Já era para eu ter comentado aqui, sobre esse filme que assisti há uma semana no Cine Vivo, em Salvador. Antes de mais nada, para quem não sabe da existência desse cinema (com duas salas bem aconchegantes) no Paseo Itaigara, ele faz parte do circuito Sala de Arte, na capital baiana, que abrange ainda o Cine XIV, Cinema do Museu e Cine UFBA.
A programação é voltada para o cinema que não se encaixa na categoria blockbuster. De tudo um pouco pode ser encontrado por lá, desde filme independente norte-americano até filme asiático (agora mesmo, está em cartaz "A Separação"), passando por título europeus e latinos.
Inclusive, alguns dos títulos que conferi nessa sala tão cativa, os sergipanos tiveram a sorte de vê-los, por aqui, devido ao Cine Cult, como por exemplo, "Biautiful", "Um Conto Chinês" e "Os Nomes do Amor". Mas como o projeto sergipano que recebe guarida do Cinemark, não é suficiente para suprir minha demanda de filmes alternativos, recorro ao circuito de arte soteropolitano sempre que posso.
Confesso que dos três que vi no Cine Vivo- "Habemus Papam", "Shame" e "Um Método Perigoso"- o segundo título era o que mais me interessava. De fato, foi o melhor da trinca, apesar de ter me frustrado em relação a alguns rumores de que ele teria cenas tão chocantes, que seria desaconselhável para menores de 18 anos.
Não sei se o filme veio "guilhotinado" para o Brasil, mas a verdade é que a cópia que assisti não tinha, absolutamente, nenhuma cena digna de corte. Fiquei chocada, sim, com a capacidade camaleônica de Michael Fassbender. Depois de vê-lo encarnado o compulsivo sexual, Brandon, que se corrói por dentro, resistindo ao incesto com a irmã (Carey Mulligan), vi-o interpretando muito bem Carl Jung em "Um Método Perigoso" de David Cronenberg.
Sem dúvida, juntamente com Ryan Gosling, um dos meus atores preferidos na contemporaneidade. Mas voltemos a "Shame" de Steve McQueen que é o foco dessa postagem. Até então, não conhecia a filmografia deste diretor inglês. O que posso dizer dessa experiência é que ele conduziu de forma brilhante e sufocante, mas uma película que tem como tema principal, a individualidade dos tempos atuais, exarcebada por um personagem obsessivo por sexo, que não tem a mínima intenção de criar laços afetivos, com quem quer que seja.
Isso fica bem claro, quando Brandon aciona a secretária eletrônica diariamente pela manhã, e escuta repetidas vezes,o pedido quase desesperado de sua irmã, para que entre em contato. Ignorando seu pedido, Sissy decide aparecer repetinamente no apartamento do irmão e anuncia que ficará por uns dias.
Teria ela a noção real do quanto isso, desestabilizou o irmão ? Para o espectador isso fica evidente, sobretudo, quando Brandon, sai correndo pelas ruas de New York (num belo travelling), por não suportar o fato de Sissy estar no seu quarto em companhia de um homem. Cada vez mais distante de sua irmã, Brandon vai se martirizando pelo desejo que sente por ela.
Por outro lado, Sissy demonstra pelas suas atitudes, que a carência afetiva que inunda sua vida é a catalisadora de sua depressão. Em "Shame" não há zona de conforto, parece não existir esperança para os solitários irmãos. A falta de perspectiva para ambos é que choca, que incomoda o espectador, que faz com que o estômago, por vezes, fique revirado durante a sessão.
Não há final feliz em "Shame". Só um ciclo que insiste em se repetir...
Legenda da Foto: Brandon (Fassbender) e Sissy (Muligan) num dos poucos momentos de "paz"
Sem dúvida, juntamente com Ryan Gosling, um dos meus atores preferidos na contemporaneidade. Mas voltemos a "Shame" de Steve McQueen que é o foco dessa postagem. Até então, não conhecia a filmografia deste diretor inglês. O que posso dizer dessa experiência é que ele conduziu de forma brilhante e sufocante, mas uma película que tem como tema principal, a individualidade dos tempos atuais, exarcebada por um personagem obsessivo por sexo, que não tem a mínima intenção de criar laços afetivos, com quem quer que seja.
Isso fica bem claro, quando Brandon aciona a secretária eletrônica diariamente pela manhã, e escuta repetidas vezes,o pedido quase desesperado de sua irmã, para que entre em contato. Ignorando seu pedido, Sissy decide aparecer repetinamente no apartamento do irmão e anuncia que ficará por uns dias.
Teria ela a noção real do quanto isso, desestabilizou o irmão ? Para o espectador isso fica evidente, sobretudo, quando Brandon, sai correndo pelas ruas de New York (num belo travelling), por não suportar o fato de Sissy estar no seu quarto em companhia de um homem. Cada vez mais distante de sua irmã, Brandon vai se martirizando pelo desejo que sente por ela.
Por outro lado, Sissy demonstra pelas suas atitudes, que a carência afetiva que inunda sua vida é a catalisadora de sua depressão. Em "Shame" não há zona de conforto, parece não existir esperança para os solitários irmãos. A falta de perspectiva para ambos é que choca, que incomoda o espectador, que faz com que o estômago, por vezes, fique revirado durante a sessão.
Não há final feliz em "Shame". Só um ciclo que insiste em se repetir...
Legenda da Foto: Brandon (Fassbender) e Sissy (Muligan) num dos poucos momentos de "paz"
Um comentário:
Estou ansioso para assistir a "Um método perigoso " e após sua resenha, a Shame também!!!
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