Inquietos na maneira de pensar e produzir arte, a designer Gabi Etinger e o fotógrafo Victor Balde uniram-se para compor a exposição “Êxodo”, que será aberta ao público, amanhã, às 19h, na Galeria de Arte do SESC/centro. Perambulando pelas minúsculas cidades sergipanas - Amparo do São Francisco, Carmópolis, General Maynard, Pedrinhas e Riachuelo- eles se depararam com cenários deslumbrantes e personagens curiosos, que não são facilmente observados no dia-a-dia.
No entanto, através das lentes aguçadas de Balde e do peculiar modo de transformação da madeira, feita por Gabi com seu formão “de condão”, a arquitetura, a paisagem, a comunidade e até personalidades, antes ocultas, ganham amplitude visual.
Segundo Gabi Etinger, que abraçou a xilogravura em 2007, quando iniciou sua participação no projeto Gravura de Inverno, idealizado por Elias Santos, a experimentação utilizada sobre as fotos, em “Êxodo”, é inédita no Estado (e provavelmente, no Brasil). Ao vislumbrar, como novo desafio a hibridização de fotografia com xilogravura, Gabi convidou Victor Balde que aceitou de pronto a participação nessa empreitada.
“A minha paixão pela xilogravura, o impacto do contraste maravilhoso entre preto e branco, não me permitem restringir o seu campo de atuação. As possibilidades abertas pelas experiências da arte contemporânea sempre me pareceram muito adequadas à exploração da xilo, enquanto linguagem artística, passível, portanto, de um diálogo com todas as formas de olhar que permeiam os nossos dias”.
Para chegar ao resultado final, que poderemos conferir de perto, a partir de amanhã, na Galeria de Arte do SESC/centro, a dupla viajou durante os meses de abril e maio, pelo interior sergipano. Nessa ocasião, foram registradas as imagens por Victor Balde e, no mês passado, Gabi Etinger debruçou-se nas intervenções feitas nas fotos, através da xilogravura. Ao todo serão expostos 13 trabalhos, uma intervenção e um vídeo.
Segundo Balde, mais conhecido pelos seus trabalhos desenvolvidos na SNAPIC, juntamente com o amigo, Arthur Soares, fotografar no interior, foi como retornar às origens, em 2007, quando deu os primeiros passos na profissão, acompanhando o fotógrafo Filipe Berdnt, até o município de Malhador.
“Desde a minha primeira experiência, quando visitei um acampamento do MST em Malhador, a fotografia surgiu com duas características muito fortes: a proximidade com as pessoas e a exploração de lugares novos. Não fosse a fotografia, eu nunca teria sentado numa roda de amigos do movimento Sem Terra pra jogar conversa fora. Aprendi a ouvir mais, me encantei com histórias de vida. ‘Êxodo’ me deu a chance de pegar a estrada, novamente”.
Sem dúvida, “Êxodo” chega para injetar energia no cenário artístico visual da cidade, que nos últimos tempos, anda um tanto quanto, estagnado. Poucas são as exposições dessa natureza, com artistas locais se arriscando em novos conceitos de linguagem. Portanto, torna-se imprescindível prestigiar essa iniciativa da dupla, que apesar do caráter independente da exposição (os dois dividiram as despesas do projeto), não têm nada a perder.
A exposição “Êxodo”, que conta com a curadoria de Silvane Azevedo, permanecerá em cartaz até o dia 24 de agosto, na Galeria de Arte do SESC/centro (rua Dom José Thomaz, 235). A visitação é gratuita e o horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 10 às 19h. Mais informações pelo telefone 3216-2753 ou pelo e-mail sescgaleria@gmail.com
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