quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dia de Gonzaguear

Se estivesse vivo, Luiz Gonzaga do Nascimento completaria  hoje 100 anos . Ele foi ter um “descanso feliz” no dia 02 de agosto de 1989, mas sua arte nunca esteve tão em evidência, quanto neste final de ano. Em outubro, foi lançado o filme “Gonzaga- de Pai Para Filho” de Breno Silveira; relançada a biografia “Gonzaguinha & Gonzagão- Uma História Brasileira” de Regina Echeverria e chegaram às loja especializadas do país, alguns discos (como “O Fole Roncou” coletânea da EMI Music, “Gilberto Gil canta Luiz Gonzaga” da Warner/Discobertas ou “Olha Pro Céu” da Universal Music) compostos por sucessos do ‘Velho Lua’.  

Além disso, está programado para esta semana, eventos alusivos ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, em várias cidades brasileiras, como o lançamento do livro “Luiz Gonzaga: tem sanfona no choro” organizado por Marcelo Caldi (neste sábado, às 20h, no CCBB do Rio de Janeiro); a realização do projeto Perfis de Gonzaga, com shows de Marcelo Jeneci, Osvaldinho do Acordeon e Xangai (de 14 a 16 de dezembro, no Teatro Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro) ou o show “100 Anos de Gonzagão” no SESC/Pompeia em São Paulo, reunindo nomes como Angela Ro Ro, Simoninha, Elke Maravilha, Amelinha, Filipe Catto e Anastácia.

Em Pernambuco, sobretudo em Recife e Exu (terra natal do “Rei do Baião”), uma programação especial contemplando artes visuais, cinema, teatro e música começou na última segunda-feira e prossegue até o próximo domingo. Dentre as atrações musicais estão Dominguinhos, Gilberto Gil, Alceu Valença, Targino Gondim, Fagner, Genaro, Elba Ramalho, Jorge de Altinho, Azulão, entre muitos outros.

No entanto, os admiradores aracajuanos do legado de Luiz Gonzaga terão que se contentar em assistir ao filme de Breno Silveira ou dedicar algumas horas do seu dia, à leitura do livro de Regina Echeverria ou mesmo à biografia “Vida de Viajante: a saga de Luiz Gonzaga” escrita por Dominique Dreyfus.

A Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) promove uma homenagem ao Rei do Baião, no próximo sábado, na Orla de Atalaia, “diluída” na grande final do Alumiar - II Festival de Novas Composições. Já segundo a assessoria de comunicação da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (FUNCAJU), a homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga aconteceu antecipadamente, no mês de junho, durante a XI edição do Fórum do Forró. Muito pouco para um órgão que mantém a Orquestra Sanfônica de Aracaju e poderia promover uma bela apresentação nesta quinta, no Parque da Sementeira.

Mas voltemos ao filme. Para quem ainda não o viu- prestes a alcançar a marca de 1,5 milhão de espectadores-, é bom se apressar. Com a chegada de “O Hobbit” de Peter Jackson às salas de cinema nesta sexta-feira, a tendência é que as poucas sessões de “Gonzaga de Pai Para Filho”, no multiplex local, sejam pulverizadas.

Difícil encontrar alguém que tenha “torcido o bico” para o mais recente filme de Breno Silveira, diretor afeito a discutir relações entre pais e filhos na telona de forma melodramática (basta lembrar de “Dois Filhos de Francisco” e “À Beira do Caminho”), embaladas por uma trilha sonora não menos apelativa. “Gonzaga de Pai Para Filho” é quase uma unanimidade no Nordeste (em Estados do Sul do país, entretanto, a bilheteria não vai bem).

O filme evidencia a relação tempestuosa entre Gonzaguinha e seu pai, Luiz Gonzaga, sem deixar de mostrar a carreira musical de ambos (mais do segundo que do primeiro), que sai do interior pernambucano ainda jovem e segue para cidade grande em busca de novos horizontes. Baseada, livremente, no livro de Echeverria- que por sua vez foi concebido através de conversas entre pai e filho, registradas por Gonzaguinha- a produção de Silveira tem uma virtude inquestionável: o resgate da figura de Luiz Gonzaga na contemporaneidade, oportunizando os jovens conhecerem um pouco da trajetória musical desse artista, singularmente, popular.

Seria interessante, também, que os aficionados pela vida e obra de Luiz Gonzaga reservassem um tempo para apreciar o livro da jornalista Regina Echeverria (responsável também pelas biografias de Elis Regina e Mãe Menininha do Gantois). O livro só pode ser escrito porque o material gravado por Gonzaguinha, durante a turnê que fez com o pai- “Vida de Viajante”-, foi entregue à jornalista pelos seus herdeiros.

Utilizando seu talento jornalístico, Regina Echeverria entrelaça nessa obra as biografias de dois artistas e as memórias, muitas vezes dolorosas, de pai e filho. Segundo a autora, “De Gonzagão herdou o nome. Mas o amor de pai foi preciso arrancar das entranhas do famoso Rei do Baião. Não só o amor, mas ainda o respeito. Uma batalha silenciosa, um plano determinado de vida que o filho seguiu à risca, com cara de bravo”.

Para aqueles que preferem se deter na vida e trajetória artística de Gonzagão, a melhor pedida seria “Vida de Viajante: a saga de Luiz Gonzaga” escrita por Dominique Dreyfus. Considerada a mais completa biografia do Rei do Baião, a publicação da Editora 34, foi produzida por uma francesa, que morou 11 anos no Brasil e depois, tornou-se uma especialista em música brasileira em Paris.

Tendo morado em Pernambuco (Garanhus), durante sua estada no país, Dominique foi logo “contaminada” pela música popular, sobretudo o baião do “Velho Lua”. Mas foi só 35 anos depois, quando o sanfoneiro foi convidado para participar de um festival de música brasileira na França, que a jornalista e escritora teve o insight de escrever um livro sobre ele.

Na época, havia apenas dois livros bem resumidos sobre o artista, lançados no Brasil e, levando em conta que Luiz Gonzaga já tinha 73 anos, Dominique Dreyfus decidiu não perder tempo e produziu “Vida de Viajante: a saga de Luiz Gonzaga” lançado, originalmente, em 1996. Mas não é difícil encontrar nas livrarias a edição mais recente (a 3ª), lançada este ano.

Os garimpeiros de discos de Luiz Gonzaga, no entanto, terão que esperar para 2013, a reedição prometida pela Sony, de vários títulos de sua discografia. Até março deverá sair 15 CDs e, paulatinamente, até 2014, a gravadora pretende lançar a obra completa do criador do hino “Asa Branca”, entre os quais, “O Canto Jovem de Luiz” (1971) e “A Festa (1981), até então, inéditos no formato digital.
Que venha logo, 2013!!

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