quinta-feira, 18 de novembro de 2010

I Salão Semear de Arte Contemporânea- Região Nordeste (Parte I)

Depois de chegar em casa e me deparar com uma infinidade de e-mails na caixa abarrotada de 15 dias sem acesso, fiquei sabendo como havia sido movimentada a abertura do I Salão de Semear de Arte Contemporânea. Não só um público significativo havia comparecido ao vernissage, como também um artista local teria questionado aos presentes "Cadê a Arte?"

Hoje fui conferir na Galeria de Jenner Augusto se as obras selecionadas pela comissão formada por Lilian França, Jorge Coli, Mirian Nogueira, Cristiana Tejo e Wellington Cesário estavam aquém ou além das minhas expectativas. Confesso que o que vi era justamente o que eu já havia traçado em minha mente. Mas antes de fazer uma avaliação pessoal, deparei-me com esse texto de Gustavo Costa, estudante do 6o período de Jornalismo da UFS, entre os meus e-mails e a solicitação por parte dele, de publicação no Bangalô de sua opinião sobre a noite do dia 09 de novembro, em que ocorreu a abertura do Salão.
Segue o texto na íntegra.

"Ação e reação. Quando Isaac Newton publicou a terceira lei da mecânica clássica em 1687, ele talvez não soubesse que também estava falando de arte. Quando a estudante de jornalismo da UFS, Marta Olívia Santana Costa, 25 anos, entrou na galeria Jenner Augusto, durante a abertura do I Salão Semear de Arte Contemporânea – Região Nordeste, e se deparou com uma língua de 1,90m de altura por 1,40m de largura, imediatamente sentiu ânsia de vômito. Minutos depois, enquanto os visitantes da exposição aproveitavam a vernissage, irromperam berros do artista plástico sergipano José Fernandes: “Onde está a arte? Eu não estou vendo a arte!”. O que eles não notaram é que suas reações acabaram integrando ainda mais o espaço dedicado à arte contemporânea.

A raiva, a dúvida, a inquietação e o estranhamento também fazem parte dos movimentos artísticos contemporâneos. Ao questionar se arte estava mesmo ali, José Fernandes fez com que a exposição atingisse o seu objetivo. Naquele momento, a arte cumpria o seu papel. De uma forma ou de outra, aquelas obras o tocaram de alguma maneira. No salão organizado pela Sociedade Semear através do Edital de Apoio a Festivais de Fotografias, Performances e Salões Regionais da Funarte, estão presentes todas as impressões que se espera de um salão de arte contemporânea.

Todas as 19 obras cuidadosamente selecionadas pela Comissão de Seleção do Evento integram perfeitamente o ambiente e criam uma forte interação com o público. Dos 18 artistas, seis são de Sergipe, ou seja, um terço do total de um salão que contempla toda a região nordeste. E vale destacar que os sergipanos Alexandre Souza, Benedito Letrado, Jéssica Araújo, Liliu, Linalva Leal e Vinícius Fortes foram escolhidos unicamente por seus trabalhos. A Comissão de Seleção não teve acesso a nenhuma informação dos artistas. Não restam dúvidas, porém, que a grande estrela da noite de ontem foi o baiano Fábio Magalhães, autor de quatro telas imensas em destaque na exposição.

Ao visitante que ainda irá prestigiar o I Salão Semear de Arte Contemporânea – Região Nordeste, prepare-se para ter diferentes sensações. Além da leve vertigem sentida por alguns ao entrar na tenda escura do artista Victor Venas, uma mesma obra, certamente poderá lhe causar três impressões, o impacto sentido pela estudante de jornalismo, a fúria do artista plástico e o deslumbramento de todos com a técnica empregada na tela. Com certeza não poderia haver nada mais contemporâneo."

Nenhum comentário: