Um amigo meu me perguntou, recentemente, se o Bangalô Cult faria a tradicional promoção do Oscar. Eu respondo agora, não só para ele, mas para os outros seguidores do blog, que este ano, farei meu protesto contra o evento e não promoverei a enquete.
Não é de agora que o Oscar vem me decepcionando. A cada ano, geralmente, minhas frustrações acontecem após a premiação, quando uma atriz ou um filme perde injustamente a estatueta, porque na cerimônia do ano anterior, já foram cometidos alguns erros e, eles aproveitam a próxima festa, para corrigi-los.
Este ano, decepcionei-me antecipadamente, por ocasião da divulgação da lista dos concorretes. Em primeiro lugar, esperava que "Tudo pelo Poder" de George Clooney teria seu lugar garantido na categoria Melhor Filme. Mas isso não aconteceu, além da lista ter sido reduzida a nove filmes.
Outro absurdo, na minha opinião, foi a inclusão de "Cavalo de Guerra" de Spielberg, na lista dos "nove mais". Quem assistiu ao filme e tem o mínimo de bom senso, percebe que jamais ele poderia constar numa lista de qualquer premiação (a não ser do Framboesa de Ouro). Um dos piores de sua filmografia.
E o que dizer de "Os Descendentes" de Alexander Payne ? Concorrendo a cinco indiações, entre as quais Filme, Diretor e Ator ? Parece que os votantes, realmente, não tinham muita escolha esse ano.
Como se não fosse pouco (agora estou confiando na opinião de outros críticos, pois não conferi ainda este filme), a atriz Tilda Swinton foi completamente desprezada pelos colegas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, não tendo sido indicada a Melhor Atriz, pela sua atuação em "Precisamos Falar Sobre Kevin" de Lynne Ramsay. Além disso, quem leu o livro (estou lendo-o) e já conferiu o longa-metragem homônimo, também confirma a excelente adaptação do roteiro.
Nem a categoria Filme de Animação salvou-se. É bem verdade que "Rio" do brasileiro Carlos Saldanha dificilmente ganharia de "Rango" de Gore Verbinski. Mas a ficar de fora da disputa, podendo ocupar o lugar de "O Gato de Botas" de Chris Miller ?
Até no quesito musical, a imprevisibilidade se fez presente. Apenas duas canções (diga-se de passagem, de animações) estão concorrendo este ano e, já foi anunciado que não haverá apresentação ao vivo das mesmas, na noite do Oscar 2012. "Real in Rio" do filme "Rio" e "Man or Muppet" do filme "Os Muppets" estão no páreo. Será que a música de Sérgio Mendes perderá???
Promoção de Oscar no Bangalô Cult ? Talvez, só no ano que vem.
Promoção de Oscar no Bangalô Cult ? Talvez, só no ano que vem.
5 comentários:
Cara blogueira, eu estava sentindo saudade de suas postagens sobre cinema... Preciso dizer que gostei de Cavalo de Guerra, ainda que não a ponto de colocá-lo na lista dos 10 mais. Assim como Hugo e O Artista, considero-o uma experiência formal que homenageia certo momento do cinema. No caso de Cavalo, a inocência, a fantasia e o otimismo (e certa dose do inverossímil) tão em voga na época do tecnicolor mas que, de fato, soam descolocados, cafonas e constrangedoras nesta nossa era do cíninismo, da amargura e do ceticismo.
Sobre o Oscar, Isabela Boscov fez excelente comentário na última edição de Veja (as páginas de cinema e literatura são as únicas que me atrevo a ler nesse veículo para o fascismo peemedebista paulistano): segundo ela, o que mais valeu na escolha final dos indicados não foram questões técnicas, foram as simpatias e antipatias, as famosas preferências pessoais, que reinam na indústria. Os mesmos fatores que em outros anos renderam às Sandras Bulock da vida o homenzinho dourado, postergaram o mesmo para meu querido Scorsese e impediram o reconhecimento de nomes fundamentais como Chaplin, Hitchcock, Kubrick e Altman. Ou será que eles não viram Drive, Shame, Tudo pelo Poder, Jovem Adulta, Um método Perigoso, Precisamos falar sobre Kevin etc? Fico ruborizado só de pensar que Histórias Cruzadas (como alguém pode ter cometido algo tão simplório?) esteja na lista dos melhores.
