O primeiro filme projetado foi “A Saga das Candangas Invisíveis” de Denise Caputo. Nascido de um projeto de disciplina do Curso de Cinema da Universidade de Brasília, o documentário enfoca um segmento de mulheres à margem da história oficial: as prostitutas que chegaram a Brasília ainda na época da construção da cidade, no final dos anos 50, guiadas pelo sonho de um Brasil novo.
Tanto esforço foi recompensado, com o Prêmio Câmara Legislativa do Distrito Federal concedido à película, em novembro do ano passado, no 41º Festival de Brasília. “Comparando as reações dos públicos, o daqui de Sergipe ‘enxergou’ o filme pelo viés mais da comicidade. Já o de Brasília, com um olhar desconfiado, pelo fato de tratar de um tema delicado, que não era abordado”, disse Ferreira, que não conhecia o festival, mas aprovou a organização do mesmo.
Logo em seguida foi exibido o curta mineiro, “Os Filmes Que Não Fiz”, onde o diretor Gilberto Scarpa parodia os cineastas que têm mil ideias na cabeça, mas nenhuma digna de se colocar em prática. Através da metalinguagem, o próprio diretor conta sua experiência com a Sétima Arte e os projetos mirabolantes que deseja levar às telonas, mas que estão “congelando” na geladeira.
Com tipos esquisitos, beirando o trash cômico, “Os Filmes Que Não Fiz” arrancou da plateia muitas gargalhadas e aplausos depois de sua exibição.
Muito aplaudido também foi “Espalhadas Pelo Ar”, filme de estreia da cineasta Vera Egito. De forma bastante delicada, a diretora trabalha o universo feminino, explorando temas como o primeiro amor, o término de um relacionamento, cumplicidade e a possibilidade de um recomeço.
Com uma interpretação segura da estreante em cinema, Ana Carolina Lima- que venceu o prêmio de Melhor Atriz no I Festival Paulínia de Cinema- “Espalhadas Pelo Ar” foi exibido em Cannes dentro da programação da Semana da Crítica.
“Estou muito feliz de estar em Aracaju e nesse festival que eu ainda não conhecia. Confesso que estava um pouco apreensiva com relação à expectativa do público, mas acho que o filme foi bem recebido. É um filme delicado, que diz muito nas entrelinhas. Uma experiência que gostei muito de fazer e abriu portas para novos trabalhos”, disse Ana Carolina, que depois de quatro curtas no currículo, pretende participar de um longa.
Complementaram o segundo bloco de curtas nesta competitiva, “Blackout” de Daniel Rezende, estrelado por Wagner Moura e o premiadíssimo “Dossiê Rê Bordosa”, de César Cabral. Este último, representado pelo roteirista e mntador, Leandro Maciel que estava receoso do público não compreender algumas passagens da animação em stop motion.
“A reação da plateia foi a ideal. Eu estava receoso por conta das inúmeras referências que ele possui das tiras do Angeli, mas o filme também serve para divertir o público. Não é um filme puramente intelectual”, comentou Maciel.
Além do ótimo roteiro assinado por Maciel e Cabral, a animação tem apuro técnico que se deve em parte pelo excelente trabalho do modelista Olyntho Tahara, na concepção dos bonecos/personagens
Texto e Foto: Suyene Correia
Legenda da Foto: Leandro Maciel (de óculos), Ana Carolina Lima e Bruna Ferreira (blusa vermelha ) prestigiam a segunda noite de Mostras Competitivas de Curtas 35 mm
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