Torrezan, Paula Coelho, Ricardo Canella, Verônica Sousa,Vítor Blam e Zezita Matos (Atriz dos longas-metragens "A História da Eternidade, "Mãe e Filha"), "Memórias de um Cão" estreou em maio na sede do Coletivo Alfenim, em João Pessoa e, agora, circula por algumas capitais do Nordeste.

Nos dias 27 e 28 de julho, acontecerá uma oficina das 14 às 18h, ministrada por integrantes do Coletivo. Os interessados deverão se informar sobre as inscrições através dos telefones (79) 3215-3064 ou 9956-7274.

A sede do Imbuaça localiza-se à rua Muribeca, 4 - Bairro Santo Antônio (no início da ladeira).

Projeto Sonora Brasil aporta em Sergipe com "Sonoros Ofícios"

O projeto Sonora Brasil do SESC busca despertar um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão da música no país, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a autenticidade sonora das obras e de seus intérpretes.

Pensando dessa forma, é que nessa 18a edição, o Sonora Brasil vai circular pelo país com o tema "Sonoros Ofícios- Cantos de Trabalho". Sergipe entrou mais uma vez no roteiro do projeto e  três grupos que representam formas tradicionais de canto relacionadas a trabalhos rurais apresentar-se-ão de 24 a 28 de julho. São eles: Destaladeiras de Fumo de Arapiraca (AL); Cantadeiras do Sisal e Aboiadores de Valente (BA) e Quebradeiras de Coco Babaçu (MA); e o Grupo Ilumiara (MG), formado por músicos pesquisadores que apresenta repertório recolhido em pesquisas sobre diversas vertentes do tema.


Confira a programação completa das apresentações gratuitas:

24/ julho (sexta-feira)

Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Mestre Nelson Rosa (AL)
16h | Praça da Cultura Cantor Pedro Rogério
Nossa Senhora do Socorro

Quebradeiras de Coco Babaçu (MA)
19h | Teatro João Costa - Centro Cultural de Aracaju
Praça General Valadão, Centro

25/ julho (sábado)
Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Mestre Nelson Rosa (AL)
17h | Colégio José Monteiro Sobral
Povoado Mussuca | Laranjeiras

27/ julho (segunda-feira)
Cantadeiras do Sisal e Aboiadores de Valente (BA)
16h | Auditório do Sesc Siqueira Campos
Rua Bahia, 1059

Ilumiara (MG)
19h | Centro de Convenções
Indiaroba

28/ julho (terça-feira)
Ilumiara (MG)
Auditório do Sesc Centro
Rua Senador Rollemberg, 301

domingo, 19 de julho de 2015

Mostra "Sombras que Assombram" enfoca o Expressionismo Alemão no Cinema



"Nosferatu" de F.W. Murnau será exibido no domingo


No Período de 23 a 29 de julho, o Sistema Fecomércio - Sesc realiza a Mostra "Sombras que Assombram - o Expressionismo no Cinema Alemão", no Cine Vitória, localizado à Rua do Turista.

A Mostra oferece ao público a oportunidade de conhecer o movimento expressionista no cinema, que teve seu auge em uma Alemanha arruinada pela Primeira Guerra Mundial, e se caracterizou pelo uso de imagens fantásticas e assustadoras e  pela exposição de uma sociedade imersa em um cenário desolador e extremamente mecanicista.

Serão exibidos nove filmes emblemáticos do período de 1919 a 1928, que espelham a nebulosidade de seu tempo. Algumas sessões terão mediações seguidas de bate-papo com Raimundo Venâncio (poeta, encenador e diretor teatral), Suyene Correia (jornalista, crítica de cinema e mestranda em Comunicação da UFS), Ivan Valença (cinéfilo, jornalista e crítico de cinema) e o Professor
Dr. Romero Venâncio do Departamento de Filosofia da UFS.

As exibições são gratuitas e o público deverá retirar os ingressos, 30 minutos antes de cada sessão.

