Que exposição sui generis, essa que foi aberta ontem, à noite, na Galeria Jenner Augusto!!! Não só porque trata-se de uma coletiva contemporânea, mas porque em se tratando de ARTE CONTEMPORÂNEA SERGIPANA ("quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau...") o público foi surpreendente.
"Desfiando o Rosário" é uma exposição instigante, muito bem arquitetada pela Profa. Dra. Lilian França, com catálogo caprichado e qualitativamente bastante homogênea. Há um equilíbrio na forma expositiva, na escolha dos trabalhos e dos artistas, fazendo com que os 'menos iniciados' sintam-se estimulados a observar atentamente a obra de cada um.
Mas ainda assim, os temerosos ou menos dispostos a digerir o conteúdo plural que esses artífices se propõem a criar, passaram longe do Espaço Cultural Semear. Foram impedidos mais pela sua própria ignorância e intolerância, do que propriamente pela instalação de Bené Santana que vedava (propositadamente e literalmente) a entrada principal da instituição.
Porém, quando me refiro no início do texto, à unicidade de "Desfiando o Rosário", atenho-me ao vernissage em si, por conta da escassez de artistas não contemporâneos. Eu que costumo prestigiar as exposições que acontecem na Jenner Augusto, sobretudo pela excelência das curadorias, assustei-me com a ausência dos artistas locais.
Isso porque , as exposições que passam pelo Espaço Semear são concorridíssimas e, ontem, não deixou de ser. Contudo, os ditos artistas ainda presos à modernidade, aqueles que estranhamente chamam a atenção para o fato dos colegas não prestigiarem suas individuais, também não se fizeram presentes.
Nomes, inclusive, que já marcaram presença no próprio espaço expositivo com belos trabalhos, participando de ótimas coletivas. Bom, cada um deve ter a sua justificativa para não ter comparecido ao evento, mas o surpeendente, foi que 90 % dos adeptos do academicismo não deram o 'ar da graça'.
Será que têm medo de Arte Contemporânea ? A falta de uma fazenda, no meio da chuva com uma casinha de sapê pintada ou desenhada é fator de exclusão??
Prefiro, a tábua de carne do Alan Adi; os guarda-chuvas sombrios de Marly; a cerca elétrica de Fábio Sampaio; o erotismo na cerâmica de João Valdênio; os arames enferrujados de Ana Carolina.
"Dizem que sou louco, por eu ter um gosto assim..."
Texto: Suyene Correia
2 comentários:
Estava com saudades de seus textos inteligentes e provocativos, principalmente quando o "ethos" é a "sergipanidade".... Muito bom, quanto a exposição resta ver o lobo mau....
A parte que faz referencia a obra do bené esta sensacional, excelentes colocações, :)
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