segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Komona, A Feiticeira da Guerra



Dos cinco filmes que concorrem ao Oscar de Filme Estrangeiro deste ano, só não conferi ainda o norueguês "Kon-Tiki". Meu favorito continua sendo "Amor" de Michael Haneke, mas também apreciei muito "O Amante da Rainha" de Nicolaj Arcel (depois reservarei um espaço para comentá-lo) e "A Feiticeira da Guerra" de Kim Nguyen que assisti na semana passada.

Este último, por sinal, vi três dias antes de "Indomável Sonhadora". Seria o flagelo vivido pela "indomável" Hushpuppy (Quvenzhané Wallis) pior do que o de Komona (Rachel Muwanza) ? Difícil responder. Cada uma viverá uma experiência única de amadurecimento em tempo recorde, munidas de muita imaginação para espantar a dolorosa realidade. 

Logo no início de "A Feiticeira da Guerra", vemos um pequeno vilarejo africano sendo arrasado por milicianos. Poucos jovens são poupados  e Komona será uma das sobreviventes. No entanto, para viver ela terá que demonstrar sua frieza de soldado, ainda não treinada. O calvário da garota só está no início. E quando o espectador imagina que o pior ainda está por vir, ele vem mesmo, com força de tsunami.

À medida que o tempo passa (e a história se desenrola por, no mínimo, dois anos), Komona é treinada pelos rebeldes, torna-se uma garota-soldado e recebe a alcunha de "Feiticeira da Guerra", após sobreviver a um fogo cruzado e ter visões devido ao uso de uma bebida alucinógena. Por conta disso, a garota torna-se uma protegida do comandante-chefe, mas seu status não é suficiente, a ponto de ser poupada de trabalhos pesados e do assédio dos guerrilheiros.

Afeto mesmo, ela só conhecerá do jovem soldado, Mago (Serge Kanyinda). Ele pretende se casar com Komona e, por isso, não medirá esforços para encontrar uma galinha branca (peça raríssima por aquelas bandas), a fim de conquistar o coração de sua amada.

Os momentos de ternura e aparente paz são fugazes para o jovem casal. A morte ronda os inocentes e Komona, já grávida, terá que enfrentar novamente, situações limites. Sua determinação em viver, está atrelada ao compromisso de enterrar seus pais; talvez, remotamente, em criar seu filho que não sabe se amará no futuro.

"A Feiticeira da Guerra" é crudelíssimo, mas não excessivo. Falta até densidade, em alguns momentos. Na cena dos albinos, por exemplo, não fica explícito o grau de discriminação que essa população sofre na África, sendo os filhos rejeitados pelos pais, ainda bebê e muitos amputados, por acreditarem que parte de seu corpo traz "boa sorte". De uma forma geral, o filme vale como uma lembrança devastadora (ainda que vaga, para os primeiro-mundistas ) do que ocorre em vários países africanos e parece estar longe de uma resolução.

A jovem congolesa Rachel Muwanza (uma menina descoberta nas ruas pelo diretor)  foi premiada com o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim de 2012.


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