Programação:

DIA 23/07 (QUINTA-FEIRA)

Sessão 1 - 14h - O GABINETE DE DR. CALIGARI, Robert Wiene, 1919 | 62 min |
P&B

Sessão 2 - 17h - AS MÃOS DE ORLAC, Robert Wiene, 1924 | 110 min | P&B

Mediação: Raimundo Venâncio - Cinéfilo, Poeta e Encenador Teatral

DIA 24/07 (SEXTA-FEIRA)

Sessão 3 - 14h - O GOLEM, Paul Wegener, 1920 | 68 min | P&B

Sessão 4 - 17h - O HOMEM QUE RI, Paul Leni, 1928 | 110 min | P&B

Sessão 5 - 19h - A ÚLTIMA GARGALHADA, F. W. Murnau, 1924 | 91 min | P&B

DIA 25/07 (SÀBADO)

Sessão 6 - 14h - O GABINETE DAS FIGURAS DE CERA, Paul Leni 1924 | 83 min |
P&B

Sessão 7 - 17h - O GABINETE DE DR. CALIGARI, Robert Wiene, 1919 | 62 min |
P&B

Mediação: Ivan Valença - Cinéfilo, Jornalista e Crítico de Cinema

DIA 26/07 (DOMINGO)

Sessão 8 - 14h - NOSFERATU, F. W. Murnau, 1922 | 94 min | P&B

Mediação Suyene Correia -  Jornalista, Crítica de Cinema e Mestranda em
Comunicação | UFS

Sessão 9 - 17h - METROPOLIS, Fritz Lang, 1927 | 124 min | P&B

DIA 28/07 (TERÇA-FEIRA)

Sessão 10 - 14h - O HOMEM QUE RI, Paul Leni, 1928 | 110 min | P&B

Sessão 11 - 17h - FAUSTO, F. W. Murnau, 1926 | 118 min | P&B

Mediação: Romero Venâncio Cinéfilo e Professor Doutor do Departamento
de Filosofia | UFS

Sessão 12 - 19h - O GOLEM, Paul Wegener, 1920 | 68 min | P&B

DIA 29/07 (QUARTA-FEIRA)

Sessão 13 - 14h - A ÚLTIMA GARGALHADA, F. W. Murnau, 1924 | 91 min | P&B

Sessão 14 - 17h - METROPOLIS, Fritz Lang, 1927 | 124 min | P&B

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Diretora Sergipana é selecionada para Escola Internacional de Cinema de Cuba


A documentarista Everlane Moraes é selecionada para EICTV

Quando a baiana radicada em Sergipe, Everlane Moraes, começou a trabalhar com cinema, há cerca de nove anos, não tinha a menor ideia do que o futuro lhe reservaria: estudar na Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de Los Baños (EICTV), em Cuba, uma das mais conceituadas instituições de ensino do gênero. Pois ela está muito perto de iniciar a empreitada, já que foi a única brasileira selecionada na categoria documentário e viajará no dia 01 de setembro, rumo à ilha caribenha, a fim de iniciar os estudos no curso regular que tem a duração de três anos.

Antes disso, porém, Everlane precisa arrecadar uma quantia de cerca de R$ 20 mil reais, para pagar as despesas de passagens aéreas, emissão de passaporte, seguro saúde, ferramentas de estudo e 25 % do valor da matrícula da escola (o equivalente a R$ 9 mil reais), custos que a bolsa de estudos não cobre. Para isso, ela iniciou uma campanha online- "Travessia Cine Cuba!"- com o objetivo de arrecadar o montante.

"Quem tiver interessado em contribuir com valores que variam de R$ 10 a R$ 4.000 mil reais, basta acessar o https://www.vakinha.com.br/vaquinha/campanha-travessia-cine-cuba e seguir os passos. Por enquanto, a nível de apoio e patrocínio, consegui muito pouco. A nível de colaboração, consegui muito. Por exemplo, consegui um apoio do Instituto Banese, do Sarau da Angélica e do Jaime Morcego, do coletivo REVER, sem contar alguns artistas sergipanos que estão doando suas obras para um leilão, a ser realizado na Sociedade Semear. Agora, estou indo atrás da inciativa privada e já consegui o apoio da Schultz Operadora, que bancou o seguro viagem Vital Card Assistência".

A primeira de uma série de atividades para arrecadar o valor necessário para custear as despesas iniciais, acontecerá neste sábado, a partir das 17 h, no Museu da Gente. Com o nome de Sarau da Travessia Latino-Americana, ele será promovido pelo Sarau da Angélica e contará com as presenças de Deny Benn, Gilda Costa, Ademar Nascimento, João Emanuel, Cícero Vieira, Dudu Teles, entre outros, que prometem não fazer concessão ao capitalismo cultural e descarregar os cartuchos de suas verves artísticas.

A expectativa da diretora dos curtas "Caixa D'Água: Qui-lombo é Esse ?" e "Conflitos e Abismos: A Expressão da Condição Humana"  é a melhor possível, com relação ao curso profissionalizante que fará no período 2015/2018. De um total de 44 brasileiros inscritos, apenas nove foram aprovados nos exames de seleção realizados em março desse ano.

