quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Magia do Cinema Mudo

O Artista_vencedor do Oscar 2012

Dos concorrentes ao Oscar de Melhor Filme deste ano, ainda não tive a oportunidade de assitir a "O Homem que Mudou o Jogo", "Tão Perto e Tão Forte" e "A Invenção de Hugo Cabret". Penso que pelo que a mídia comentou até o momento, talvez só o filme de Martin Scorsese ( "A Invenção de Hugo Cabret", indicado a 11 categorias) possa fazer frente a "O Artista" (concorrente em 10 categorias).
Não saberia por quem torcer. Já que boto fé no talento de Scorsese, mas não posso desconsiderar, o esforço alcançado, com sucesso, pelo diretor Michel Hazanivicius, em nos levar através de uma viagem temporal, até a Hollywood dos anos de 1927.
É lá que conheceremos o galã George Valentin (Jean Dujardin), estrela do cinema mudo, que não cansa de se promover, a partir das estreias de seus filmes. Após uma dessas sessões especiais, ele conhece uma fã, Peppy Miller (Bérénice Bejo), que acidentalmente esbarra no astro e é flagrada ao seu lado por repórteres fotográficos.
No dia seguinte, a foto é estampada em primeira página da Variety e a esposa de Valentin, Doris (Penelope Ann-Miller) demonstrando ciúmes, questiona sua relação com a garota.  Negando qualquer envolvimento com a mesma, Valentin, então, brinca com seu cachorro Jack (Uggie) e prepara-se para no dia seguinte, participar de uma nova produção.
Chegando nos Estúdios Kinograph, ele depara-se com Peppy e descobre que a jovem pretende ingressar na carreira de atriz. Com um empurrãozinho camarada de George Valentin, ainda que o chefe Al Zimmer (John Goodman), inicialmente, faça objeção à contratação de Peppy Miller, ela consegue ascender rapidamente na carreira de atriz.
Passados dois anos da mudança do Cinema Mudo para o Cinema Falado, George não consegue acompanhar o ritmo da novidade e, num sinal de resistência, decide dirigir e atuar nos seus próprios filmes. O problema é que o público não quer mais saber de filmes mudos e com a economia do país em frangalhos, por conta do "Crash de 29", Valentin vê-se à beira da falência, depois de ter investido até o último centavo, no seu primeiro (e último) filme fracassado.
O que o espectador acompanha, a partir daí, é o movimento de ascensão e queda de dois astros (e gêneros) bem distintos,  mas que são unidos por uma paixão. O romance que perpassa a trama é um mero detalhe, e em nada, enaltece a película. O grande mérito de "O Artista" (através da direção de Hazanavicius, da interpretação da dupla de atores-concorrentes aos Oscar-, da reconstituição de época e da trilha sonora) é chamar a atenção para o público jovem, muitas vezes impaciente para com filmes sem grandes efeitos, que cinema na sua essência pode ser mudo, P&B e emocionar como magia, não importando se foi realizado em 1920 ou 2011.
Um verdadeiro deleite!!

Obs: "O Artista" concorre nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Ator Principal, Atriz Coadjuvante,  Direção de Arte, Fotografia,  Figurino,  Montagem, Trilha Sonora Original, Roteiro Original


Legenda da Foto: George Valentin e Peppy Miller: um encontro fortuito que mudará suas vidas

2 comentários:

Laryssa Viana disse...

Suyene tudo bom? Confesso que amei O Artista. Na verdade em um ano em que se pesou a nostalgia, uma vez que com a falta de fitas realmente boas e originais, como as do ano passado, a Academia acabou recorrendo aos tempos de gloria que já teve, e o próprio cartaz revela isso. Na verdade o filme foi uma bela e oportuna homenagem ao cinema, assim como a fita do Scorsese, Hugo, faz. Não sei se O Artista chegará aqui, afinal como um filme mudo em preto e branco teria sucesso aqui?! Uma vez que uma boa parte dos expectadores parecem não apreciar o filme que assistem?! Presenciei cenas horríveis de pessoas rindo do filme A Árvore da Vida e Melancolia. O pior ainda foi escutar, depois de sair da sessão do filme de Malick, um indivíduo dizer, 'preciso falar com Cinemark para escolherem filmes melhores'. Senti-me muito mal, mas retornando, não sei se o Oscar daria o premio máximo da noite, confesso que estou apostando em Histórias Cruzadas, mas pelo menos ao ator Jean Dujardin, muito melhor que Clooney naquele filme péssimo do Havaí (Os Descendentes), merece o premio de Ator.

Abraços Laryssa

Bangalô Cult disse...

Laryssa, por onde andavas?
Estava com saudade de seu feedback.
Bom, gostei de "Histórias Cruzadas" mas não acho eu o filme seja "forte" suficientemente para ganhar.
Tomara que ganhe "O Artista" e se isso realmente acontecer, acho que o filme chegará aos cinemas sergipanos.
Quanto aos espectadores locais, cada vez mais, decepciono-me e irrito-me com a falta de educação e de "neurônios" deles.
Na sessão de "Os Descendentes", tinha umas quatro meninas que não paravam de rir. Acho que essa galera perdeu totalmente a noção...