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"Três Cabeças Orientais"- obra de Schongauer |
Até o dia 13 de
janeiro de 2013, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) abriga
uma mostra significativa da coleção Barão
Edmond de Rothschild ao Museu do Louvre. Trata-se da exposição “Luzes do Norte”
composta por 61 obras (gravuras e desenhos) renascentistas alemãs, que pela
primeira vez são mostradas ao público (nem mesmo no Louvre, essas obras-primas,
até então, tinham sido expostas).
A representatividade
dessa exposição, não está diretamente ligada ao número de obras que
atravessaram o Atlântico para serem apreciadas pelos brasileiros. Levando-se em
conta que a coleção completa do Barão é formada por 100 mil obras, o que são
apenas 61 ? A importância deve-se não só ao ineditismo da mesma, como o fato da
exposição comportar o que de mais relevante foi produzido na arte do desenho,
nos séculos XV e XVI, em solo alemão.
Colecionador de obras de arte que, à frente de seu
tempo, compreendeu o Zeitgeist do Renascimento, o Barão Edmond de Rothschild “reuniu as mais belas peças da
gravura alemã dos séculos XV e XVI que a curiosidade intelectual, o estudo
erudito e, algumas vezes, a sorte ofereceram para seu excepcional gosto pelo
Belo”, diz Henri Loyrette, diretor presidente do Louvre.
Ainda em vida, o barão francês externou à família o
desejo de que sua primorosa coleção, após sua morte, fosse doada ao Museu do
Louvre. Pouco mais de um ano depois de sua morte, no dia 28 de dezembro de
1935, os herdeiros do Barão e da Baronesa doaram ao Estado o conjunto da
coleção (mais de três mil desenhos, mais de 40 mil gravuras, manuscritos e
livros raros).
Para o MASP, que contribui com a exposição “Luzes
do Norte” com os óleos sobre madeira “O
Poeta Henry Howard, Conde de Surrey” (1542), de Hans Holbein, o Jovem e “Retrato de Jovem Aristocrata” (1539),
de Lucas Cranach, o Velho, essa é mais uma excelente oportunidade de evidenciar
o valor do papel (como suporte), que costumeiramente é mal apreciado.
Depois de mostrar ao público em 2010, as colagens
de Max Ernst e, em 2011, as gravuras e desenhos de Sigmar Polke, agora é a vez
do MASP exibir obras do Mestre do Baralho, do Mestre E. S., Martin Schongauer,
e Albrecht Dürer, pertencentes ao Renascimento- movimento artístico e intelectual
nos séculos XV e XVI, que lançou bases ao desenvolvimento do comércio,
crescimento de cidades, rompimento com a mentalidade de misticismo e com forte
inclinação ao Humanismo. Suas características principais eram, sobretudo, a
exaltação do individualismo e da personalidade humana e o apreço à arte
comercializável, possível graças à invenção da prensa por Gutenberg.
Os destaques ficam por conta de um dos mais antigos
desenhos alemães que se tem conhecimento “O Imperador Sigismundo com o Rei da
Boêmia e o Rei da Hungria” do Mestre Anônimo; o buril “A Prisão de Jesus
Cristo”, realizado pelo Mestre do Baralho em atividade por volta de 1430-1450;
“O Banquete Amoroso” do Mestre E.S.; a gravura realçada com guache “Três
Cabeças Orientais” de Martin Schongauer e o buril “Adão e Eva ou A Queda” de
Albrecht Dürer.
Este último,
incontestavelmente, o maior artista do Renascimento Alemão, foi o responsável por levar o movimento
artístico, oriundo da Itália, para o Norte da Europa. Para Teixeira Coelho,
curador do MASP, Dürer “foi o maior nome da gravura em todos os tempos até a
chegada de Rembrandt, e foi a gravura que firmou seu nome internacional ainda
em sua própria época. [...] Seu grande aporte, por arbitrário que seja destacar
um dentre vários, foi a originalidade da invenção, algo que se poderá verificar
nesta exposição, de modo central embora não exclusivo, nas peças ‘Santo Eustáquio’, ‘A Trindade’ e o
popular ‘Rinoceronte’, três de
suas muitas obras-primas”.
Para
ver esses e outros trabalhos expostos no 2º andar do MASP, ele localiza-se à Av.
Paulista, 1578. O museu funciona de terça a domingo e feriados, das 10h às 18h.
Às quintas: das 10h às 20h. Ingresso:
R$ 15 e estudante: R$ 7. Crianças até 10
anos e adultos acima de 60 anos não pagam. Às terças, o acesso é gratuito a
todos.
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