"Eu me inscrevi na seleção para ingressar na Escola de Cinema cubana, uma das melhores do mundo de uma forma despretensiosa. Estudei  para as provas de conhecimento geral e específico, depois passei por uma entrevista e, por fim, enviei meu portfólio Cuba. Fiquei muito feliz com o resultado, tendo em vista esse momento político que o Brasil está passando e eu poder estudar cinema em Cuba, é um privilégio. Acho que os professores gostaram do meu perfil, dos temas que abordo nos meus filmes e deve ter pesado na escolha do meu nome na lista de aprovados. O legal é que eles recrutam alunos da América Latina, Ásia e África na tentativa de acolher vários olhares", diz Everlane Moraes.
 
Apesar de ter dirigido dois documentários em curta-metragens, a jovem realizadora de 27 anos, já trabalhou em outros curtas de sergipanos, na direção de arte, a exemplo da série de filmes de animação "As Aventuras de Seu Euclides" de Marcelo Roque, além dos longas "O Senhor do Labirinto" de Geraldo Motta, "Aos Ventos Que Virão" de Hermano Penna, "A Pelada" de Damien Chemin e "Folia de Reis" de Rosemberg Cariri.

Quando questionada sobre a possibilidade de não conseguir alcançar a marca dos R$ 20 mil reais no crowdfunding, a realizadora é enfática. "Eu vou de qualquer jeito, não perderei essa oportunidade. Estou colocando minha coleção de selos à venda, meu violão, o violino, se for o caso coloco até um terreno prá vender. Mas se eu não conseguir levantar esse dinheiro, eu vou colocar a boca no mundo, eu vou gritar prá que alguém me ouça".


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Maori Bar recebe "Nós no Enxame"

O evento “Nós no Enxame” foi idealizado por um coletivo de artistas locais, que vem apresentando novas linguagens estéticas em seus trabalhos, integrantes da nova geração da arte sergipana, na música, literatura, artes plásticas e dança.

Na programação, do próximo dia 29 de maio, que aportará no Maori Bar (Coroa do Meio), a partir das 23h, haverá show da cantora Sandyalê, que irá contextualizar as performances das dançarinas Paula Auday, Júlia Delmondes, Paula Barreto; do poeta Pedro Bomba,;a intervenção visual de Yuri,Yuri e a música raiz do Grupo Ibura.

Desde o seu surgimento, o Maori Bar abriga a nova cena da arte contemporânea de Sergipe, possibilitando o surgimento de novas idéias, provocações estéticas e projetos inovadores. O show “Nós no Enxame” vem com uma atmosfera de consagração e despedida desse local, que acaba de anunciar o encerramento de suas atividades.


Navegando com "As Bicicletas de Iberê Camargo"

"As Bicicletas de Iberê Camargo" é o título da exposição virtual que o artista gaúcho ganha a partir de hoje, em plataforma web e mobile friendly, organizada pelo Itaú Cultural, com curadoria do Núcleo de Artes Visuais do instituto, e em parceria com a Fundação Iberê Camargo no domínio sites.itaucultural.org.br/bicicletasdeibere. 

Com duração prevista de um ano, serão disponibilizadas 56 obras em que aparecem ciclistas e bicicletas, incluindo pinturas, gravuras, desenhos e estudos, datados do final dos anos 1980 até meados de 1990. A exposição é uma homenagem do Itaú Cultural ao centenário de Iberê Camargo, morto em 1994, vítima de câncer no pulmão. 

Além das obras de arte e documentos, a exposição virtual traz 16 fotografias de diversos momentos da vida do artista, complementadas por 10 vídeos, dos quais dois o mostram em atividade e oito são depoimentos de personalidades ligadas ao pintor – o professor e curador independente Marcos Moraes; o artista Eduardo Haesbaert, que foi seu assistente de gravura; a artista visual Regina Silveira, que foi sua aluna de gravura; e Sônia Salzstein, crítica de arte, professora titular de História da Arte da ECA-USP e autora de Diálogos com Iberê Camargo (Cosac Naify, 2004).

A Mostra- Sem fugir da linha das exposições tradicionais, "As Bicicletas de Iberê Camargo" está dividida em quatro eixos – Corpo, Sentidos, Processo e Vida. No primeiro, a figura humana é o assunto central das obras. Nelas, ganha relevo a gestualidade do processo criativo do pintor em trabalhos do final da década de 1980, nos quais problematiza o corpo como máquina e desperta outras reflexões. Aqui é possível visualizar quadros das importantes séries "Ciclistas" e "Tudo Te é Falso e Inútil", e obras como 'Manequim e Ciclista' (1992), e a dramaticidade tão frequente nesta fase de Iberê vista em 'Mulher e Manequim' (1991).

