Ainda ontem, comentei com amigos que até o final do mês, acredito que o filme "Chico Xavier" alcance a marca dos cinco ou seis milhões de espectadores. E olha que falei isso, antes de sair na internet o balanço do primeiro final de semana de exibição do filme, dirigido por Daniel Filho, que alcançou a marca dos quase 600 mil espectadores. Parece que meu palpite pode se tornar uma realidade. Aguardemos...
Tentei assisti-lo no sábado à tarde, primeira sessão no Cinemark Jardins e fui informada que a mesma estava lotada. Detalhe: no Jardins, o Cinemark reservou a sala 8 (410 lugares) e no Riomar, a sala 4, que é a maior das cinco naquele shopping. Achei melhor voltar no dia seguinte e ontem, chegando com uma hora de antecedência à primeira sessão do Riomar, consegui garantir um lugar.
A sala ficou praticamente lotada (só as duas primeiras filas estavam vazias), mas soube que na sessão seguinte, até gente sentada na escada, tinha. Resumo da ópera: o cinema nacional quando explora um tema interessantíssimo (aqui no caso, é a vida dessa personalidade que foi Chico Xavier) e o faz de forma satisfatória, rende bons frutos.
E se tem uma coisa que Daniel Filho sabe fazer é isso: gerar uma boa arrecadação. Basta lembrar de seus sucessos na TV e da bilheteria de "Se Eu Fosse Você" e "Se Eu Fosse Você 2" (apesar de não ter assistido a nenhum destes filmes). Agora, quanto à qualidade da película, aí o assunto é outro.
Claro que uma produção que consumiu R$ 11 milhões, que conta com um elenco de primeira (a trinca de atores- Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nélson Xavier- que interpretam Chico Xavier está acima da média) além de Paulo Goulart, Tony Ramos, Cristhiane Torloni, Pedro Paulo Rangel, Luís Mello, só para citar alguns, e uma direção de arte primorosa, tem seus encantos.
Mas o que ainda não me acostumei foi com esse "ranço" televisivo que Daniel Filho não consegue se desvencilhar. Ok, o cara tem meio século de TV, o que eu poderia esperar? Mas acredito que pela competência que possui, ele fosse capaz de dirigir mais com um jeitinho de "telona" que de "telinha".
Parece que o que importa para o diretor e os envolvidos neste filme, no entanto, é que as pessoas saiam do cinema sabendo um pouquinho mais sobre esse mineiro, tão especial, tão devotado que até então, foi o maior líder espiritual que o país já teve. A questão da crença, da doutrina que cada um segue é secundária. Em nenhum momento senti um filme tendencioso, partidário dessa ou daquela religião. O intuito foi outro e pelo andar da carruagem, está sendo alcançado.
Agora, não posso deixar de comentar o deslize de Daniel Filho em humanizar o guia espiritual de Chico, Xavier conhecido como Emmanuel. Ele é interpretado pelo ator André Dias ( que arrebenta a "boca do balão" no musical Avenida Q, mas aqui me pareceu meio caricato) e confesso que achei algumas aparições e interações com o médium constrangedoras. Claro que os diálogos são baseados nos relatos do próprio Xavier (não duvido do seu teor), porém faria diferente, uma voz em off já seria suficiente.
Enfim, apesar dos altos e baixos na narrativa e de pouca discussão em torno dos conflitos interiores que atingiam o médium, "Chico Xavier" merece ser conferido. Só esse, porque o próximo que já está engatado, "Nosso Lar" é de cortar os pulsos (assistam ao trailer kitsh desse longa de Wagner de Assis).
Texto: Suyene Correia
Legenda da Foto 1: Daniel Filho e os "três Chicos"- Ângelo Antônio, Matheus Costa e Nélson Xavier
Legenda da Foto 1: Daniel Filho e os "três Chicos"- Ângelo Antônio, Matheus Costa e Nélson Xavier
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