Para comemorar os 150 anos de nascimento do poeta Cruz e Sousa e dar continuidade ao projeto Retratos do Brasil, o Selo Negro Edições, estará lançando na próxima segunda-feira, à noite, na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509) em São Paulo, a biografia Cruz e Sousa, escrita por Paola Prandini.
Depois de formado, Cruz e Sousa trabalhou como professor particular e vendedor, mas logo se aproximou do grupo literário Ideia Nova, que pretendia renovar as letras catarinenses. Cruz e Sousa então se juntou à Companhia Dramática Julieta dos Santos, com a qual viajou por diversos estados brasileiros. Esse contato com os rincões do país influenciou sua produção literária e permitiu-lhe conhecer as mazelas do povo. Em 1885, foi efetivado como redator no jornal catarinense O Moleque. Depois da extinção de O Moleque, ele passou a trabalhar no Abolicionista, que, como o próprio nome diz, fazia campanha pela libertação dos escravos.
Em meados de 1888, depois da abolição da escravatura, Cruz e Sousa mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em diversos jornais. Em 1892, publicou suas duas primeiras obras individuais, Missal (com poemas em prosa) e Broquéis (com poemas), mas infelizmente sua situação financeira continuou periclitante. Em novembro de 1893, o poeta casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, seu grande amor, e foi trabalhar como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil. Alguns meses depois, porém, Gavita começou a demonstrar sinais de demência, provavelmente por causa da situação precária em que ela e o marido viviam. Tiveram quatro filhos: os três primeiros faleceram de tuberculose; o último viveu apenas até os 15 anos.
Em 1897, acompanhado da esposa, Cruz e Sousa partiu para uma pequena cidade na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, para tentar se curar da tuberculose. No entanto, não resistiu e faleceu em 19 de março, aos 36 anos. Os amigos angariaram doações para ajudar a viúva.
Depois de sua morte outros títulos foram publicados: "Evocações" (poemas em prosa, 1898); "Faróis" (poesia, 1900); "Últimos Sonetos" (poemas, 1905); e ainda "O Livro Derradeiro" (poesia, 1945).
Depois de sua morte outros títulos foram publicados: "Evocações" (poemas em prosa, 1898); "Faróis" (poesia, 1900); "Últimos Sonetos" (poemas, 1905); e ainda "O Livro Derradeiro" (poesia, 1945).
Nas décadas de 1950 e 1960, Cruz e Sousa sofreu perseguição inclemente de alguns críticos, que desqualificaram sua produção. Somente há alguns anos os especialistas resgataram as obras de Cruz e Sousa, conferindo-lhe o devido reconhecimento. "Foi principalmente póstuma a celebração do poeta, que deveria ter sido honrado ainda em vida, mas que, por ter nascido filho de escravos, ser negro e ter morrido na miséria, não obteve reconhecimento de sua grandeza em vida", afirma a jornalista Paola Prandini.
Retratos do Brasil Negro
A Coleção Retratos do Brasil Negro, coordenada por Vera Lúcia Benedito, mestre e doutora em Sociologia/Estudos Urbanos pela Michigan State University (EUA) e pesquisadora dos movimentos sociais e da diáspora africana no Brasil e no mundo, tem como objetivo abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra. Outros volumes já lançados: Abdias Nascimento, João Candido, Lélia Gonzalez, Luiz Gama, Nei Lopes, Sueli Carneiro e Lima Barreto.
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