Na primeira semana da mostra será possível conferir o incensado filme de Jaques Audiard, “O Profeta”. De 14 a 20 de janeiro, será a vez da comédia “15 Anos e Meio” da dupla François Desagnat & Thomas Sorriaux; na terceira semana de evento, de 21 a 27 de janeiro, será exibido “O Pequeno Nicolau” de Laurent Tirard e, na última semana de realização da mostra (de 28 de janeiro a 03 de fevereiro), “Mademoiselle Chambon” de Stéphane Brizé.
O primeiro filme da mostra “O Profeta” trata de um tema recorrente nas últimas produções francesas: a imigração ilegal (ou não) dos nascidos em países do Oriente Médio e da África para a França e o choque cultural entre esses imigrantes e a sociedade parisiense. Basta se lembrar de "Bem-vindo" de Philippe Lioret e "Entre os Muros da Escola" de Laurent Cantet, ambos bastante contundentes em suas respectivas temáticas.
Agora, as atenções se voltam para "O Profeta" de Jacques Audiard, que teve estreia nacional ainda no primeiro semestre de 2010, mas só agora chega às telas sergipanas.
Vencedor de 9 César (o 'Oscar' do Cinema Francês), do Grande Prêmio no Festival de Cannes 2009 e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2010, o filme radiografa o sistema prisional francês, focando no jovem Malik El Djebena, que com apenas 19 anos, é condenado a 6 anos de detenção.
O espectador não sabe ao certo que crime o protagonista cometeu, mas vai acompanhar ao longo de 2h40 de projeção, num misto de drama e suspense, a 'ascenção social' de um árabe semi-analfabeto entre as quatro paredes de uma prisão.
O magistral Tahar Rahim (em sua estreia no cinema) dá vida ao anti-herói, Malik, que de capacho de um líder mafioso italiano transforma-se num líder reverenciado pelos companheiros de carceragem. Se logo nos primeiros minutos, ele é refratário à missão de eliminar um perigoso criminoso que acabou de chegar à prisão, horas depois, o extermínio movido pela vingança lhe parece a coisa mais natural do mundo. É assim que ele, sabiamente, trocará o 'respeito oferecido' pelo mafioso italiano pelo 'respeito conquistado' por seu próprio esforço.
O filme, apesar da longa duração e de concentrar 70 % da ação dentro do complexo penitenciário (especialmente construído para as filmagens) prende a atenção do espectador sobretudo pelo engenhoso roteiro, pela boa atuação do elenco (a maioria dos atores são desconhecidos do público brasileiro) e direção competente de Audiard (mesmo diretor do filme "De Tanto Bater, Meu Coração Parou").
Outro título que já conefri e merece destaque é "Mademoiselle Chambon" que passará na última semana da Mostra. É se agendar, tentar não perder nenhum dos títulos a serem exibidos e curtir cinema de boa qualidade e por um preço bem acessível. O ingresso para o Cine Cult custa apenas R$ 7 (inteira) e R$ 3,50 (meia).
Texto: Suyene Correia
Legenda da Foto: Tahar Rahim dá um show de interpretação em "O Profeta" primeiro filme de sua promissora carreira
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