domingo, 18 de agosto de 2013

Poesia Visual



O Quadro_filme_http://bangalocult.blogspot.com
Ramo, Lola, Magenta e Plume encantam-se com Veneza


Raramente, vou assistir a filmes sem fazer uma pesquisa antes. Ontem, porém, decidi mergulhar  "às cegas" no universo de "35 Doses de Rum" de Claire Denis e "O Quadro" de Jean-Françoise Laguionie, ambos em cartaz no Cine Vitória.

Nessa postagem, vou me deter na animação de Laguionie, porque quando imagino, que demorará um bom tempo para ver algo superior a "O Menino da Floresta" de Jean-Christophe Dessaint e "Zarafa" de Rémi Bezaçon (ótimas produções francesas), eis que  me deparo com a surpreendente excelência de "O Quadro". 

O filme não é apenas uma viagem através das cores de Matisse, Cézanne, Gauguin, Bonnard e Picasso. Muito mais do que isso, "O Quadro" instiga-nos a refletir sobre a filosofia da criação, a importância da arte e seu lugar na contemporaneidade. 

A trama gira em torno de três personagens de uma tela inacabada- Ramo, Lola e Plume- que representam as classes dos Pafins (figuras parcialmente pintadas) e dos Reufs (figuras apenas esboçadas). Por conta do comportamento autoritário e segregador dos Toupins (figuras totalmente pintadas), liderados por Candelabro, o trio decide implementar uma busca ao pintor/criador, a fim dele complementar o quadro e, por tabela, eles "virarem" Toupins.

É justamente, quando "caem" no ateliê do artista, que Ramo, Lola, Plume e Magenta (uma figura de outro quadro que se agrega ao grupo) têm a noção de que o mundo pictórico onde vivem é uma gota no complexo universo do real. Encantados com outras situações e personagens retratados (inclusive, o próprio pintor) Ramo, Plume e Magenta preocupam-se com o resolução de seus conflitos e terminam levando litros de tinta para dentro de suas respectivas telas. Enquanto Lola, após uma experiência única, perambulando pelas vielas e canais de Veneza, não desiste de conhecer o seu criador. 

Todo o esforço da equipe técnica -que trabalhou sete anos para ver "O Quadro" finalizado- justifica-se pela sequência no ateliê do pintor e pela cena final, onde mistura-se a animação bidimensional com a 3D de forma harmoniosa. O resultado é de "cair o queixo"...

Mas o grande trunfo de "O Quadro" não se restringe ao visual rebuscado, mas, acima de tudo, às questões focadas em aspectos como intolerância, preconceito, valorização do Belo e às relações antagônicas: Criador x Criatura e Representação x Realidade.

O filme pode ser conferido no Cine Vitória (Rua do Turista) hoje, às 15h; terça (20/08), às 17h; quarta (21/08), às 19h e quinta-feira (22/08), às 15h. O ingresso de terça a quinta custa R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia) e de sexta a domingo, R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). 

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