Depois de algumas dúvidas, quanto à estreia do documentário de Ana Rieper, em terras sergipanas, a diretora de "Vou Rifar Meu Coração', confirmou pela manhã com a blogueira, que o filme rodado, parcialmente, em terras sergipanas, entrará no circuito local nesta sexta-feira.
Tive a oportunidade de assistir ao filme no último fim de semana, em Salvador, e só posso dizer aos internautas e seguidores do Bangalô Cult que: não percam essa pérola do cinema nacional. É impressionante o trabalho de pesquisa desenvolvido por Ana, juntamente com Ivy Almeida e Raphael Borges (profissionais da terra que participaram do filme). Não só os personagens são riquíssimos, com suas histórias de amor, paixão e desilusão, como as entrevistas com os cantores românticos, a exemplo de Nelson Ned, Lindomar Castilho e Agnaldo Timóteo, mostram-se reveladoras.
Mas como surgiu a ideia de colocar como protagonista, a música brega ? A cineasta Ana Rieper, morou de 1998 a 2002 em Aracaju. Desenvolvendo um trabalho de pesquisa no interior do Estado, em comunidades ribeirinhas do Rio São Francisco, ela foi se familiarizando com o universo daquela gente, atentando-se para os hábitos interioranos e amadurecendo, paulatinamente, a ideia de produzir um filme nos moldes de "Vou Rifar Meu Coração".
A segunda fonte de inspiração para o projeto foi a análise do cancioneiro que se sobressaía nessas comunidades: a música romântica, dita brega, que acompanhava as personagens na alegria e na tristeza, na conquista ou na desilusão. O arcabouço do roteiro foi começou a ser construído em 2003, mas somente em 2010, quando o projeto já contava com a chancela do Petrobras Cultural, foi que o processo de pesquisa "à caça" dos personagens teve início.
"Durante cinco meses, viajamos pelo interior de Sergipe e localidades de Alagoas, atrás de possíveis personagens para o filme. As filmagens foram feitas em quatro semanas e o processo de montagem consumiu 12 semanas. Mas juntando tudo, foi consumido um ano e três meses de trabalho", conta Rieper.
É difícil escolher a melhor cena do filme, tamanha a riqueza audiovisual de "Vou Rifar Meu Coração". Mas vez por outra, eu me vejo sorrindo, sem querer, ao lembrar da história do prefeito Osmar de Monte Alegre, com suas duas mulheres. A certa altura, no meio da entrevista, ele solta esse petardo: "as duas piores coisas que pode acontecer a um homem é ele perder a eleição e ter duas mulheres. Porque você nunca conseguirá satisfazer as duas...". Também não consigo esquecer a ingenuidade cativante da travesti Marquise de Pedra Branca e o travelling que acompanha Seu Zé de Candinha, em seu passeio ciclístico, ao som da música título.
Enfim, são vários os momentos inesquecíveis, mas o mérito não fica apenas na maneira como a diretora conduz a fala dos anônimos. Como eu falei, anteriormente, os depoimentos de Wando, Nelson Ned, Odair José, Lindomar Castilho e, sobretudo, Agnaldo Timóteo, em alguns momentos são reveladores.
Não é à toa, que "Vou Rifar Meu Coração" tem feito bonito em festivais nacionais e internacionais, sendo a última premiação, o de Melhor Filme Brasileiro no Festival In-Edit 2012. Há dois meses, Ana Rieper veio a Sergipe para exibições em Simão Dias, Canindé do S. Francisco, Moita Bonita (Circo Águia Azul) e Laranjeiras.
"As exibições foram fantásticas. A receptividade do público foi muito boa, todo mundo 'ligado' na tela. E muitos dos personagens que aparecem no filme, tiveram a chance de se ver na tela. As sessões, inclusive, tiveram esse intuito", explica a diretora. Agora, é esperar para sua estreia em circuito nacional e no Cinemark Aracaju, na próxima sexta-feira.