Sentidos, o segundo eixo, apresenta interpretações de estudiosos, curadores e críticos apontando para um entendimento sensorial e emocional da produção do artista. Alinhavados por palavras aleatórias como morte, vazio, carne, realidade transfigurada e outras, surgem aqui as telas 'A Idiota' (1991), 'Ciclista' (1990), 'Mulher de Bicicleta' (1989) e tantas outras que, de alguma forma, carregam em si a intensidade e sobriedade características de Iberê Camargo.

Na sequência, Processo, o terceiro passo, joga luz nas diversas etapas de criação do artista com uma seleção de rascunhos, desenhos de observação e gravuras – todos pouco exibidos ao longo de sua carreira. Entre as obras, 'Ciclista 3' (1991) e estudos originais em traços de caneta esferográfica e nanquim sobre papel apresentados com nitidez.  

Por fim, na seção Vida, "As Bicicletas de Iberê Camargo" revela, em tom intimista e por meio de retratos os espaços do ateliê de Iberê Camargo, a sua relação com outros artistas e outros pontos importantes de sua biografia.

O Projeto- Esta exposição virtual é uma realização do Itaú Cultural. A plataforma própria contém recursos que facilitam o acesso por meio de dispositivos móveis, como tablets e smartphones e para compartilhamento via Twitter e Facebook, tendo suas visualização e botões de controle adaptáveis, merecendo a qualidade de mobile friendly. Para valorizar o estudo da obra de Iberê Camargo, ao menos cinco trabalhos podem ser apreciados com uma lupa especial de super zoom – 'Ciclista' (1988), 'Mulher de Bicicleta' (1989), 'Sem título' (1991), a matriz para a gravura 'Ciclista' (1989) e seu respectivo trabalho final. Desta maneira, detalhes das reveladoras camadas de matizes escuros e claros, em pinceladas grossas tão singulares do artista podem ser visualizadas pelo navegante.

O projeto é uma realização em parceria com a Fundação Iberê Camargo, criada em 1996 e dedicada à preservação e à divulgação do acervo do artista. Outras ações já marcaram a relação entre as duas instituições, entre as quais se destaca a mostra Sob o Peso dos Meus Amores, sobre uma retrospectiva do artista visual Leonilson, realizada em 2011 no instituto em São Paulo, e em 2012, na fundação em Porto Alegre.

SERVIÇO
As Bicicletas de Iberê Camargo
Exposição virtual
sites.itaucultural.org.br/bicicletasdeibere
Projeto: Itaú Cultural com apoio da Fundação Iberê Camargo

quarta-feira, 20 de maio de 2015

História do Coronelismo em Itabaiana ganha Publicação




O Prof. Dr. Antônio Carlos dos Santos lançará na próxima segunda-feira, dia 25 de maio, às 18h, no hall da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o seu 10o livro: “Poder Local e Relação de Dominação: Itabaiana, entre 1945 e 1963”. Trata-se de uma pesquisa histórica, realizada no então Núcleo de Pós-graduação em Ciências Sociais da UFS, orientada pelo Prof. Ibarê Dantas.
 
Segundo o professor Antonio Carlos, a demora em publicar essa pesquisa, deveu-se a duas razões. A primeira, de ordem teórica, diz respeito aos rumos que tomaram as pesquisas após a defesa dessa monografia. Ou seja, o autor se enveredou pelos rumos da filosofia política, não havendo brechas para análises mais práticas, mesmo do ponto de vista teórico. A segunda, de ordem prática, o autor percebeu que, passados pouco mais de 20 anos, seu texto não envelheceu e que talvez a leitura dessa pesquisa pudesse ajudar ao leitor contemporâneo, a entender melhor a política com bases coronelística, que remonta à metade do século passado, de modo particular, em Itabaiana. 

"Essas duas razões convenceram-me a publicar a pesquisa, que corria o risco de virar pó nas estantes, inacessível ao grande público. A tese central é que a produção historiográfica sobre a temática do coronelismo a partir de 1949, passou a qualificar o coronel como o grande proprietário de terra que mantém uma forma específica de poder político no campo, por meio de práticas pré-capitalistas. Na tentativa de entender o coronelismo como um sistema político de dominação, os teóricos nem sempre levam em conta as especificidades locais. Nesse sentido, o propósito do livro é analisar a possibilidade de existência de um tipo de coronelismo, o urbano, surgido a partir de 1945", explica. 

A ideia apresentada não tem pretensões globalizantes. Sua finalidade é fazer um estudo de caso, no qual Itabaiana, entre 1945 e 1963, é analisada em seus aspectos políticos e econômicos, envolvendo dois chefes de famílias tradicionais: Euclides Paes Mendonça e Manuel Francisco Teles. Ambos disputaram o controle do eleitorado da região, como também a freguesia dos seus respectivos armazéns.

