O cartaz de "O Que eu Mais Desejo", mostrando o pequeno Koichi, sentado no que poderia ser um vagão de trem (e é), soa bastante sugestivo. Com o olhar distante, o jovem personagem, vivido por Koki Maeda, por certo está pensando no seu desejo secreto, que envolve a reconciliação dos pais e a possibilidade de morar novamente com seu irmão mais novo, Ryu (Ohshiro Maeda).
Para alcançar seu intento, ele terá que fazer o pedido no ponto de interseção dos vagões do trem bala. Morando num extremo da ilha de Kyushu, ameaçada pela erupção de um vulcão, Koichi traça um "plano de viagem" com mais dois amigos, a fim de chegar no ponto de cruzamento dos trens. Por sua vez, Ryu (do outro lado da ilha) com mais três amigas, também planejam fazer os seus pedidos, seguindo a lenda. A aventura possibilitará o reencontro de Ryu com o irmão mais velho, já que não se vêem há seis meses.
Até chegar ao clímax da história, o diretor e roteirista, Hirokazu Koreeda, vai apresentando ao espectador, paulatinamente, o cotidiano da família bipartida. Num extremo, Koichi divide a casa com os avós e a mãe. Entre as atividades escolares e as esportivas, ele sempre encontra tempo para colocar o papo em dia com o irmão (via celular) e, vez ou outra, acompanha o avô confeiteiro em explorações gastronômicas. A mãe tenta recomeçar a vida num novo emprego, enquanto a avó, tenta esquecer dos percalços da vida, praticando a dança.
Ryu, por conta de viver com o pai músico e deveras displicente, assume as funções domésticas como varrer, lavar e cuidar da pequena horta no quintal. Apesar de pequeno, vez por outra, questiona o senso (ou a falta) de responsabilidade do seu genitor, mostrando um grau de maturidade, impressionante. O pai tenta a qualquer custo voltar aos palcos com dignidade, após abandoná-los, por um bom tempo.
A narrativa faz-se lenta, mas necessária, até o estágio em que as crianças rumam em direção ao trem bala. Não se admire se o espectador ao seu lado, olhar o relógio, insistentemente, à procura dos minutos finais, que não chegam. No entanto, quando o 'THE END' apontar, você já estará tomado por uma sensação prazerosa diante da ode à pureza infantil.
2 comentários:
Oi Suyene, tudo bom? Já faz um tempão que eu não comento aqui, mas com a faculdade ficava um pouco difícil. Eu ainda não assisti nenhum dos filmes dos outros posts, mas assisti recentemente este japonês, “O que eu Mais Desejo”. Sou suspeita para falar porque gosto bastante do cinema japonês, uma vez que amo bastante à cultura. Mas, gostei bastante da delicadeza da história, extraindo a beleza em coisas simples. Interessante é que este filme me lembrou de outro, o “Conta Comigo”, não sei se já assistiu, mas lembra um pouco a história, que também têm demonstrações de amizade e retrata com sensibilidade o universo infanto-juvenil (com primeiros passos à vida adulta). Gostei também da trilha sonora e da fotografia. Mas, acho que o filme deveria ter sido mais curto, não achei que necessitava de duas horas de filme para tal história, apesar de ter gostado muito do filme.
Abraços Laryssa
ôpa, Laryssa, td bem? Aprecio o cinema de Kurosawa, Mizoguchi e Ozu. Não sei se vc conhece algum filme do primeiro e do último diretor citado, porque tenho quase certeza que alguns do Akira Kurosawa, v já deve ter conferido.
"O que eu Mais Desejo" é mesmo um filme delicado, e de certa forma, lembra a aventura infanto-juvenil de "Conta Comigo".
Deveras, merecia uma projeção mais enxuta.
Abs
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