Já pode ser encontrado nas livrarias brasileiras, o livro “Pixinguinha, o Gênio e o Tempo” do historiador André Diniz. A luxuosa publicação bilíngue da Casa da Palavra traça um perfil biográfico do carioca Alfredo da Rocha Vianna Filho, mais conhecido como Pixinguinha, um dos maiores músicos e compositores do Brasil, trazendo de ‘quebra’, um rico acervo fotográfico do biografado e um CD com arranjos originais do Gênio do Choro.
Para quem já teve a oportunidade de ler outras publicações do escritor, como “Joaquim Callado- o pai do choro”, “Almanaque do Carnaval – A história do Carnaval, o que ouvir, o que ler, onde curtir” e “Almanque do Choro – A história do Choro, o que ouvir, o que ler, onde curtir”, todas lançadas pela Jorge Zahar Editora, sabe o quanto André Diniz é criterioso nas suas pesquisas e como tem o dom de escrever sem muitas firulas, indo direto ao ponto, fisgando rapidamente o leitor.
Nesse “Pixinguinha, o Gênio e o Tempo”, ele não faz diferente. Deixando claro na apresentação, que teve como referências, o trabalho “Filho de Ogum Bixiguento” de Artur L. de Oliveira Filho e Marília T. Barbosa da Silva, a pesquisa “A Escuta Singular de Pixinguinha” de Virgínia de Almeida Bessa e o livro “Pixinguinha: vida e obra” de Sérgio Cabral, o niteroiense sintetiza com habilidade, a riqueza musical do caçula da família Rocha Vianna, nascido num ambiente propício para o desenvolvimento de um exímio musicista, mas que se tornou mais do que isto, um genial compositor e flautista do Choro.
Vianna Filho tentou o cavaquinho e a flauta, mas ficou com o instrumento de sopro. Apadrinhado por Bonfiglio de Oliveira e Irineu de Almeida, ingressou no meio artístico profissional, através do grupo Choro Carioca, um dos mais destacados do começo do século XX. Sua primeira composição, “Lata de Leite” (1911) surgiu de um fato corriqueiro: o de que os colegas boêmios para se desintoxicarem com as altas doses de álcool da noite, tomavam o leite deixado em latões nas portas das casas. Foi observando um grupo desses boêmios que o jovem Vianna inspirou-se para compor a melodia.
A partir daí, o futuro Pixinguinha participaria do Rancho Carnavalesco Filhas da Jardineira, tocaria na Orquestra do Cinematographo Rio Branco e formaria o Grupo Caxangá, precursor do famoso Oito Batutas. Grava seu primeiro disco na Odeon, em 1917, cm os maxixes “Morro do pinto” e “Morro da Favela” e, a partir daí, o público vai se familiarizando com os arranjos sofisticados do músico, a exemplo de “Sofres porque queres”, “Rosa” e, no futuro, a música popular brasileira ganharia pérolas como “Carinhoso”, “Valsa dos Ausentes”, “Lamentos” e “Água de Meninos”.
A leitura de “Pixinguinha, o Gênio e o Tempo” flui, prazerosamente, e à medida que o leitor folheia suas páginas, vai apreciando um registro fotográfico fabuloso (algumas fotos são inéditas) e pode desfrutar de algumas composições do biografado executadas pela Orquestra Petrobras Sinfônica e Orquestra Sinfônica do Recife, no CD que vem anexado ao livro.
A publicação deste livro, cujo projeto foi apresentado ao autor, pela produtora Lu Araújo, viabilizou-se graças ao patrocínio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Segundo André Diniz, a originalidade do livro está na pesquisa de imagens e na linguagem que uso no texto. “O tempo foi curto para fazer uma pesquisa ampla sobre a história de vida de Pixinguinha. Por isso, não descarto a possibilidade de lançar no futuro, dessa vez junto com a Lu, uma grande obra do mestre, com um trabalho de mais alguns anos de pesquisa”.
Foi a Lu Araújo, inclusive, que escolheu as nove faixas que compõem o CD bônus. “Carinhoso”, “Marreco quer Água”, “Água de Meninos (Tema da Feira)”, “Valsa dos Ausentes”, “Lamentos”, “Babau (Candomblé)”, “Canção da Odalisca”, “São Francisco de Ouro (Igreja de São Francisco)” e “Querendo Bem” são belamente executadas pelas Orquestras Petrobras Sinfônica e Sinfônica de Recife, entre outros músicos e contém arranjos do próprio Pixinguinha.
Depois de mais um sucesso de crítica e público, André Diniz prepara-se para lançar “República Cantada: de Deodoro ao funk do abre alas a Lula”, ainda sem data prevista. Enquanto isso, o melhor que os aficionados pela música brasileira têm a fazer é se deliciar com “Pixinguinha, o Gênio e o Tempo”.
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