Se me permite uma sugestão de leitura, Ricardo Calil fez um engraçada análise as indicações desse ano: http://colunistas.ig.com.br/ricardocalil/2012/02/03/a-politica-de-cotas-do-oscar/
Caro Robson, vou conferir o texto da Boscov (pouco leio a VEJA)e, ultimamente, tenho dado mais chance aos textos de Orlando Margarido da Carta Capital.
Agora, simplório, por simplório, coloco "Cavalo de Guerra" nessa categoria também.
Abs
Oi Suyene, andei sumida, mas voltei :) Concordo com você, cada vez mais me espanto com os espectadores sergipanos. Não entendo, antigamente filmes como “A Árvore da Vida” tinham um público seleto, não que eu não seja a favor de se interessarem por assistir tais filmes, agora lotar a sala e depois rir e dizer que o diretor é ‘louco’, como tive o desprazer de escutar em Melancolia?! Prefiro as salas aos grilos, só com poucos apreciadores.
Em relação aos indicados, concordo que excepcionalmente este ano, a Academia se superou na lista de indicados. Péssima! Senti falta de “Tudo pelo Poder” e “Precisamos falar sobre Kevin”. Ignorar a atuação da Tilda Swinton... Poxa, fiquei sem palavras, ainda mais sabendo da indicação da Rooney Mara por “Os Homens que não Amavam as Mulheres”. Apesar de achar o filme do Fincher superior que o sueco, a interpretação da Noomi Rapace no original, é imbatível. Não digo que Mara esteja ruim, mas achei fraca sua atuação para receber, logo de cara, uma indicação.
Outro ponto que não entendo é "Cavalo de Guerra", filme feito para ganhar Oscar, e tão apelativo como Spielberg nunca fez, ganhar indicação e TinTim, melhor filme do Spielberg em anos, na minha opinião, ficar de fora por causa daquela regra ridícula de captura de movimento. Confesso que não gostei de Rio, mas Gato de Botas... Francamente!
Não gostei muito do filme “Os Descendentes”. Achei o roteiro escorregadio, mas também não encontrei motivos para rir, rs. De qualquer forma só leio críticas positivas ao filme, do tipo Melhor Atuação de Clooney (particularmente discordo) e a atriz, que faz a filha rebelde, não ter sido indicada! É brincadeira né?! Essa menina nada faz no quesito atuação para ser indicada, sua indicação ao Globo de Ouro foi é sorte, não acha Suyene?
Por mais que História Cruzadas não seja “O” filme, confesso que acho que pode surpreender. Não sei se a Academia escolheria O Artista, mas Hugo, que é o meu favorito do ano, quem sabe. Pelo menos diretor, porque Scorsese merece.
É uma pena não ter a promoção esse ano, mas concordo com o protesto :)
Abraços Suyene
Suyene, depois precisaremos falar sobre o Kevin, também estou lendo o livro agora (infelizmente acho que o filme não vai passar aqui, talvez só no Cine Cult). Adoro a Tilda, você viu "Sonho de amor"(título nacional horrível).
Sua colocações sobre o Oscar são bastantes pertinentes. Há muito já não dá para levar a sério, né? (não vi "Tudo sobre o poder", saiu de cartaz cedo demais, mas este foi o ano do Ryan Gosling, não?).
Ah, faço parte da ala que gosta de "Os descendentes", adorei...mas o filme do ano para mim ainda é "A árvore da vida", simplesmente maravilhoso. Abs!
Pois é, Rui, lendo um texto da Mariane Morisawa, há pouco, na Revista Preview, ela fala bem de O Artista, mas parece torcer mesmo é pela Invenção de Hugo Cabret.
Estou curiosa em assistir ao novo Scorsese...
Vamos ver se essa homenagem aos primórdios do Cinema, realmente, vale a pena.
No mais, sinto pelas análises dos críticos feitas aos concorrentes deste ano, que haverá uma pulverização dos prêmios.
É esperar para ver!!!
Mas, não consegui "entrar" no clima de Os Descendentes e nem acho que George Clooney tenha feito sua melhor interpretação da carreira.
Abs
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