Para Ibarê Dantas, responsável pelo prefácio da obra, Antônio Carlos “construiu um trabalho de valor, pela apreciação das posições dos principais autores que trataram do tema, pelo acréscimo de novos elementos sobre as principais lideranças locais, inclusive sobre a evolução dos seus patrimônios, e pelas avaliações de suas tendências”.

terça-feira, 19 de maio de 2015

ZONS na Ilha será lançado no Cine Vitória




Lançado em 2013, pelos amigos Victor Balde e Aragão, o  ZONS- festival independente de música, que agrega shows, realização de filmes e oficinas- surgiu com a proposta de aliar arte, sustentabilidade e responsabilidade social.  Em dezembro daquele ano, apresentaram-se num Rancho Por do Sol (Aruana), as bandas Plástico Lunar (banda convidada), Do Coração Partido, Ato Libertário, Elvis Boamorte e os Boas Vidas, Máquina Blues e The Baggios. Parte do público, levou para casa o DVD gravado no início de 2013, contendo performances dos artistas escalados para o evento.

No ano passado, foi a vez de Patrícia Polayne, Alex Sant'Anna, The Renegades of Punk, Coutto Orchestra, Reação e Plástico Lunar, participarem do festival e gravarem clipes para o produto audiovisual. Agora, o público terá a chance de conferir os clipes gravados na Atalaia Nova (na residência de Guga Viana), pois haverá o lançamento do ZONS na Ilha, nesta quinta-feira, às 19h, no Cine Vitória (Rua do Turista). Na sexta-feira, haverá outra sessão dos clipes, às 17h e, no sábado, a sessão começará às 14h. Os ingressos serão vendidos ao preço de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Para saber mais sobre esse novo produto audiovisual, produzido pela Lamparina, o BANGALÔ CULT conversou com Victor Balde e Aragão. Confira abaixo, a entrevista exclusiva:

Bangalô Cult- Fale como foi o lançamento do primeiro filme e como se deu a produção desse segundo produto audiovisual (tempo de gravação, escolha das músicas e dos artistas). Parece que dessa vez, o evento tomou uma proporção maior...

ZONS– O lançamento do primeiro ZONS aconteceu no Museu da Gente Sergipana e nos serviu como marco de realização, estabelecendo uma abertura para outras possibilidades de apresentação de um material audiovisual fora do circuito de festival ou lançamentos virtuais. Foi também um momento para mostrar o resultado do processo que envolveu várias pessoas e ação para permitir novos encontros presenciais, eixo central do projeto. Para esse ano, continuamos com a mesma ideia de estabelecer um marco nessa história que estamos construindo.

Quanto à proporção, tudo acaba envolvendo a dinâmica de produção e isso, de fato, percebemos que houve um aumento substancial. Muito mais pessoas participaram da produção e, portanto, acabou ganhando uma outra proporção. Mas também não quer dizer que seja maior ou menor que o ano anterior, apenas encaramos como diferente. Consequentemente, porque a produção se deu na Ilha de Santa Luzia - ou Barra dos Coqueiros, ou também Atalaia Nova, mas de toda sorte, uma ilha, tanto por isso o nome ZONS NA ILHA - e que envolveu quatro meses de pré-produção, quatro dias de captação, três desses seguidos e outro intercalado, aproveitando uma locação que permitiu ter vários biomas dispostos de forma a garantir diferentes locações em um mesmo lugar, mas que tinham uma unidade e atmosfera em comum que fossem fora de estúdio, ou “no mato” como gostamos de dizer.

Ter esse deslocamento do ambiente de estúdio ou casa de show, bar, etc, para que os músicos/artistas apresentassem seu trabalho, tocando ao vivo, agregando outros participantes, foram e são os nortes do projeto. As músicas foram escolhidas pelos próprios artistas e os artistas foram escolhidos pela curadoria do ZONS. A pós-produção aconteceu em quatro meses em parceria com a produtora  sergipana Lamparina.

BC- Como está a expectativa de vocês para essas sessões pagas no Cine Vitória ? Os apoiadores do projeto entrarão gratuitamente?

ZONS- Acreditamos que estamos na dinâmica produtiva e econômica da cultura local, mas não exatamente dentro dos modelos formais, até porque a formalidade nesse setor aqui em Sergipe não se configura. Isso nos coloca na situação de experimentarmos para saber o que realmente é possível ou não de acontecer. Nos arriscando para ver o que vai dar. Depois da sessão poderemos dizer algo, até lá, só poderemos dizer que a experiência de assistir algo em uma sala de cinema é única, ver e ouvir a nossa música em boa qualidade de som e imagem, nos parece bastante convidativo, e poder nos encontrar pessoalmente, mais ainda.

