Primeiramente, isso deve-se à falta de tempo (vocês não têm ideia do quanto tenho de me deslocar pela cidade, a fim de cumprir com um roteiro de filmes), aliada a um cansaço terrível, após uma viagem tumultuada (uma turbulência que teimava em não passar), sem contar o horário vergonhoso da partida do meu voo (1h55).
Até hoje, não sei porque as Cias. Aéreas não dão uma chance aos sergipanos, acrescentando mais dois voos que poderias sair no início da noite para São Paulo e no final da manhã. Somente com duas opções (madrugada ou início da tarde), fica complicado para atender à demanda.
Mas como não vim aqui para falar de turismo e sim, de filmes, o balanço desses três primeiros dias (sábado, domingo e terça), ainda é um tanto desapontador. Tenho de ver obrigatoriamente 14 filmes de novos diretores brasileiros para instituir o Prêmio ABRACCINE ao melhor (junto com mais seis colegas críticos) e não é fácil encaixar todos esses e conferir alguns imperdíveis de diversas nacionalidades, sendo que alguns desses últimos, só passam em horários similares aos da competitiva e nos primeiros três dias. Senão vê-los entre sexta e domingo, não resta outra opção.
Só posso adiantar, que nenhum dos quatro da competitiva abraccineira, que assisti até o momento , sensibilizou-me. Seguirei com o compromisso, torcendo para que o filme que irá me arrebatar, apareça logo.
O único nacional que vi, sem a preocupação de julgá-lo, foi “O Que Se Move” de Caetano Gotardo, um jovem cineasta capixaba, que foi responsável pela montagem de “Trabalhar Cansa” da dupla Juliana Rojas e Marco Dutra. Na première paulista de seu primeiro longa, ocorrida no domingo, à noite, no CINESESC praticamente lotado, pude comprovar o que já haviam falado do trio de atrizes. Realmente, as três (Cida Moreira, Andrea Marquee e Fernanda Vianna) estão muito bem e Gramado foi injusto ao não entregar três Kikitos a cada uma delas (só quem levou o prêmio foi Vianna ).
Mas um filme não se sustenta apenas com interpretações. O roteiro e a direção são as outras variáveis para que a equação seja perfeita. Nesse caso, o primeiro é problemático, enquanto que a segunda, prejudicada por alguns maneirismos do cineasta.
A primeira história, envolvendo pedofilia é a melhor das três. O desfecho surpreendente anima o público, levando a crer que a tensão só tenderá a aumentar, no decorrer da projeção. A segunda trama não desaponta de todo, mas há um descompasso na interpretação da esposa com relação ao marido e a solução que o diretor encontrou para esse drama, beira o patético. Seria a vida patética, então ? Talvez, mas a realidade me convence mais que a ficção.
A parte final parece apontar para um momento de esperança, em meio a tantos dramas devastadores. Seria possível uma mãe se reconciliar com seu filho biológico, depois de 17 anos de separação, quando o bebê foi roubado da maternidade ? O espectador terá que tirar sua própria conclusão.
E se o público achou o encontro das duas famílias na churrascaria constrangedor demais , a cena do banheiro, em que a mãe expressa o amor pelo seu filho, de uma forma bem inusitada (já repetida pelas outras mães nos episódios anteriores), vem para amenizar um pouco a tensão que se instalou entre os personagens à mesa.
“O Que Se Move” tem seus méritos. É um filme corajoso, perturbador e com um elenco feminino formidável. Mas o autor abusa de certos experimentalismos e a pretensão supera as boas intenções.
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