quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Calíope canta Villa-Lobos

Maestro Julio Moretzsohn_foto divulgação_http://bangalocult.blogspot.com
Maestro Julio Moretzsohn
Neste ano em que se comemora o 125° aniversário de Heitor Villa-Lobos, quando homenagens difundem ainda mais sua obra, um lançamento se destaca e joga luz ao vasto e rico repertório para coro a capella do compositor brasileiro. Com repertório minuciosamente selecionado pelo maestro Julio Moretzsohn, o CD “Villa-Lobos” , do grupo vocal Calíope, inaugura o seu projeto “Vozes do Brasil”, com o objetivo de registrar nos próximos anos a obra coral de compositores brasileiros do século XVIII aos dias de hoje, e se encarrega de destacar a produção de um dos principais expoentes da musica erudita no mundo.

Concebido a partir da lei de incentivo do Ministério da Cultura e da Petrobras, o sexto disco do grupo carioca-  com regência de Moretzsohn e gravado no Estúdio Sinfônico da Rádio MEC (RJ) em 2011- chegou às lojas no mês passado e reúne peças escritas de 1926 ('Na Bahia Tem') a 1952 ('Lendas Ameríndias em Nhengatú'), período em que Villa-Lobos mergulhou nos estudos nas culturas indígenas e afro-brasileiras, compondo uma longa série de obras de concerto de caráter profano para coro a capella. 

Seu núcleo é constituído pelo variado repertório, elaborado por Villa-Lobos nos anos 30, - destinado à educação musical nas escolas, e à prática do canto orfeônico -, no qual sobressaem duas coleções: o "Guia Prático" ( para corais de alunos) e a "Coleção do Orfeão dos Professores", com obras mais complexas (peças de concerto, arranjos de temas folclóricos e  transcrições de numerosas  obras clássicas). É a partir de meados dos anos 20, baseado em motivos afro-brasileiros e indígenas, que Villa-Lobos inaugura um período de obra coral a capella de caráter profano, e que culminaria com Bachianas Brasileira no. 9 [1945].

O repertório deste CD traz arranjos de temas folclóricos destinados ao “Orfeão dos Professores”, como 'Papae Curumiassu' (segundo Villa-Lobos, “uma canção de rede entre os caboclos do Pará”), 'Remeiro de São Francisco' (arranjo para solista e coro a 6 vozes, segundo o próprio um “canto dos mestiços do rio São Francisco da Bahia, recolhido por Sodré Vianna”), 'Canide Ioune-Sabat' (“tema indígena brasileiro recolhido por Jean de Lery”, no século XVI.), 'Estrela é Lua Nova' (para soprano e coro misto a cinco vozes e, segundo Villa-Lobos, sua “ambientação” é um “gênero de Macumba de época passada”), 'Na Bahia Tem' (coro masculino a quatro vozes, baseada em tema “recolhido na Bahia em 1912” pelo próprio), 'Xangô' (para coro misto a cinco vozes, também de “gênero de Macumba de época passada”) e 'Vira' (de 1926, um tema popular português, recolhido por Villa-Lobos, com arranjo para vozes femininas e sopranos solistas que se alternam).

Estão presentes no CD também composições originais, como 'Bazzum' (descrito por Villa-Lobos como “ensaio para a canção popular”, com letra de Domingos Magarinos), 'As Costureiras' (na sua descrição, “uma Embolada”), 'José' (escrita em 1944, baseada no famoso poema “E Agora José?”, de Carlos Drumond de Andrade e dedicada ao Yale Glee Club), 'Duas Lendas Ameríndias', entre outras.

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