"Nem tudo que reluz é ouro". Quem já não ouviu pelo menos uma vez na vida esta frase ? Pois bem, ela cai como uma luva para a inauguração do Presépio Gigante que aconteceu ontem, à noite, no Parque da Sementeira. Quantos fogos desperdiçados, quantos holofotes erroneamente direcionados para aquele local...
Fui conferir de perto (bem de pertinho) a tal representação do Nascimento de Cristo idealizada pelo artista Ivo Gato e não consegui enxergar nem a tecnologia de ponta utilizada no referido cenário, nem um fio da inspiração dos quadros renascentistas que a presidente da EMSURB, disse a obra possuir.
Fui conferir de perto (bem de pertinho) a tal representação do Nascimento de Cristo idealizada pelo artista Ivo Gato e não consegui enxergar nem a tecnologia de ponta utilizada no referido cenário, nem um fio da inspiração dos quadros renascentistas que a presidente da EMSURB, disse a obra possuir.
Vi sim, dois postes de luz daqueles do início do século XX na entrada do presépio que, sinceramente, desconheço qual o sentido de estar ali. Ao adentrar no espaço, deparei-me com réplicas de animais (acredito que feitas de fibra de vidro) e manequins toscos, representando não só a Sagrada Família, mas também os Três Reis Magos e outros personagens anônimos da cena cristã.
Para mim, o resultado 'soou' brega e de um mau gosto extremo. Mas ao contrário do que eu estava vendo, observando, o público não parava de chegar, sacava de suas bolsas e bolsos, máquinas fotográficas para registrar aquele amontoado de bonecos, como se fossem verdadeiras obras de arte. E pasmem, toda a decoração natalina da capital, juntamente com o presépio, custou aos cofres públicos R$ 960 mil (dinheiro meu, seu, de todos nós). Investimento inversamente proporcional ao resultado alcançado.
Engraçado que não muito longe dali, próximo ao portão principal do Parque, outro presépio, muito melhor realizado e acabado, mas feito apenas com papel reciclado (papel jornal) cumpria melhor o seu objetivo: o de representar com simplicidade e sensibilidade a chegada do menino Jesus na terra. Pena que muitos visitantes do Parque não tenham atentado para essa obra singular, confeccionada com material simples mas com efeito devido ao pouco destaque dado pelo órgão municipal, em detrimento à pompa reservada para o 'Castelo Medieval'.
Lembro-me que quando eu era pequena, visitava junto com meus pais, um belo presépio montado na Igreja dos Capuchinhos, no Bairro América. Em miniatura, o presépio era todo mecanizado (uma engenharia muito bem elaborada) e fazia com que crianças e adultos "viajassem" na história passada há séculos. Tinha um cenário sem igual, com fundo negro simulando o céu e com luzes delicadamente posicionadas, como se fossem estrelas. Num plano mais abaixo, a cidade de Belém com todos os seus personagens principais articulados. Era mágico e atraía milhares de pessoas de todos os bairros da capital.
Pena que o Presépio que atrai hoje, tanta gente, não mereça o alarde feito pela Prefeitura, tenha uma aparência um tanto bizarra e ainda tenha sido tão oneroso.
Um comentário:
Eu trabalho no Centro e toda vez que passo pelo calçadão e visualizo aquela decoração toda em vermelho e neve artificial, fico com mais calor ainda. Quando vamos aprender a adaptar certas decorações à nossa realidade?
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