domingo, 13 de dezembro de 2009

Uma Ode ao Mar

Uma Ode Ao Mar. Assim poderia ser muito bem o slogan da 12a edição do SESCANÇÃO, que aconteceu ontem no Espaço EMES. Isso porque das 15 selecionadas (excetuando as três instrumentais), quase que a totalidade das canções traziam na letra, a palavra mar. Nada contra o mar (Maresia, Maré, Oceano ou outros similares), mas sim,  à falta de criatividade na composição da rima ou mesmo nos arranjos, como foi o que predominou nesta mostra.

Muitas homenagens foram prestadas a amigos, amores, cidades, instituições e até, instrumentos musicais, direta ou indiretamente, pelos autores selecionados.  Os amigos Gilton Lobo e Álvaro Müller homenagearam o jornalista Cleomar Brandi, com a canção "Cleomar" (para mim, a melhor da noite).  Para quem conhece o jornalista de perto como eu, que trabalho com ele no JORNAL DA CIDADE, cada verso milimetricamente bem elaborado pela dupla de compositores, traduzia ipsis litteris o jeito Cleomar de viver.

Já Hércules Valadares, que compôs "Eu Sou de A" e foi a segunda canção da noite a ser apresentada, tentou homenagear Aracaju, mas sua "Salada Russa em Paris", ao final já estava se remetendo a Sergipe,
(com citações de Abaís, Pirambu e Caueira) e até à Bahia. Com certeza, a música mais sem sentido da noite...

Logo em seguida, subiu ao palco a cantora Ronise Ramos para defender a canção "Cadê a Severina". Em ritmo de baião, a música contagiou a plateia, que acompanhou a letra pelo telão e apoiou a intérprete num refrão uníssono. Bem que poderia virar um hino, tal qual "Coco da Capsulana"...

"Renascer" foi a quarta selecionada e apresentada pelo seu autor, José Carlos Barreto. Instrumental, pode-se dizer que a música é um choro e foi muito bem executada pelo autor ( flautista ) juntamente com a banda base, comandada pelo maestro Mosquito.

Depois vieram "Deixa a Lágrima Correr" com a execução do grupo Na Ponta da Língua; "Semente no Chão" de Antônio Melo, que me lembrou uma daquelas músicas do Chiclete com Banana em ritmo de forró; "Cafés, sonhos e Poesias", um rock clichê de Ludi, interpretada pelo próprio e "Baião Inteiro" de José Gentil.

"Transversal" foi a paixão declarada por Celda Mota à flauta. Detalhe: sua voz miúda foi bem prejudicada pela péssima equalização do som. Depois vieram "Pontal" interpretada por Érica Fernanda (olha o mar de novo aparecendo aqui...); "Vista Para o Mar", um samba-xote interpretado por Saulo Sandes (ai que saudades de Ivan Reis...); "SOFISE" outra instrumental de Odir Caius (flautista) em homenagem à escola de música de mesmo nome; "Meu Menino" de Tânia Maria (que de tão apressada para entrar no palco, esqueceu de tirar o crachá); "Caixeiro da  Esperança", uma canção sem pé nem cabeça de Fabrício Menezez (rima paupérrima e melodia prá lá de descompassada) e, por fim, "Amo Você" de Lena Oliver.

Resumo da "ópera": as instrumentais foram bem melhores que as cantadas; os intépretes, em sua maioria, aspirantes a cantora, estragaram suas pórprias canções;  a acústica do local não ajuda muito à limpeza do som; ainda assim, a escolha do técnico da mesa de som não foi das mais felizes.

Enfim, o SESCANÇÃO não pode acabar. Acho válida a proposta do projeto, mas que da próxima vez, os compositores se estimulem a participar do evento e se inspirem mais, "facilitando" o trabalho do júri e proporcionando ao público momentos de prazer musical.

Texto: Suyene Correia


Um comentário:

Bangalô Cult disse...

Para os que não gostam de ser criticados por aqueles que têm sensibilidade crítica, vale a pena dar uma lida em "Os Jornalistas" de Honoré de Balzac e entender todo o processo da coisa.
Abçs