segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Reygadas se Esmera na Direção



Alguém aí, já ouviu falar no mexicano Carlos Reygadas ? Não ? Então, não deve perder a chance de assistir ao seu mais recente filme "Luz Silenciosa", que está em cartaz no Cinemark do Shopping Riomar, diariamente, às 14h.

O horário é infame, mas na falta de opção melhor, o jeito é fazer aquele esforço sobrehumano, para não perder essa pérola cinematográfica. O 'choque', no bom sentido, já acontece nos primeiros dois minutos de projeção, num plano-sequência de tirar o fôlego (algumas pessoas ficaram inquietas, pensando que a projeção estava com defeito).

Pois bem, passados esses primeiros minutos sublimes, embarcamos no jeito peculiar de Reygadas comandar a câmera, com longos planos, paisagens deslumbrantes e, uma história prá lá de trivial, mas contada de uma forma totalmente excêntrica: a traição de Johan (Cornelio Wall Feher) para com a sua esposa, Esther (Mirian Toews).

Até aí, nada demais, mas levando-se em consideração que ele é menonita (comunidade religiosa um tanto quanto radical), filho de pastor, a esposa sabe da 'pulada de cerca', mesmo assim, ele não quer dar fim ao relacionamento extra-conjugal, o filme já toma outra dimensão.
Dimensão inigualável que o leva a um extremo de minimalismo, naturalismo (os atores não são profissionais) e precisão. Essas são as principais características de "Luz Silenciosa" e o seu maior trunfo é não descambar para um caminho mais melodramático.

Tudo bem, que, às vezes, a frieza com que certos personagens reagem a algumas situações, parece um tanto quanto forçada, mas no geral, esse distanciamento ou a maneira de ver as coisas por um lado mais racional, não diminui a qualidade da película, que está muito acima da média do que se tem produzido por aí.

Como se não bastasse tudo isso, ainda somos pegos de surpresa nos últimos minutos de projeção, por conta de uma reviravolta surreal. Bom, não vou contar o segredo deste filme estranhamente falado no dialeto alemão- plattdeutsch- vencedor do Prêmio do Júri em Cannes (2008). Quem ficou curioso, que se apresse logo para conferir essa deliciosa co-produção do México/Alemanha/Holanda e França, antes que saia de cartaz.

Texto: Suyene Correia

Fotos: divulgação

P.S. Não percam também o apaixonante "A Bela Junie" do competente Christophe Honoré em cartaz no Cinemark do Shopping Jardins, diariamente, às 14h.

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