quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Grande Intérprete


Quem já acompanha há um bom tempo a carreira de Djavan, sabe o quanto o cantor se destaca no posto de compositor. Intérprete de suas próprias canções, agora o alagoano nos mostra o quanto é habilidoso também na arte de produzir um disco somente com composições alheias. “Ária” é o resultado dessa experiência bem sucedida e os sergipanos poderão conferir o show da turnê nacional, no próximo dia 11 de junho, às 21h, no Teatro Tobias Barreto.

No primeiro disco da carreira de Djavan, em que ele, exclusivamente, dá a voz a pérolas lapidadas por outros artistas, podemos conferir, entre outras, “Palco” de Gilberto Gil, “Luz e Mistério” de Beto Guedes e Caetano Veloso, “Disfarça e Chora” de Cartola e Dalmo Castello e “Fly Me To The Moon” de Bart Howard.
Não foi fácil, no entanto, o cantor alagoano escolher as canções para compor as 12 faixas do CD. 

Depois de 11 meses de formatação, o resultado foi um disco guiado pela memória emocional do cantor, inusitado e inovador. Inusitado pela formação instrumental pequena e rigorosa, mas esteticamente libertadora, “Ária” traz apenas o próprio violão de Djavan, a guitarra de Torcuato Mariano, o baixo acústico de André Vasconcellos e a usina de percussão de Marcos Suzano.

Inovador na medida em que Djavan pega composições populares, a maior parte delas muito conhecida e, sem perda de naturalidade, apresenta gravações formalmente jazzísticas, as melodias soltas, como que voando sobre as bases rítmicas e harmônicas. Um disco, sem dúvida, de um mestre na arte de cantar, tocar e arranjar: leve e rejuvenescido, as canções soando de fato como novas.

 De um certo modo, Ária é uma volta ao começo da carreira de Djavan, início dos anos 1970, quando ele chegou de Alagoas ao Rio e, antes de se tornar compositor de prestígio com o estouro de “Fato Consumado” e “Flor-de-lis”, vivia como crooner de boates históricas como Number One e 706. É desse tempo que ele pinçou uma das mais inusitadas faixas do disco, “Brigas Nunca Mais”, originalmente um samba de Tom Jobim e Vinicius de Moraes aqui transformado em valsa, típica brincadeira de boate.

Da mais remota memória afetiva do cantor emergiu “Sabes Mentir”, samba-canção abolerado de Othon Russo, do repertório de Ângela Maria e que Djavan aprendeu ainda na infância, de tanto ouvir sua mãe cantar. E o clássico, digamos intocável, “Oração ao Tempo” de Caetano Veloso, reaparece cheio de sutis invenções e um show de percussão de Suzano.

“Nunca imaginei fazer um disco assim, porque o meu prazer sempre foi compor. Pensava: vou me divertir pouco. E pensava também: vai ser um disco fácil, já que não preciso compor. E me enganei: acabei me divertindo muito reinventando e pesquisando as canções dos outros, e foi um dos discos mais difíceis de fazer, sobretudo na hora de escolher o que cantar”, diz o cantor.

Dificuldade recompensada com um resultado acima da média e ótimo de se apreciar. O belo espetáculo que Djavan pretende mostrar no próximo sábado, já conta com ingressos à venda na bilheteria do Teatro Tobias Barreto. Os clientes Unimed tem 50% de desconto na inteira. Mais informações pelo telefone 3179-1490.

2 comentários:

Rejane Abreu disse...

Olá Suyene!
Como fã de Djavan e alagoana, fiquei lisonjeada com seu post. Excelente texto. Parabéns. E fiquei com tanta vontade de assistir ao show... Se não der, pelo menos o cd vou comprar.

Abraço.

Bangalô Cult disse...

Oi, Rejane!!
Garanto a vc que não irá se arrepender de adquirir o disco "Ária".
Os arranjos bem estudados do cantor/compositor/violonista estão primorosos.
Abçs