domingo, 1 de novembro de 2009

48 h Fora do Ar...





Uma e meia da matina em São Paulo, meia-noite e meia em Aracaju. Acreditem, mas desde que cheguei na metrópole, depois de dar a volta ao mundo em "nove horas" (embarquei quatro e trinta d madruga em Aracaju da sexta-feira e só cheguei ao hotel à uma da tarde), só agora consegui sentar ao computador e postar alguma coisa no blog.

Quem já veio para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo sabe como é a correria. Dezenas de filmes bons passando no mesmo horário e a gente tendo que escolher "na marra" os sacrificados do dia.
Posso dizer, no entato, que mesmo para quem não teve tempo de escolher os títulos e foi mais na intuição, dei muita sorte.

O primeiro da tarde da sexta foi "Querido Lemon, Lima" de Suzi Yoonessi. A produção americana, que por sinal, consta na lista dos concorrentes ao Troféu Bandeira Paulista, conta a história de uma adolescente, Vanessa Lemor, que se vê excluída não só na escola ( ela é descendente de indígenas do Alasca), como também abandonada pelo seu verdadeiro amor. De uma forma nonsense e bem humorda o espectador acompanha os percalços na vida da garota de 14 anos, bem como seu modo inusitado de "levantar, sacudir e a poeira e dar a volta por cima".

A diretora Yoonessi, bastante jovem e simpática, fez-se presente a exibição. Ganhei até um cartão de divulgação do filme autografado por ela. Para uma sessão sem muitas pretensões, o filme é um achado.
Melhor ainda  foi "A Pé" de Fereydoun Hasanpour.

Quem ler a sinopse do filme iraniano pode achar uma bobagem. Realmente, a descrição não chega perto da verdadeira dimensão dessa película de história simples, mas tocante. Durante 87 minutos, assistimos à frustação de Jafar por não ter encontrado ainda seu grande amor. Ele é um camponês com 35 anos, de pouquíssimo estudo, mas com um coração de criança. O problema é que a figura autoritária do pai, atrapalha as suas possibilidades de constituir uma família. No entanto, muito mais perto do que ele poderia imaginar, estava a mulher dos seus sonhos. Com um naturalismo impressionante, "A Pé" cativa aqueles que buscam no cinema a chance de conhecer novas culturas e seu cotidiano, assim como os considerados "últimos românticos".

Porém, como o melhor fica sempre pra o final, fechei com chave de ouro meu primeiro dia a Mostra com o filme iraniano "Ninguém Sabe dos Gatos Persas" de Bahman Ghobadi. Só para refrescar a memória dos cinéfilos, o cineasta dirigiu as pérolas "Tempos de Embebedar Cavalos" (2000) e "Tartarugas Podem Voar" (2004).

Neste seu mais recente filme, ele denuncia a censura iraniana para com o cenário musical. Dois jovens que acabaram de sair da prisão decidem formar uma banda e cair fora do país. Andando no meio underground de Teerã, com a ajuda de um amigo, eles irão atrás não só dos instrumentistas, como também dos passaportes que possibilitem a sua "liberdade". Mas sem dinheiro e sem documentos para a viagem, qual será o fim dessa moçada?

Com um realismo já habitual do diretor, ficamos a par da produção musical iraniana, que muito se assemelha ao que se vem produzindo nas "garagens" brasileiras. Será que já tem a trilha rolando por aí ?
Gravem agora...

Legenda da Foto 1: Savanah Wiltfong encarna a personagem Vanessa Lemor, que chora as mágoas para o "Querido Lemon Lima" (seu diário)

Legenda da Foto 2: Atores de "Ninguém Sabe dos Gatos Persas", mais um ótimo filme iraniano

Texto: Suyene Correia

Fotos: Divulgação

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