Foi feita uma negociação com o Cine Vitória onde metade da arrecadação será deles e a outra metade será nossa, assim, o número de cortesias ficou bem reduzido.

BC- Caso os interessados queiram adquirir o filme, ele será comercializado? Esse filme ainda faz parte do projeto do ano passado ?

ZONS- Estaremos vendendo o filme em full HD no suporte de pendrives de 8 GB. Através dos pendrives conseguimos manter a qualidade do filme e condiz mais com a temática sustentável do projeto.

Sim, esse filme foi finalizado por meio do Catarse no ano passado, e vendemos cerca de 140 pendrives antecipadamente.

BC- Vocês se inscreveram para a categoria videoclipe no Curta-SE 15 ?

ZONS - Não, como o filme foi finalizado recentemente, já havia passado do prazo de inscrição do Curta-SE.

BC- Alguma novidade sobre o ZONS 2015?

ZONS– Para 2015, fechamos uma parceria com o Estúdio Orí e fizemos o caminho inverso. Saímos do “mato” e fomos para o estúdio. Focamos desta vez nas plataformas virtuais para lançar o material de forma seriada, mas mantendo a ideia dos encontros. O produtor musical Eduardo Prudente junto com a equipe do ZONS fez a curadoria do projeto. Fomos em busca de novas composições de autores sergipanos de diferentes vertentes.

A partir da composição, convidamos músicos e interpretes para fazer com que essa interação trouxesse uma nova produção que só vai existir naquele contexto. É como estabelecer uma relação com o instantâneo da foto, ou o carácter documental do cinema de qualquer espécie, no que confere sua capacidade mesma de fixar o momento. O imortalizando naquele registro, podendo ou não gerar novos encontros a partir dele, mas nunca naquelas condições. Esse projeto tem o nome de ZORI e será lançado no segundo semestre de 2015. Vamos ficar atentos porque está bem bonito. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Orquestra de Ouro Preto traz repertório dos Beatles ao Atheneu


Orquestra de Ouro preto_Raphael Motta_http://bangalocult.blogspot.com
Orquestra de Ouro Preto apresenta repertório dos Beatles


Na sua segunda passagem por Aracaju, a Orquestra de Ouro Preto aposta, novamente, no potencial de apresentar o repertório popular dos Beatles com um tempero erudito. Sob a regência do maestro Rodrigo Toffolo, o grupo mineiro tocará neste sábado, a partir das 20h30, no Teatro Atheneu. A entrada será gratuita.

Com sucessos como 'Hey Jude', 'Yesterday', 'Help', entre outros, o concerto faz uma viagem sonora pela biografia musical do grupo inglês, privilegiando a linha melódica original das canções, co violinos, violas, violoncelos e baixo. Elogiada pela crítica, a apresentação já foi levada a Liverpool, cidade onde o quarteto formado por John, Paul, George e Ringo iniciou sua trajetória. 

Nessa turnê nacional, a Orquestra de Ouro Preto, que é patrocinada pela Petrobras desde 2012, passará por São Paulo, Rio de Janeiro, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Bahia, Santa Catarina e Espírito Santo. para ter acesso ao concerto, basta retirar o ingresso a partir das 14h, do dia 23 de maio, na bilheteria do Teatro Atheneu.

Crédito da foto: Raphael Motta

terça-feira, 12 de maio de 2015

Humor Agridoce é a Tônica do Novo Livro de A. C. Viana


Jeito de Matar Lagartas_capa_http://bangalocult.blogspot.com



"Jeito de Matar Lagartas" chegou sem muito alarde, às prateleiras das livrarias brasileiras, em janeiro deste ano. O lançamento oficial, com sessão de autógrafos, do mais novo livro de Antonio Carlos Viana, deverá acontecer somente em agosto. Nem por isso, a coletânea de 27 contos, tem deixado de fazer bonito no ranking de vendas de livros do autor sergipano, pela Companhia das Letras. 

Segundo Viana, apesar do pouco tempo de vendagem, "Jeito de Matar Lagartas" já teve melhor desempenho que os anteriores "O Meio do Mundo e Outros Contos" (1999), "Aberto está o Inferno" (2004) e "Cine Privê", este último, vencedor do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) 2009.

Confesso que até o terceiro conto, justamente o que dá nome ao livro, ainda não tinha mergulhado de cabeça nessa nova publicação. Mas aí, veio 'Amarelo Klimt', com aquela dubiedade toda e uma pitada de perversão. Fisgou-me. Lembrei das historinhas macabras de Otto Lara Resende em "Boca do Inferno".

