Passados nove anos daquele 'famigerado' Oscar de 2001, em que Julia Roberts venceu o Prêmio de Melhor Atriz ("Erin Brockovich") batendo a interpretação irrepreensível de Ellen Burstyn ("Réquiem Para Um Sonho"), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas pisa feio no acelerador do lobby em prol de Sandra Bullock e lhe concede a estatueta dourada pela canastrona interpretação em "Um Sonho Possível" vencendo Meryl Streep (minha favorita) pela ótima composição de Julia Child ("Julie & Julia") só para citar uma das fortes concorrentes ao prêmio deste ano.
Assim como no filme em que Julia ganhou (até então) seu único Oscar, interpretando a personagem real Erin Brockovich, uma arquivista de um escritório de Advocacia, que revolucionou uma cidadezinha no interior dos EUA, por conta de seu empenho contra uma grande empresa de eletricidade que praticava crime ambiental, Sandra Bullock em "Um Sonho Possível" encarna Leigh Anne, uma design de interiores que "revoluciona" a vida do jovem Michael Oher (Quinton Aaron), um adolescente negroque vive sob a tutela do Estado, acolhendo-o em casa e o transformando em um grande jogador de futebol americano. A história é baseada no livro "The Blind Side: Evolution of a Game" do jornalista Michael Lewis e como Hollywood adora uma história de superação, principalmente se verdadeira, o prêmio para ambas foi bastante providencial, cada um a seu modo.
Só que ao contrário de Julia (não posso negar que o filme de Steven Soderbergh tem seus méritos), Sandra venceu o Oscar de melhor interpretação desse ano, por um filme inexpressivo e extremamente esquemático. A história até poderia render algo melhor, se tivesse caído em outras mãos, mas John Lee Hancock acumulando as funções de produtor, diretor e roteirista coloca tudo a perder, deixando o espectador enfadado e inquieto ao longo da projeção do filme.
Excetuando o pequeno SJ, filho mais novo de Leigh Anne, vivido pelo ator mirim Jae Head, o resto do elenco não convence, comprometendo a empatia do público para com uma história que tinha tudo para emocionar, mas só faz o público bocejar de tão moroso. A Academia, sem dúvida, deve ter enxergado as virtudes, "O Lado Claro" do filme, enquanto nós, só percebemos seu "Lado Cego" (o título original é "The Blind Side"), já que até para a categoria de Melhor Filme, ele foi indicado.
Mas voltando a Bullock, apesar de uma filmografia extensa (pouco mais de 40 longas em 23 anos de carreira), ela ainda não conseguiu me convencer de fato como atriz. Quem sabe um dia, já sexagenária, ela não emplaque e, por ironia, seja indicada por um papel relmente digno de prêmio, e perca para uma concorrente em igual situação dela neste momento.
Enquanto isso não acontece, deleitemo-nos com Ellen Burstyn em "Réquiem Para Um Sonho" (o DVD pode ser encontrado nas Americanas) e Meryl Streep em "Julie & Julia" (já à venda em Blu-Ray) e esqueçamos dessas injustiças recorrentes da Academia.
Texto: Suyene Correia
Legenda da Foto 1: Sandra Bullock vence o Oscar, mas não convece pelo seu papel como Leigh Anne em "Um Sonho Possível"
Legenda da Foto 2: Meryl Streep como Julia Child: caracterização impecável
Legenda da Foto 3: Julia Roberts "papou" sua primeira estatueta vivendo "a super mãe" Erin Brockovich
Legenda da Foto 4: Ellen Burstyn em total degradação pelas anfetaminas no final de "Réquiem Para Um Sonho"
2 comentários:
Bonitona, assisti "Um sonho possível" neste final de semana e confesso: não achei lá grandes coisas, muito menos a interpretação insossa de Sandra Bullock. Ô filminho previsível, batido e com "história de superação" só para americano ver mesmo...
oi su!confesso que fui assistir Bullock pensando apenas em sua atuação, portanto não me detive a outro problema a não ser esse. de cara já se vê que ela não merecia mesmo o prêmio da academia e portanto mais um erro da mesma, premiando atrizes que fazem biografias do tipo auto-ajuda. E é isso que se vê no de sandra. É um filme bem piegas de auto-ajuda onde acredita-se que no mundo há seres bons e então corra atrás do seu sonho que alguém servirá de suporte para te sustentar.
Tudo bem que de uma certa forma o de Streep tb vai por esse lado a partir do momento que a Julie corre atrás do teu sonho de fazer 534 em 365 dias e que sustenta esse sonho é a Julia de dona streep. no entanto, enquanto o de Meryl não apela o de Bullock vai por este viés. E claro, que de longe Julia Child bate total em Leigh Anne na questão da atuação de ambas atrizes. Confesso que o filme de Sandra é muito moroso, tanto que eu até tirei alguns cochilos durante a projeção pra ver se ele passava mais rápido. Porém o que creio que tenha levado a Bullock receber a indicação, seja a cena em que ela vai ao campo de futebol e compara o time com a sua familia já que Michael levou nota alta no institinto de proteção e daí em diante ele aprende a jogar.
Talvez tenha sido por esse cena que ela foi posta na probabilidade,entretanto não justifica o recebimento da estatueta.!
parabéns pela postagem meu bem! saudades tuas! beeeijo.!
Postar um comentário