segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oscar "Pulverizado" aclama "Argo" Melhor Filme

A 85ª Cerimônia do Oscar vai ficar para a história por conta de alguns detalhes, sobretudo pela premiação “pulverizada”  (os principais prêmios foram distribuídos entre oito dos nove títulos indicados a Melhor Filme), pela participação de Michelle Obama no anúncio do Melhor Filme do ano e por conta da grande derrota de “Lincoln”  (12 indicações) e apenas dois prêmios (Melhor Ator e Direção de Arte).

Se chegou a decepcionar em algumas premiações (Melhor Atriz e Filme), no geral, a festa foi muito bem conduzida pelo ator e diretor Seth MacFarlane, que apesar de algumas piadas constrangedoras (a mais contundente foi direcionada ao ator Jean Dujardin, referindo-se ao fato dele não emplacar a carreira em Hollywood, depois do Oscar do ano passado, por falta de filmes mudos), não deixou o ‘clima’ esfriar durante as quase quatro horas de duração e até se arriscou como cantor em números musicais, como fez Hugh Jackman, na cerimônia de 2009.
 
Os produtores Neil Meron e Craig Zadan acertaram também no roteiro da cerimônia, prestando homenagens ao gênero musical (com Charlize Theron dançando a la  Ginger Rogers e Catherine Zeta-Jones e Jennifer Hudson soltando a voz como em “Chicago” e “Dream Girls”); aos profissionais falecidos no último ano, com a sessão “In Memoriam” levando ao palco Barbra Streisand para interpretar “The Way We Were”; e à série 007, nos seus 50 anos de vida. Um dos pontos altos foi a cantora Shirley Bassey defendendo “Goldfinger” tema de “007 contra Goldfinger” (1962), um dos mais icônicos filmes do agente secreto britânico.

Aliás, se tinha uma categoria que era, praticamente, uma “barbada” era a de Melhor Canção. Como anunciei na sexta passada, no Caderno de Variedades (Jornal da Cidade), Adele era a favorita e terminou “papando” mais um prêmio para a sua coleção de troféus. Apesar de ter informado, durante sua passagem no tapete vermelho, que “só vestia roupas confortáveis por conta de sua silhueta e que não sabia como seria a sua desenvoltura no palco, pois seu vestido pesava cerca de 15 quilos”, sua performance de “Skyfall” foi irrepreensível.

Muito emocionada, a cantora inglesa subiu ao palco junto com o parceiro Paul Epworth, para agradecer, em poucas palavras, a primeira conquista de uma estatueta dourada. Quem não se conteve de tanta emoção foi Jennifer Lawrence. Quando seu nome foi anunciado para receber o prêmio de Melhor Atriz, a jovem de 22 anos foi subindo os degraus até o palco e terminou... tropeçando. A “bela” caiu, mas não perdeu a compostura. 

Até pensei que, por conta de Emmanuelle Riva completar 86 anos, no dia da entrega do Oscar e do ator francês Jean Dujardin, coincidentemente, entregar o prêmio de Melhor Atriz este ano, ela poderia levar para casa a estatueta. Mas não teve jeito. Ainda que sua atuação, no longa-metragem “Amor” de Michael Haneke, esteja soberba, não foi suficiente para vencer Jennifer Lawrence em “O Lado Bom da Vida”.

Pelo menos, “Amor” levou o Oscar de Filme Estrangeiro. No discurso de agradecimento, o diretor Haneke salientou as atuações de Jean-Louis Trintignant e de Emmanuelle Riva. Quem sabe, daqui a alguns anos, eles não recebem um Oscar pelo conjunto da obra, como aconteceu com Chaplin e tantos outros “monstros sagrados”?

Daniel Day-Lewis não precisa aguardar o futuro para ser reconhecido. Recebeu cinco indicações para Melhor Ator em sua carreira e venceu três. A última conquista, na madrugada de hoje (horário de Brasília), foi pela personificação de Lincoln, no filme homônimo de Steven Spielberg. Não há o que questionar da sua interpretação, mas quando “O Mestre” de Paul Thomas Anderson chegar aos cinemas sergipanos, indico aos leitores, uma conferida no trabalho excepcional de Joaquin Phoenix.

Philip Seymour Hoffman e Amy Adams também foram indicados, por esse filme, à categoria de Ator e Atriz Coadjuvante, respectivamente. O primeiro, vencedor do Oscar de Ator, por sua atuação em “Capote” (2005), não conseguiu superar o austríaco Christoph Waltz, que terminou levando para casa, a segunda estatueta de Coadjuvante, em quatro anos (em 2009, Waltz ganhou na mesma categoria, pelo filme “Bastardos Inglórios”), desta vez, pelo papel do caçador de recompensas em “Django Livre”.
 
Já Amy Adams, em sua quarta indicação como Coadjuvante, não deu para superar a colega Anne Hathaway, que canta, corta os cabelos, emociona a plateia e aparece pouco mais que 20 minutos em “Os Miseráveis”, tempo suficiente para a Academia lhe premiar com a estatueta nesta categoria. Aliás, a atriz saiu-se bem, ao vivo, no palco cantando junto com os seus colegas de elenco.

“Os Miseráveis” venceria ainda na categoria de Maquiagem e Mixagem de Som.  Já em Edição de Som houve um empate (coisa rara, na premiação) entre os profissionais responsáveis por essa área (ambos suecos) em “A Hora Mais Escura” (Paul Ottosson) e “007- Operação Skyfall” (Per Hallberg e Karen Landers).
 
A estilista Jacqueline Durran deu ao filme “Anna Karenina”, seu único Oscar, na categoria Melhor Figurino, enquanto “Valente” foi escolhido o Melhor Longa de Animação. Uma pena, já que “Frankenweenie” de Tim Burton merecia esse prêmio, não?

Ang Lee, sempre sorridente, quando as câmeras o focalizavam, não tinha motivo para tristeza. Seu filme “As Aventuras de Pi” ganhou três prêmios técnicos (Melhor Trilha Sonora, Fotografia e Efeitos Visuais) e ele levou a segunda estatueta de Melhor Diretor para casa (a primeira foi pelo filme “O Segredo de Brokeback Mountain”).

Quentin Tarantino, sem indicação na categoria de diretor, terminou ganhando o Oscar de Roteiro Original de “Django Livre”. Menos mal. Na categoria Roteiro Adaptado, Chris Terrio venceu pela sua adaptação de “Argo”.

O filme de Ben Affleck seria o grande vencedor da noite. Não em número de estatuetas (venceu também na categoria Edição), mas pelo fato de levar para casa, o prêmio mais cobiçado: Melhor Filme. Negligenciado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Affleck não foi indicado como diretor.

Mas como assina também a produção, juntamente com George Clooney e Grant Heslov, subiu ao palco do belíssimo Teatro Dolby e agradeceu a todos que contribuíram para a aclamação de seu thriller baseado em fatos reais. Jack Nicholson, juntamente com a primeira dama dos E.U.A., Michelle Obama, participaram do anúncio desta categoria.
 
Completam a lista de premiados: “Paperman” (Melhor Curta de Animação); “Curfew” (Melhor Curta-metragem); “Searching for Sugar Man” (Melhor Documentário) e 
“Inocente” (Melhor Curta de Documentário).

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