Seguiram-se 'Dona Katucha' e 'Cara de Boneca'- o preferido do autor- e, não tive como frear a leitura. Sete contos adiante e deparo-me com 'Madame Viola faz Escova Progressiva", onde a personagem principal anseia pela morte do marido, para que ela possa, finalmente, viver e 'Um Traidor', em que Dona Maria Reina, uma sessentona solitária, usa da imaginação e da vista para o mar, para se distrair.

Creio que nessas duas histórias, em que Viana explora com maestria as angústias e frustrações das personagens na maturidade, ele demonstra perfeito conhecimento da alma feminina. Tanto assim, que uma experiência de contação dessas e outras histórias de "Cine Privê", feita pela sua editora, com presidiárias, revelou isso.

"Segundo a minha editora, Vanessa Ferrari, depois de ler alguns contos para as detentas, uma delas disse que era melhor parar, porque as histórias estavam lhe deprimindo e angustiando outras colegas. Engraçado isso, a ficção ser mais forte que a realidade. Mas confesso que vou apertando o torniquete, até o leitor perder o fôlego", diz Viana.

Ainda que nos conduza à asfixia, por vezes, o processo da leitura dá-se de forma prazerosa, já que seus "causos" são temperados por um humor agridoce e um erotismo equilibrado, independente da temática. São recorrentes em suas publicações a abordagem das descobertas da infância e da adolescência, a solidão, a morte e o desejo, mas é incrível como cada conto tem sua especificidade e imprevisibilidade.

"Penso que um conto que deixa entrever, lá pelo meio, o que acontecerá no final, é 'fósforo riscado'. Então, eu deixo, às vezes, até a última frase, para revelar o que o leitor ainda não sabe". Mas antes de colocar o ponto final em cada história, Antonio Carlos Viana lê, relê e refaz frases ou substitui palavras, incansavelmente. Conto pronto, agora é hora de passar pelo crivo dos amigos Paulo Henriques Britto, Anna Maria Vasconcelos de Paula, Maruze Reis e do filho, André Viana.

Só a partir daí, ele faz a seleção do que entra na coletânea e envia para a editora. Seu mais recente livro foi gestado  em Curitiba e finalizado às pressas, num período de 15 dias, em meio a um turbilhão de emoções e incertezas: ele receberia a notícia inicial de uma recidiva de câncer na próstata, para meses depois, descartar a primeira suspeita e confirmar  o diagnóstico de mieloma múltiplo (um tipo de câncer que afeta a medula óssea).

Em processo de tratamento quimioterápico, Viana pretende após o lançamento de "Jeito de Matar Lagartas", no dia 8 de agosto, na Livraria Escariz, também promover uma sessão de autógrafos em São Paulo. "É incrível como tenho um público cativo na capital paulista, de modo que um lançamento por lá, faz-se necessário", conta.

Com  um romance engatilhado e vários contos na gaveta, prontos para serem organizados, Viana  diz que em breve, mais um dos seus contos será adaptado para o audiovisual, por um cineasta pernambucano.  O cineasta paraibano Marcus Vilar já transportou para a telona, 'O Meio do Mundo'  e  'O Terceiro Velho da Noite'. Seria por conta do regionalismo marcante, em seus livros, o interesse desses profissionais pela adaptação cinematográfica ?

Talvez, sim. Porém, creio que o principal atrativo para os cineastas, seja o fato do escritor sergipano criar tramas visualmente ricas. Se conseguirem alcançar o contista, na sua delicadeza e complexidade, o público cinéfilo sairá lucrando e Viana, de quebra, ganhará novos leitores.

P.S. A bela foto de capa é de autoria de André Viana que registrou a antiga morada do pai, situada na Jabotiana

sábado, 9 de maio de 2015

The Baggios lançará "10 Anos Depois" no Teatro Tobias Barreto


The Baggios_foto de Thiago Souza_http://bangalocult.blogspot.com
The Baggios no show de comemoração dos 10 anos
Capa do DVD 10 Anos Depois_The Baggios_http://bangalocult.blogspot.com
Capa do DVD a ser lançado dia 13 de maio
Com seus dois álbuns- “Sina” (2013) e “The Baggios” (2011)- presentes em dezenas de listas de “Melhores Lançamentos do Ano” por sites especializados, jornais como O Globo e em revistas respeitadas, como a Rolling Stone que elegeu sua música ‘Sem Condição’ como uma das melhores do ano, a banda sergipana The Baggios comemorou 10 anos de carreira, no ano passado, com uma turnê de 65 shows que passou por 38 cidades de várias regiões do Brasil.

