segunda-feira, 26 de maio de 2014

Álvaro Villela lança "Careta, Quem é você?" no Museu Olímpio Campos





Ao folhear o livro “Careta, quem é você?” de Álvaro Villela, imediatamente, aventei a possibilidade de conhecer o carnaval de Maragojipe no próximo ano. A festa, retratada pelas lentes do fotógrafo baiano, parece ser uma verdadeira celebração à vida, com a alegria tomando conta de mascarados, caretas e turistas (alguns estreantes, outros foliões constantes) nesse carnaval comparado por muitos, ao de Veneza, na Itália.

Uma considerável amostra dessa festa momesca, que conquistou o título de Patrimônio Imaterial da Bahia (2009), foi captada por Villela e ganhou uma versão impressa, que será lançada amanhã, às 19h, no Palácio Museu Olímpio Campos, localizado à Praça Fausto Cardoso.  O livro patrocinado pela Secretaria de Estado da Bahia e contando com o apoio da prefeitura de Maragojipe reúne 108 fotografias registradas pelo fotógrafo, de 2006 a 2012, durante o famoso carnaval Recôncavo Baiano.

As primeiras imagens, em preto e branco, revelam o cotidiano da pacata cidade, retratando o dia-a-dia de seus moradores até surgirem os primeiros mascarados ainda escondidos no becos. Mas é contaminada pelas cores do Carnaval que as imagens retratam a beleza das máscaras e dos caretas, garimpadas pelo fotógrafo em criações e cenas preciosas.

Localizada às margens do Rio Paraguaçu, Maragojipe tem seu carnaval marcado pelo colorido, o humor e, principalmente, a arte das máscaras. De forma artesanal, elas surgem nas ladeiras e praças em personagens que satirizam políticos (Obama), personagens de novelas ou que parecem ter saídos de filmes (Shrek, Batman) ou programas de televisão (Chacrinha). As máscaras também podem compor fantasias de bruxas, fadas, piratas, freiras, arlequins, pierrôs e damas de companhia, entre tantos personagens. Isso sem falar da beleza dos caretas, figuras coloridas, que vestem muito cetins, filós e adereços.

 “Lá se vão sete anos desde que descobri o Carnaval de Maragojipe meio que por acaso. Estava fotografando a vida em torno do Rio Paraguaçu, quando vi as máscaras usadas por garotos na periferia da cidade. Encantamento e curiosidade foram os sentimentos que me aguçaram o desejo. As máscaras, desde a época que meu pai saía no Carnaval de Salvador fantasiado com uma mortalha e uma careta, sempre me causaram um certo fascínio”, conta Álvaro Villela.

Através do título “Careta, quem é você?” o fotógrafo sugere essas questões que extrapolam o carnaval maragojipano, mas ao mesmo tempo, dialoga com o carnaval mais lúdico da Bahia. “Propus uma narrativa visual que sugere a cidade, ainda em preto e branco, sendo carinhosamente contaminada pelas cores do carnaval, onde a magia das máscaras cria um espaço permissivo para todas as nossas fantasias”, afirma.

Na abertura do livro, a museóloga Rosa Maria Vieira de Melo escreve sobre a história do Carnaval em Maragojipe, lembrando que ao vislumbrar a festa descobriu de onde Edil Pacheco buscou inspiração para compor uma bonita canção nos anos 70. “...Vou sair de palhaço e você de careta, a verdade deixei na gaveta...” Rosa Melo conta que esta é uma folia que não nasceu para ser assistida. “Toda casa faz seus comes e bebes à espera dos caretas e mascarados que além de brincar, adentram as casas onde almoçam ou comem petiscos e bebem. Você me conhece? Essa é a adivinha para brincar o Carnaval em  Maragojipe”, revela.

O livro reúne também o texto do escritor Emanuel Castro, que fala do compromisso de Álvaro Villela com o memorial. “As suas imagens dizem muito desse “mundo virado de cabeça para baixo”, onde se invertem as relações etárias e de sexo, homem vira bicho e tudo mais se dissolve. Sem se diminuir ao documental, ao contrário, Álvaro Vilela vale-se da cor de um modo autoral para traduzir a representação da festa numa sensível percepção poética”, afirma.

“Careta, quem é você?” será vendido no dia do lançamento ao preço promocional de R$ 50. Depois, nas livrarias, o livro custará R$ 100.

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