Sobre a diretora-É documentarista e diretora de TV há 10 anos. Tem formação nas áreas de cinema, antropologia e geografia. Sua trajetória caracteriza-se pela realização de filmes que buscam entender a cultura popular brasileira e a história dos costumes a partir da intimidade e da vida cotidiana. Realizou os curtas: "Veluda" (Menção Honrosa Mostra do Filme Livre); "Mataram Meu Gato" (Menção Honrosa Prêmio Pierre Verger); "Xingó - As primeiras ocupações humanas" para o Museu de Arqueologia de Xingó e "Saara" (Melhor Filme, forumdoc.bh e Melhor Direção no I Festcine). Dirigiu e produziu o longa "Na Veia do Rio", que teve exibição itinerante no baixo São Francisco.
Legenda da Foto: Seu Zé de Candinha pedala ao som de "Vou Rifar Meu Coração"
A segunda fonte de inspiração para o projeto foi a análise do cancioneiro que se sobressaía nessas comunidades: a música romântica, dita brega, que acompanhava as personagens na alegria e na tristeza, na conquista ou na desilusão. O arcabouço do roteiro foi começou a ser construído em 2003, mas somente em 2010, quando o projeto já contava com a chancela do Petrobras Cultural, foi que o processo de pesquisa "à caça" dos personagens teve início.
"Durante cinco meses, viajamos pelo interior de Sergipe e localidades de Alagoas, atrás de possíveis personagens para o filme. As filmagens foram feitas em quatro semanas e o processo de montagem consumiu 12 semanas. Mas juntando tudo, foi consumido um ano e três meses de trabalho", conta Rieper.
É difícil escolher a melhor cena do filme, tamanha a riqueza audiovisual de "Vou Rifar Meu Coração". Mas vez por outra, eu me vejo sorrindo, sem querer, ao lembrar da história do prefeito Osmar de Monte Alegre, com suas duas mulheres. A certa altura, no meio da entrevista, ele solta esse petardo: "as duas piores coisas que pode acontecer a um homem é ele perder a eleição e ter duas mulheres. Porque você nunca conseguirá satisfazer as duas...". Também não consigo esquecer a ingenuidade cativante da travesti Marquise de Pedra Branca e o travelling que acompanha Seu Zé de Candinha, em seu passeio ciclístico, ao som da música título.
Enfim, são vários os momentos inesquecíveis, mas o mérito não fica apenas na maneira como a diretora conduz a fala dos anônimos. Como eu falei, anteriormente, os depoimentos de Wando, Nelson Ned, Odair José, Lindomar Castilho e, sobretudo, Agnaldo Timóteo, em alguns momentos são reveladores.
Não é à toa, que "Vou Rifar Meu Coração" tem feito bonito em festivais nacionais e internacionais, sendo a última premiação, o de Melhor Filme Brasileiro no Festival In-Edit 2012. Há dois meses, Ana Rieper veio a Sergipe para exibições em Simão Dias, Canindé do S. Francisco, Moita Bonita (Circo Águia Azul) e Laranjeiras.
"As exibições foram fantásticas. A receptividade do público foi muito boa, todo mundo 'ligado' na tela. E muitos dos personagens que aparecem no filme, tiveram a chance de se ver na tela. As sessões, inclusive, tiveram esse intuito", explica a diretora. Agora, é esperar para sua estreia em circuito nacional e no Cinemark Aracaju, na próxima sexta-feira.
Sobre a diretora-É documentarista e diretora de TV há 10 anos. Tem formação nas áreas de cinema, antropologia e geografia. Sua trajetória caracteriza-se pela realização de filmes que buscam entender a cultura popular brasileira e a história dos costumes a partir da intimidade e da vida cotidiana. Realizou os curtas: "Veluda" (Menção Honrosa Mostra do Filme Livre); "Mataram Meu Gato" (Menção Honrosa Prêmio Pierre Verger); "Xingó - As primeiras ocupações humanas" para o Museu de Arqueologia de Xingó e "Saara" (Melhor Filme, forumdoc.bh e Melhor Direção no I Festcine). Dirigiu e produziu o longa "Na Veia do Rio", que teve exibição itinerante no baixo São Francisco.
Legenda da Foto: Seu Zé de Candinha pedala ao som de "Vou Rifar Meu Coração"
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