Júlio Andrade (voz e guitarra) e Gabriel Carvalho (bateria) tocaram em lugares consagrados como o Sesc Pompeia (SP) e o Centro Cultural de São Paulo, e em festivais grandes como o Festival Dosol (em Natal), Porto Musical (em Recife)  e o caso do Porão do Rock em Brasília, onde  mostraram suas músicas  para mais de 30.000 pessoas. 

A turnê comemorativa foi iniciada, no Teatro Atheneu, onde a banda se apresentou para mais de 700 pessoas e registrou um dos melhores shows de sua carreira em DVD e CD, nomeado de “10 Anos Depois”. Esse mais novo material, será lançado no próximo dia 13 de maio, às 21h, no Teatro Tobias Barreto, e assim como no DVD, o show contará com participações de  músicos que fizeram parte de sua história como Vinicius Bigjohn (sanfona), André Lima (trompete), Mário Augusto (saxofone) e a participação inédita do gaitista Julio Rêgo.

O Bangalô Cult entrevistou com exclusividade o vocalista e guitarrista Júlio Andrade que, juntamente com o baterista Gabriel “Perninha” Carvalho, formam o duo nascido em São Cristóvão, há uma década. Fique por dentro do que vem por aí...

BC- Gostaria que você falasse um pouco sobre o show da banda The Baggios no Teatro Atheneu e que deu origem a esse DVD/CD. Foi a primeira vez que a dupla se apresentou num teatro sergipano ? Quais as vantagens e desvantagens de tocar num local desse formato ?

JA-  Na verdade, já tínhamos nos apresentado no Teatro Atheneu, em 2007, no Prêmio Prata da Casa, onde fomos agraciados em três categorias. Na época, foi muito mais esquisito, não curti. Nada melhor que o tempo, para nos mostrar o quanto é mágico um show no teatro. Essa apresentação que fizemos há um ano, nunca será esquecida. Aconteceu no mês que completamos 10 anos de existência e nossa intenção foi festejar esse marco, afinal nunca imaginei que duraria tanto tempo fazendo rock em Sergipe. Tiveram momentos emocionantes no show, a exemplo de quando juntamos os dois antigos bateristas -Lucas Araújo e Elvis Boamorte- e tocamos "Morro da Saudade", sem contar com as participações de vários músicos sergipanos que admiramos.

BC- Fale um pouco sobre a produção desse primeiro DVD da banda e o repertório .

JA- Inicialmente, queríamos fazer uma festinha para comemorar o aniversário da banda, e a ideia seria fazer uma cobertura do evento, algo com duas músicas e uns depoimentos. Aos poucos, fomos pensando maior e bateu o estalo: "porque não gravar o show inteiro e ver no que dá ?". Lucas (primeiro baterista da banda) que hoje mora na Suíça tinha programado vir  para esse show, o que foi um  estímulo para pensarmos em algo maior e  chamar Elvis, e outros músicos que fizeram parte da história da The Baggios. A gente tinha a noção que custaria caro e que quebraríamos bastante a cabeça, mas nada pagará a energia que sentimos naquela noite, onde o Teatro Atheneu estava lotado para nos ver, vibrar e cantar todas as músicas conosco. 

BC- No show da próxima semana, vocês irão repetir, na íntegra, o conteúdo do DVD ?

JA- O repertório será parecido, mas apresentaremos umas coisas novas e terá participação inédita do gaitista Julio Rêgo.

BC-  A banda pretende realizar uma turnê de lançamento do DVD? Já tem o roteiro traçado?

JA- Estamos analisando  algumas propostas para julho, mas no dia 31 de maio, já faremos um show na Virada Cultural de Campinas, abrindo o show de Titãs, e esse será o nosso ponta pé inicial da nova turnê nacional. Esse ano, estamos pensando em turnê de uma forma menos intensa, com datas mais quebradas, pois ao mesmo tempo que estaremos divulgando o DVD, vamos estar em processo de pré-produção das novas músicas. Em 2016, pretendemos lançar um novo álbum de inéditas e apresentar um novo Baggios de repente...

BC- O que a Baggios tem de novíssimo já engatilhado ?

JA- Estamos no momento pensando mais no DVD. Mas estou com muitas músicas novas e ansioso para iniciar a pré-produção delas para ver como funcionará na banda, e poder começar a montar o conceito do novo disco. Além disso, queremos produzir dois clipes ainda do álbum "Sina". Os planos estão no papel, agora é ralar prá ver se conseguiremos colocá-los em prática.