Conheci Marco Ricca mais de perto, há dois anos, quando estive em Paulínia e ele marcou presença no Festival de Cinema, como um dos diretores que teria sua produção financiada pela prefeitura da cidade, por conta de um edital de audiovisual. Na entrevista coletiva, concedida à epoca, ele discorreu sobre a trama- baseada em romance de Marçal Aquino- e falou um pouco sobre a escolha do elenco tarimbado.
Ontem, fui conferir o longa de estreia de Ricca, no Cine Cult do Cinemark Jardins e confesso que me decepcionei. Não com o olhar ousadamente intimista do diretor ao abordar a questão do tráfico nas fronteiras do Centro-Oeste brasileiro, nem com as excelentes construções dos personagens pelo atores escalados, mas com uma certa diluição do roteiro, que em alguns momentos, deixa brechas inaceitáveis.
Não li o livro do Aquino, para comprovar se essa característica lacunar já provem da literatura contemporânea do escritor, mas penso que na tela, a adaptação não funcionou a contento com essas pontas soltas e sem amarras. Alguns personagens saem de cena sem a menor explicação- como a amante do matador, Brito, vivida por Via Negromonte e a esposa do fazendeiro Miro, vivida por Ana Braga, mãe de Alice Braga- sem contar que um quê da trama (se eu disser, estraga a surpresa) não fica bem claro.
Talvez tenha sido exatamente isso que o diretor desejou para o seu longa-metragem, mas ao contrário de outras críticas que li, comparando ao filme "Os Matadores" de Beto Brant, "Cabeça a Prêmio" não possui roteiro redondinho e torna-se, por vezes, pretensioso.
No entanto, o filme tem seus méritos: o elenco está irrepreensível, a fotografia de José Roberto Eliezer é soberba e a sensibilidade de Ricca ao explorar o silêncio é na medida certa. Repare nos atores estrangeiros, Daniel Hendler (argentino) e César Trancoso (uruguaio). Alguém aí advinha os filmes que eles participaram e foram exibidos aqui no país?
Texto: Suyene Correia
Legenda da Foto: Alice Braga vive Elaine a filha de Miro (Fúlvio Stefanini)
Talvez tenha sido exatamente isso que o diretor desejou para o seu longa-metragem, mas ao contrário de outras críticas que li, comparando ao filme "Os Matadores" de Beto Brant, "Cabeça a Prêmio" não possui roteiro redondinho e torna-se, por vezes, pretensioso.
No entanto, o filme tem seus méritos: o elenco está irrepreensível, a fotografia de José Roberto Eliezer é soberba e a sensibilidade de Ricca ao explorar o silêncio é na medida certa. Repare nos atores estrangeiros, Daniel Hendler (argentino) e César Trancoso (uruguaio). Alguém aí advinha os filmes que eles participaram e foram exibidos aqui no país?
Texto: Suyene Correia
Legenda da Foto: Alice Braga vive Elaine a filha de Miro (Fúlvio Stefanini)
2 comentários:
Nossa! Você disse tudo o que pensei sobre o filme!! Ótima análise!!
Bjoss
Vc estava sentada bem pertinho de mim, mas não me viu...
Ainda hoje, devo postar sobre o Cine Cult do Riomar que traz o ótimo SEDE DE SANGUE.
Esse só recomendo a quem não tem problemas com sangrias e curte filme com Vampiros Contemporâneos.
Bjs
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